Após agressão de torcedores a jogadores, presidente do Verdão, que já foi membro de uniformizada, promete lutar contra violência e cortar ingressos
A agressão de um grupo de torcedores a jogadores do Palmeiras no Aeroparque Jorge Newbury, em Buenos Aires, na Argentina, no embarque da equipe para o Brasil, foi a gota d'água para que o presidente do clube, Paulo Nobre, cortasse relações com as principais organizadas do Verdão.
O dirigente condenou a agressão, que resultou num corte na orelha do goleiro Fernando Prass, atingido por uma caneca, e disse que iniciará uma luta contra a violência nos estádios - para isso, vai se reunir com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e cogita também reuniões com o governador, Geraldo Alckmin, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e até com a presidente, Dilma Rousseff, "se for preciso".
- A partir de hoje cortamos todas as regalias que a torcida tinha. E até que tome uma atitude, não existe mais diálogo. Estamos 100% do lado do nosso elenco. Conversei com o Prass e com o Valdivia e mostrei que estamos com eles - disse Paulo Nobre, em entrevista coletiva no Palmeiras. Pouco antes, ele já havia emitido nota chamando os agressores de "bandidos".
- Alguns jogadores, como o Valdivia, foram hostilizados antes do jogo, constantemente xingados e maltratados. Era uma coisa orquestrada por quem tem interesses escusos em relação ao Palmeiras - emendou.
saiba mais
O presidente do clube explicou o que pretende fazer nos próximos dias contra a violência no futebol:- Tenho uma audiência com o prefeito Haddad. Vou levar esse problema. Já pedi que o nosso terceiro vice (Antonino Jeci) marcasse com o governador Alckmin e com o ministro Aldo Rebelo e, se precisar, com a Dilma. E que outros presidentes (de clubes) abracem essa ideia. Temos uma Copa e esse tipo de atitude é péssimo. Espero contar com a ajuda de outros presidentes de clubes para resolver isso.
Ligação com as organizadas
Nobre, curiosamente, é um ex-integrante de torcida organizada. Ele afirmou que sempre teve uma boa relação com todas as facções. Segundo ele, o clube cedia ingressos aos torcedores em jogos no exterior, mas não pagava outras despesas.
- O relacionamento com os líderes sempre foi bom. Eu fui membro de torcida organizada, da Inferno Verde. Na minha época não acontecia isso. Sou super a favor do diálogo e do bom relacionamento. Existia isso. O Palmeiras, em jogos no Brasil, vendia ingressos para eles. E fora, viabilizava a entrada nos estádios, cedendo ingressos. Eu disse a eles que não era a nossa função pagar a viagem, como eles queriam. Mas falamos que não os deixaríamos fora dos estádios no exterior - disse Nobre.
Punição da Conmebol?
O presidente do Palmeiras afirmou que não teme que o clube seja punido pela confusão causada por esse grupo de torcedores no aeroporto de Buenos Aires. Corinthians e Vélez Sarsfield já foram punidos pela Conmebol, este ano, por conta de incidentes provocados por seus torcedores durante jogos da Libertadores.
- Não temo. Foram fatos diferentes (em relação ao Corinthians e Velez), mas gostaria que alguém tomasse atitude em relação a isso. O Palmeiras não seria prejudicado. O futebol só tem a ganhar com qualquer coisa feita para acabar coma violência - disse Paulo Nobre.
Três torcedores foram detidos pela polícia argentina e prestaram depoimento, assim como Fernando Prass, atingido por uma caneca, e o gerente de futebol, Omar Feitosa. Todos foram liberados após esclarecimentos e já voltaram ao Brasil. Os demais jogadores voltaram num outro voo, mais cedo, e desembarcaram sob tensão.
Paulo Nobre caminha na Academia até a sala de imprensa (Foto: Gustavo Serbonchini)
FONTE:
Nenhum comentário:
Postar um comentário