Na primeira passagem pelo país, tenista faz alegria de fãs e joga para segundo plano problemas como cambistas e defeitos estruturais do ginásio
O clima não era dos melhores quando Roger Federer
entrou na sala, exatamente às 00h39m de sexta-feira. O calor, o cansaço
e os quase 50 minutos de espera fizeram sumir o bom humor do batalhão
de jornalistas dentro da sala de imprensa do Ginásio do Ibirapuera. Foi
quando o dono da noite apareceu, usando um casaco da seleção brasileira
de futebol e um largo sorriso. Com duas palavras, transformou qualquer
rosto fechado em risadas à sua frente.
- Good Morning (bom dia)! – disse, fazendo piada com o horário e com uma expressão de quem pedia desculpas pela demora.
Em sua primeira passagem pelo Brasil, Federer estendeu seu reinado no tênis ao ginásio do Ibirapuera, ainda que tenha perdido na estreia do Desafio Internacional para Thomaz Bellucci. Antes do jogo, o brasileiro previu que não teria a arquibancada do ginásio ao seu favor. “Todo mundo adora ele”, explicou. Não se pode dizer que a torcida tenha sido contra o tenista local, mas, qualquer que fosse o resultado, o número 2 do mundo tinha a noite ao seu dispor.
O primeiro jogo, entre as duplas Bob e Mike Bryan e Marcelo Melo e
Bruno Soares, serviu como bom aperitivo para um público que torcia para o
tempo correr mais rápido. Em um bom duelo, americanos e brasileiros
divertiram os fãs, mas até mesmo eles admitiram que todos ali eram meros
coadjuvantes. Ao explicar alguns dos lugares vazios nas arquibancadas
durante a primeira partida de quinta-feira, Mike brincou.
- Em cima (anel superior, com ingressos mais baratos), estava quase tudo lotado. Acho que as pessoas ricas estavam jantando, chegariam mais tarde só para ver o Federer – brincou o americano, falando dos muitos lugares vagos no anel inferior, com bilhetes mais caros.
O esforço da organização para que tudo desse certo era nítido, ainda
que alguns detalhes tenham escapado por alguns momentos. Com ingresso em
mãos, Edson Ferracini se surpreendeu ao perceber que, em seu assento, o
A47, na primeira fila do anel superior, não conseguiria ver boa parte
da quadra. Assim como em vários outros lugares do ginásio, uma placa de
publicidade atrapalhava a visão. Mas foi por pouco tempo. Ainda no
primeiro set do jogo entre as duplas, funcionários do evento retiraram
as faixas e resolveram o problema.
Mike estava certo. Pouco antes do início do jogo entre Federer e Bellucci, o ginásio começou a ficar lotado. Mas, mesmo durante a principal partida da noite, era possível ver alguns dos lugares vazios. Na entrevista depois do jogo, o suíço disse acreditar que parte do público simplesmente não tenha conseguido chegar ao local, seja pelo trânsito intenso na cidade na noite de quinta ou pela forte chuva que caiu no fim da tarde.
Mas há também uma outra explicação. Fora do Ibirapuera, em frente à entrada principal do complexo, cambistas agiam livremente, apesar da proximidade de um carro de polícia que fazia a segurança do local. Em mãos, alguns ingressos de cortesia, que eram vendidos entre R$ 150 e R$ 200. Um bilhete para o mesmo setor foi vendido pela organização por R$ 500.
Dentro do ginásio, um detalhe engraçado. Um telão exibia mensagens que fãs postavam no Twitter e no Facebook do Desafio Internacional. O serviço, no entanto, parecia não ter nenhum tipo de filtragem. Desde a primeira partida, recados inusitados apareciam repetidas vezes. Uma brincava: “10 pila (sic) a pipoca aqui, o Federer que deve ter feito”. A outra pedia: “Ginásio quente demais! Alguém liga o ar condicionado!”. O próprio suíço, aliás, reclamou do calor depois da partida.
Mas, quando Federer entrou em quadra, qualquer outro detalhe parecia
perdido. Aplaudido de pé por todo o ginásio, o suíço recebeu um
tratamento de astro durante toda a noite. Nas arquibancadas, faixas,
cartazes e até bandeiras da Suíça. Olhares atentos para todos os
movimentos do ídolo dentro de quadra. Em resposta, o número 2 do mundo
desfilava simpatia, acenando para o público e brincando durante o jogo.
