terça-feira, 12 de novembro de 2013

Renato chega a 100 jogos no Grêmio, faz história, mas vê números em queda

Ex-atacante é o 15º treinador no top 100 do clube - o quinto que também foi jogador. Apesar de boa arrancada em 2013, não ultrapassará números da estreia em 2010

Por Porto Alegre

Renato Gaúcho orienta jogadores em treino do Grêmio (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)Renato Gaúcho ainda mira um título pelo
Grêmio (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)
 
O ano era 2000. Renato Gaúcho dava os primeiros passos em sua nova carreira como técnico, no Madureira (ele chegou a comandar o Fluminense em alguns jogos em 96). Comandante do ex-atacante em 1983, Valdir Espinosa, com zelo de pai, tentava puxar o futebol para a pauta das conversas rotineiras entre os dois. Apesar de treinador em formação, Renato se desviava do assunto como se, a sua frente, irrompesse um zagueiro de 2,10m. “Vamos falar de outra coisa”, “deixa para lá”, dizia.

- Pensava comigo: não vai sair treinador daí. Não quer falar de futebol! - conta um Espinosa aliviado e orgulhoso de estar errado, neste novembro de 2013.


Errado, sim, porque Renato não só insistiu na carreira como, poucos meses depois, deixou de negar qualquer papo sobre táticas e afins. A ponto de hoje não falar em outra coisa. E ingressar numa seleta lista de treinadores que tocaram a barreira de 100 jogos pelo Grêmio. Completará a marca histórica nesta quarta-feira, diante do Vasco (do qual já fora técnico), pela 34ª rodada do Brasileiro. Antes disso, o GloboEsporte.com mostra todos os números e curiosidades das 99 partidas já disputadas, divididas em duas passagens - um embate é excluído por ter mandado seu auxiliar Roger à beira do campo, no Gre-Nal de Rivera de 30 de janeiro de 2011, vencido pelo Tricolor por 2 a 1.

Embora a marca festiva, a análise dos números não deixa margem à plena comemoração. Afinal, ao perder para o Cruzeiro no domingo, Renato alcançou a maior sequência sem vitórias contando suas duas passagens - uma queda brusca em trajetória antes ascendente, com arrancada fulminante, boas vitórias e ingresso no G-4 do Brasileiro. Comparando ainda as passagens, a primeira (2010/2011) tem melhor aproveitamento: 59,6% contra 50,9%. E, mesmo que vença os cinco jogos restantes, não alcançará tal desempenho - beirará, no máximo, os 57,2%.

> Confira curiosidades e momentos marcantes de Renato:


info 100 jogos Renato Gaúcho (Foto: arte esporte) 
Infográfico reúne números de Renato Gaúcho 
(Foto: arte esporte)
 
na história
Diante do Vasco, a despeito da má fase, uma coisa é certa: Renato fará história. Será o 15º treinador a completar 100 jogos em 110 anos de Grêmio - o único deles ainda sem título e o quinto a também ter sido jogador do clube, mesmo caso do guru Espinosa, em 6º, com 221 jogos, que chegou a ser seu auxiliar em duas oportunidades no futebol carioca:

- Só fui auxiliar com ele. É aquela relação de pai para filho - conta Espinosa, que atesta maturidade em Renato até na diminuição das brincadeiras em entrevistas: - Se tu pegares uma declaração dele de cinco anos atrás... é bem diferente. Ele aprendeu bastante, mudou seu vocabulário. E vai seguir aprendendo, tem que ser assim.

Renato ultrapassou o lendário Rubens Minelli (97 jogos), mas só poderá alcançar Evaristo de Macedo, o 14º, em 2014, já que o técnico vencedor da Copa do Brasil de 1997 tem 106 partidas no currículo azul.

Caso renove e avance nas competições ao longo do próximo ano, tem chances, inclusive, de entrar no top 10, passando Tite (173), de acordo com números do jornalista e pesquisador Laert Lopes. O pódio dos treinadores gremistas em relação ao números de jogos é composto por: Luiz Felipe Scolari, Carlos Froner e, claro, na liderança, Oswaldo Rolla, o Foguinho.


rei do olímpico
Renato Gaúcho abraçou a Arena, mas o Olímpico ainda é seu lar. Isso porque é no Velho Casarão que tem melhor aproveitamento. quase 67% contra 60,4%. Curiosamente, foi o palco da estreia, em 12 de agosto de 2010, que acabou com derrota para o Goiás, por 2 a 0, e eliminação na Copa Sul-Americana. Foi também no Olímpico que se despediu, num empate em 2 a 2 com o Avaí, acabaria demitido na madrugada de 30 de junho de 2011. Mas, apesar do início e do fim cheio de lamentos, ficam mesmo as vitórias - a última ocorreu em 5 de junho de 2011, contra o Bahia (assista ao vídeo). Foram muitas: 20 e mais 6 empates e 7 derrotas no Olímpico, que será implodido até o início de 2014.

