terça-feira, 11 de março de 2014

Gravidade do caso Robert liga alerta, e Flu será mais rigoroso com jovens

Clube evita exposição do meia, dá suporte, mas relatos de vandalismo, perseguição e embriaguez incomodam a diretoria. Punição ao jogador será discutida internamente

Por Rio de Janeiro

Robert Fluminense (Foto: Divulgação / Fluminense FC)Robert ainda está internado e sem previsão de deixar hospital (Foto: Divulgação / Fluminense FC)
 
O caso Robert ligou o alerta no Fluminense com as promessas da base. Internado no CTI após se envolver em um acidente de carro na madrugada da última terça-feira, em Rio das Ostras, na Região dos Lagos, o meia, de 17 anos, deixou a diretoria tricolor preocupada. Apesar de o clube considerar o comportamento de Robert como exemplar até o episódio, as condições do acidente incomodaram não apenas pelo estado de saúde do atleta, que sofreu trauma crânio-encefálico, ferimentos na face e escoriações pelo corpo, mas pelos relatos de vandalismo, perseguição da Guarda Municipal e embriaguez. Chegou aos bastidores do clube a informação de que Robert bebeu no dia da batida, conforme apontaram exames médicos. Ele estava de folga depois de voltar dos Estados Unidos, pois fez parte da equipe sub-23 que participou de um torneio na Disney.


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Desde o primeiro momento o Fluminense tomou ciência de tudo que envolveu o acidente e decidiu agir com mais rigor a partir do caso. Ao mesmo tempo, evitou ao máximo a exposição do problema. De acordo com informações do boletim de ocorrência registrado na delegacia de Rio das Ostras, Robert e mais quatro jovens causaram baderna em alguns pontos da cidade e resolveram furtar uma lixeira na orla da Costa Azul. Depois, colidiram com dois carros e atingiram um poste, na Avenida Brasil, no bairro Extensão do Bosque. A pancada foi tão forte que o poste quase desabou sobre o carro, e precisou ser substituído pela concessionária de energia.

Robert não dirigia o veículo e estava no banco traseiro, relata o boletim. Havia ainda duas garrafas de bebida dentro do carro e todos os ocupantes tinham sinais de ingestão de álcool.

A prioridade do Fluminense é a recuperação do jogador, que tem recebido toda assistência do Tricolor. Robert está internado em um hospital da patrocinadora do clube, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, e não corre risco de morte, conforme os boletins divulgados até aqui. No entanto, tão logo ele se recupere providências serão tomadas. Até agora, o único a manifestar a real posição da direção foi Renato Gaúcho. Na última sexta-feira, quando as informações divulgadas pela imprensa não eram completas, mas de conhecimento do clube, o técnico foi duro.
 
Eu falo muitas vezes para diretoria, para os jogadores: eles precisam morar perto do clube. Não adianta falar que é garoto porque não está ganhando bem, porque ganha bem. Infelizmente, eu sempre aconselho os garotos. Infelizmente são sempre os companheiros. Não querem escutar os conselhos, aí quem está com eles tem o chopinho pago, a entrada da boate, não tem responsabilidades. Estamos cansados de dar conselhos. O jogador que joga em clube grande precisa ter responsabilidade.
Renato Gaúcho
 
