Representantes de forças de segurança de todos os países vão colaborar com a Polícia Federal no contato com torcedores e na identificação de "hooligans"
Policiais estrangeiros se reuniram neste domingo, na sede da Polícia Federal (Foto: Fabrício Marques)
Além dos 31 países classificadas para o Mundial, também participam do programa representantes da ONU, da Interpol, da Ameripol e de outras cinco nações convidadas - incluindo o Catar, sede da Copa de 2022. As unidades estrangeiras são formadas por até sete policiais, divididos em dois grupos:
uma parte ficará em Brasília, no centro de controle, e outra viajará pelas cidades-sedes em que jogarão suas seleções, com presença nos estádios nos dias de partidas.
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Os estrangeiros não terão poder de polícia no Brasil e nem vão trabalhar armados. No entanto, usarão os uniformes de suas corporações, para que sejam identificados por seus compatriotas. A ideia é que eles façam a mediação do contato da polícia brasileira com os torcedores estrangeiros quando necessário.
- São dois eixos fundamentias. Primeiramente, vão trazer mais segurança para todos. O estrangeiro vai ver o seu policial, vai saber que ali está o seu representante trabalhando em cooperação com a polícia brasileira. Tem também a barreira do idioma, que às vezes pode ser um problema e será facilitada com a presença desse policial. O segundo eixo é de inibir, fazer com que o cidadão estrangeiro, ao ver que ali está também o seu policial, evite qualquer tipo de atitude indesejada - explicou o delegado Andrei Passos Rodrigues, secretário de grandes eventos do Ministério da Justiça (Sesge).
Policiais estrangeiros conheceram neste
domingo o centro de comando, em Brasília
(Foto: Vianey Bentes / TV Globo)
O chefe da equipe de policiais da Holanda elogiou o programa de cooperação internacional e disse que a medida ajudará a garantir a segurança na Copa. Segundo Will van Kollenburg, a presença dos policiais estrangeiros será fundamental no contato preventivo com os torcedores, que podem estar sob efeito de bebidas alcoólicas.
Também poderemos
conversar com esses torcedores, que às vezes estão um pouco bêbados,
para que não causem problemas
Will van Kollenburg, polícia holandesa
Acredito que vão se sentir bem. Nós também poderemos conversar com esses torcedores, que às vezes estão um pouco bêbados, para que não causem problemas - afirmou Kollenburg, que estima a presença de aproximadamente cinco mil holandeses em cada jogo da seleção laranja.
Para Jorge Latorre, inspetor da polícia espanhola, a presença de representantes das forças de segurança estrangeiras ajudará a alertar os torcedores de que certamente responderão em seus países pelos atos cometidos no Brasil.
- Acredito que encontrar fora de seu país uma imagem conhecida lhes dará confiança e sempre devem se dirigir aos nossos policiais antes do contato com a polícia brasileira. É possível também que eles tenham mais controle com a nossa presença, porque vão saber que poderão ter sanções administrativas na Espanha por conta das ações que cometerem aqui. Eles sabem que conhecemos seus comportamentos. Somos policiais que semanalmente trabalhamos no controle de público nos estádios e estamos contentes por poder colaborar com o trabalho de segurança na Copa também - disse Latorre.
Equipe da polícia holandesa que trabalhará
no Brasil durante a Copa
(Foto: Fabrício Marques)
preocupação com "hooligans" e "barra-bravas"
- No centro de comando, eles terão acesso a diversas câmeras espalhadas nas cidades-sedes, inclusive em aeroportos e estádios. Poderão colaborar com operações de inteligência e farão o acompanhamento direto com policiais de torcedores que no país deles já foram cadastrados como violentos - explicou o gerente de logística do centro de cooperação internacional da PF, Urquiza Júnior.
Do centro de comando, estrangeiros vão ajudar em operações de inteligência (Foto: Vianey Bentes)
A polícia do Chile é outra que também estará atenta a grupos de "barra-bravas".
- Acreditamos que aproximadamente 40 mil torcedores vão vir para a Copa. Os que participam de "barras" estão identificados. Quando nossos policiais localizarem grupos deles no Brasil, vão alertar a polícia local - explicou o comissário da polícia chilena, Rodrigo Donoso Escudero.
Adversário do Brasil na abertura da Copa, a Croácia é outro país com problemas de "hooliganismo" com torcedores da seleção. Na Eurocopa de 2012, na Polônia e na Ucrânia, a federação de futebol foi punida pela Uefa por conta do mau comportamento de alguns grupos, que atearam objetos e fogos de artifício no gramado. No entanto, a polícia croata acredita que será mas fácil controlar a situação no Brasil, pois o número de torcedores deve ser menor.
- Estivemos na Eurocopa e tivemos grande cooperação com a polícia polonesa. Localizamos hooligans que causaram problemas e informamos às autoridades, que prenderam alguns deles. Mas não acredito que muitos venham ao Brasil por conta da distância. Nossa tarefa vai ser tentar localizar estes torcedores que podem causar algum problema e informar a polícia brasileira para que possam ter uma atenção maior com eles - afirmou um inspetor da unidade especial de prevenção ao "hooliganismo" da polícia croata que pediu para não ter o nome divulgado para não prejudicar o trabalho de inteligência no Brasil.
Policiais de 36 países estarão no Brasil
durante a Copa do Mundo
(Foto: Fabrício Marques)
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