quinta-feira, 25 de julho de 2013

De renegados a ídolos: a redenção de Cuca, R10, Jô e cia. no Atlético-MG

Com criatividade e de forma cirúrgica, presidente do Galo contrata atletas desacreditados e conquista maior título da história centenária do clube

Por Rodrigo Fuscaldi e Gabriel Duarte Belo Horizonte

Foi espetacular. Do jeito que a torcida do Atlético-MG se acostumou durante toda a disputa da Taça Libertadores. Contra o Olimpia, do Paraguai, na noite dessa quarta-feira, o Galo teve que se desdobrar em campo, reverter um placar adverso de 2 a 0 - resultado da primeira partida no Defensores del Chaco, em Assunção - passar por uma desgastante prorrogação e ser perfeito nas penalidades máximas (veja o vídeo ao lado). No fim, o título marcou a volta por cima de Cuca e jogadores do elenco.

A conquista da competição internacional selou a entrada definitiva de vários atletas na história do clube, como o goleiro Victor, herói das quartas, semifinais e finais da Libertadores. Nas três etapas, foram defesas de pênaltis que garantiram as vitórias. O arqueiro alvinegro, sem dúvida, foi o maior nome da conquista da Libertadores. Chamado de “santo”, ele já está na lista de maiores jogadores que vestiram o uniforme alvinegro.


O título também sacramentou a ascensão de vários outros atletas. Marcos Rocha, Junior Cesar, Pierre, Ronaldinho Gaúcho, Bernard e Jô passaram por dificuldades ou chegaram ao Atlético-MG sob desconfiança da torcida. Agora, depois de serem crucificados, comemoram a redenção.

O craque renascido
Cuca e Ronaldinho Libertadores festa Atlético-MG (Foto: Reuters) 
Cuca e Ronaldinho Gaúcho comemoram título da Libertadores (Foto: Reuters)
 
Maestro da equipe alvinegra, Ronaldinho Gaúcho foi contratado em um momento conturbado da carreira. No Flamengo, não conseguiu emplacar grandes atuações, e se envolveu em inúmeros problemas extracampo, que atrapalharam seu desempenho.

No Atlético-MG, desde o início do Campeonato Brasileiro de 2012, o jogador encontrou a tranquilidade necessária. E também o melhor futebol. Na campanha do vice-campeonato nacional, foi um dos principais atletas. Agora, na Libertadores, não foi diferente e voltou a atuar como no começo de carreira, quando encantava os amantes do futebol.

- Não era time de jogadores renegados? Fala agora! Fala agora! - desabafou R10, logo após o título.

Jô viveu situação parecida à do companheiro e também chegou ao Atlético-MG em baixa. Com atuações irregulares e questionamentos pela vida fora das quatro linhas no Internacional, o jogador foi negociado e, sob o comando de Cuca, voltou a ter boas apresentações, como na época de Corinthians.

O atacante chegou a jogar no futebol europeu, teve atuações razoáveis no Everton e também vestiu a camisa do Manchester City, ambos da Inglaterra. Mas foi no Atlético-MG que voltou a brilhar. Em grande fase, Jô terminou como artilheiro da Libertadores, com sete gols.
- Renegados é uma palavra muito forte. Seria mais desacreditados. Falavam que, por onde eu passei, não fiz nada, mas fui campeão, artilheiro. Tive humildade, e ele também teve. O Ronaldinho não tem mais o que provar, tem total condição de voltar à Seleção - declarou Jô, em entrevista ao "Arena SporTV".

De moedas de troca a peças imprescindíveis
Revelados pelo Atlético-MG, o lateral-direito Marcos Rocha e o meia Bernard iniciaram a carreira já desacreditados. Quando subiu aos profissionais, o camisa 2 atleticano chegou a ter oportunidades como titular, mas não agradou. Criticado pela torcida, foi emprestado ao Uberlândia e ao CRB. Além disso, passou por Ponte Preta e América-MG. E foi no Coelho que conseguiu se destacar e retornar ao Galo.