- Como pode um gigante desses sumir de repente - costuma se perguntar Renato antes dos treinos na Azenha.

No total, somando as duas casas, o aproveitamento como mandante é de 64,6%, com 28 vitórias, 10 empates e 10 derrotas em 49 partidas.

gre-nal: choro e empates

O Olímpico pode ser a sua casa, mas Gre-Nal Renato jamais venceu na Azenha. Na verdade, foi um triunfo, no Beira-Rio, pelo primeiro confronto da decisão do Gauchão, em 8 de maio de 2011. Um emocionante 3 a 2, cheio de reviravoltas e um herói: Júnior Viçosa. De desconhecido a Homem Gre-Nal, com dois gols de cabeça, ambos de cobertura, sobre o goleiro Renan (assista ao vídeo). No vestiário, choro de Renato. Era Dia das Mães, e o técnico recordava sua Dona Maria, falecida em 21 de fevereiro de 2010, aos 73 anos.

- Dedico à minha mãe. Sei que hoje ela orou por mim - balbuciou, debruçado sobre a mesa da sala de entrevistas.

No entanto… no jogo da volta, em casa, derrota de virada por 3 a 2 e título perdido nos pênaltis. Novamente, Renato chorou, mas de decepção por um revés inesperado. De resto, todos os outros quatro clássicos terminaram empatados. 

CHUVA DE GOLS

Não espere soluções comuns de Renato. Assim, surpreendente, ele foi ao desmontar o Hamburgo, em 1983. E conseguiu ser decisivo na defesa mesmo em sua maior goleada em 99 jogos como técnico do Grêmio. Era o jogo 45, em 24 de março de 2011, e o Tricolor enfrentava num Olímpico quase vazio (5.099 pessoas) o Inter-SM (assista ao vídeo), pior time da competição. O duelo já estava 2 a 0 quando surgiu um pênalti aos rivais. Marcelo Grohe defendeu! No intervalo, revelou:

- Quando fui para o gol, olhei para o Renato e ele me indicou o canto. Pulei e deu certo.

No fim, um tranquilo passeio por 6 a 0 (Douglas, Mário Fernandes, Júnior Viçosa, Rafael Marques e Leandro, duas vezes).


jonas, de pupilo a mestre

Um dos maiores artilheiros da história tricolor, Renato aproveita 
a fama de atacante para aprimorar os seus comandados. As lições vão muito além da parte técnica em campo. Tem sua dose de provocação. Assim foi com Jonas. De atacante criticado, que virou o “pior do mundo”, de acordo com jornal espanhol e que fora emprestado a Portuguesa, o camisa 7 se imortalizou, assim como Renato, na galeria dos grandes matadores. Mais do que isso: o pupilo ultrapassou o mestre: no último jogo de 2010, que levou o time à Libertadores, contra o Botafogo (assista ao vídeo), chegou aos 75 gols - Renato fizera 74 pelo Tricolor. Naquele ano, marcou 44 gols em 65 partidas. Jonas também é o artilheiro dos 99 jogos do treinador, com 21 tentos, cinco a mais que o meia Douglas.

- Foi uma relação muito boa, porque coincidiu com meu melhor momento no futebol brasileiro. Dei sequência ao bom momento de 2009 e acabei vivendo algo especial em 2010, quando consegui ser o artilheiro do ano no país e recordista de gols do Brasileiro, com 23 (em pontos corridos com 20 equipes). E, claro, o Renato também faz parte disso, porque conversava bastante comigo. Foi uma época maravilhosa - afirma Jonas, que, no início de 2011, transferiu-se para a Europa onde construiu carreira sólida no Valencia.

Os cinco maiores artilheiros da era Renato são de sua primeira passagem. Além dos dois citados, há André Lima (15), Borges (13) e Júnior Viçosa (10). Barcos aparece em sexto, com oito bolas na rede.

 
Mosaico Renato 100 dias Grêmio (Foto: Editoria de Arte) 
Momentos de Renato em duas duas passagens como técnico do Grêmio (Foto: Editoria de Arte)

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/gremio/noticia/2013/11/renato-chega-100-jogos-no-gremio-faz-historia-mas-ve-numeros-em-queda.html

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