segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

De torcedor a reforço? Loco Abreu sonha jogar Libertadores pelo Bota

Ídolo também no San Lorenzo, uruguaio reforça torcida pelo Alvinegro no jogo desta terça e diz: 'Acho que não vou encerrar minha carreira sem voltar e fazer um final feliz'

Por Rio de Janeiro

Loco abreu botafogo gol bangu semifinal taça rio (Foto: Bruno Gonzalez / O Globo)Do lado esquerdo do peito: Loco fala do carinho pelo Alvinegro (Foto: Bruno Gonzalez / O Globo)
 
Loco Abreu não tem dúvidas: nesta terça-feira à noite, ele estará ao lado da sua família em frente à televisão para acompanhar a partida entre Botafogo e San Lorenzo, às 20h (de Brasília), no Maracanã. Mesmo tendo uma história marcante pelo clube argentino, o centroavante não hesita ao dizer que sua torcida será pelo Alvinegro. E se depender de sua vontade – ou seu sonho –, futuramente estará novamente em campo com a Estrela Solitária no peito para disputar uma Libertadores.

O dia 24 de junho de 2012 marcou a última partida de Loco Abreu pelo Botafogo. No entanto, o camisa 13 tem a confiança de que sua trajetória no clube sofreu apenas uma interrupção.
Em entrevista ao GloboEsporte.com por telefone, o hoje atacante do Rosario Central, da Argentina, fez uma espécie de mea-culpa, mostrando arrependimento por tomar a decisão de deixar General Severiano após divergências com o técnico Oswaldo de Oliveira.

- Acho que não vou encerrar minha carreira sem voltar e fazer um final feliz, porque os dois merecem - afirmou o jogador de 37 anos. 

Confira a entrevista abaixo:
GloboEsporte.com: A busca do Botafogo por uma vaga na Libertadores vem desde quando você chegou ao clube, em 2010. Qual seu sentimento ao ver a equipe finalmente classificada para a fase de grupos?
LOCO ABREU: Mesmo fora do Brasil, continuo com essa ligação com o Botafogo e torcendo muito. Existia a expectativa de conseguir a vaga que o clube tanto desejava. Disputar a pré-Libertadores já foi bom. Ver o Maracanã lotado contra o Deportivo Quito foi uma grande felicidade por essa construção feita pelo Maurício (Assumpção, presidente) desde 2009, com André Silva e Anderson Barros, depois Chico Fonseca e Aníbal Rouxinol. Todos sabiam que seria um trabalho a longo prazo, com paciência e continuidade. Demorou, mas o clube conseguiu o objetivo, que é um dos mais importantes. Pelo que via do trabalho, sabia que cedo ou tarde o Botafogo conseguiria a vaga. O momento chegou, e o torcedor tem que desfrutar desse momento, enchendo o Maracanã. É uma sensação diferente olhar a Estrela Solitária em todo o continente. 

Existia a expectativa de conseguir a vaga que o clube tanto desejava. Disputar a pré-Libertadores já foi bom. Ver o Maracanã lotado contra o Deportivo Quito foi uma grande felicidade.
Loco Abreu
 
 Para um clube que ficou quase 20 anos sem disputar uma Libertadores, o que é preciso para ir longe nessa competição?
O Botafogo tem um grupo com jogadores experientes. Nos dois jogos contra o Deportivo Quito já deu para perceber como atua a arbitragem. Os gramados mudam e a característica do futebol também. Os times argentinos, por exemplo, não dão espaço para jogar, têm uma pegada forte, gostam do contato físico e das bolas divididas. É ir experimentando jogo a jogo. Mas, independentemente disso, o Botafogo tem que manter sua linha de trabalho e se adaptar a esse jogo pegado.

Por falar em time argentino, você atualmente joga na Argentina e conhece bem o San Lorenzo. Por esse clube você conquistou um título nacional (2001) e tem 42 gols em 72 partidas disputadas. O que dizer sobre o primeiro adversário do Botafogo na fase de grupos da Libertadores?
O San Lorenzo tem como estilo fazer muita pressão no campo adversário e sai rápido para o ataque quando recupera a bola. É um time que gosta do um contra um, que parte rápido para cima dos zagueiros e desequilibra a área rival. O principal é que não desista da marcação. O clube passou por uma crise econômica há uns quatro anos, mudou sua diretoria, e o time se transformou. Quem faz a equipe jogar é o Romagnoli, homem de ligação. Correa e Blandi são atacantes rápidos e agora chegou o Matri, que foi um dos artilheiros do último campeonato argentino e atua bem entre os zagueiros. No meio-campo tem o Mercier, que cadencia mais o jogo. Mas o principal é essa forma de jogar que é de pressão no campo rival. O San Lorenzo quer sempre ser o dono do jogo, e o adversário tem que interpretar isso rapidamente.

