quinta-feira, 20 de março de 2014

A crise no Milan: Seedorf falha em curto prazo e corre risco de demissão

'Gazzetta dello Sport' afirma que holandês deixará de ser técnico do Rossonero caso não vença Lazio e Fiorentina na próxima semana. Mas torcida apoia o ídolo holandês

Por Milão, Itália

 
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Explicar tudo o que está acontecendo no Milan é uma tarefa mais do que complexa. Clarence Seedorf recebeu uma herança pesada em mãos. O ex-jogador do Botafogo tentou a revolução a curto prazo, mas falhou e agora vê imprensa, jogadores, dirigentes e veteranos do Rubro-Negro lhe virarem as costas. Mas uma coisa é certa nessa história: o técnico holandês não chegou em boa hora. Talvez não teria sido má ideia permanecer no Brasil por mais alguns meses.

Os números falam contra o ex-camisa 10: sete derrotas em 12 partidas, 12 gols sofridos contra apenas dez marcados. Eliminado na Liga dos Campeões e na Copa da Itália, o Milan é apenas o 11º colocado no Campeonato Italiano. Apenas um milagre classificaria a equipe para a próxima edição da Champions, já que 23 pontos a separam do Napoli, terceiro colocado.

– Qualquer treinador está ligado aos resultados. Seedorf foi escolhido diretamente pelo presidente Silvio Berlusconi e, por isso, tem um bônus. Mas não é infinito. Pode não ter sido uma boa ideia do Seedorf começar de forma tão explosiva num campeonato que já estava comprometido. Não é só culpa de dele, como não era só de Allegri, mas as próximas duas partidas podem comprometer o futuro do treinador do Milan – afirmou Luca Marchetti, jornalista da rede de TV "Sky Sport Italia". 


Mosaico Seedorf técnico Milan (Foto: Editoria de Arte)


A opinião de Marchetti, assim como de outros críticos e do próprio Paolo Maldini, ex-companheiro de Seedorf no Milan, é que o holandês errou ao tentar a revolução do elenco e do esquema tático. Ele deveria ter optado por uma postura mais conservadora.

A imprensa também se colocou contra Seedorf. Órfãos de Massimiliano Allegri, os jornalistas italianos sempre defenderam o anterior técnico do Milan, que durante quatro anos cultivou boas amizades no meio. Raramente os jornais atribuíam culpa dos resultados negativos a Allegri, mas sim à falta de rendimentos do clube para investir em novos talentos. Com a chegada de Seedorf, os resultados não melhoraram, mas a imprensa não perdoou nada em relação ao holandês.

Demissão? 

FRAME - protesto torcida do milan (Foto: Reprodução)Protesto da torcida do Milan (Foto: Reprodução)

Nesta quinta-feira, o principal esportivo italiano “Gazzetta dello Sport” anunciou que Seedorf será demitido caso não vença os próximos dois jogos, contra Lazio e Fiorentina. A decisão teria sido tomada na noite de terça, na casa do proprietário do clube, Silvio Berlusconi, e com a presença dos dois administradores, Adriano Galliani e Barbara Berlusconi, além de alguns jogadores do time.

Galliani, que também não morre de amores pelo ex-alvinegro, está há vários meses patrocinando a promoção de Filippo Inzaghi – ex-jogador e atual técnico dos juvenis – a comandante principal. 


O treinador da Itália, Cesare Prandelli, é outro nome comentado. 

Time quebrado em dois

Seedorf chegou ao Milan com uma ideia de jogo ofensivo que não funcionou. O holandês escalou três jogadores (Kaká e Taarabt do lado de Robinho, Honda ou Poli) atrás de um único centroavante (Balotelli). O time perdeu a estabilidade no meio-campo, e a imprensa o acusou de ser teimoso e insistir num esquema sem ter os protagonistas adaptados às posições. No início, os jogadores pareciam motivados com as ideias de jogo ofensivas, e o futebol do Milan passou a ser mais atraente. Os resultados não chegaram, lá se foi a motivação.

Seedorf insistiu, e a imprensa também o acusa da má integração de Honda no time e de não dar oportunidade a Pazzini para atuar ao lado de Mario Balitelli. Os brasileiros Kaká e Robinho estão do lado do técnico – o primeiro é sempre titular e vem respondendo com boas atuações, e o segundo também foi escalado várias vezes por Seedorf, mas não foi tão regular. Os novos contratados – Rami, Taarabt, Essien e os holandeses Emanuelson e De Jong –, todos eles antes titulares, estão no barco de Seedorf.

Aparentemente o mau-humor vem do lado italiano do elenco, com Abate, Montolivo e o centroavante Pazzini incomodados. O centroavante não entende por que nunca é titular. Abate, que é um dos mais antigos do elenco, questiona o porquê de ter sido descartado por Seedorf. Já o capitão Montolivo lidera o grupo de italianos que, segundo a imprensa, estaria cansado das revoluções do técnico holandês. A “Gazzetta dello Sport” enumerou uma lista das mudanças feitas pelo técnico que não agradaram ao grupo. Confira abaixo:


Seedorf técnico jogo Milan e Sampdoria (Foto: AP) 
Parte italiana do elenco rossonero está contra o 
holandês (Foto: AP)
 
1) Reuniões técnicas antes dos jogos divididas por setor, em vez de uma única reunião.
2) Visitas individuais de um psicólogo aos jogadores.

3) Sessões de treino longas e sempre à tarde, quando antes eram quase sempre de manhã.
4) Tantas interrupções durante o treino para longas explicações.
5) Jogadores atuando fora de suas posições.
6) Jogadores preferidos? Muita atenção a Balotelli.
7) Faixa de capitão bailarina. Mexes capitão em Napoli? Muitos jogadores não entendem o porquê.
8) Atrasos: Seedorf demorou a chegar à sessão de relaxamento após o jogo em Madri contra o Atlético.

9) Concentração mal digerida. Equipe permanecerá em Roma após o jogo de domingo contra o Lazio e viajará diretamente para Florença para encarar a Fiorentina na quarta-feira. Jogadores preferiam voltar para Milão.

Torcida ao lado de Seedorf
 Embora a imprensa tente dar uma ênfase ainda mais negativa ao trabalho irregular de Seedorf, os créditos do holandês ainda não terminaram. Além da declarada simpatia e admiração de Berlusconi por Seedorf, a torcida organizada do Milan também demonstrou o seu apoio ao novo técnico. No último domingo, após mais uma derrota em casa, desta vez frente ao Parma (4 a 2), a “Curva Sud”, histórica organizada do clube, pediu a Adriano Galliani que assumisse os seus erros “na contratação de jogadores inúteis e sem caráter para um time como o Milan”. Os torcedores ainda apelaram à demissão do dirigente.

No decorrer dos protestos, Seedorf aceitou se reunir com alguns torcedores que apoiaram o trabalho do holandês. No todos contra todos alguém vai ter de pagar. O trem deste Milan chegou ao fim de linha há muito tempo, e, na hora de tomar as decisões, só resta saber quem vai abandonar o clube nas próximas semanas.



FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/futebol-italiano/noticia/2014/03/crise-no-milan-seedorf-falha-em-curto-prazo-e-corre-risco-de-demissao.html

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