Competidores acompanham atentamente noticiário político e medidas de segurança do governo de Vladimir Putin e aguardam até o último momento para definir a viagem
A ansiedade para o início
da competição deu lugar ao medo. A 34 dias dos Jogos de Inverno, dois
atentados terroristas em Volgogrado e um alarme falso em Sochi deixaram atletas de todo o mundo em alerta, preocupados
com questões de segurança e política tanto quanto com a busca pela
classificação em suas respectivas modalidades. Apesar de o Comitê Olímpico
Internacional (COI) expressar publicamente sua confiança de que o governo de
Vladimir Putin manterá a situação sob controle, alguns competidores já admitem
até a possibilidade de abrir mão do sonho olímpico.
Nos dias 29 e 30 de dezembro, a cidade de Volgogrado, a cerca de 400 quilômetros de Sochi, sofreu com dois atentados terroristas. O primeiro, no domingo, foi atribuído a uma mulher-bomba.
O ataque a uma estação de trem, lotada de passageiros em trânsito devido às festas de fim de ano, deixou 18 vítimas fatais. Na segunda-feira, a explosão de outro artefato dentro de um ônibus elétrico matou outras 15 pessoas e deixou o dobro em número de feridos. Apesar da suspeita do envolvimento de grupos islâmicos, nenhum grupo fundamentalista assumiu, até o momento, a autoria dos ataques.
A reação do governo russo foi imediata. Putin prometeu exterminar os terroristas e reforçou o
policiamento nas ruas de Sochi, promovendo blitz para automóveis e pedestres.
Até os Estados Unidos ofereceram ajuda, compartilhando informações sobre possíveis
ameaças relacionadas ao evento.
Nesta sexta-feira, no entanto, um novo susto causou pânico na sede dos Jogos. A ameaça de um atentado a bomba no maior shopping center de Sochi fez o local ser evacuado às pressas. Ele fica distante aproximadamente 30 quilômetros do Parque Olímpico.
Logo após os ataques em Volgogrado, a atual campeã olímpica de snowboard no halfpipe, Tora Bright, afirmou que cogitava desistir de buscar o bicampeonato caso as manchetes de jornais continuassem a publicar más notícias.
- Se a posição política
piorar, eu, com certeza, não vou arriscar minha segurança apenas pelos Jogos
Olímpicos. As Olimpíadas e outros eventos esportivos às vezes me fazem mal por
saber o quanto de dinheiro é gasto, como se o mundo não precisasse de água
limpa ou comida ou não houvesse pobreza – disse, em entrevista à Australian
Associated Press.
Snowboarder brasileira mais bem colocada no ranking mundial de cross (16º lugar), Isabel Clark compartilha a expectativa da australiana. Principalmente porque alguns familiares pretendem acompanhar sua terceira apresentação olímpica in loco.
Policiamento é intensificado no entorno do
estádio olímpico de Sochi, que ainda está
em obras (Foto: Reuters)
Nos dias 29 e 30 de dezembro, a cidade de Volgogrado, a cerca de 400 quilômetros de Sochi, sofreu com dois atentados terroristas. O primeiro, no domingo, foi atribuído a uma mulher-bomba.
O ataque a uma estação de trem, lotada de passageiros em trânsito devido às festas de fim de ano, deixou 18 vítimas fatais. Na segunda-feira, a explosão de outro artefato dentro de um ônibus elétrico matou outras 15 pessoas e deixou o dobro em número de feridos. Apesar da suspeita do envolvimento de grupos islâmicos, nenhum grupo fundamentalista assumiu, até o momento, a autoria dos ataques.
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Nesta sexta-feira, no entanto, um novo susto causou pânico na sede dos Jogos. A ameaça de um atentado a bomba no maior shopping center de Sochi fez o local ser evacuado às pressas. Ele fica distante aproximadamente 30 quilômetros do Parque Olímpico.
Alarme falso em Sochi gera pânico: maior
shopping center da cidade é evacuado às
pressas (Foto: Reprodução )
Logo após os ataques em Volgogrado, a atual campeã olímpica de snowboard no halfpipe, Tora Bright, afirmou que cogitava desistir de buscar o bicampeonato caso as manchetes de jornais continuassem a publicar más notícias.
Volgogrado fica a cerca de 400km de distância de Sochi, sede dos Jogos de Inverno (Foto: Reprodução)
Snowboarder brasileira mais bem colocada no ranking mundial de cross (16º lugar), Isabel Clark compartilha a expectativa da australiana. Principalmente porque alguns familiares pretendem acompanhar sua terceira apresentação olímpica in loco.
