quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Tri olímpica, Walsh concentra forças por 2016 e revela elixir da juventude

Única tricampeã olímpica no vôlei de praia, ao lado de May, americana de 37 anos busca pontos para corrida olímpica na etapa do Circuito Mundial, no Rio, com Ross



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Rio de Janeiro


Tricampeã olímpica, mãe de três filhos, católica fervorosa e simpática, a americana Kerri Walsh parece não sentir os sinais do tempo e se reinventa a cada geração. O estilo de vida da jogadora de 37 anos e 1,88m é simples. A rotina oscila entre momentos de treino e lazer na praia ou com a família da pequena cidade de Manhattan Beach, no condado de Los Angeles, na Califórnia. Casada com o também jogador Casey Jennings, Walsh prefere não traçar metas de aposentadoria e espera continuar no esporte até quando o seu coração mandar. No futuro, ela deseja ser lembrada como a melhor de todos os tempos, mas, por enquanto, o objetivo é a classificação para as Olimpíadas do Rio. Recuperada de uma grave lesão no ombro, a atleta busca garantir pontos importantes na corrida olímpica americana. E o Open do Circuito Mundial, em Copacabana, que serve como evento-teste para 2016, faz parte dessa caminhada.

- Este evento no Rio será um grande desafio dentro do sonho que estamos buscando. Vamos tentar primeiro a classificação para depois lutar pelo ouro olímpico. Se eu não estivesse crescendo no esporte, teria desistido há muito tempo. Sinto que ainda tenho muito a evoluir. Minha parceira, meu treinador e todos ao meu redor me puxam para cima, tiram o melhor de mim e me fazem mudar meu jogo pela evolução. Isso é muito bom para o atleta, caso contrário, eu estaria entediada e estagnada. Crescer e me tornar uma pessoa melhor é algo que busco diariamente, e o esporte me traz isso - contou Walsh, classificada diretamente para o torneio principal do Rio Open, a partir desta quinta-feira.

Ao lado de April, Walsh busca pontos na corrida olímpica dos EUA  (Foto: Carol Fontes)
Ao lado de April, Walsh (à esquerda) busca 
pontos na corrida olímpica dos EUA 
 (Foto: Carol Fontes)



Mãe de Joey (6), Sundance (4) e Scout Margery (2), Walsh encontra nos filhos e em toda a família um porto seguro. Com um estilo de vida praiano e caseiro, leva uma vida saudável e dedicada ao esporte: "coloco todo o meu coração no esporte. Me sinto motivada porque amo o meu trabalho e amo competir contra as melhores do mundo". Aos 37 anos, a tricampeã olímpica não é mais uma garota e lembra que competiu no sacrifício a etapa de Long Beach. Agora, na semana do torneio no Rio, garante não sentir mais dores no ombro.


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O elixir da juventude para a jogadora, apelidada carinhosamente de "2m de raio de sol", é a busca constante pela evolução. Desde 2009, a americana treina com o brasileiro Marcio Sicoli, que trabalhou com Adriana Behar e Shelda antes dos Jogos de Atenas 2004. Foi com ele que a jogadora se preparou para as Olimpíadas de Londres 2012, com Misty May, que se aposentou como jogadora e hoje tem trabalhado como técnica. Foi ao seu lado que Walsh fez história com o inédito tricampeonato no vôlei de praia e que viveu um dos momentos mais marcantes em Olimpíadas, logo após o ouro.

- O meu momento de maior orgulho foi quando o meu marido trouxe meus dois meninos (Walsh estava grávida de cinco semanas de Scout) na arquibancada até a mim. Eu e a May beijamos eles, depois eu fiquei beijando o meu marido, meus pais também estavam lá, assim como meu irmão e outros da família. Todos os que eu mais amava, o meu mundo estava ali e eu disse a todos que nós conseguimos isso juntos. Aquele momento de dividir a conquista com eles foi inexplicável. Me senti abençoada.

