sábado, 12 de outubro de 2013

Após 'quase aposentadoria', Giba volta à quadra disposto a dar resposta

Depois de se 'sentir um pouco de lado' pela dificuldade de fechar com um time, ponteiro estreia no Taubaté para mostrar que 'continua sendo o Giba'

Por Rio de Janeiro

As portas que em outros tempos se abririam com facilidade permaneceram imóveis. A passagem pela Argentina não havia saído da maneira esperada. O Bolívar, equipe que pretendia defender por mais uma temporada para então encerrar a carreira, devia sete meses de salários. Os problemas contratuais não eram os únicos. O casamento também chegava ao fim. No meio do turbilhão, Giba voltou ao Brasil, esperançoso de que conseguiria se recolocar no mercado rapidamente. Mas viu poucas brechas de luz apontarem em sua direção. A primeira delas pelo Rio de Janeiro. Meses se passaram até outras duas fazerem o mesmo. Quando a aposentadoria forçada parecia inevitável, o Taubaté entrou em cena e fez o ponteiro recuperar o fôlego. Neste sábado, quando pisar em quadra em seu jogo de estreia na equipe e na Superliga, o ponteiro de 37 anos garante que será com a ansiedade de novato e a cobrança pessoal de quem ainda tem uma resposta a dar. A partida será em casa, às 21h30m, contra o atual campeão e invicto Rio de Janeiro. O SporTV transmite, e o GLOBOESPORTE.COM acompanha ponto a ponto, em Tempo Real..

Giba cortada Vôlei taubaté (Foto: Filipe Rodrigues) 
Giba durante treino do Taubaté em preparação para a estreia na Superliga
(Foto: Filipe Rodrigues)
 
-  Quero mostrar que tenho condição física e técnica de continuar sendo o Giba. Não ouvi nenhum comentário de que deveria parar de jogar, mas fiquei quatro meses sem time. Primeiro só o José Inácio (diretor do Rio de Janeiro) me procurou, acreditou, mas ainda havia o problema com relação ao patrocinador e não pude esperar. Depois da entrevista que dei para o Tande (no Esporte Espetacular), alguns clubes vieram e queriam fazer contrato segundo percentual de rendimento. Poxa, eu tinha me recuperado de uma cirurgia em três meses, coisa que qualquer um levaria oito meses, tinha acabado de disputar as Olimpíadas, tinha uma história e ainda estava jogando. Se tivesse me aposentado, eu teria declarado. Então, eu me senti um pouco de lado. Quase me aposentei. A vaquinha estava perto de ir para o brejo (risos). Agora quero me divertir - disse o campeão olímpico de Atenas 2004.

Giba não sabe quantos minutos ou sets conseguirá jogar. Só sabe que quer e vai. Ainda precisa ganhar ritmo de jogo e três dos 10kg necessários. Acredita que no começo do segundo turno estará no auge de sua forma. Se essa será a temporada de sua despedida, ele evita dizer. Fez contrato de dois anos, com o segundo aberto para que as partes optem ou não por dar continuidade. Mesmo assim, vem se preparando para a fase que virá após o período como jogador. Tem dado palestras para empresários, estuda marketing esportivo, quer implantar um projeto social na cidade do interior paulista e conversa com Marcus Vinícius Freire (superintendente executivo de esportes do Comitê Olímpico Brasileiro) para saber se poderá se juntar a ele na entidade. Garante estar conseguindo conciliar todos os compromissos. Diz que os valores mudaram um pouco, mas a cobrança de jogar bem se mantém intacta.

Eu me senti um pouco de lado. Quase me aposentei. A vaquinha estava perto de ir para o brejo (risos). Agora quero me divertir"
Giba
 
Mais ainda depois de encontrar nas ruas mostras de receptividade. Desde que chegou, Giba costuma ser abordado onde quer que vá. Carinho que só faz crescer o desejo de ajudar a tornar a cidade uma referência para o vôlei.

- Aqui nada é muito longe e encontrei o sossego do qual precisava. É difícil encontrar uma cidade em que as pessoas passam e falam: "Estou orgulhoso de você estar aqui". Falam que vai ser bom para a cidade e para as crianças e isso me dá mais ânimo para buscar a minha condição física. Eu me cobro muito. Quando você atinge um certo nível de jogo, não tem como querer menos. Sei que a cobrança vai ser muito grande, mas já estou acostumado a isso. Minha vida inteira foi assim. O que me preocupa agora é o fato de não corresponder logo no início, pelo fato de não estar ainda com o ritmo de jogo ideal (sua última partida foi em abril). Mas está dentro do previsto, da normalidade. Quando eu perder o frio na barriga de jogar, eu paro.

Durante a semana, a presença na partida que marcará sua volta ao campeonato esteve ameaçada. Uma virose o derrubou por dois dias. Ficou de cama, se recuperou e agora só pensa em estar frente a frente com ex-companheiros de seleção brasileira neste sábado. Há três semanas encontrou o levantador Bruninho e ouviu dele: "Não dá para fazer sua estreia contra outro time, não?". Além de Giba, o Taubaté também contará com outra novidade contra o Rio de Janeiro. O técnico Cézar Douglas, que assumiu o cargo que pertencia a João Marcondes, estará à frente da equipe. Nos dois compromissos anteriores, o time paulista sofreu duas derrotas: uma para o Sesi-SP e outra para o Cruzeiro. Para o próximo, o time não terá Leandrão e Quaresma (lesionados) e Rafa, que está no Mundial Sub-23. A direção ainda busca peças para recompor o elenco após as saídas de Jurquin e André Lukianetz.

- Lembro do Bruno com 14 anos, no ônibus, indo assistir nossos jogos como o filho do Bernardo. Vai ser barra pesada logo de cara enfrentar o time campeão da Superliga. Vai ser um jogo bem difícil, eles estão superbem, mas vamos dar um trabalhinho. A minha vontade vai ser estar em quadra o tempo todo, mas a experiência leva a gente a ter consciência de saber até onde pode ir para poder fazer uma temporada toda boa. Reencontrá-lo ou ver a seleção jogar não me faz sofrer de saudade daquele tempo. Passou. Eu preparei minha cabeça para parar nos Jogos Olímpicos de Londres. Foram 20 anos ali, de uma carreira vitoriosa. Não teve o que não ganhei. Fiz o meu máximo.

Giba vai ao Maracanãzinho assistir ao jogo do Brasil contra os Estados Unidos (Foto: Rogério Lauback/CBV) 
Giba está treinando há dois meses depois de deixar o vôlei argentino
 (Foto: Rogério Lauback/CBV)
 
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