quinta-feira, 23 de abril de 2015

A Copa das Copas: o que deu certo e o que deu errado no Mundial do Brasil

'RECORDAR É VIVER"

15/07/2014 07h00 - Atualizado em 15/07/2014 08h3

Mesmo com falhas de segurança e estrutura, estádios passam no teste, e qualidade dos jogos surpreende. Simpatia brasileira e carisma estrangeiro são destaques


Por
Rio de Janeiro


Copa das Copas. O termo ufanista tornou-se um chavão quando se fala do Mundial realizado no Brasil em 2014. Após meses de desconfiança da Fifa, dos estrangeiros e dos próprios brasileiros, era até natural que o orgulho pelo evento bem-sucedido ganhasse proporções além da medida. Exageros à parte, não há dúvidas de que a competição foi repleta de atrativos, principalmente em campo. Se a seleção brasileira decepcionou a torcida, os jogos em geral foram ricos em emoção, bem servidos de gols e com adrenalina até os últimos instantes. O título, inclusive, foi decidido em uma prorrogação, com vitória da Alemanha sobre a Argentina já no segundo tempo complementar.

Maracanã festa final Copa do Mundo (Foto: AP)
Show de fogos de artifício marcou o encerramento 
da Copa do Mundo no Maracanã, domingo (Foto: AP)


Mesmo quando a bola não rolou houve muito assunto. Jogadores se deixaram levar pelos encantos naturais do Brasil, aproveitaram as praias e se tornaram fenômenos nas redes sociais. Assim, conseguiram cativar a simpatia dos torcedores locais. Por outro lado, nem mesmo a organização “padrão Fifa” conseguiu evitar problemas estruturais brasileiros e a ação de cambistas, desmascarados em uma operação policial que revelou a influência dos mais altos escalões.


  • a copa das copas dentro de campo

  • Navas e Tejeda Costa Rica comemoração (Foto: Reuters)Navas (esq.) foi eleito o melhor em campo em três dos cinco jogos da Costa Rica (Foto: Reuters)


    O ponto alto da Copa foi dentro de campo. Não faltou emoção nos gramados das 12 sedes. A Copa do Mundo foi pródiga em goleadas, resultados surpreendentes e emoção até o minuto final em muitas partidas. A média de 2,7 gols por partida superou a da Copa da África do Sul. Desta vez, a principal zebra foi a Costa Rica, que chegou às quartas de final após sobreviver a um grupo com três campeões mundiais – Itália, Uruguai e Inglaterra – sem perder para nenhum deles. A eliminação ocorreu somente com derrota nos pênaltis para a Holanda, após empate em 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação.

    Campeã mundial em 2010, a Espanha fez uma campanha para ser esquecida. A derrota por 5 a 1 para a Holanda na estreia foi uma espécie de cartão de visitas para o que viria a seguir. A eliminação foi decretada após a derrota por 2 a 0 para o Chile, no Maracanã, na segunda rodada, e nem mesmo uma vitória por 3 a 0 sobre a Austrália amenizou a despedida da Roja.

    time Espanha derrota Chile (Foto: Reuters)
    Campeã de 2010, Espanha é eliminada ainda 
    na primeira fase com derrotas para Holanda 
    e Chile (Foto: Reuters)


    As oitavas de final foram marcadas pela emoção nos últimos minutos. Dos oito confrontos, dois foram decididos nos pênaltis e outros três terminaram na prorrogação. Os Estados Unidos, eliminados pela Bélgica no tempo extra, voltaram para casa com recordes de público e popularidade do "soccer" em alta. A Argentina passou no tempo normal, mas só marcou o gol da vitória sobre a Suíça nos minutos finais, quando tudo indicava que haveria disputa de pênaltis. Já a Holanda se classificou para as quartas marcando um gol de pênalti no último lance dos acréscimos, evitando que houvesse mais 30 minutos de tempo extra. 


