quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Do Hiroshima ao Chelsea: conheça os rivais do Corinthians no Mundial


Competição começa nesta quinta-feira com duelo entre campeão do Japão
e o 'experiente' Auckland City. Favoritos ao título, Blues chegam em crise

Por GLOBOESPORTE.COM Yokohama, Japão

Primeira competição oficial a ter o uso da tecnologia no futebol, o Mundial de Clubes de 2012 começará nesta quinta-feira tendo Corinthians e Chelsea como favoritos ao título. Os brasileiros tentam o bicampeonato enquanto os ingleses são estreantes e foram eliminados da Liga dos Campeões nesta quarta. Na primeira partida, o Sanfrecce Hiroshima enfrentará o Auckland City. Quem vencer, terá pela frente o Al Ahly nas quartas de final no dia 9 e o time que avançar pegará o Timão nas semifinais no dia 12.

Os neozelandeses são os mais experientes, disputando o Mundial pela quarta vez. O Al Ahly, principal força do continente africano, tentará homenagear os quase 80 mortos no desastre de Port Said com uma boa campanha. Representante local, o Hiroshima tem na base a sua força. O Chelsea enfrentará nas semifinais o vencedor do duelo entre Ulsan Hyundai e Monterrey, que se enfrentam no dia 9. A decisão e a disputa pelo terceiro lugar serão realizados no dia 16 em Yokohama.

Sanfrecce Hiroshima: a academia japonesa
A chegada do Sanfrecce Hiroshima ao Mundial é fruto do bom trabalho feito nas categorias de base. Dos jogadores do elenco que disputarão a competição, dez saíram da academia. O destaque é o atacante Sato, artilheiro da edição 2012 do Campeonato Japonês com 22 gols e eleito o melhor jogador. Na premiação, o treinador Hajime Moriyasu também foi eleito o melhor.

Sanfrecce Hiroshima comemoração título Japão (Foto: Divulgação / J. League)Sanfrecce Hiroshima é o atual campeão japonês (Foto: Divulgação / J. League)

Por causa do bom desempenho com o Sanfrecce, Sato chegou a ser convocado para alguns jogos da seleção e esteve no banco de reservas durante a goleada por 4 a 0 sofrida para o Brasil em outubro. O goleador mostra-se confiante para os primeiros desafios internacionais do clube. Além do Mundial, o Hiroshima disputará a Liga dos Campeões da Ásia em 2013.

- Nós vencemos o campeonato e agora podemos colocar uma estrela em nossa camisa. Na próxima temporada, eu só quero ver uma nova estrela - disse Sato.
O título nacional, que credenciou a equipe à classificação para o Mundial como representante do país anfitrião, foi conquistado com antecedência. Durante a campanha, o Hiroshima golegou duas equipes que já participaram da competição da Fifa: 4 a 1 sobre o Gamba Osaka e 5 a 2 sobre o Kashiwa Reysol. No fim, os campeões ficaram com sete pontos de vantagem sobre o segundo colocado Vengalta Sendai.

Auckland City: experiência em campo
É difícil acreditar que um clube semi-amador fundado em 2004 seja o mais experiente na competição interclubes mais importante do planeta, mas o Auckland City disputará o Mundial de Clubes pela quarta vez. Em todas as participações há duas vitórias, sobre o Al Ahli, dos Emirados Árabes, e sobre o Mazembe, da República Democrática do Congo, ambas na histórica campanha de 2009.

Auckland City Mundial de Clubes da Fifa (Foto: Divulgação/Site Oficial)Auckland City tenta repetir campanha histórica de 2009 (Foto: Divulgação/Site Oficial)

A base é praticamente a mesma que disputou a competição em 2011. Há três espanhóis no elenco, entre eles Manel Exposito, que estreou no Barcelona no mesmo dia em que um argentino chamado Lionel Messi e foi o artilheiro da Liga dos Campeões da Oceania com seis gols. Há jogador com experiência em Copa do Mundo. Capitão do Auckland, Ivan Vicelich jogou o Mundial da África do Sul em 2010.

- Conheço jogadores do Corinthians como Romarinho, Douglas e Emerson. Também sei que eles têm um novo estádio sendo construído. Eles são um dos maiores clubes do Brasil e o título da Libertadores foi uma grande conquista. Eles jogam no 4-2-3-1, possuem uma grande técnica e um ataque com qualidade - analisou Exposito.