- Eu falo muitas vezes para diretoria, para os jogadores: eles precisam morar perto do clube. Não adianta falar que é garoto porque não está ganhando bem, porque ganha bem. Infelizmente, eu sempre aconselho os garotos. Infelizmente são sempre os companheiros. Não querem escutar os conselhos, aí quem está com eles tem o chopinho pago, a entrada da boate, não tem responsabilidades. Estamos cansados de dar conselhos. O jogador que joga em clube grande precisa ter responsabilidade. Eu com 19 anos já estava na seleção brasileira e com 20 já era campeão do mundo. Morando perto do clube, as chances seriam menores. As companhias, às vezes, acabam terminando com a carreira de um jogador. Se o treinador obriga a morar perto do clube, vão falar que nós temos cabeça de 40, 50 anos atrás. A minha parte eu faço. Amarrar o jogador eu não posso. Eles não são mais crianças. Muitos deles já são até pais de família. Não adianta colocar a mão na cabeça, os pais também têm parcela de culpa. É muita mordomia, não estou falando só do Robert. Espero que ele melhore, que esteja com o grupo. Mas fica o recado. Eles têm uma idade suficiente para saber o que querem. E conselhos eles têm, e dos bons. Infelizmente, por causa das companhias, acabam ficando pelo caminho – disse. 
 
Nesta segunda-feira, a assessoria de imprensa do Fluminense não divulgou boletim sobre o estado de saúde do jogador. Robert é de uma família estruturada e surgiu como um dos melhores jogadores de sua geração no Brasil. Foi campeão sul-americano sub-15 com a Seleção, disputou o Sul-Americano sub-17 e assinou em 2012 seu primeiro contrato profissional com o clube, com multa rescisória no valor de R$ 190 milhões. Meia ofensivo, atuou pelos profissionais no jogo contra o Bahia, pela última rodada do Campeonato Brasileiro de 2013.


Casos anteriores voltam à tona

MIchael fluminense gol flamengo (Foto: André Durão / Globoesporte.com)Michael voltou a fazer gols pelo Flu após suspensão (André Durão / Globoesporte.com)
 
Os episódios são tratados de forma distintas pelo clube, ocorreram com atletas de perfis diferentes, mas também servem de alerta. Em 2013, o Fluminense teve de lidar com dois casos graves envolvendo garotos do clube. Em abril, o atacante Michael, de 20 anos, que hoje começa a se consolidar no grupo principal, foi flagrado no exame antidoping por uso de cocaína. Ele admitiu aos dirigentes tricolores o uso da droga, cumpriu oito meses de suspensão e está em atividade sob condicional. 

O departamento jurídico do Fluminense conseguiu dar condições de jogo ao atacante depois de ele ter cumprido metade da suspensão (o total era de 16 meses). O STJD só liberou o jogador depois que o clube comprovou que o atleta fazia exames mensais e dava palestras contando a sua experiência aos meninos das categorias de base do Fluminense. Para continuar na ativa, Michael ainda precisa realizar exames mensais que provam que ele não faz uso de qualquer substância proibida. O atacante, que tem sido importante para o time com gols e boas atuações, reconheceu a dependência

Gabriel Costa Fluminense  (Foto: Reprodução / Facebook Oficial) 
Gabriel Costa foi morto em 2013 
(Foto: Reprodução / 
Facebook Oficial)
 
Se Michael e Robert têm uma segunda chance, o mesmo não ocorreu com outro jogador da base tricolor: o volante Gabriel Costa, morto no ano passado aos 18 anos. Sumido desde 16 de maio de 2013, ele foi assassinado. Em setembro, a polícia prendeu os responsáveis e informou que o corpo do jogador teria sido esquartejado e jogado em um rio que passa atrás da favela Parque São Francisco, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
 
A causa do assassinato seria o envolvimento do jovem no roubo de um carro nas proximidades da favela. Após o assalto, Gabriel, que estava acompanhado do irmão, de 15 anos, e mais um comparsa, também menor, teriam levado o veículo para dentro da comunidade. O chefe do tráfico no local na época, Alex Sacramento Lopes, o Lico, de 32 anos, não ficou satisfeito com o crime perto da favela, pois isso acabaria atraindo policiais. Na ocasião do crime, Gabriel estaria armado e teria sido o responsável por render o dono do carro. Até hoje os restos mortais do jogador não foram encontrados.



FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/fluminense/noticia/2014/03/gravidade-do-caso-robert-liga-alerta-e-flu-sera-mais-rigoroso-com-jovens.html
 

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