De garçom a lutador: experiência de vida ajuda Cigano a superar derrota
Por GLOBOESPORTE.COM Rio de Janeiro
- Eu aprendi na minha vida que nenhuma derrota vai me vencer. Eu vou voltar e vou trazer esse cinturão de volta para gente!
Foi na infância que ele aprendeu a lição de levantar depois de uma queda. Com dificuldades financeiras, Cigano começou a trabalhar com 10 anos de idade. De vendedor de picolé a entregador de jornal, a criança cresceu ajudando a família.
- Minha mãe trabalhava de faxineira. E meu pai saiu de casa, então ela sofria bastante, passou por momentos difíceis. Então, eu tentava ajudar conforme podia. Meu primeiro emprego de carteira assinada foi aos 14 anos, entregando jornal. Depois eu trabalhei como servente de pedreiro por muito tempo. Já colhi maçã, já colhi feijão, já trabalhei em departamento de cargas. Eu já fiz muita coisa.
Ela é um anjo na minha vida. Foi quem acreditou em mim realmente e acredita até hoje"
Júnior Cigano
- Quando eu conheci o Junior, ele trabalhava como garçom. Fomos morar juntos. E, hoje, a gente tem dez anos de convivência. Somos companheiros. Eu sou aquela pessoa que cuida de tudo da vida dele e ele cuida de mim também. Me meto nos treinos, me envolvo com os patrocinadores, com a parte administrativa. Eu começo a trabalhar às 9h da manhã e termino geralmente meia-noite – conta a esposa do lutador.
No início, o relacionamento dos dois não era bem visto pelas amigas de Vilsana.
- Eu acho que, às vezes, as pessoas fazem muita questão de rótulos, de títulos... 'Ah, eu estou namorando com Fulano de Tal que é um advogado.' E eu acho que muitas vezes a pessoa mais simples, que está ali a nossa volta, talvez seja realmente um príncipe encantado, né? Aquela pessoa que vai te fazer feliz. Ele era um garçom, e talvez muitas pessoas não tivessem dado valor a isso. Mas hoje, eu acho que dá muita dor de cotovelo, viu? – acha graça Vilsana.
Se os amigos mais próximos duvidaram do relacionamento no começo, Cigano nunca teve dúvida que daria certo. Hoje, ele não imagina a vida sem a esposa.
- Ela é um anjo na minha vida. Foi quem acreditou em mim realmente e acredita até hoje. Me fortaleceu, me fez acreditar no meu sonho. Ela, sem sombra de dúvida, é a minha inspiração, o meu alicerce. Quem realmente me suportou, me alavancou para essa minha carreira e tudo mais.
Cain Velásquez recebe o cinturão após vencer
Junior Cigano (Foto: Getty Images)
Junior Cigano (Foto: Getty Images)
- Quando ele decidiu começar, na verdade, não foi na luta. Ele foi para uma academia. E lá descobriu o jiu-jítsu. Aí ele disse que queria treinar. Eu sempre incentivei. Nunca tinha feito artes marciais na vida. Entrou para o jiu-jítsu para aprender e, com seis meses, foi o campeão baiano e o campeão absoluto em um torneio que teve aqui em Salvador. Ele só tinha seis meses de treino.
Cigano ganhou a faixa preta com pouco tempo de treinamento. Hoje, anos depois, o garçom e aspirante a segurança se tornou uma das estrelas do UFC. Dentro do octógono, ele é destruidor. Já em casa, com a família, a esposa garante que é o oposto.
- Ele é uma pessoa muito tranquila, ele fala pouco. Júnior adora ficar em casa. Ele ama ver filmes. Ele é uma pessoa muito querida, muito carinhosa... É carinhoso com todo mundo, principalmente com criança. Ele dá muita atenção às crianças. Nós temos sobrinhas que, quando chegam aqui, pulam no pescoço dele, rolam no sofá com ele. Eu penso que ele vai amassar de tão pequenininha que elas são. Mas não. Elas amam brincar com ele.
É com o apoio de Vilsana, o carinho da família e a torcida brasileira que Cigano vai superar a derrota para Velasquez. Para um campeão que hoje tem 28 anos e até os 21 nunca havia praticado nenhuma arte marcial, recuperar o cinturão pode ser apenas uma questão de tempo.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/programas/esporte-espetacular/noticia/2013/01/de-garcom-lutador-experiencia-de-vida-ajuda-cigano-superar-derrota.html
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