Suíço dá clínica para convidados do Desafio Internacional de Tênis
A fila no fundo de quadra é grande. Bob e Mike Bryan lançam bolas para
cerca de 30 tenistas amadores - todos convidados da organização. Uns
tentam inutilmente ganhar pontos contra os gêmeos americanos. Outros
querem acertar o maior número de bolas possível. A clínica já durava
mais de meia hora quando entrei. Estou no fim da fila.
O repórter Alexandre Cossenza se concentra para jogar com Federer (Foto: Gustavo Tilio / Globoesporte.com)
Não rebato sequer uma bola dos Bryans. Antes da minha vez, aparece na
beira da quadra uma das silhuetas mais conhecidas do tênis. A camisa
azul, da cor do patrocinador, e a faixa amarela na cabeça tiravam
qualquer dúvida. É Roger Federer
pisando na mesma quadra que nós. A fila acaba. Todos correm na direção
do suíço. Em segundos, a melhor dupla da última década do tênis mundial é
esquecida.
Outra fila se forma. Sem aquecimento ou bate-bola com os gêmeos, tenho como primeira tarefa devolver um saque de Roger Federer. Nome e sobrenome mais famosos do tênis mundial estão do outro lado da quadra, a cerca de 23 metros de mim. Lá vem a bola. E vem à meia força. O suíço sabe que está diante de um amador. Devolvo funda, e meu "rival" brinca. Solta um gemido ao rebater. Rio por dentro. Grito de volta e mando a amarelinha mais uma vez para o outro lado.
Enquanto minha bola viaja, preparo-me para receber outro "Federer forehand". O golpe de direita mais temido da história vem na minha direção. É aí que surge a percepção, ainda que um tanto tardia: estou trocando direitas com Roger Federer. Nome e sobrenome. As pernas travam, dou o primeiro passo atrasado e fico mal posicionado para rebater. Mando uma bola na rede. Saio sorrindo. Inevitável.
Fila para bater bola com os astros foi longa (Foto: Gustavo Tilio / Globoesporte.com)
A fila é confusa. Perto de disputarem poucos pontos com o ídolo,
amadores como eu entregam seus celulares para colegas filmarem. Jogar
com Roger Federer é um privilégio, uma lembrança para o resto da vida,
uma história para contar à esposa e à mãe fanática pelo suíço. Ela
seguramente choraria ao receber a notícia.
Mike Bryan e Federer mudam o andamento da clínica. Formam-se duas filas. Na da direita, com três pessoas, rebateriam bolas do duplista. Os da esquerda, uns vinte e poucos como eu, voltariam a ter o campeão de 17 Grand Slams do outro lado da rede. Na minha vez, faço um forehand e um backhand. Acerto ambos. Volto para o fim e vejo os outros amadores. Nervosos, emocionados, felizes, em êxtase. Havia um pouco de tudo naquele fundo de quadra.
O suíço agora está a cerca de 13 metros de mim. Vejo a facilidade com que Federer devolve todas bolas - boas e ruins - que são atiradas em sua direção. Já havia acompanhado o atual número 2 de perto, em treinos e jogos de Grand Slams. Também em salas de entrevista. Nada que se comparasse a empunhar raquete e dividir quadra com o maior ídolo do esporte que cubro profissionalmente.
Meu nervosismo passa. Ao todo, rebato cerca de 15 bolas - impossível manter a conta no meio de todas as sensações que tentava absorver antes de escrever este texto. Na última delas, dou dois passos para a esquerda e solto uma ótima - para os meus padrões - direita. O suíço olha e diz "Good movement!" ("Boa movimentação", em inglês). Frase mágica para um amador acima do peso. Até nisso, Roger Federer é gênio.
FONTE:
http://sportv.globo.com/site/eventos/desafio-internacional-de-tenis/noticia/2012/12/um-genio-15-metros-reporter-relata-sensacao-de-jogar-tenis-com-federer.html
Outra fila se forma. Sem aquecimento ou bate-bola com os gêmeos, tenho como primeira tarefa devolver um saque de Roger Federer. Nome e sobrenome mais famosos do tênis mundial estão do outro lado da quadra, a cerca de 23 metros de mim. Lá vem a bola. E vem à meia força. O suíço sabe que está diante de um amador. Devolvo funda, e meu "rival" brinca. Solta um gemido ao rebater. Rio por dentro. Grito de volta e mando a amarelinha mais uma vez para o outro lado.
Enquanto minha bola viaja, preparo-me para receber outro "Federer forehand". O golpe de direita mais temido da história vem na minha direção. É aí que surge a percepção, ainda que um tanto tardia: estou trocando direitas com Roger Federer. Nome e sobrenome. As pernas travam, dou o primeiro passo atrasado e fico mal posicionado para rebater. Mando uma bola na rede. Saio sorrindo. Inevitável.
Mike Bryan e Federer mudam o andamento da clínica. Formam-se duas filas. Na da direita, com três pessoas, rebateriam bolas do duplista. Os da esquerda, uns vinte e poucos como eu, voltariam a ter o campeão de 17 Grand Slams do outro lado da rede. Na minha vez, faço um forehand e um backhand. Acerto ambos. Volto para o fim e vejo os outros amadores. Nervosos, emocionados, felizes, em êxtase. Havia um pouco de tudo naquele fundo de quadra.
O suíço agora está a cerca de 13 metros de mim. Vejo a facilidade com que Federer devolve todas bolas - boas e ruins - que são atiradas em sua direção. Já havia acompanhado o atual número 2 de perto, em treinos e jogos de Grand Slams. Também em salas de entrevista. Nada que se comparasse a empunhar raquete e dividir quadra com o maior ídolo do esporte que cubro profissionalmente.
Meu nervosismo passa. Ao todo, rebato cerca de 15 bolas - impossível manter a conta no meio de todas as sensações que tentava absorver antes de escrever este texto. Na última delas, dou dois passos para a esquerda e solto uma ótima - para os meus padrões - direita. O suíço olha e diz "Good movement!" ("Boa movimentação", em inglês). Frase mágica para um amador acima do peso. Até nisso, Roger Federer é gênio.
FONTE:
http://sportv.globo.com/site/eventos/desafio-internacional-de-tenis/noticia/2012/12/um-genio-15-metros-reporter-relata-sensacao-de-jogar-tenis-com-federer.html
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