Apesar de 'mais rico', tênis do Brasil sente falta de ídolos após 'Era Guga'

País investe mais do que na época de Gustavo Kuerten, tricampeão em Roland Garros. Gerente considera difícil revelar outro jogador como ele

Por SporTV.com São Paulo

O público brasileiro vibrou esta semana com a presença do tenista Roger Federer, número 2 do mundo, no Brasil. Antes dele, Novak Djokovic, líder do ranking, já tinha passado pelo país. Dois ídolos que ocupam um lugar que já foi de um brasileiro: Gustavo Kuerten. Tricampeão de Roland Garros (1997, 2000 e 2001), Guga deixou um vazio em vários aspectos. Depois dele, o Brasil não conseguiu voltar ao cenário mundial com a mesma força e formou-se um buraco na revelação de ídolos - apesar do investimento ter trilhado o caminho contrário: só nos últimos quatro anos, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) repassou quase R$ 6 milhões para a Confederação Brasileira de Tênis (CBT), por meio da Lei Agnelo Piva.

Para o gerente de alto rendimento da CBT, Patricio Arnold, há uma explicação para a escassez atual de jogadores, 11 anos após Guga ter conquistado o último Grand Slam francês: independente do dinheiro, é muito difícil produzir um atleta campeão. Hoje, o único brasileiro entre os 100 melhores do mundo é o paulista Thomaz Bellucci.

- O caso dele é uma questão excepcional. O Guga teria sido o Guga onde estivesse. Ele teve aporte do Larry e outras pessoas importantes na vida dele, mas ele é fora de série - considerou.
O curioso é que a crise, no aspecto financeiro, era muito maior na época de Guga. Para Arnold, o esporte deveria ter recebido investimentos desde a explosão do ex-jogador nas quadras, o que não ocorreu.

- A 'Era Guga' não foi aproveitada no momento, de 1997 a 2002, que foi o auge - resumiu.
Segundo a Confederação, o valor aplicado oferece uma estrutura para a base que inclui  assessoria técnica para diagnosticar e detectar talentos, organização de campeonatos, contratação de técnicos e equipe multidisciplinar (preparador físico, fisioterapeuta e médico), além de proporcionar aos atletas períodos de treinos no Brasil e no exterior. Muito longe do que foi oferecido a Guga, como relembra o comentarista Dácio Campos.

- Essa história de ter Copa do Mundo e Olimpíada no Brasil fez com que o governo participasse ativamente, nas esferas federal, estadual e municipal. Pode ser que recebendo tanto e tão cedo, eles (atletas) possam ficar mimados e isso possa ser um problema do outro lado. Antigamente, não havia nenhum tipo de auxílio, hoje tem auxílio demais - considerou.

Patricio Arnold, gerente da CBT, diz que Brasil não
aproveitou 'era Guga' (Foto: Reprodução/SporTV)

Apesar de não ter permanecido no topo do esporte, o Brasil é visto com bons olhos por quem está de fora, como o tenista espanhol Davi Ferrer.

- O tênis brasileiro está melhorando, seguindo 
um bom caminho, tem dinheiro. Estão investindo muito no esporte.

Talvez ainda seja herança deixada por Guga, embora alguns pequeninos, que estão iniciando na modalidade, desconheçam seus feitos. Para a professora e ex-jogadora de tênis Patrícia Medrado, o tênis deve ser incentivado com finalidades que vão além da de buscar um novo Gustavo Kuerten.

- O tênis é um esporte que traz muitos benefícios, inclusive no seu aspecto educacional. A gente não precisa se preocupar tanto em formar atletas. Acho que isso é consequência de um trabalho de base bem feito.

Guga conquistou três títulos de Roland Garros e colocou o Brasil no topo mundial do tênis (Foto: Agência AP)

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FONTE:
http://sportv.globo.com/site/programas/sportv-news/noticia/2012/12/tenis-brasileiro-lamenta-ausencia-no-topo-era-guga-nao-foi-aproveitada.html