Ídolo também no San Lorenzo, uruguaio reforça torcida pelo Alvinegro no jogo desta terça e diz: 'Acho que não vou encerrar minha carreira sem voltar e fazer um final feliz'
Do lado esquerdo do peito: Loco fala do carinho pelo Alvinegro (Foto: Bruno Gonzalez / O Globo)
O dia 24 de junho de 2012 marcou a última partida de Loco Abreu pelo Botafogo. No entanto, o camisa 13 tem a confiança de que sua trajetória no clube sofreu apenas uma interrupção.
Em entrevista ao GloboEsporte.com por telefone, o hoje atacante do Rosario Central, da Argentina, fez uma espécie de mea-culpa, mostrando arrependimento por tomar a decisão de deixar General Severiano após divergências com o técnico Oswaldo de Oliveira.
- Acho que não vou encerrar minha carreira sem voltar e fazer um final feliz, porque os dois merecem - afirmou o jogador de 37 anos.
Confira a entrevista abaixo:
GloboEsporte.com: A busca do Botafogo por uma vaga na Libertadores vem desde quando você chegou ao clube, em 2010. Qual seu sentimento ao ver a equipe finalmente classificada para a fase de grupos?
LOCO ABREU: Mesmo fora do Brasil, continuo com essa ligação com o Botafogo e torcendo muito. Existia a expectativa de conseguir a vaga que o clube tanto desejava. Disputar a pré-Libertadores já foi bom. Ver o Maracanã lotado contra o Deportivo Quito foi uma grande felicidade por essa construção feita pelo Maurício (Assumpção, presidente) desde 2009, com André Silva e Anderson Barros, depois Chico Fonseca e Aníbal Rouxinol. Todos sabiam que seria um trabalho a longo prazo, com paciência e continuidade. Demorou, mas o clube conseguiu o objetivo, que é um dos mais importantes. Pelo que via do trabalho, sabia que cedo ou tarde o Botafogo conseguiria a vaga. O momento chegou, e o torcedor tem que desfrutar desse momento, enchendo o Maracanã. É uma sensação diferente olhar a Estrela Solitária em todo o continente.
Para um clube que ficou quase 20 anos sem disputar uma Libertadores, o que é preciso para ir longe nessa competição?
O Botafogo tem um grupo com jogadores experientes. Nos dois jogos contra o Deportivo Quito já deu para perceber como atua a arbitragem. Os gramados mudam e a característica do futebol também. Os times argentinos, por exemplo, não dão espaço para jogar, têm uma pegada forte, gostam do contato físico e das bolas divididas. É ir experimentando jogo a jogo. Mas, independentemente disso, o Botafogo tem que manter sua linha de trabalho e se adaptar a esse jogo pegado.
Por falar em time argentino, você atualmente joga na Argentina e conhece bem o San Lorenzo. Por esse clube você conquistou um título nacional (2001) e tem 42 gols em 72 partidas disputadas. O que dizer sobre o primeiro adversário do Botafogo na fase de grupos da Libertadores?
O San Lorenzo tem como estilo fazer muita pressão no campo adversário e sai rápido para o ataque quando recupera a bola. É um time que gosta do um contra um, que parte rápido para cima dos zagueiros e desequilibra a área rival. O principal é que não desista da marcação. O clube passou por uma crise econômica há uns quatro anos, mudou sua diretoria, e o time se transformou. Quem faz a equipe jogar é o Romagnoli, homem de ligação. Correa e Blandi são atacantes rápidos e agora chegou o Matri, que foi um dos artilheiros do último campeonato argentino e atua bem entre os zagueiros. No meio-campo tem o Mercier, que cadencia mais o jogo. Mas o principal é essa forma de jogar que é de pressão no campo rival. O San Lorenzo quer sempre ser o dono do jogo, e o adversário tem que interpretar isso rapidamente.
Sua torcida chega a ficar dividida numa partida entre Botafogo e San Lorenzo?
Fui muito feliz no San Lorenzo, conquistei o título nacional e fiz parte de um time que alcançou recordes ainda não derrubados, como 13 vitórias seguidas e 47 pontos. Mas com o Botafogo a ligação é mais forte, muito mais marcante. Eu cheguei já mais experiente e vivi um grande momento da minha carreira.
Retornar ao Botafogo ainda é um objetivo?
Acho que não vou encerrar minha carreira sem voltar e fazer um final feliz, porque os dois merecem. Assumo a responsabilidade de que me precipitei na minha decisão. Errei numa decisão rápida. Minha personalidade é boa para algumas coisas, mas também pode me atrapalhar. Às vezes me fecho e não escuto as pessoas. Agora que passou um tempo, estou totalmente convencido de que não foi uma decisão correta. Mas ainda tenho a esperança de voltar, porque ainda estou jogando bem. Quero fazer um final feliz com uma cereja no bolo e não como um filme interrompido. Esse sonho vai continuar até eu me aposentar. Se não acontecer, vou ficar na torcida, como sempre.
Para você, que perseguiu o objetivo de levar o Botafogo à Libertadores, disputar essa competição pelo clube seria o melhor dos mundos?
Quero jogar pelo Botafogo, não importa a competição. Quero é vestir essa camisa novamente. Mas, por exemplo, meu contrato de empréstimo com o Rosario Central termina em junho, e as quartas de final da Libertadores começam depois da Copa do Mundo. Então por que não sonhar em disputar essa fase pelo Botafogo?
Loco' para voltar: atacante sonha em disputar a
atual Libertadores pelo Bota (Foto:
Dhavid Normando / Agência Estado)
Como avalia esse início de passagem de Tanque Ferreyra pelo Botafogo, um jogador que atua na sua posição, e o primeiro com essa característica contratado pelo clube desde a sua saída?
Eu vi o Ferreyra somente nesses dois jogos do Botafogo na Libertadores e em alguns jogos pelo Olimpia. Com mais ritmo e conhecimento do futebol brasileiro ele vai se sentir melhor e será importante para o Botafogo. Não acompanho o dia a dia, mas sei que um jogador dessa posição precisa conhecer bem os companheiros para sentir-se bem. Tomara que ele consiga se adaptar, e também é importante que o time se adapte às suas características.
E qual o planejamento que faz da sua carreira, aos 37 anos? Já pensa em quando vai se aposentar?
Vou jogando enquanto estou me sentindo bem, aproveitando treinos e jogos. O principal é que cabeça, coração e pernas estão funcionando. É preciso muitas coisas para o centroavante sentir-se importante dentro de campo. Estou com uma sensação boa, fisicamente ainda consigo suportar esse profissionalismo do futebol. Continuo com toda a dedicação. Não tenho planos de parar porque o corpo não me mandou essa mensagem.
Não sai da cabeça: Loco quer jogar Copa, mas destaca forte concorrência (Foto: AP)
Tenho que brigar, mas dentro da realidade, porque é muito concorrido. Confio primeiro em continuar jogando bem, pois assim fico mais perto dos olhos do treinador da seleção. É importante manter a perseverança, mas a única coisa que está dentro das minhas possibilidades é treinar e jogar bem.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/botafogo/noticia/2014/02/de-torcedor-reforco-loco-abreu-sonha-jogar-libertadores-pelo-bota.html
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