    Fora os 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil, as quartas e semifinais foram escassas em termos de gols, mas não em emoção. A Holanda, por exemplo, precisou decidir seu destino duas vezes nos pênaltis após empatar em 0 a 0 em 120 minutos. Contra a Costa Rica, o fato marcante foi a entrada do segundo goleiro reserva, Krul, exclusivamente para a disputa de pênaltis. Com duas defesas, garantiu a seleção laranja na semifinal. No entanto, na semifinal a estratégia do técnico Louis Van Gaal não foi repetida, e a Argentina levou a melhor, com o goleiro Romero sendo o destaque. Na decisão, o placar também permaneceu intacto no tempo normal. Coube ao jovem Mario Götze balançar a rede e selar o tetracampeonato alemão.


    Em uma competição considerada modelo de organização e na qual as vendas foram feitas exclusivamente pela internet, via site da Fifa, os cambistas foram muitos. A Copa do Mundo do Brasil ficou marcada pela revelação de um grande esquema de venda ilegal de ingressos. A operação “Jules Rimet”, da Polícia Civil, prendeu no Rio de Janeiro o franco-argelino Lamine Fofana, que circulava em um carro com adesivo de acesso da Fifa e adquiria bilhetes VIPs para venda por um valor muito acima do estabelecido oficialmente.

    Alguns dias depois, a polícia prendeu Raymond Whelan, diretor da empresa Match Services, que, por meio de contrato com a Fifa, era responsável pela venda de ingressos e pacotes de luxo para os 64 jogos da Copa do Mundo. As autoridades policiais o identificaram como o elo facilitador de um esquema de venda ilegal de ingressos. A Match, em nota, afirmou não ver indícios de ilegalidade na ação de seu diretor. A Fifa, por meio de sua porta-voz, preferiu distanciar a entidade do problema.

    - Estamos esperando o fim das investigações, precisamos do resultado, do que exatamente aconteceu, para aí podermos comentar e tomar uma decisão. Recebemos explicações da Match, mas não posso comentar qualquer detalhe até que as autoridades nos forneçam mais informações. Qualquer violação será sancionada, mas precisamos aguardar - afirmou a porta-voz Delia Fischer.

    Ray Whelan na delegacia caso cambistas (Foto: Reuters)
    Ray Whelan foi detido, pagou fiança, passou a 
    considerado foragido e foi novamente preso na 
    segunda (Foto: Reuters)


    Mas na última quarta-feira, a Justiça atendeu a uma denúncia do Ministério Público e determinou novamente a prisão de Raymond Whelan. Entretanto, o inglês deixou o hotel onde estava hospedado, em Copacabana, pouco tempo antes da chegada da polícia e passou a ser considerado foragido. Na segunda, um dia após a final, ele se entregou e está preso.

    Mas antes mesmo do escândalo envolvendo altos escalões, os cambistas “comuns” já agiam nas cidades sedes da Copa do Mundo. Uma reportagem do “Fantástico” mostrou que um sargento do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro negociava, dentro de um quartel, ingressos para os jogos da competição a preços muito acima dos praticados oficialmente pela Fifa. Nos arredores dos centros de distribuição de ingressos também era possível ver a ação de cambistas, assim como perto dos estádios nos dias das partidas.


  • estádios passam no teste, mas apresentam falhas

  • Os 12 estádios da Copa passaram no teste geral, mas apresentaram problemas diversos do primeiro ao último jogo que receberam. Os mais comuns foram as grandes filas nos bares, tanto antes das partidas quanto nos intervalos – uma causa recorrente foi a dificuldade dos atendentes em se comunicarem com os consumidores estrangeiros. Em algumas sedes, como São Paulo, Natal, Pernambuco e Salvador, faltaram comida e bebida em alguns pontos de venda. Na capital baiana, a falta de troco foi a justificativa apresentada por funcionários para o atraso na abertura das lanchonetes no jogo de estreia entre Espanha e Holanda. 

    banheiro na Arena da Baixada (Foto: Felipe Schmidt)Banheiro com dois vasos (Foto: Felipe Schmidt)


    Os banheiros também foram motivo de reclamação em várias das cidades da Copa. Além das grandes filas, a limpeza deixou a desejar em alguns estádios. Na Arena Pernambuco, a manutenção demorada permitiu acúmulo de papéis e poças pelo chão. No quesito “banheiros”, o caso mais curioso ocorreu em Curitiba. Na Arena da Baixada havia um banheiro masculino com dois vasos sanitários.