A noite também era a chance de alguns fãs verem o ídolo em ação pela primeira vez. O “Team Roger Federer Brasil” organizou um encontro em massa para poder assistir aos jogos do tenista no ginásio. Alguns o seguiram desde o aeroporto, com plantões em frente ao hotel onde o suíço está hospedado em São Paulo. Da jornada, parte saiu vitoriosa, com autógrafos, fotos e até vídeos com o tenista.
No fim, nem mesmo a derrota foi capaz de tirar o sorriso de Roger Federer. No caminho entre a quadra e a sala de imprensa, montada em um galpão anexo ao ginásio, foi assediado por fãs, que também esperavam por mais uma chance de ver o ídolo. A alegria por ter jogado pela primeira vez no país, segundo ele, se compara a algumas de suas melhores sensações.
- Eu estava ansioso, mas não sabia como seria a atmosfera. E foi ótima.
Já joguei nos maiores ginásios, lotados, mas não há nada como jogar em
uma cidade pela primeira vez. Ainda tenho dois jogos. Foi muito
especial. Estou animado por estar aqui e tentar inspirar outros eventos a
virem para o Brasil – disse o suíço, lembrando também de sua paixão por
futebol e da admiração por dois ídolos do país, Gustavo Kuerten e
Ayrton Senna.
Federer lamenta não poder fazer mais diante de uma agenda extensa de compromissos durante a passagem pelo país. Ao se ver frente a tantos fãs brasileiros, queria poder atender a todos. O cansaço, ele diz, fica para depois.- Eu fico desapontado por não conseguir dar atenção a todos. Quando não tenho tempo suficiente para os fãs, fico desapontado. Ainda mais aqui no Brasil, onde todos são tão entusiasmados, tentam de tudo para me ver. É muito doce ser capaz de retribuir. Por isso estou aqui. Sempre tenho muito respeito por todos os fãs. Muitos atletas têm fãs, mas acho que os meus são únicos.
Depois de três dias no país, o português não flui como ele imaginava. Ainda que tenha arriscado algumas palavras em um comercial da empresa que patrocina sua passagem pelo Brasil, Federer admite ter aprendido pouca coisa desde que chegou. Disse sempre achar ter entendido alguma pergunta de um jornalista, mas, quando vê, pouco tinha a ver com sua “tradução simultânea”. Ele, no entanto, afirma estar mais interessado em aprender sobre o brasileiro.
- É muito difícil conhecer muita coisa em três dias. O Brasil tem uma cultura muito diversificada, interessante. Uma cidade tão grande quanto São Paulo tem esquinas muito diferentes de outras. São cidades dentro de uma cidade. Mas tenho prestado muita atenção nas pessoas, como elas se mexem, como elas são – disse o tenista, que volta à quadra no sábado para enfrentar o francês Jo-Wilfried Tsonga, com transmissão do SporTV e cobertura em Tempo Real do globoesporte.com.
O clima, então, era dos melhores quando Roger Federer saiu da sala, exatamente à 1h01m de sexta-feira. Nem o calor, o cansaço ou qualquer atraso na programação parecia pesar no momento em que o suíço se despediu do batalhão de jornalistas à sua frente. Com o tal casaco da seleção brasileira de futebol e o mesmo sorriso no rosto, se levantou da cadeira e saiu. Seu primeiro dia de astro em seu novo reino terminava ali.
- Good Morning (bom dia)! – disse, fazendo piada com o horário e com uma expressão de quem pedia desculpas pela demora.
Em sua primeira passagem pelo Brasil, Federer estendeu seu reinado no tênis ao ginásio do Ibirapuera, ainda que tenha perdido na estreia do Desafio Internacional para Thomaz Bellucci. Antes do jogo, o brasileiro previu que não teria a arquibancada do ginásio ao seu favor. “Todo mundo adora ele”, explicou. Não se pode dizer que a torcida tenha sido contra o tenista local, mas, qualquer que fosse o resultado, o número 2 do mundo tinha a noite ao seu dispor.
Federer com o casaco do Brasil durante a coletiva (João Gabriel / GLOBOESPORTE.COM)
- Em cima (anel superior, com ingressos mais baratos), estava quase tudo lotado. Acho que as pessoas ricas estavam jantando, chegariam mais tarde só para ver o Federer – brincou o americano, falando dos muitos lugares vagos no anel inferior, com bilhetes mais caros.
