domingo, 6 de janeiro de 2013

O futuro no Palantír


Não tive coragem de fixar os olhos na pedra esférica. Tomei-a das mãos de um pequeno ser sem tocá-la, guardando-a em meu manto. Até o dia daquela cavalgada para o oeste, com o sol caindo no horizonte, muitas almas já haviam sido iludidas pelo globo. Manusear um Palantír tem muitos perigos. Sete deles foram criados, e não se sabe onde todos estão. Estaria alguém observando do outro lado? Além da Grande Ilha, talvez?

Veio o anoitecer. Um a um, meus companheiros de jornad


a foram tomados pelo sono. Uma estranha sensação de inquietude, contudo, não me deixava adormecer. Sons de criaturas ao longe e o padrão de movimento das aves no céu mantinham-me acordado, concentrado. A noite passava, o sol não nascia. Veio, então, a percepção. Ocupei-me das últimas horas do dia lutando contra um desejo. Era forte a necessidade de conhecer o futuro por meio daquele globo de pedra. Lutei. Fui bravo. No fim, entretanto, faltaram-me forças.

Ainda manuseando o Palantír com a ajuda de meu manto, descobri parcialmente a esfera. Pela primeira vez, eu, “Cossenza, o Branco”, olhei diretamente para aquele objeto frio e pesado. Era uma pedra escura e polida. Lisa e transparente, mas ao mesmo tempo nublada. Com mais atenção, percebi que aquela espécie de névoa estava dentro do globo. Fixei a vista e concentrei-me para tentar enxergar algo além do que estava a meu toque. A neblina movia-se dentro do Palantír, mas nenhuma imagem fazia-se nítida.

Furiosamente, veio a escuridão. Já não havia mais sinais de vida que não fossem as de meus companheiros adormecidos. Fui tomado, desta vez, por uma sensação de desesperança. Não conseguia correr. Não podia esconder-me. Como se obedecendo à vontade de uma força superior, entrei naquela tempestade. Toquei o Palantír com as mãos desnudas. De assalto, fui levado a outro plano. Minha mente vagava. Imagens de vales e colinas cobertas de neve passavam velozmente por meus olhos fechados.

A névoa ainda não havia se dissipado no interior do Palantír quando uma voz fez-se ouvir. Só para mim, pois meus companheiros permaneciam sem reação, inconscientes. “True hope lies beyond the coast”, disse o sotaque germânico. A esperança verdadeira está além da costa. Além do mar. Enquanto tentava encontrar o significado daquelas palavras, o globo em minhas mãos mudava de cor. A pedra ganhou tom avermelhado, mas por pouco tempo. Logo, um branco opaco tomou conta do Palantír. A esfera perdeu temperatura e, dentro de alguns segundos, tornou-se fria demais para que eu pudesse continuar a manuseá-la. Larguei-a, e a queda despertou um par de colegas. O som da pedra chocando-se contra a madeira do solo também me levou de volta ao plano que ocupava anteriormente.

As indicações estavam diante de mim. “Além da costa”. As cores. Logo, concluí. Azul, vermelho e branco. Fora da ilha. Enfim, o futuro clareava. As cores de um povo. A próxima temporada será novamente dominada por um guerreiro dos Bálcãs. Com um ibérico combalido, um helvético esquivando-se do combate e a Grande Ilha ainda sob ameaça de uma força maligna, a esperança verdadeira está no azul, vermelho e branco dos Bálcãs. Sim, 2013 será deste guerreiro, que terminará sua terceira campanha seguida no topo do monte mais alto.
As imagens ficam nítidas. O guerreiro conquistará a Terra ao Sul e o Novo Continente. O bretão parece destinado a tomar para si a coroa mais antiga, ainda em posse do helvético. Resta, contudo, um obstáculo a superar, uma força do mal a ser derrotada na Grande Ilha. O ibérico manterá seu controle sobre as Terras Vermelhas, mas pouco expandirá seus domínios. Vejo também uma guerreira de pele escura e muitos adornos cintilantes no topo de uma montanha. Sim, a Terra Fêmea estará brevemente seu controle. Uma diminuta figura polaca causará e enfrentará problemas. Ao leste, na Terra Onde Vacas Andam Sobre Gelo, questões físicas serão obstáculos. Na Rússia Branca, o cenário será semelhante. Observo também com clareza uma protuberância craniana lutando contra um trauma na Escandinávia. Correntes paternas a impedem de avançar.

Procuro, em seguida, enxergar novas terras. Em um continente ao sul, constato um animal chamado de “preguiça” pelos locais. O bicho tenta escalar árvores, mas tropeça em seus próprios pés. Faz força para subir e vê o caminho a traçar até o galho mais alto. Sua rota está clara, mas as chances não podem mais ser desperdiçadas. Nesta mesma terra, uma girafa enxerga longe e outro animal, este um tanto sonolento, caminham lado a lado, em silêncio. Seu futuro trará frutos das árvores mais frondosas. Vejo também uma planta. “Pé de Feijão” é seu nome tribal. A semente recebe água, mas há algo de curioso em sua frágil estrutura. Ademais, um galho de uma árvore mais alta e mais antiga impede seu crescimento. Por fim, vejo líderes de reinos dos homens em conflito. Não, o próximo calendário não trará conforto a estas pessoas. Um deles, inclusive, guerreará vibrantemente contra seguidores de um germânico chamado Gutenberg.

Post escrito ao som de Nightfall in Middle Earth, da banda alemã Blind Guardian
Coisas que eu acho que acho

- Se não ficou claro pela linguagem usada neste post, que leiam aqui e não tenham dúvidas: o texto é uma grande brincadeira. Como sempre digo, a piada é provocada pelos e-mails pedindo previsões e favoritos para torneios que serão daqui a seis, sete, dez meses. Já é duro o bastante prever o que vai acontecer no torneio que começa daqui a dez dias. Dez meses, então…

- Todo eu, eu peço aos leitores que usem a caixinha em um exercício de adivinhação e coloquem seu top 10 fictício para o fim do ano seguinte. Desde 2008, ninguém acertou sequer o top 5. Ano passado, por exemplo, só um leitor acertou a ordem dos quatro primeiros. E aí, quem se arrisca a dar um palpite? Meu top 10 imaginário seria Djokovic, Murray, Nadal, Federer, Del Potro, Ferrer, Tsonga, Berdych, Tipsarevic e Raonic. E o seu? Use a caixinha e deixe lá a sua listinha!

- Que tal ler e se divertir com o post do ano passado?

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/platb/saqueevoleio/2012/12/26/o-futuro-no-palantir/

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