    O estádio paranaense e a Arena das Dunas foram as sedes que apresentaram problemas de planejamento estrutural com pontos cegos nas arquibancadas. Em Natal, os assentos com visão bloqueada por um dos camarotes faziam parte da estrutura móvel do estádio e, segundo o Comitê Organizador Local, não foram comercializados. O mesmo não aconteceu em Curitiba. Na capital paranaense, os torcedores das últimas fileiras do bloco 121 só tinham visão desimpedida da lateral do gramado e precisavam reclamar com funcionários para que lhes fossem dados ingressos em outras posições.

    Na Arena Corinthians, torcedores que pagaram ingressos da categoria mais cara chegaram a sentar no chão no confronto entre Brasil e Croácia, na abertura da Copa. Os bilhetes que eles compraram indicavam uma fileira sem assentos e que, segundo a Fifa, não deveria ter sido vendida. Eles foram realocados antes do início da partida. Com a bola rolando, o estádio apresentou outra falha, desta vez na iluminação. Os refletores do setor leste se apagaram por volta dos 15 minutos do primeiro tempo e voltaram ao normal cerca de seis minutos depois.

    cadeiras fantasmas abertura copa do mundo brasil x croacia (Foto: Marcia Menezes)
    Torcedores da categoria mais cara sentam no 
    chão devido a erro da Fifa (Foto: 
    Marcia Menezes)


    Em Manaus, várias áreas em que havia circulação apenas de funcionários e jornalistas sofriam com acúmulo de entulho e desnivelamentos perigosos. Mas o que causou pânico entre os trabalhadores do local foi um elevador. Localizado no térreo, em frente à sala dos serviços de limpeza e bem perto da entrada para a tribuna de imprensa, ele sofreu panes e causou desmaios e até uma contusão no joelho de um rapaz.

    Se a Arena Pantanal sofreu com goteiras em alguns pontos, a sala de imprensa da Arena das Dunas sofreu um alagamento quando um cano estourou. A água que vazou ficou concentrada na lona de cobertura do centro de mídia, que não suportou e escorreu pelas pilastras, atingindo mesas de trabalho e fiação. Apesar do susto, os funcionários e voluntários controlaram o incidente em pouco mais de cinco minutos.

    Centro de imprensa da Arena das Dunas alagado (Foto: Agência AFP)Centro de imprensa da Arena das Dunas fica alagado após cano estourar (Foto: Agência AFP)


    Na Arena Beira-Rio, o duelo entre França e Honduras ficou marcado por uma quebra de protocolo. O rompimento de um cabo de energia desarmou o sistema de som do estádio, e os hinos das duas equipes não foram executados. No Castelão, o fornecimento de internet para a imprensa é que deixou a desejar. O Wi-Fi não comportou a grande demanda dos profissionais, principalmente nos jogos do Brasil, com maior apelo de mídia.

    Ainda durante a fase de grupos, os gramados de vários estádios apresentaram um visível desgaste. Para preservá-los para as partidas, muitos treinamentos da véspera dos jogos, que deveriam servir como reconhecimento do campo, foram transferidos para outros centros oficiais de treinamento. O português Carlos Queiroz, que comandou o Irã na Copa, não poupou críticas e disse que o gramado da Fonte Nova estava pior que o do Mineirão, onde já não havia treinado às vésperas do confronto com a Argentina.