Em Londres, Walsh/May ficou com o ouro, e Ross/Kess com a prata. Juliana e Larissa foram bronze (Foto: Getty Images)
Em Londres, Walsh/May ficou com o ouro, e 
Ross/Kess com a prata. Juliana e Larissa 
foram bronze (Foto: Getty Images)


- O vôlei se tornou uma forma de unir a minha família. Venho de uma família enorme, com primos, tios, irmãos, e todos viajam muito com o vôlei de praia. É mais do que um esporte para a minha família, é uma coisa de união e de buscar os sonhos juntos - acrescentou.

Este evento no Rio será um grande desafio dentro do sonho que estamos buscando. Vamos buscar primeiro a classificação para depois lutar pelo ouro olímpico. Se eu não estivesse crescendo no esporte, eu teria desistido há muito tempo. Eu sinto que ainda tenho muito a evoluir
Walsh

Ao lado de Misty May, Walsh conquistou o ouro em Atenas 2004, Pequim 2008 e Londres 2012, além de três títulos mundiais em 11 anos de parceria. As americanas formam uma das duplas mais vitoriosas da história e venceram todos os 21 jogos que disputaram em Olimpíadas, perdendo apenas um set. Hoje, escreve um novo capítulo ao lado de April Ross, sua rival na final na capital britânica, mas ainda mantém contato com May.

- May está ótima. A filha dela está com um ano, ela está brincando muito com ela, se divertindo. Ela está de volta ao esporte, tem trabalhado bastante como técnica. Está feliz e mais linda do que nunca.


Walsh e April disputam uma etapa do Circuito Mundial pela sétima vez nesta temporada. As quatro melhores duplas, duas em cada gênero, após 10 de 12 eventos, se classificam para as Olimpíadas. Sair da zona de conforto para entrar em sintonia com a nova parceira é o que mais estimula a tricampeã olímpica em quadra.

Além de conquistar o quarto ouro olímpico, de preferência, contra uma dupla da casa, Walsh diz que um dos seus maiores objetivos e é ser eterna no esporte que lhe deu tudo na vida.

- Quero ser lembrada como uma das melhores jogadores de uma era. Quando as pessoas começarem no vôlei de praia daqui a cem anos, quero que digam que Kerri Walsh foi a melhor. Espero que as pessoas reconheçam que eu acrescentei ao esporte e que eu tornei o esporte melhor do que na época que eu comecei. O legado é provar que sou boa no esporte, uma campeã não só na quadra, mas fora dela, esta é a minha missão até o dia que eu morrer. 



O evento-teste

O Rio Open tem uma arena central para 2,8 mil pessoas, além de outras cinco quadras de jogo e duas de aquecimento. A Praia de Copacabana será o local das disputas nos  Jogos Olímpicos. O torneio será realizado nos mesmos moldes das Olimpíadas de 2016 (com exceção do quali). O Aquece Rio está testando equipes de apoio (voluntários, funcionários, segurança etc), além do posicionamento da quadra principal, atualização de resultados e doping. O Rio Open não conta pontos para a corrida olímpica brasileira, mas vale para as duplas estrangeiras (saiba mais sobre a classificação para as Olimpíadas).


Entenda o formato de disputa:

1) Chave principal - Somando as duplas que passaram pelo qualifying com os atletas classificados diretamente para a chave principal, são formatos seis grupos de quatro times, de acordo com a posição no ranking, jogando entre si. Os dois primeiros por grupo e os dois melhores terceiros colocados, através de índice técnico, avançam direto às oitavas. Os outros quatro terceiros de cada chave disputam uma partida eliminatória direta chamada "lucky-loser". Os vencedores se juntam aos outros times nas oitavas.

2) Fase eliminatória simples, semis e finais - Os oito vencedores das oitavas, em partidas eliminatórias diretas, avançam às quartas. O mesmo acontece em seguida, definindo os quatro semifinalistas. Os vencedores disputam o título. Os derrotados brigam pelo bronze. 



FONTE:
http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2015/09/tri-olimpica-walsh-concentra-forcas-por-2016-e-revela-elixir-da-juventude.html

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