FÓRMULA 1
Sem aparentar pressão com briga por título com Rosberg, piloto conta quando deixa telefone de lado e rebate críticas: "Pessoas deveriam olhar os seus próprios umbigos"
Lewis Hamilton na semana do GP do Brasil
(Foto: Reuters)
Quem viu Hamilton na decisão dos títulos de 2007, 2008, ambas em São Paulo, e 2014, em Abu Dhabi, não pensa tratar-se do mesmo piloto que está em Interlagos, tal a sua tranquilidade. Naqueles eventos dava choque elétrico em quem se aproximava. Desta vez, a paz de espírito que emana é tamanha que aceitou, por exemplo, bater um papo, melhor definição do ocorrido, com exclusividade, com o GloboEsporte.com. O piloto que tem possibilidade de conquistar seu quarto título mundial, este ano, se estendeu nas respostas, melhor chamá-las de comentários, sem maiores preocupações formais. Os assuntos jamais sugerem que há um campeonato em disputa. São reveladores de um homem de 31 anos, consciente do que pode fazer, em plena maturidade.
Acompanhado do inseparável aparelho celular, quer na vida pessoal ou mesmo profissional, a ponto de ir às entrevistas coletivas com ele, o que lhe valeu pesadas críticas da mídia inglesa, principalmente, Hamilton falou primeiro desse seu hábito, único na F1, o que o faz permanecer tanto tempo escrevendo. Não deixa de ser revelador também.
Você pergunta! Hamilton responde questões de internautas do GE e fala até de Anitta
Lewis Hamilton faz selfie com Felipe Massa
(Foto: EFE)
- Eu gosto de me manter ocupado, estou sempre com o celular porque me comunico com minha família, meus amigos, toda hora. Eu curto conversar com as pessoas e deixá-las ao par de que estou pensando nelas, mesmo se não convivemos há muito tempo. Portanto, constantemente estou com amigos. Por exemplo, sexta-feira é aniversário da minha mãe e acabei de ter uma ideia de como presenteá-la. Eu quero mandar flores e enviá-la, com suas amigas, a um spa. De repente, me deu vontade de dar outro presente. Com o celular fico organizando tudo isso.
O piloto inglês que, segundo se acredita no paddock, tem um contrato com a Mercedes até o fim de 2018 que lhe garante 36 milhões de euros (R$ 135 milhões) por ano, mais prêmios por conquistas, como títulos, vitórias e pole positions, está tão à vontade, falando como não se não estivesse numa entrevista num fim de semana de definição do mundial, que retoma o tema do celular.
- Estava ainda há pouco revendo minha agenda dos dois próximos meses, regularmente acrescento compromissos e retiro outros. Estou conversando com Marc sobre várias coisas que faremos no inverno, o que precisamos reservar, onde há mais neve... entendeu por que eu me sentiria completamente perdido sem o meu celular? - disse, rindo. (Marc Hynes, ex-piloto, 38 anos, campeão britânico de F3 em 1999, quando Jenson Button ficou em segundo e Luciano Burti, terceiro, é um amigo e conselheiro de Hamilton)
Quando Hamilton cruzar o paddock completamente isolado do que o cerca, absorvido pelo que vê na tela do celular, como de hábito, muita gente tem ideia, agora, do que está fazendo. Fora do ambiente profissional, nos deslocamentos pelo mundo, no seu jato privado, em uma das suas casas, em Mônaco, no Colorado, na Califórnia, da mesma forma o celular é a sua ponte de acesso ao universo das pessoas que mais gosta, quando não está pessoalmente com elas.
Nico Rosberg e Lewis Hamilton na fábrica da Mercedes (Foto: Divulgação)
Hamilton vai com alguma regularidade à sede da Mercedes em Brackley, próxima a Silverstone, na Inglaterra.
- Lá eu não toco no celular. Gosto de dedicar 100% da atenção aos meus engenheiros, fico completamente focado no trabalho, a não ser que eu tenha de solicitar algo, mas é raro - explica o campeão do mundo de 2008, pela McLaren, 2014 e 2015, Mercedes.
O tema celular o faz discorrer sem restrições. Dá detalhes de seu dia a dia fora dos autódromos.
- Outra situação que o celular não entra e cena é quando eu e meus amigos combinamos de jantar. Não importa quanto somos, colocamos o telefone sobre a mesa assim (acomoda o seu e o da assessora na parte central da mesa), um sobre o outro e o primeiro a dizer que tem de chamar alguém e retirar de lá o telefone paga a conta. Portanto, os celulares permanecem com a tela voltada para a mesa, no meio dela, e em silêncio.
A razão do acordo se opõe a seu modus operandi por completo:
- É a nova regra que nos impusemos porque hoje em dia é assim que as pessoas se comportam (não descolam do celular), é doentio, um vício.
Pois foi essa compulsão de Hamilton pelo o celular, no ambiente de trabalho, que gerou um mal estar na relação com os jornalistas do seu país. Hamilton se irritou na época, na altura do GP do Japão, no início de outubro, e em represália não foi a uma coletiva programada pela Mercedes no autódromo de Suzuka.