Al Ahly: tragédia como motivação
Forte candidato a ser o adversário do Corinthians nas semifinais do Mundial, o Al Ahly entra na competição disposto a honrar torcedores que foram vítimas de uma das maiores tragédias da história do futebol. Em fevereiro de 2012, um ataque dos torcedores do Al Masry aos do Al Ahly em Port Said terminou com quase 80 mortos e mais de mil feridos.

Por causa do incidente, o Campeonato Egípcio foi paralizado e ainda não há previsão de retorno. O foco do time ao longo do ano passou a ser apenas a Liga dos Campeões da África e, consequente, a classificação para o Mundial, competição da qual foi terceiro colocado em 2006. Desde o dia 17 de novembro, há apenas um pensamento: a disputa no Japão.

Mohamed Nagi na partida entre Al-Ahly e Esperance (Foto: Reuters)Potência na África, Al Ahly precisa mostrar seu valor no Mundial (Foto: Reuters)

- Passamos por uma situação crítica no Egito, com muitos mortos da nossa torcida. Decidimos representar a alma dessas pessoas na Liga dos Campeões da África e vencemos. Agora, vamos em busca dessa taça, para honrar essas almas que se foram. Não podemos prometer, mas vamos em busca disso - disse o técnico Hossam El Badry.

Clube mais tradicional do continente africano, em 2012 o Al Ahly conquistou seu sétimo título da Champions local. A campanha aconteceu sem grandes sustos, com cinco vitórias, três empates e duas derrotas nas fases preliminares. Nas semis, os egípcios passaram pelo Sunshine Stars, da Nigéria com uma vitória e um empate. Na decisão, empate e vitória sobre o Espérance, da Tunísia.

A estrela da equipe é o atacante Aboutrika, que está a dois gols de se tornar o maior artilheiro da versão do Mundial implementada pela Fifa a partir de 2000 e disputada consecutivamente desde 2005. Atualmente, Messi divide a artilharia com o brasileiro Denilson, que disputou a competição com o Pohang Steelers - ambos fizeram quatro gols.

Ulsan Hyundai: o tigre asiático
Apelidado de Tigre, o Ulsan Hyundai passou como um trator pela Liga dos Campeões da Ásia, sendo campeão invicto com 12 vitórias e 27 gols marcados. Nacionalmente, contudo, a equipe não tem tanta sorte. Apesar de ser bicampeão sul-coreano, o clube já foi vice em seis oportunidades desde que começou a disputar a competição em 1984.

Ulsan e Al Ahli (Foto: Agência AFP)Conquista da Champions fez com que jogadores do Ulsan dançassem hit Gangnam Style (Foto:  AFP)

O destaque do time é o atacante brasileiro Rafinha. Contratado por empréstimo no meio da temporada, o jogador deu conta do recado e marcou cinco gols na Champions asiática, inclusive um na decisão, apesar de ter começado a jogar no Hyundai apenas a partir das quartas de final. Além do brasuca, há quatro jogadores da seleção sul-coreana: o goleiro Youngkwang, os atacantes Keunho e Shinwook, além do zagueiro e capitão Taehwi.

- Estaremos diante dos melhores clubes do mundo, e os rapazes estão motivados principalmente pela possibilidade de enfrentar o Chelsea. Queremos jogar contra os times mais fortes para ver como fica a nossa confiança nessas situações - disse o capitão.
Monterrey: 'Sede de revanche'

Depois do fiasco no último Mundial, em que foi eliminado nas estreia nas quartas de final pelo Kashiwa Reysol, o Monterrey aposta na experiência adquirida em 2011 para não fazer feio desta vez. A equipe é basicamente a mesma, com o atacante chileno Suazo, artilheiro da Liga dos Campeões da Concacaf com sete gols, sendo a referência no ataque e a esperança de que o time mexicano pode deixar uma imagem melhor.

s foram mexicanos. No banco de reservas está um especialista em títulos nacionais, o técnico Victor Manuel Vucetich. O comandante já conquistou dez campeonatos locais, sendo três com o Monterrey, além do bi da Liga dos Campeões da Concacaf.

