Suíço dá clínica para convidados do Desafio Internacional de Tênis
A fila no fundo de quadra é grande. Bob e Mike Bryan lançam bolas para
cerca de 30 tenistas amadores - todos convidados da organização. Uns
tentam inutilmente ganhar pontos contra os gêmeos americanos. Outros
querem acertar o maior número de bolas possível. A clínica já durava
mais de meia hora quando entrei. Estou no fim da fila.
Não rebato sequer uma bola dos Bryans. Antes da minha vez, aparece na
beira da quadra uma das silhuetas mais conhecidas do tênis. A camisa
azul, da cor do patrocinador, e a faixa amarela na cabeça tiravam
qualquer dúvida. É Roger Federer
pisando na mesma quadra que nós. A fila acaba. Todos correm na direção
do suíço. Em segundos, a melhor dupla da última década do tênis mundial é
esquecida.
Outra fila se forma. Sem aquecimento ou bate-bola com os gêmeos, tenho como primeira tarefa devolver um saque de Roger Federer. Nome e sobrenome mais famosos do tênis mundial estão do outro lado da quadra, a cerca de 23 metros de mim. Lá vem a bola. E vem à meia força. O suíço sabe que está diante de um amador. Devolvo funda, e meu "rival" brinca. Solta um gemido ao rebater. Rio por dentro. Grito de volta e mando a amarelinha mais uma vez para o outro lado.
Enquanto minha bola viaja, preparo-me para receber outro "Federer forehand". O golpe de direita mais temido da história vem na minha direção. É aí que surge a percepção, ainda que um tanto tardia: estou trocando direitas com Roger Federer. Nome e sobrenome. As pernas travam, dou o primeiro passo atrasado e fico mal posicionado para rebater. Mando uma bola na rede. Saio sorrindo. Inevitável.
A fila é confusa. Perto de disputarem poucos pontos com o ídolo,
amadores como eu entregam seus celulares para colegas filmarem. Jogar
com Roger Federer é um privilégio, uma lembrança para o resto da vida,
uma história para contar à esposa e à mãe fanática pelo suíço. Ela
seguramente choraria ao receber a notícia.
Mike Bryan e Federer mudam o andamento da clínica. Formam-se duas filas. Na da direita, com três pessoas, rebateriam bolas do duplista. Os da esquerda, uns vinte e poucos como eu, voltariam a ter o campeão de 17 Grand Slams do outro lado da rede. Na minha vez, faço um forehand e um backhand. Acerto ambos. Volto para o fim e vejo os outros amadores. Nervosos, emocionados, felizes, em êxtase. Havia um pouco de tudo naquele fundo de quadra.
O suíço agora está a cerca de 13 metros de mim. Vejo a facilidade com que Federer devolve todas bolas - boas e ruins - que são atiradas em sua direção. Já havia acompanhado o atual número 2 de perto, em treinos e jogos de Grand Slams. Também em salas de entrevista. Nada que se comparasse a empunhar raquete e dividir quadra com o maior ídolo do esporte que cubro profissionalmente.
Meu nervosismo passa. Ao todo, rebato cerca de 15 bolas - impossível manter a conta no meio de todas as sensações que tentava absorver antes de escrever este texto. Na última delas, dou dois passos para a esquerda e solto uma ótima - para os meus padrões - direita. O suíço olha e diz "Good movement!" ("Boa movimentação", em inglês). Frase mágica para um amador acima do peso. Até nisso, Roger Federer é gênio.
FONTE:
http://sportv.globo.com/site/eventos/desafio-internacional-de-tenis/noticia/2012/12/um-genio-15-metros-reporter-relata-sensacao-de-jogar-tenis-com-federer.html
O repórter Alexandre Cossenza se concentra para jogar com Federer (Foto: Gustavo Tilio / Globoesporte.com)
Outra fila se forma. Sem aquecimento ou bate-bola com os gêmeos, tenho como primeira tarefa devolver um saque de Roger Federer. Nome e sobrenome mais famosos do tênis mundial estão do outro lado da quadra, a cerca de 23 metros de mim. Lá vem a bola. E vem à meia força. O suíço sabe que está diante de um amador. Devolvo funda, e meu "rival" brinca. Solta um gemido ao rebater. Rio por dentro. Grito de volta e mando a amarelinha mais uma vez para o outro lado.
Enquanto minha bola viaja, preparo-me para receber outro "Federer forehand". O golpe de direita mais temido da história vem na minha direção. É aí que surge a percepção, ainda que um tanto tardia: estou trocando direitas com Roger Federer. Nome e sobrenome. As pernas travam, dou o primeiro passo atrasado e fico mal posicionado para rebater. Mando uma bola na rede. Saio sorrindo. Inevitável.
Fila para bater bola com os astros foi longa (Foto: Gustavo Tilio / Globoesporte.com)
Mike Bryan e Federer mudam o andamento da clínica. Formam-se duas filas. Na da direita, com três pessoas, rebateriam bolas do duplista. Os da esquerda, uns vinte e poucos como eu, voltariam a ter o campeão de 17 Grand Slams do outro lado da rede. Na minha vez, faço um forehand e um backhand. Acerto ambos. Volto para o fim e vejo os outros amadores. Nervosos, emocionados, felizes, em êxtase. Havia um pouco de tudo naquele fundo de quadra.
O suíço agora está a cerca de 13 metros de mim. Vejo a facilidade com que Federer devolve todas bolas - boas e ruins - que são atiradas em sua direção. Já havia acompanhado o atual número 2 de perto, em treinos e jogos de Grand Slams. Também em salas de entrevista. Nada que se comparasse a empunhar raquete e dividir quadra com o maior ídolo do esporte que cubro profissionalmente.
Meu nervosismo passa. Ao todo, rebato cerca de 15 bolas - impossível manter a conta no meio de todas as sensações que tentava absorver antes de escrever este texto. Na última delas, dou dois passos para a esquerda e solto uma ótima - para os meus padrões - direita. O suíço olha e diz "Good movement!" ("Boa movimentação", em inglês). Frase mágica para um amador acima do peso. Até nisso, Roger Federer é gênio.
FONTE:
http://sportv.globo.com/site/eventos/desafio-internacional-de-tenis/noticia/2012/12/um-genio-15-metros-reporter-relata-sensacao-de-jogar-tenis-com-federer.html
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