- Eu não leio muito o que escrevem. Para ser sincero com você, eu não me importo com o que dizem”.
Não era assim. Conseguir não se afetar com as críticas foi uma conquista, segundo conta.
- Quando eu era mais jovem, eu me importava muito. Ele escreveu isto, mas por quê? Eu sentia a necessidade de justificar minhas ações, me explicar.
Lewis Hamilton brinca com snapchat durante
coletiva de imprensa da Fórmula 1
(Foto: Reprodução)
A maturidade, o sucesso profissional, a solidez financeira, a autoconfiança o levaram a rever tudo isso.
- Hoje eu me encontro numa condição onde conheço bem os meus valores, sei quem eu sou como ser humano. Todos têm sua opinião sobre seja lá o que for. Vivemos num mundo onde as pessoas julgam as outras toda hora. Deveriam olhar para os seus próprios umbigos e buscar entender o que podem fazer para evoluir. Mas não, preferem julgar os outros e com isso emitem negatividade.
Hamilton se inflama com o discurso:
- As pessoas dizem aquele está usando isto, aquilo, em vez de usar esse tempo para refletirem sobre si mesmas, a respeito do que estão fazendo. Eu, geralmente, foco o interesse em mim em vez de julgar seja quem for.
Quando o piloto inglês deseja dizer algo, coloca para fora. Não é comum, mas acontece, como na conversa com o GloboEsporte.com.
- O que interessa para as pessoas como eu me administro, como eu sou com quem amo, no trabalho, com a minha família, se eu me dedico de coração e alma ao que faço? Isso cabe a mim mesmo, quando estiver no fim da vida, olhar para trás e responder à pergunta que Deus me fará se vivi uma boa vida, se pratiquei o bem. Nós temos a tendência de acreditar que o que temos está garantido. Eu geralmente tento não considerar como garantido o que tenho.
O equilíbrio demonstrado nas palavras se refletiu na performance do piloto nesta sexta-feira em Interlagos, no primeiro dia de treinos livres do 45º GP do Brasil. Hamilton registrou o melhor tempo nas duas sessões livres. Na da tarde, a de maior relevância para a sequência da competição, Rosberg ficou em segundo, com um tempo de 30 milésimos de segundo pior.
Sem aparentar pressão com briga por título com Rosberg, piloto conta quando deixa telefone de lado e rebate críticas: "Pessoas deveriam olhar os seus próprios umbigos"
Lewis Hamilton na semana do GP do Brasil (Foto: Reuters)
Quem viu Hamilton na decisão dos títulos de 2007, 2008, ambas em São Paulo, e 2014, em Abu Dhabi, não pensa tratar-se do mesmo piloto que está em Interlagos, tal a sua tranquilidade. Naqueles eventos dava choque elétrico em quem se aproximava. Desta vez, a paz de espírito que emana é tamanha que aceitou, por exemplo, bater um papo, melhor definição do ocorrido, com exclusividade, com o GloboEsporte.com. O piloto que tem possibilidade de conquistar seu quarto título mundial, este ano, se estendeu nas respostas, melhor chamá-las de comentários, sem maiores preocupações formais. Os assuntos jamais sugerem que há um campeonato em disputa. São reveladores de um homem de 31 anos, consciente do que pode fazer, em plena maturidade.
Acompanhado do inseparável aparelho celular, quer na vida pessoal ou mesmo profissional, a ponto de ir às entrevistas coletivas com ele, o que lhe valeu pesadas críticas da mídia inglesa, principalmente, Hamilton falou primeiro desse seu hábito, único na F1, o que o faz permanecer tanto tempo escrevendo. Não deixa de ser revelador também.
Você pergunta! Hamilton responde questões de internautas do GE e fala até de Anitta
Lewis Hamilton faz selfie com Felipe Massa
(Foto: EFE)
- Eu gosto de me manter ocupado, estou sempre com o celular porque me comunico com minha família, meus amigos, toda hora. Eu curto conversar com as pessoas e deixá-las ao par de que estou pensando nelas, mesmo se não convivemos há muito tempo. Portanto, constantemente estou com amigos. Por exemplo, sexta-feira é aniversário da minha mãe e acabei de ter uma ideia de como presenteá-la. Eu quero mandar flores e enviá-la, com suas amigas, a um spa. De repente, me deu vontade de dar outro presente. Com o celular fico organizando tudo isso.
O piloto inglês que, segundo se acredita no paddock, tem um contrato com a Mercedes até o fim de 2018 que lhe garante 36 milhões de euros (R$ 135 milhões) por ano, mais prêmios por conquistas, como títulos, vitórias e pole positions, está tão à vontade, falando como não se não estivesse numa entrevista num fim de semana de definição do mundial, que retoma o tema do celular.