  • invasões mostram fragilidade da segurança

  • Torcedores, jornalistas e até atletas foram vítimas de falhas nos esquemas de segurança durante a Copa. Apesar de contar com forças das Polícias Federal, Militar e mais de 25 mil seguranças privados, chamados de “stewards”, além do apoio da Polícia Rodoviária Federal nos comboios montados para os deslocamentos, houve episódios graves dentro e fora dos estádios, nos treinamentos e até nos hotéis que hospedaram as seleções.

    torcedor invade jogo Estados Unidos x Bélgica Arena Fonte Nova (Foto: Getty Images)
    Italiano invade gramado da Fonte Nova após 
    assistir parte do jogo na área destinada a 
    cadeirantes (Foto: Getty Images)

     

    Durante as partidas, houve invasões de campo na Arena Fonte Nova, no Mineirão, no Castelão, na Arena Pantanal e até na final no Maracanã. No caso mais emblemático, o italiano Mario Ferri entrou no estádio baiano como cadeirante e, na área reservada aos portadores de necessidades especiais, aguardou o momento mais oportuno para descer até o campo durante o confronto entre Bélgica e Estados Unidos. Ele passeou pelo gramado, cumprimentou o belga Hazar e driblou De Bruyne, que pedia para ele sair de campo. Depois de ser detido, ele revelou que pretendia ter invadido o campo no Mané Garrincha, mas que não encontrou brechas.

    Nos treinamentos, as invasões de torcedores foram ainda mais numerosas. Enquanto vários fãs foram contidos pelos seguranças antes de atingirem seus objetivos, outros tiveram melhor sorte. Em um treino da França em Ribeirão Preto, um rapaz causou um “strike” entre dois seguranças ao tentar alcançar os jogadores. Na Granja Comary, um menino ganhou uma camisa autografada do zagueiro David Luiz, enquanto outro posou para foto com vários atletas no campo. 

    Iago e Leonardo quarto Cristiano Ronaldo portugal (Foto: Diego Rodrigues)Adolescente invade quarto de Cristiano Ronaldo pela parte alta do hotel (Foto: Diego Rodrigues)


    Entre as seleções estrangeiras, Portugal foi uma das mais assediadas devido à presença de Cristiano Ronaldo. Em Campinas, uma das fãs que tentou pular a grade da arquibancada sofreu um trauma na cabeça e foi levada ao hospital, enquanto outra, mesmo tendo rasgado a calça, conseguiu abraçar o ídolo. O episódio que expôs a maior falha na segurança do luso, porém, ocorreu em Brasília. Um estudante de 15 anos conseguiu entrar no quarto do craque pela parte alta do hotel.

    Nos estádios, o episódio mais grave ocorreu no Maracanã, palco da final da Copa. Cerca de uma hora antes do confronto entre Espanha e Chile, válido pela primeira fase, mais de 100 torcedores sem ingresso invadiram o centro de mídia e quebraram divisórias e o portão de acesso ao local, causando muita correria e tumulto. No duelo entre Argentina e Bósnia-Herzegovina, torcedores sul-americanos foram flagrados pulando um muro e abrindo o portão do setor D para entrarem sem ingressos.
    No Castelão, três brasileiros admitiram que subornaram um funcionário credenciado para entrarem no estádio sem pagar. Eles afirmam que pagaram R$ 500 reais cada para usarem um colete de vendedor de água e burlar a segurança no confronto entre Brasil e México.

    As deficiências nas revistas dos torcedores ficaram evidentes principalmente na Arena Pantanal e na Arena da Baixada. No primeiro jogo em Cuiabá, torcedores soltaram rojões durante o confronto entre Chile e Austrália. No estádio paranaense, a torcida da Argélia acendeu sinalizadores e usou lasers – o que acarretou uma multa de 50 mil francos suíços (cerca de R$ 124 mil) para a Federação do país.