Placas atrapalhavam a visão de alguns torcedores
(Alexandre Cossenza / GLOBOESPORTE.COM)
(Alexandre Cossenza / GLOBOESPORTE.COM)
Mike estava certo. Pouco antes do início do jogo entre Federer e Bellucci, o ginásio começou a ficar lotado. Mas, mesmo durante a principal partida da noite, era possível ver alguns dos lugares vazios. Na entrevista depois do jogo, o suíço disse acreditar que parte do público simplesmente não tenha conseguido chegar ao local, seja pelo trânsito intenso na cidade na noite de quinta ou pela forte chuva que caiu no fim da tarde.
Mas há também uma outra explicação. Fora do Ibirapuera, em frente à entrada principal do complexo, cambistas agiam livremente, apesar da proximidade de um carro de polícia que fazia a segurança do local. Em mãos, alguns ingressos de cortesia, que eram vendidos entre R$ 150 e R$ 200. Um bilhete para o mesmo setor foi vendido pela organização por R$ 500.
Dentro do ginásio, um detalhe engraçado. Um telão exibia mensagens que fãs postavam no Twitter e no Facebook do Desafio Internacional. O serviço, no entanto, parecia não ter nenhum tipo de filtragem. Desde a primeira partida, recados inusitados apareciam repetidas vezes. Uma brincava: “10 pila (sic) a pipoca aqui, o Federer que deve ter feito”. A outra pedia: “Ginásio quente demais! Alguém liga o ar condicionado!”. O próprio suíço, aliás, reclamou do calor depois da partida.
Alguns recados no telão não eram filtrados (João Gabriel / GLOBOESPORTE.COM)
A noite também era a chance de alguns fãs verem o ídolo em ação pela primeira vez. O “Team Roger Federer Brasil” organizou um encontro em massa para poder assistir aos jogos do tenista no ginásio. Alguns o seguiram desde o aeroporto, com plantões em frente ao hotel onde o suíço está hospedado em São Paulo. Da jornada, parte saiu vitoriosa, com autógrafos, fotos e até vídeos com o tenista.
No fim, nem mesmo a derrota foi capaz de tirar o sorriso de Roger Federer. No caminho entre a quadra e a sala de imprensa, montada em um galpão anexo ao ginásio, foi assediado por fãs, que também esperavam por mais uma chance de ver o ídolo. A alegria por ter jogado pela primeira vez no país, segundo ele, se compara a algumas de suas melhores sensações.
Parte do fã-clube de Federer no Brasil
(João Gabriel Rodrigues / GLOBOESPORTE.COM)
(João Gabriel Rodrigues / GLOBOESPORTE.COM)
Federer lamenta não poder fazer mais diante de uma agenda extensa de compromissos durante a passagem pelo país. Ao se ver frente a tantos fãs brasileiros, queria poder atender a todos. O cansaço, ele diz, fica para depois.- Eu fico desapontado por não conseguir dar atenção a todos. Quando não tenho tempo suficiente para os fãs, fico desapontado. Ainda mais aqui no Brasil, onde todos são tão entusiasmados, tentam de tudo para me ver. É muito doce ser capaz de retribuir. Por isso estou aqui. Sempre tenho muito respeito por todos os fãs. Muitos atletas têm fãs, mas acho que os meus são únicos.
Depois de três dias no país, o português não flui como ele imaginava. Ainda que tenha arriscado algumas palavras em um comercial da empresa que patrocina sua passagem pelo Brasil, Federer admite ter aprendido pouca coisa desde que chegou. Disse sempre achar ter entendido alguma pergunta de um jornalista, mas, quando vê, pouco tinha a ver com sua “tradução simultânea”. Ele, no entanto, afirma estar mais interessado em aprender sobre o brasileiro.
- É muito difícil conhecer muita coisa em três dias. O Brasil tem uma cultura muito diversificada, interessante. Uma cidade tão grande quanto São Paulo tem esquinas muito diferentes de outras. São cidades dentro de uma cidade. Mas tenho prestado muita atenção nas pessoas, como elas se mexem, como elas são – disse o tenista, que volta à quadra no sábado para enfrentar o francês Jo-Wilfried Tsonga, com transmissão do SporTV e cobertura em Tempo Real do globoesporte.com.
O clima, então, era dos melhores quando Roger Federer saiu da sala, exatamente à 1h01m de sexta-feira. Nem o calor, o cansaço ou qualquer atraso na programação parecia pesar no momento em que o suíço se despediu do batalhão de jornalistas à sua frente. Com o tal casaco da seleção brasileira de futebol e o mesmo sorriso no rosto, se levantou da cadeira e saiu. Seu primeiro dia de astro em seu novo reino terminava ali.
Torcedora com cartaz para Federer (João Gabriel Rodrigues / GLOBOESPORTE.COM)
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