- Estava ainda há pouco revendo minha agenda dos dois próximos meses, regularmente acrescento compromissos e retiro outros. Estou conversando com Marc sobre várias coisas que faremos no inverno, o que precisamos reservar, onde há mais neve... entendeu por que eu me sentiria completamente perdido sem o meu celular? - disse, rindo. (Marc Hynes, ex-piloto, 38 anos, campeão britânico de F3 em 1999, quando Jenson Button ficou em segundo e Luciano Burti, terceiro, é um amigo e conselheiro de Hamilton)
Quando Hamilton cruzar o paddock completamente isolado do que o cerca, absorvido pelo que vê na tela do celular, como de hábito, muita gente tem ideia, agora, do que está fazendo. Fora do ambiente profissional, nos deslocamentos pelo mundo, no seu jato privado, em uma das suas casas, em Mônaco, no Colorado, na Califórnia, da mesma forma o celular é a sua ponte de acesso ao universo das pessoas que mais gosta, quando não está pessoalmente com elas.
Nico Rosberg e Lewis Hamilton na fábrica da Mercedes (Foto: Divulgação)
Hamilton vai com alguma regularidade à sede da Mercedes em Brackley, próxima a Silverstone, na Inglaterra.
- Lá eu não toco no celular. Gosto de dedicar 100% da atenção aos meus engenheiros, fico completamente focado no trabalho, a não ser que eu tenha de solicitar algo, mas é raro - explica o campeão do mundo de 2008, pela McLaren, 2014 e 2015, Mercedes.
O tema celular o faz discorrer sem restrições. Dá detalhes de seu dia a dia fora dos autódromos.
- Outra situação que o celular não entra e cena é quando eu e meus amigos combinamos de jantar. Não importa quanto somos, colocamos o telefone sobre a mesa assim (acomoda o seu e o da assessora na parte central da mesa), um sobre o outro e o primeiro a dizer que tem de chamar alguém e retirar de lá o telefone paga a conta. Portanto, os celulares permanecem com a tela voltada para a mesa, no meio dela, e em silêncio.
A razão do acordo se opõe a seu modus operandi por completo:
- É a nova regra que nos impusemos porque hoje em dia é assim que as pessoas se comportam (não descolam do celular), é doentio, um vício.
Pois foi essa compulsão de Hamilton pelo o celular, no ambiente de trabalho, que gerou um mal estar na relação com os jornalistas do seu país. Hamilton se irritou na época, na altura do GP do Japão, no início de outubro, e em represália não foi a uma coletiva programada pela Mercedes no autódromo de Suzuka.
- Eu não leio muito o que escrevem. Para ser sincero com você, eu não me importo com o que dizem”.
Não era assim. Conseguir não se afetar com as críticas foi uma conquista, segundo conta.
- Quando eu era mais jovem, eu me importava muito. Ele escreveu isto, mas por quê? Eu sentia a necessidade de justificar minhas ações, me explicar.
Lewis Hamilton brinca com snapchat durante
coletiva de imprensa da Fórmula 1 (Foto: Reprodução)
A maturidade, o sucesso profissional, a solidez financeira, a autoconfiança o levaram a rever tudo isso.
- Hoje eu me encontro numa condição onde conheço bem os meus valores, sei quem eu sou como ser humano. Todos têm sua opinião sobre seja lá o que for. Vivemos num mundo onde as pessoas julgam as outras toda hora. Deveriam olhar para os seus próprios umbigos e buscar entender o que podem fazer para evoluir. Mas não, preferem julgar os outros e com isso emitem negatividade.
Hamilton se inflama com o discurso:
- As pessoas dizem aquele está usando isto, aquilo, em vez de usar esse tempo para refletirem sobre si mesmas, a respeito do que estão fazendo. Eu, geralmente, foco o interesse em mim em vez de julgar seja quem for.
Quando o piloto inglês deseja dizer algo, coloca para fora. Não é comum, mas acontece, como na conversa com o GloboEsporte.com.
- O que interessa para as pessoas como eu me administro, como eu sou com quem amo, no trabalho, com a minha família, se eu me dedico de coração e alma ao que faço? Isso cabe a mim mesmo, quando estiver no fim da vida, olhar para trás e responder à pergunta que Deus me fará se vivi uma boa vida, se pratiquei o bem. Nós temos a tendência de acreditar que o que temos está garantido. Eu geralmente tento não considerar como garantido o que tenho.
O equilíbrio demonstrado nas palavras se refletiu na performance do piloto nesta sexta-feira em Interlagos, no primeiro dia de treinos livres do 45º GP do Brasil. Hamilton registrou o melhor tempo nas duas sessões livres. Na da tarde, a de maior relevância para a sequência da competição, Rosberg ficou em segundo, com um tempo de 30 milésimos de segundo pior.
Será importante para Hamilton estabelecer neste sábado a pole position, na sessão de classificação que vai começar às 14 horas, pois se não chover domingo, ao longo das 71 voltas da corrida, a partir das 14 horas, não é fácil ultrapassar nos 4.309 metros do Circuito de Interlagos. E uma vitória dá o título ao companheiro de Mercedes. No domingo, o segundo capítulo do bate papo com Hamilton na área da sua equipe, em Interlagos.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/motor/formula-1/livio-oricchio/noticia/2016/11/em-paz-hamilton-fala-de-sua-relacao-com-o-quase-inseparavel-celular.html
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