Bernard, Atlético-MG x Olimpia (Foto: Alexandre Rezende) 
Bernard quase foi dispensado da base do Atlético-MG (Foto: Alexandre Rezende / Globoesporte.com)
 
Marcos Rocha voltou ao Atlético-MG em 2012, após ser escolhido o melhor lateral do Campeonato Brasileiro da Série B, ainda pelo América-MG. Logo, tornou-se titular no time de Cuca.

A mesma situação viveu Bernard. Quem não conhece a história do atacante, hoje pretendido por diversos clubes da Europa e candidato a disputar a próxima Copa do Mundo, não sabe que, no começo da carreira, o jogador chegou a ser emprestado ao pequeno Democrata, de Sete Lagoas, na disputa do Módulo II do Campeonato Mineiro. Franzino, por pouco, não foi dispensado das categorias de base do clube.

Time montado de forma cirúrgica

Diego Tardelli Atlético-MG final Olimpia Libertadores (Foto: Reuters) 
Diego Tardelli se confirmou como a cereja do bolo do elenco atleticano (Foto: Reuters)
 
Com problemas em algumas posições específicas, o presidente Alexandre Kalil fez contratações cirúrgicas. E se virou, com criatividade, para encontrar soluções. O volante Pierre, por exemplo, que se encaixou como uma luva no meio-campo alvinegro, foi envolvido em uma troca com o meia Daniel Carvalho, que foi para o Palmeiras.

Outro lateral, Junior Cesar, também chegou ao Atlético-MG, após período de baixa no Flamengo, onde perdera a titularidade e ficou sem espaço. 

Richarlyson, titular até o primeiro jogo da decisão, saiu do São Paulo sem deixar saudades. Agregador, cumpriu bem o papel no Galo.

Sem falar em Leonardo Silva, que chegou ao clube alvinegro com uma grave lesão. O zagueiro, ex-Cruzeiro, trocou de camisa sob a alegação de que não teria sido valorizado na Toca da Raposa II. No Galo, com gols e ótima presença na defesa, se destacou muito. Na final nessa quarta-feira, ele fez o segundo gol e teve bela atuação. 

Por fim, Diego Tardelli, a cereja do bolo. Chamado assim pelo presidente Alexandre Kalil, o atacante, atleticano confesso, retornou ao clube, depois de passagens pelo futebol da Rússia e do Catar. Artilheiro e muito identificado com a torcida alvinegra, Tardelli estreou na primeira partida do Galo na Libertadores, contra o São Paulo, no Independência. Com ele no time, o Atlético-MG ganhou velocidade incrível, alternativas de ataque e, principalmente, muito talento.
O 'dono' do esquadrão

Para comandar uma equipe de jogadores em busca de um recomeço, nada melhor que um treinador também com essas características. Cuca sempre conseguiu bons trabalhos, mas não dava sorte na hora de decidir. Tanto que, em toda a carreira de técnico, havia conquistado apenas títulos estaduais. Agora, com o título da Taça Libertadores no bolso, o comandante alvinegro passa a outro patamar, o de um técnico de primeira linha do futebol brasileiro (veja o vídeo acima).

O comentarista da TV Globo Minas, Bob Faria, entende que o mais importante de tudo foi a contratação e a manutenção de Cuca, que, quando chegou ao Galo, perdeu seis jogos seguidos e, mesmo assim, foi mantido no cargo.

- Esse foi o grande mérito do Kalil. Manter o treinador, que tinha um projeto definido. Com ele, os jogadores se comprometeram. Cuca é reconhecidamente um treinador que monta bons times. Foi assim no Goiás, no São Paulo, no Cruzeiro. É o grande nome da conquista atleticana. Montou um esquema para privilegiar o jogo de Ronaldinho Gaúcho.

Veja os vídeos do Atlético-MG

FOBTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/atletico-mg/noticia/2013/07/de-renegados-idolos-redencao-de-cuca-r10-jo-e-cia-no-atletico-mg.html

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