Monterrey, comemoração Liga dos Campeoens (Foto: EFE)Monterrey conseguiu o bicampeonato da Liga dos Campeões da Concacaf (Foto: EFE)

- Creio que podemos chegar ao Japão em melhor condição e pensar em fazer as coisas de outra maneira, pois temos uma equipe forte, com mentalidade vencedora e sede de revanche - disparou o treinador.

No elenco há outro campeoníssimo. O argentino Neri Cardozo conquistou nove títulos com o Boca Juniors, incluindo a Libertadores de 2007, vencida sobre o Grêmio, e as edições de 2004 e 2005  da Sul-Americana.

Chelsea: um Mundial para se reencontrar

Reconstrução, dúvidas e uma tabu a ser mantido. Se para muitos no Chelsea o Mundial de Clubes era apenas mais uma competição sem importância a ser disputada no Japão até bem pouco tempo, o último mês causou uma reviravolta nos Blues. Com a missão de manter a hegemonia dos europeus, que venceram as últimas cinco edições da competição – o último campeão de outro continente foi o Inter, em 2006 -, o time tem a disputa como teste de fogo para Rafa Benítez, substituto de Roberto Di Matteo, demitido após novembro negro, com apenas uma vitória.

Não que o título da competição organizada pela Fifa vá ser apontado como divisor de águas para o clube de Roman Abramovich. Isso não. Mas o Chelsea desembarca no Japão com a sensação de que voltar para Londres como campeão renovaria automaticamente a motivação e confiança para o desenvolvimento do trabalho do espanhol, enquanto um revés já coloca o recém-contratado em questão, além de poder causar danos irreparáveis para o restante da temporada.

Terry Lampard Chelsea Liga dos Campeões (Foto: Getty Images)Chelsea de Terry e Lampard levou a inédita Liga dos Campeões nos pênaltis (Foto: Getty Images)

Com sete possibilidades de título no início de agosto, o Chelsea caiu diante de Manchester City e Atlético de Madri nas decisões das Supercopas da Inglaterra e Espanha, respectivamente. Além disso, deu adeus à Liga dos Campeões precocemente nesta quarta - é o primeiro atual campeão eliminado na fase de grupos do ano seguinte na história - e está a dez pontos do Manchester United na luta pelo título Inglês. Sobraram assim, o Mundial e a Copa da Inglaterra, que ainda não começaram, e a esvaziada Copa da Liga.

A julgar pelos primeiros jogos, porém, a troca por Benítez não fez o mesmo efeito da substituição André Villas-Boas por Di Matteo, em março. Em três partidas, ele ainda não venceu, com dois empates e uma derrota por 3 a 1 para o West Ham, no último sábado. O espanhol ainda não deixou claro também qual formação considera ideal e tem mudado constantemente uma escalação que se tornou rotineira com seu antecessor.

Oscar, comemoração do Chelsea contra o Shakhtar  (Foto: Agência Reuters)Oscar é um dos nomes do Chelsea (Reuters)

Badalado no início da temporada, o trio formado por Oscar, Hazard e Mata só entrou em campo junto na estreia, 0 a 0 com o Man City, já que o espanhol e o brasileiro alternaram no banco nas partidas seguintes. Outra mudança, essa aparentemente definitiva, foi a entrada de Azpilicueta na lateral-direita, com Ivanovic sendo deslocado para o miolo de zaga, ao lado de David Luiz. Na cabeça de área, mais alteração e dúvida: tanto Mikel quanto Romeu já foram testados, mas não agradaram. Torres, por sua vez, segue intocável, e em jejum.

Mesmo diante de todos os testes, a tendência é que o Chelsea dispute uma provável final do Mundial com a espinha dorsal montada por Di Matteo, principalmente se Terry e Lampard não se recuperarem de lesão. Os preferidos de Rafa Benítez seriam Cech, Azpilicueta, Ivanovic, David Luiz e Ashley Cole; Mikel (Romeu) e Ramires; Oscar, Mata e Hazard; Torres. Na semifinal, são grandes as chances de um time misto ser escalado, até mesmo por conta da viagem de cerca de 14 horas que será feita no domingo, pouco depois do duelo contra o Sunderland, fora de casa.

Info_MUNDIAL-CLUBES-FIFA_Equipes_03 (Foto: infoesporte)

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