quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Histórias Incríveis: após pileque, Cicinho 'estrela' o 'Se beber, não tatue'


Ao relembrar história da qual se arrepende, lateral do Sport afirma que poderia fazer parte do roteiro de mais um filme da série 'Se beber, não case'

Por Elton de Castro Recife

O fato aconteceu numa das agitadas noites em Roma, no ano de 2010. Após ter exagerado na bebida, Cícero João de Cézare se encaminhou ao telefone e ligou para um tatuador. Decidido, pediu para que fizesse enorme tatuagem no braço esquerdo. No dia seguinte, passado o efeito do álcool, olhou para o desenho e considerou besteira o que fez. Só que era tarde demais... Calma, você não está lendo um trecho do roteiro do novo filme da franquia “Se beber, não case”. Essa é apenas uma das inúmeras histórias que o lateral-direito Cicinho, do Sport, prefere esquecer.
Em uma vida sem limites, como ele próprio fez questão de falar, o atleta, nos tempos do Roma, da Itália, clube que defendeu de 2007 a 2012, costumava usar os seus períodos de embriaguez para “ornamentar” o corpo e buscava nas tatuagens mais uma forma de satisfazer as vaidades. História semelhante à vivida pelo personagem Dr. Stuart, que no segundo filme da série acabou reproduzindo no rosto a tatuagem de Mike Tyson, após uma bebedeira.

cicinho sport (Foto: Elton de Castro / GloboEsporte.com)Hoje, Cicinho se arrepende de ter feito a tatuagem (Foto: Elton de Castro / GloboEsporte.com)

- Como já falei algumas vezes, eu bebia muito e não tinha limites. Aí, comecei a tentar achar coisas novas. Teve um dia em que eu estava muito bêbado e tive a triste ideia de ligar para um tatuador, que acabou virando uma espécie de “personal tatuador”, e pedi para que me tatuasse. Mas quando você olha no outro dia, vem um arrependimento enorme. Assisti ao filme “Se beber, não case” e minha vida era bem parecida com isso. Quando você bebe, nunca faz as coisas em sã consciência.

O mais incrível é que Cicinho disse que não se lembra de absolutamente nada. Principalmente do momento em que começou a história. Sequer de quem estava na sua companhia. Tampouco do tatuador. Embora seja curioso e até mesmo engraçado, o episódio incomoda muito o atleta, que, aos 32 anos, passou a adotar uma postura mais madura e atitudes mais discretas. Sem o menor orgulho dos feitos dos tempos em que atuava na Europa, Cicinho passou a tentar esconder as tatuagens durante os jogos. Para isso, o lateral costuma entrar em campo com camisas de manga longa.

- O meu passado eu só gosto de falar como testemunho, pois não gosto de boa parte dele. Vivia de acordo com o que eu queria e não levava em conta o que Deus pedia para que eu fizesse. Fiz algumas tatuagens e passei por muitas situações constrangedoras. Nunca escondi isso de ninguém, mas não é algo que me agrade. Até porque atualmente tenho uma vida voltada para Deus e isso serve para mostrar que todo mundo é recuperável. Pode ser engraçado para quem escuta, mas não é algo que me faça bem.

Além de se livrar da vida desregrada, Cicinho fez questão também de se distanciar dos amigos e das memórias do passado.

- Não lembro o nome do tatuador. Até porque fiz quando estava em Roma e faz tempo. Não tenho mais o telefone dele e também não tive mais contato desde que voltei para o Brasil. Não lembro também do pessoal que estava comigo.

A “ressaca moral” fez também com que o atleta tentasse apagar as mais de 30 tatuagens rabiscadas em seu corpo. Porém, o medo de voltar a sentir dor ajudou o atleta a buscar outra alternativa.

cicinho sport (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)Cicinho prefere esconder a tatuagem em campo
(Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)

- O pecado deixa marcas e foi isso o que aconteceu comigo. Não tinha noção do que estava fazendo, mas gostava de ver meu corpo sendo pintado. Até mesmo a dor me agradava. Não era masoquismo, mas uma sensação que me dava prazer. Hoje, se eu tivesse a oportunidade, tiraria todas. Até tentei tirar, mas não quero sentir mais dores. Já senti muitas dores para fazer. Deixa quieto.

O arrependimento do atleta, em muito, é fruto de uma nova filosofia de vida. Agora evangélico, Cicinho passou a se preocupar com o que a sua imagem está passando para as novas gerações.
- É bom explicar uma coisa: cubro as tatuagens para que as crianças que gostam do meu futebol e me acompanham não sejam influenciadas. Querendo ou não, eu sou um formador de opinião. Jogo em um clube com uma torcida enorme e não posso ser um exemplo negativo. Então, cubro os braços, pois o pecado deixa marcas e foi exatamente isso comigo. Atualmente vivo uma vida voltada para a religião e falo dessas coisas como testemunho, para que as pessoas saibam que todos podem mudar para melhor.

Embora tenha adotado uma postura mais serena, Cicinho mantém o bom humor ao comentar a sua mudança de hábito. Decidido a passar um bom exemplo, o lateral espera que suas histórias positivas comecem a ter a mesma proporção das situações inusitadas protagonizadas por ele.
- Não gosto muito de falar sobre essas coisas, mas não tem como esconder. Agora tenho a missão de falar sobre Deus. Não falo isso por religião, nem para querer ser bonzinho. Falo porque foi algo que me salvou. Então eu tenho que falar. As pessoas que gostam de mim precisam seguir esse exemplo. Agora, quero ver se isso também vai render história. Falar só do lado ruim não pode, tem que falar que hoje sou uma pessoa boa, recuperada e que faço tudo direitinho – brincou o atleta, preocupado agora em livrar o Sport do rebaixamento.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/pe/noticia/2012/11/historias-incriveis-apos-pileque-cicinho-estrela-o-se-beber-nao-tatue.html

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