    Chilenos Invasão Maracanã (Foto: Getty Images)
    Mais de 100 chilenos invadem centro de mídia 
    do Maracanã(Foto: Getty Images)


    Se a segurança dentro dos estádios apresentou falhas, os problemas também se deram nas cercanias. Em Fortaleza, mais de 100 torcedores tiveram ingressos roubados dentro do perímetro Fifa antes do confronto entre Brasil e Colômbia pelas quartas de final – alguns foram recuperados com a detenção dos bandidos, e os torcedores conseguiram assistir ao segundo tempo. Ainda na capital cearense, quatro mexicanos foram presos por agredirem um brasileiro após verem sua seleção ser eliminada pela Holanda nas oitavas de final.

    Com medo de qualquer abordagem indevida a sua delegação, os Estados Unidos tomaram uma série de providências para garantir a segurança do grupo. Em todos os hotéis pelos quais a equipe passou foram utilizados detectores de metais e houve rígido controle de entrada e saída dos prédios, sempre com agentes do FBI à paisana. Em um episódio curioso, os americanos fizeram um treino secreto até para a polícia brasileira, dispensada da segurança dentro do estádio de Pituaçu, onde a equipe se preparou para as oitavas de final contra a Bélgica.
    Durante o Mundial, houve duas mortes de jornalistas argentinos que trabalhavam na cobertura de imprensa. Ambas foram em acidentes de trânsito. Maria Soledad Fernández, de 26 anos, faleceu  após o motorista do carro em que estava perder o controle do veículo em viagem entre São Paulo e Belo Horizonte. Jorge "Topo" López, de 38 anos, morreu quanto o táxi em que estava foi atingido por um veículo ocupado por bandidos em fuga da Polícia Militar.


  • infraestrutura prometida não fica pronta

  • Viaduto sobre a Avenida Pedro I desaba (Foto: Reprodução / Globo News)Viaduto sobre a Avenida Pedro I desaba e faz vítimas em Minas (Foto: Reprodução / Globo News)


    Apesar do temor da Fifa e das autoridades, todos os estádios ficaram prontos dentro do prazo limite, ainda que pecassem no acabamento ou apresentassem pequenas falhas. O mesmo não se pode dizer das obras de infraestrutura prometidas pelas autoridades brasileiras. Com o fechamento das vias próximas aos estádios para a demarcação do “perímetro Fifa”, várias cidades sofreram com engarrafamentos nos dias de jogos.

    Na lista de obras não entregues, uma causou um grave acidente em Minas Gerais. Cinco dias antes de o Mineirão receber a semifinal entre Brasil e Alemanha, um viaduto que seria inaugurado ainda este mês desabou na Avenida Pedro I, esmagando caminhões, um carro e um micro-ônibus. Houve uma vítima fatal e mais de 20 feridos. A rota é uma das vias de acesso ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, e times como a Argentina haviam transitado pelo local ao longo da Copa.

    Em Cuiabá, um balanço feito pela Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa) revelou que menos de 40% das obras prometidas para o Mundial ficaram prontas até o dia da primeira partida. A ampliação do Aeroporto Marechal Rondon ficou incompleta, assim como os centros de treinamento da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e da Barra do Pari. O  metrô de superfície Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) também não foi entregue, e os canteiros onde os trilhos seriam instalados receberam grama em uma espécie de “maquiagem” feita pela prefeitura.

    Obra em frente ao hotel da Fifa em Cuiabá (Foto: Robson Boamorte)
    Obra em frente ao hotel em que membros da 
    Fifa se hospedaram em Cuiabá (Foto: 
    Robson Boamorte)


    Os hotéis no Mato Grosso também foram motivo de críticas. A delegação do Chile disse que parte das solicitações para a hospedagem da equipe não foram atendidas, e houve duas quedas de energia enquanto o grupo esteve em Várzea Grande, município vizinho a Cuiabá. Uma obra em frente ao hotel em que se hospedariam membros da Fifa deixou o local coberto de terra e poeira.  