 Fui muito feliz no San Lorenzo, conquistei o título nacional. Mas com o Botafogo a ligação é mais forte, muito mais marcante.
Loco Abreu
 
 Sua torcida chega a ficar dividida numa partida entre Botafogo e San Lorenzo?
Fui muito feliz no San Lorenzo, conquistei o título nacional e fiz parte de um time que alcançou recordes ainda não derrubados, como 13 vitórias seguidas e 47 pontos. Mas com o Botafogo a ligação é mais forte, muito mais marcante. Eu cheguei já mais experiente e vivi um grande momento da minha carreira.

Retornar ao Botafogo ainda é um objetivo?
Acho que não vou encerrar minha carreira sem voltar e fazer um final feliz, porque os dois merecem. Assumo a responsabilidade de que me precipitei na minha decisão. Errei numa decisão rápida. Minha personalidade é boa para algumas coisas, mas também pode me atrapalhar. Às vezes me fecho e não escuto as pessoas. Agora que passou um tempo, estou totalmente convencido de que não foi uma decisão correta. Mas ainda tenho a esperança de voltar, porque ainda estou jogando bem. Quero fazer um final feliz com uma cereja no bolo e não como um filme interrompido. Esse sonho vai continuar até eu me aposentar. Se não acontecer, vou ficar na torcida, como sempre.

Para você, que perseguiu o objetivo de levar o Botafogo à Libertadores, disputar essa competição pelo clube seria o melhor dos mundos?
Quero jogar pelo Botafogo, não importa a competição. Quero é vestir essa camisa novamente. Mas, por exemplo, meu contrato de empréstimo com o Rosario Central termina em junho, e as quartas de final da Libertadores começam depois da Copa do Mundo. Então por que não sonhar em disputar essa fase pelo Botafogo?

Loco abreu botafogo banco de reservas guarani copa do Brasil (Foto: Dhavid Normando / Agência Estado) 
Loco' para voltar: atacante sonha em disputar a 
atual Libertadores pelo Bota (Foto: 
Dhavid Normando / Agência Estado)

Como avalia esse início de passagem de Tanque Ferreyra pelo Botafogo, um jogador que atua na sua posição, e o primeiro com essa característica contratado pelo clube desde a sua saída?
Eu vi o Ferreyra somente nesses dois jogos do Botafogo na Libertadores e em alguns jogos pelo Olimpia. Com mais ritmo e conhecimento do futebol brasileiro ele vai se sentir melhor e será importante para o Botafogo. Não acompanho o dia a dia, mas sei que um jogador dessa posição precisa conhecer bem os companheiros para sentir-se bem. Tomara que ele consiga se adaptar, e também é importante que o time se adapte às suas características.

E qual o planejamento que faz da sua carreira, aos 37 anos? Já pensa em quando vai se aposentar?
Vou jogando enquanto estou me sentindo bem, aproveitando treinos e jogos. O principal é que cabeça, coração e pernas estão funcionando. É preciso muitas coisas para o centroavante sentir-se importante dentro de campo. Estou com uma sensação boa, fisicamente ainda consigo suportar esse profissionalismo do futebol. Continuo com toda a dedicação. Não tenho planos de parar porque o corpo não me mandou essa mensagem.

Loco Abreu Uruguai x Angola (Foto: AP)Não sai da cabeça: Loco quer jogar Copa, mas destaca forte concorrência  (Foto: AP)
 
Dessa forma, disputar a Copa do Mundo no Brasil ainda é um objetivo para você?
Tenho que brigar, mas dentro da realidade, porque é muito concorrido. Confio primeiro em continuar jogando bem, pois assim fico mais perto dos olhos do treinador da seleção. É importante manter a perseverança, mas a única coisa que está dentro das minhas possibilidades é treinar e jogar bem.



FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/botafogo/noticia/2014/02/de-torcedor-reforco-loco-abreu-sonha-jogar-libertadores-pelo-bota.html

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