- Dá um pouco de insegurança e medo sim. Treinei duro por quatro anos para
ir aos Jogos e é claro que quero ir, mas se a situação ficar critica, não faz
sentido. Fico mais preocupada com a minha família, pois cinco pessoas já
compraram passagens, e não quero que nada de ruim aconteça com eles – disse ao
GloboEsporte.com.
Os destroços do ônibus elétrico em Volgogrado:
segunda tragédia em dois dias na cidade russa
(Foto: Reuters)
Jaqueline Mourão,
pré-convocada para duas modalidades em Sochi (esqui cross-country e
biatlo), acredita que haverá uma boa estrutura de segurança nas áreas de
disputas dos Jogos Olímpicos. Entretanto, ela teme por turistas e
visitantes nas áreas fora das instalações que vão receber os eventos
durante o mês de fevereiro. A brasileira optou por não levar seu filho
de três anos para a competição.
- Eu acredito que a
segurança durante os Jogos vai ser muito reforçada. Claro que estes
atentados preocupam e todos estamos sujeitos a isso quando participamos
de eventos envolvendo grande público. Mas fora da estrutura olímpica e
da segurança, não acho que vai ser fácil para turistas e torcedores de
outros países - afirmou.
Titular do Brasil no esqui alpino em Sochi, Jhonatan Longhi
mostrou preocupação especificamente com a cerimônia de abertura.
Putin visita sobreviventes dos atentados terroristas no hospital em Volgogrado (Foto: Reuters)
- Eu não conheço ninguém que esteja assustado pela segurança. Eu acho que Putin
não vai deixar nada de errado acontecer durante as Olimpíadas. Só estou com
medo pela cerimônia de abertura. Eu não vou
participar da cerimônia – destacou o brasileiro.
O austríaco Thomas Morgenstern, tricampeão olímpico nos saltos de esqui,
relatou que viu atiradores em uma floresta durante uma competição em Sochi no
último ano. O americano Shani Davis, dono de quatro medalhas olímpicas na
patinação de velocidade, lamentou a situação.
- É terrível que tenhamos que viver com medo - afirmou Davis à Associated Press.
Presidente da CBDN relembra Jogos pós-atentados de 11 de setembro
- É terrível que tenhamos que viver com medo - afirmou Davis à Associated Press.
Presidente da CBDN relembra Jogos pós-atentados de 11 de setembro
À
frente da Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN), Stefano
Arnhold acredita que o governo russo vai conseguir contornar esta
situação e garantir um evento seguro para atletas, dirigentes e
torcedores. O presidente da entidade lembra ainda os Jogos de Salt Lake
City, em 2002, realizados meses depois dos atentados terroristas de 11
de setembro, nos quais as torres gêmeas do World Trade Center e o
Pentágono foram atacados por aviões sequestrados por terroristas.
- Os grandes eventos esportivos são sempre um grande desafio para os governos e organizadores em termos de segurança. Temos participado de Jogos Olímpicos de Inverno desde 1992, inclusive em Salt Lake City 2002, onde havia um contingente de tropas de segurança recorde em função dos atentados do 11 de Setembro nos Estados Unidos. Havia mais soldados e policiais em Salt Lake do que no Afeganistão, que na época era palco de guerra com os EUA. E as medidas de segurança em todas as seis edições de Jogos Olímpicos que participamos foram suficientes para garantir a segurança de nossos atletas e membros da delegação brasileira, como de familiares que foram prestigiar os Jogos. Assim, embora exista apreensão em função de recentes eventos, temos confiança nas medidas que estão sendo tomadas pelo governo local e pelo Comitê Organizador dos Jogos - respondeu, por e-mail, ao GloboEsporte.com.
- Os grandes eventos esportivos são sempre um grande desafio para os governos e organizadores em termos de segurança. Temos participado de Jogos Olímpicos de Inverno desde 1992, inclusive em Salt Lake City 2002, onde havia um contingente de tropas de segurança recorde em função dos atentados do 11 de Setembro nos Estados Unidos. Havia mais soldados e policiais em Salt Lake do que no Afeganistão, que na época era palco de guerra com os EUA. E as medidas de segurança em todas as seis edições de Jogos Olímpicos que participamos foram suficientes para garantir a segurança de nossos atletas e membros da delegação brasileira, como de familiares que foram prestigiar os Jogos. Assim, embora exista apreensão em função de recentes eventos, temos confiança nas medidas que estão sendo tomadas pelo governo local e pelo Comitê Organizador dos Jogos - respondeu, por e-mail, ao GloboEsporte.com.
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