    Em Recife, o isolamento da Arena Pernambuco foi um problema. Os dois principais acessos ao estádio (a Avenida Abdias de Carvalho e a BR-232) engarrafaram nos dias de jogos e, com isso, torcedores precisaram percorrer longas distâncias a pé para chegarem a tempo no horário das partidas. A iluminação precária no acesso também foi criticada. Segundo taxistas, ladrões se aproveitaram da combinação entre trânsito e escuridão para cometer assaltos.


  • simpatia brasileira e carisma estrangeiro

  • Robben Holanda frescobol praia (Foto: Agência estado)Robben joga frescobol durante passeio holandês na praia de Ipanema (Foto: Agência estado)


    Característica marcante dos brasileiros, a hospitalidade fez com que estrangeiros se sentissem em casa durante o Mundial. No lugar do temor pelas manifestações que marcaram a Copa das Confederações, os visitantes encontraram muita receptividade e simpatia. Até o técnico da Holanda, Louis Van Gaal, comentou sua boa impressão em relação aos anfitriões.

    - Eu estive aqui em 1996, em São Paulo, quando o Ajax jogou um amistoso. E voltei um ano atrás na Copa das Confederações. E fiquei impressionado como o povo brasileiro é tão amigável e gentil. Fui sempre bem tratado quando estive no Brasil. Vi as manifestações no ano passado. Mas este ano não vi nenhuma. Elas não atrapalharam. Sempre que os jogadores saíram, foram à praia, o povo brasileiro foi incrivelmente gentil. Gostaria muito de falar isso. Não tenho nenhuma crítica com a organização da Copa no Brasil. Tudo aconteceu muito bem. 
    Os menores detalhes foram bem organizados e preparados. Gostaria de agradecer a todos. Foi uma Copa muito bem organizada. 


    Holanda na favela (Foto: André Durão/GloboEsporte.com)
    Jogadores da Holanda pintam de laranja muros 
    em favela carioca (Foto: André 
    Durão/GloboEsporte.com)


    Além do terceiro lugar no Mundial, os holandeses conquistaram a simpatia dos cariocas. Com o Rio de Janeiro como base, a equipe laranja fez turismo nos cartões postais da cidade, não se privou de passeios na praia e mergulhos no mar e se arriscou em esportes como o frescobol – sempre atendendo aos pedidos dos fãs. Entre as quartas e as semifinais, alguns atletas visitaram o morro Dona Marta, em Botafogo, e até pintaram muros de laranja.


    A seleção queridinha do público, no entanto, foi a Alemanha. A aproximação com os brasileiros veio de diversas formas, fosse através da estratégia de marketing ao adotar um uniforme vermelho e preto - inspirado na camisa do Flamengo, ou espontaneamente, no contato diário com a população de Santa Cruz Cabrália, onde ficava o quartel general dos futuros campeões. Os comandados de Joaquim Löw dançaram com índios (relembre no vídeo ao lado), cantaram o hino do Bahia, brincaram de briga de galo no mar e atenderam aos fãs sempre com atenção e carinho.

    No mundo virtual, o grupo também brilhou sob o comando de Schweinsteiger e Podolski. Mesmo quase sem jogar a Copa devido a uma lesão, o atacante tornou-se um fenômeno de popularidade na web. O conteúdo publicado variou desde selfies com a chanceler Angela Merkel a mensagens de consolo e respeito ao Brasil após a eliminação da Seleção. Com publicações em português, feitas com a ajuda de um amigo brasileiro, Podolski conquistou de vez a torcida verde e amarela. Na despedida do país, aproveitou para deixar os torcedores do Flamengo felizes ao vestir a camisa do do clube carioca no dia seguinte ao título mundial alemão.

    Podolski posta foto recebendo beijo de Schweinsteiger após título alemão (Foto: Reprodução/Twitter)
    Podolski e Schweinsteiger: os mais carismáticos 
    do elenco da Alemanha durante a Copa 
    (Foto: Reprodução/Twitter)


    FONTE:

    Nenhum comentário: