Antes de completar 200 jogos, argentino
fala de Libertadores, Mazembe, Tite e rende elogios até a Seedorf em
entrevista ao GLOBOESPORTE.COM
D'Alessandro, meia do Inter
(Foto: Diego Guichard / GLOBOESPORTE.COM)
(Foto: Diego Guichard / GLOBOESPORTE.COM)
Bem-humorado, El Cabezón, como é apelidado, chegou mais cedo no CT do Parque Gigante na quinta-feira para conversa exclusiva como GLOBOESPORTE.COM. Antes da entrevista, deu um efusivo abraço no roupeiro Lorival Gomes Soares, mais conhecido como 'Seu Pernambuco'. Isso porque na intimidade, D’Ale se mostra carinhoso tanto com fãs, quando com quem o cerca.
- Ele é uma figura. Todos nós vamos sair e ele vai ficar no mundo - brinca, ao falar do funcionário de 78 anos.
Já na entrevista, de 50 minutos de duração, concedida na sala de imprensa antes do treino que preparava o time para o jogo deste domingo contra o Canoas pela abertura da Taça Farroupilha - segundo turno do Gauchão -, o argentino falou sobre as motivações depois de cinco anos em Porto Alegre. “Psicólogo” de si próprio, se vê mais amadurecido e, principalmente, responsável pela equipe do Inter, graças à braçadeira e à confiança do técnico Dunga.
Neste domingo, D’Alessandro completará contra o time de Carlos Moraes, no Complexo Esportivo da Ulbra, 200 batalhas em campo pelo Inter. Porque é assim que o argentino é visto: como um guerreiro em campo, seja pela qualidade técnica, comportamento explosivo ou liderança. Na balança, muito mais vitórias do que derrotas, sempre lideradas pela canhota diferenciada, capaz de enganar qualquer marcador com o drible marca registrada “La Boba”.
Com contrato até 2015, D’Ale ainda tem muitos objetivos na carreira. Sem “loucuras”, sonha com Brasileirão e Copa do Brasil. O título de uma dessas competições poderia servir de trampolim para um objetivo maior a ainda: chamar atenção de Alessandro Sabella e voltar a fazer parte do grupo de Messi na seleção argentina.
Para o futuro, há certeza. O camisa 10 continuará trabalhando com futebol. Quem sabe até no Inter, como um “manager” ou treinador. Até lá, no entanto, seguirá com o espírito vencedor que o faz disputar a vida por uma Taça Piratini ou Libertadores.
D'Alessandro, meia do Inter (Foto: Diego Guichard / GLOBOESPORTE.COM)
Andres D’Alessandro - Eu sou colorado. Mas a identificação vem por ficar muito tempo no clube. Acho que isso é o principal. Eu joguei 15 anos no River. Não tenho como não ter carinho por lá. E tenho essa identificação. Se vou ser ídolo ou não, quem vai bater o martelo será a torcida. Essa identificação eu tenho com o River. Com o Inter eu sempre cito o carinho que recebi aqui. Junto com o River, foi o clube ao qual mais me identifiquei. E foi em um tempo muito curto. Aqui, tenho 1/3 de tempo de River. Eu nasci lá. Vou fazer cinco anos aqui. O que tive no Inter, em termos de carinho, não em relação aos títulos, porque isso depende do grupo... Eu sempre tentei fazer minha parte. E o carinho só cresceu com o passar dos anos. E sempre me deixou surpreso.
Este carinho iniciou lá no aeroporto, com aquela multidão indo recepcionar você (em 2008). E seguiu ao Beira-Rio, quando os torcedores jogavam camisas. Isso mexeu com você?
Você sente, né. Quando entra o carinho da torcida tudo muda. No primeiro dia em que estava aqui, fui ao estádio ver o Inter contra o Santos. O Inter perdeu por 1 a 0. O pessoal me recebeu muito bem. Fiquei surpreso, emocionado. Não sabia o que fazer. Não sabia se me conheceriam, se eu seria aceito. Até por ser argentino e por toda a rivalidade que existe.
Você tinha informação de como era o clube e como era a torcida?
Eu conhecia o Inter, o futebol brasileiro. O tempo para eu conhecer o clube foi curto. Eu tinha um ano de contrato com o San Lorenzo e disputei a Libertadores. Acredito que o pessoal do Inter, Fernando Carvalho, Sílvio Silveira, Vitorio Piffero e Giovanni (Luigi) devem ter visto a Libertadores, mais do que o Campeonato Argentino. O processo de empréstimo com o San Lorenzo se encurtou. Eu fiquei seis meses lá. O Inter foi e, em um mês, a negociação estava concretizada. Não tive muito tempo de perguntar as coisas, de conhecer o Inter. Mas hoje posso falar que não preciseiperguntar. Não precisei descobrir como era tudo. Cheguei a um clube grande, arrumado.
Depois de tanto tempo, de ter vencido Libertadores, Gre-Nais, qual a motivação que você tem para buscar crescer ainda mais no Inter?
O jogador não pode perder a ambição, o sonho, a gana de seguir vencendo no futebol. Se não, deixa de ser atleta. Olha o Seedorf. Ele joga no Brasil após ter vencido tantas Liga dos Campeões e não se cansa. E ele falou que a Taça Guanabara era uma taça. A vontade de continuar ganhando tem que existir e comigo existe. E vai permanecer comigo enquanto eu estiver no futebol. A Taça Piratini é uma taça. Tem menor expressão, como a gente sempre disse. O Gauchão não é o principal campeonato, mas é uma taça. E tem que ganhar. O atleta tem que saber que a carreira é curta e fica na história pelo que fez no futebol.
O presidente (Giovanni Luigi) falou que você estava no rol dos grandes jogadores do Inter, como Valdomiro, Claudiomiro, Tesourinha. Você acha que está neste patamar?
Não. O Inter tem muita história. Eu fico orgulhoso se me colocam como alguém importante, é uma sensação muito estranha. Fico surpreso com tudo o que me aconteceu no clube e o que continua ocorrendo. E não só no futebol. Falo também fora do campo, com a torcida. O carinho agora no Interior também. Cheguei aqui no clube pensando em dar o meu melhor e ficar na história. Se eu conseguir, será uma das melhores coisas da minha carreira. E se o Giovanni, que tem uma história aqui, me coloca neste nível é um motivo de orgulho.
O Dunga já comentou algumas vezes sobre a sua importância e como é difícil encontrar um camisa 10 com as suas características. Você acha que falta um pensador, que essa posição está quase que em extinção?
No mundo está complicado. A questão do meia é algo que está instalada no futebol. Não sei. Há campeonatos que entendem que, por causa da cobrança ou por que pode perder um espaço no time, se muda a forma de trabalhar. E quem paga é o meia. Na Argentina isso ocorre. São poucos que existem. A Argentina tem o Riquelme, o Insua, o Romagnoli e o Aimar. O Verón é um caso à parte. Se você o tem, precisa jogar em função dele. É como ter o Messi. Você precisa ver em que lugar ele fica mais confortável, onde ele se sente melhor. A partir disso, você monta o time. E é o que o Sabella está fazendo. Por isso que está bem e o Leo (apelido de Messi) está tranquilo, fazendo o que apresenta no Barcelona. O Verón era assim. A nossa função é assim. Essa é a função do armador. Se a bola não passar pela gente, o meia acaba olhando a bola passar por cima e não consegue jogar. É preciso ter um passe qualificado. Depende do seu treinador também. Na Europa, tem poucos também. Na América do Sul, há a Argentina e Brasil.
D'Alessandro, meia do Inter, em entrevista exclusiva (Foto: Diego Guichard / GLOBOESPORTE.COM)
A importância dele é 100%. Eu sinto que ele me dá a confiança de que o atleta precisa. Eu me cobro muito. Sei que não posso falhar, não posso dar moleza para ele. O jogador precisa corresponder quando recebe confiança do treinador. Eu tenho uma responsabilidade maior aqui. E assumo. Com ele, por tudo o que pensa e fala, tenho uma responsabilidade maior.
E, com o Dunga, você entende que também virou um tipo de técnico em campo?
Sempre fiz isso, faz parte da minha personalidade. Sempre falei dentro de campo. Às vezes até demais. Acho que faz parte. Assumo a responsabilidade, mas há outros que também fazem. Tem o Juan, o Forlán, o Willians, que acabou de chegar, mas é um cara que fala. Eu sempre assumi esta responsabilidade. Faz parte de mim. Às vezes, eu sou meio chato dentro do campo. Mas eu falar lá mostra ao companheiro onde está posicionado, se tem um cara nas costas. É importante no futebol as linhas se falarem. E hoje, como capitão, eu preciso puxar a ideia que o Dunga nos passa. Ele pede comunicação entre todos. É o principal.
Você falou no Forlán. Ano passado ele teve um ano complicado. Agora ele está bem. O quanto você ajudou nesta melhora dele?
Não sei se fui importante. Ele chegou sem pré-temporada, sem sequência de jogos na Itália e em um momento em que o Inter não estava bem. Agora, depois de ter aproveitado as férias, fez uma boa pré-temporada e está sendo o Forlán que a gente quer. O cara que o Inter contratou. É um cara experiente, que ouve e fala. Ele ajuda muito, é muito positivo.
Alguns dos técnicos que você teve aqui no Inter comentaram sobre a importância que você tinha no vestiário. Como é com Dunga?
Não acho legal falar do que faço fora do campo. O Carvalho até falou que, quando quis me contratar, comentavam que meu caráter era difícil. Não tive problema aqui no Inter, só aquela discussão com o Tite, que foi uma discussão de futebol, faz parte. Mas sempre fui um cara positivo, que nunca tira o pé do acelerador. Sou um jogador que sempre cobra porque também gosto que me cobrem. Sei quando jogo mal. Sou meu próprio psicólogo. Sei como são as coisas. Sei quando erro, quando fiz algo que vou pagar lá na frente.
O que houve entre o Tite e você?
Foi uma discussão que eu não vou contar. Ele também nunca contou. Foi uma discussão com ele. Só que ele reagiu de um jeito comigo e de outra forma com outro jogador. Eu tomei isso como se ele estivesse fazendo uma diferença e não gostei. Só isso.
Você está passando por um grande momento técnico e físico no Inter?
Se falo que estou em um grande momento físico, o pessoal vai lembrar o ano passado, que é ainda muito recente. Eu nunca vivi o que passei em 2012. Foi estranho ter ficado tanto tempo fora.
Foi frustrante?
É frustrante voltar e machucar de novo. Eu me matava treinando em dois turnos. Em alguns dias, até três. Não ficava quase em casa. E eu me sentia bem, mas daqui a pouco voltava a sentir. Era frustrante. Ainda mais pelo momento do time não ser bom. E eu queria ajudar. Eu queria estar no mata-mata com o Fluminense (pelas oitavas de final da Libertadores) de qualquer jeito, mas não deu. A sequência é atrapalhada quando você está mal fisicamente. O planejamento do ano passado não é que estava errado. Só que foi curto. Foi o que o Dorival podia fazer. A gente precisou passar pela primeira fase na Colômbia (contra o Once Caldas). Aí depois você não tem tempo para fazer outra pré-temporada. E começa a vir os jogos do Gauchão, que às vezes atrapalha. Jogar quarta, domingo, ter que viajar para disputar a Libertadores. Isso atrapalhou um pouco. No decorrer do ano, se você não está com esta base boa, acaba pagando. Foi o que ocorreu comigo e com outros. A gente teve muitas lesões no ano passado.
Este excesso de viagens durante o ano por não poder atuar no Beira-Rio será mais um obstáculo?
Tomara que não atrapalhe. Uma coisa é enfrentar oito horas de viagem para chegar à Colômbia, outra é duas para jogar em Caxias. Mas não deixa de ser uma viagem, uma casa diferente, que não é a nossa. Mas a gente tem que saber que não vai ter o Beira-Rio, que vai jogar em Caxias ou Novo Hamburgo. Independentemente do local que for, precisamos entender que, não importa o campo, o time pode estar forte.
E você pensa em atuar neste novo Beira-Rio?
Penso né? Tomara que eu consiga jogar. Acho que vai estar pronto no ano que vem. E, se tudo continuar, vou ter esta sorte, este privilégio.
Argentino com esposa e filhos no Natal Luz, em Gramado (Foto: Diego Guichard)
Não, mas cada ano que passa é preciso uma nova reflexão. Tenho que saber o que passei no futebol, a minha vida, a família. O meu contrato vai até 2015 e, não acontecendo nada de estranho, vou cumpri-lo. Não penso nisso. Só penso no Inter. Já passou o momento da China, do River também. Eu sei que o River sempre estará aí. Ele está na espera do jogador que foi revelado lá. E que eu também sinto saudade, seja do clube, do país, da família. Mas hoje eu sou colorado e estou muito feliz.
O que o Brasileirão significa para você?
A cada ano que passa ele toma ainda mais proporção. Ele tem uma importância muito grande. Para o grupo, para o clube e na cabeça do torcedor. Só que a gente não pode entrar nessa loucura. Tem que ir passo a passo, calmo, sabendo que existem inúmeras competições na frente para disputar. Vai ter a Copa do Brasil. E é preciso saber jogar o Brasileirão. Entender que, se não tem como ganhar fora, um empate é bom. E ser forte dentro de casa.
E como você avalia o time atual do Inter?
O time está se formando. O treinador está conseguindo manter uma base. O Dorival e o Fernandão não conseguiram nem dois jogos seguidos. O Dunga está montando um grupo com jogadores importantes, que foram campeões em outros clubes. Tem gente que já venceu o Brasileirão e sabe como é. Não é fácil. É um dos mais difíceis e competitivos. Se é que não é a mais. Existem outros times bem formados. Tem que ser inteligente. Entender que o campeonato é longo e que não se decide em três, quatro jogos. A gente vai precisar mostrar durante a competição o que quer.
Qual foi o seu principal momento e o mais difícil no Inter?
Positivo foi a Libertadores. É um sonho que eu tinha e não achava que alcançaria. Com a conquista da Sul-Americana e o grupo que tinha aqui no Inter, vi que o objetivo estava mais perto. Tinha muita gente capacitada. O Carvalho, que tanto me ajudou, sempre conversava muito comigo. O Piffero e o Silvio Silveira também. Eles passaram o planejamento que tinham de se classificar e ganhar. Não sei o motivo, mas deu tudo certo. Negativo eu não sei, mas há coisas em que fico envergonhado. A coisa do Corinthians na (final da) Copa do Brasil. A briga com o Willian (2009). Nem chegou a ser uma briga. Foi algo engraçado e eu fico envergonhado. É o meu caráter e não vou mudá-lo. Tem também ter ficado de fora da Copa Suruga (2009). Acho que não merecia.
O Tite explicou para você o motivo?
Não. Nunca. Acho que não merecia. Ele levou vinte e poucos jogadores. Mesmo que ficasse fora, eu podia ter ido para viver esse momento com o grupo.
O Mazembe ainda ronda a sua cabeça?
O pessoal fala no Mazembe, mas é o Mundial. Acho que a gente não fez tudo que podia fazer. Você sente a importância quando está fora da competição. Quando está lá, por toda adrenalina que envolve o futebol, você não consegue viver o momento. Mas, quando saí do Mundial, caiu a ficha e passei mal. Foi feio. A gente podia ter jogado a final. Não sei se iria ganhar, mas podia ter disputado a final.
Você acha que vai poder disputar outro Mundial de Clubes?
Não sei. Isso também ficou na minha cabeça. Será que vou ter essa chance de novo? Será que a gente aproveitou ao máximo? Que fez tudo o que tinha que fazer? Fica esse pensamento. Não faltou humildade, nosso grupo era muito trabalhador, humilde, que mesclava gente experiente com o pessoal mais novo, que já era uma realidade. Só que quando as coisas não dão certo... e não deu certo no Mundial. Não tem como explicar. E você sofre quando está fora.
A braçadeira mexe com você?
Significa responsabilidade. Eu fui capitão com 21 anos no River. Tive essa sorte com o (Manuel) Pellegrini (atual técnico do Málaga), que me deu a faixa e a gente foi campeão. Mas não vivi aquele momento como um líder, e sim como um capitão técnico, mais do que um cara importante fora do campo. Tinha gente grande como o Amelli (ex-Inter), o Coudet. Eu era mais a referência técnica. Hoje mudou um pouquinho. Já passaram dez anos. Além de eu assumir a minha responsabilidade como referência técnica, assumo fora também. Como um dos mais velhos, experientes. O cara que tem que puxar, ser positivo. Buscar ajudar os mais novos. Isso é tudo o que aprendi com quem me ensinou quando criança.
Na Argentina, há jogadores como Zanetti e Verón, que atuaram até próximo aos 40 anos. Você acha que pode seguir esses passos?
O Zanetti é diferente, é um trator (risos). O Verón também. Além de grandes atletas, são profissionais fantásticos. O Ayala (ex-zagueiro, hoje diretor do Racing), que é meu grande amigo, se cuidava muito. Vivi com ele na seleção e vi o que ele fazia. Ele se cuidava demais, seja no almoço, no que comia. Treinava uma hora a mais, fazia academia. A gente fica com isso na cabeça e tenta repetir. O mais importante é minha vida pessoal. Busco ser um atleta qualificado e que possa jogar muitos anos.
A seleção da Argentina continua como uma meta. Para você voltar precisa arrebentar no Inter. Como você lida com isso?
Eu não penso nisso. Se pensa, acaba não acontecendo. As coisas têm que vir ao natural. Sou um cara que não diminuo o meu nível de exigência. Nem no treino, no jogo, na pelada. Isso sempre foi um traço marcante e acho que não vai deixar de ocorrer. Acho que isso é o principal. Foi o meu caráter que me fez atuar na Europa, conhecer outros países. Acho que posso ter essa chance, mas sei que é complicado. Principalmente para ser titular na seleção. Mas fazer parte do grupo seria muito bom. Ajudando, sendo reserva, estando no grupo de 20, 25 jogadores seria muito importante.
Você chegou a conversar com o (Alejandro) Sabella (técnico da Argentina) depois que foi cortado do Superclássico de 2011?
Falei por telefone com ele. Ele disse que tinha me convocado e expliquei que tive um problema no músculo posterior da coxa. Aí depois acabei não sendo mais chamado. Não tenho nada a reclamar. Só posso continuar trabalhando. Sou consciente que será difícil ter uma vaga de titular. O grupo está bem formado. São jogadores mundialmente conhecidos, com carreiras consolidadas na Europa. Os meias da Argentina têm características diferentes. E hoje o atacante joga mais recuado como meia, ou o volante é adiantado. A Argentina muitas vezes atua sem meia. Vai com três volantes ou mesmo uma linha de quatro. Eu estou aberto. Sempre estive disposto a defender a seleção. Qualquer posição, se ele quiser que vá pela direita, pela esquerda. Só não sei se conseguiria ir no gol por conta do meu tamanho (risos). Quero somar. Tomara que surja essa chance.
Você fala em encerrar a carreira no River, mas, se estiver jogando próximo aos 40 anos, certamente poderá passar ainda por muitos outros clubes...
Pode acontecer. Mas hoje tenho esposa (Erika), dois filhos (Martina e Santino). Hoje divido as prioridades. Antes era só o futebol. E hoje eu converso tudo com minha mulher, o que é melhor para eles. Para não fazer loucura. Lógico que o futebol segue fazendo parte da minha vida, mas hoje é 50% futebol e 50% família. Tenho que falar com a patroa. Mas quem decide sou eu. Se tem uma chance que não se pode recusar, tem que ir. Ela entende e vai.
Os seus filhos falam português?
Falam melhor do que eu. Em casa, a gente fala espanhol, mas português na escola. E vão mudando. É impressionante como conseguem mudar. A criança pega rápido. É bom para eles. Fico feliz.
O Santino será jogador?
Não sei. Ele gosta. Ele vê o pai, que é atleta. Quando posso, o trago no treino. Gosta de chutar a bola, mas só tem quatro anos. Vamos ver.
O que você ainda busca no Inter?
Eu quero tudo. Tudo que disputar eu quero vencer. A gente tem grupo, uma estrutura muito boa, uma grande comissão técnica, um treinador que ganhou tudo no futebol, foi campeão de Copa do Mundo. E ele nos passa isso. É saber que tem que ralar, mas ganhar.
Você era conhecido pelo temperamento explosivo. Como é para você olhar para o banco e, as vezes, ver um cara ainda mais tempestivo?
Um tenta conter o outro (risos). O Dunga é isso. Ele foi assim como atleta e tem muito caráter. É explosivo e não vai mudar. Nem tem por que mudar. Ele tem uma conduta exemplar e passou para o grupo.
Como foi trabalhar com Falcão e Fernandão?
Foi bom, são dois caras diferentes. O Fernandão tinha acabado de sair do futebol. Não trabalhamos muito tempo, mas ele tem umas ideias muito boas. E o Falcão, por tudo o que representa no clube, também foi pouco tempo. Mas conseguimos esse Gauchão tão importante. E ainda é mais importante por ser no Olímpico. Nos demos muito bem. Mesmo ele me mudando às vezes de posição, me colocando na esquerda, a gente se entendeu bem.
Já pensou a respeito de seguir a carreira de treinador?
Pensei. Acho que vou fazer o curso de técnico na Argentina. Eu gostaria de ser um executivo. É algo legal. Já falei uma vez. Gostaria de trabalhar aqui no clube e ser uma conexão com a Argentina. É uma ideia minha, uma loucura, um sonho, mas que pode se tornar realidade. Não sei se vou ser técnico um dia, vamos ver.
D'Alessandro é referência técnica e também capitão (Foto: Diego Guichard / GLOBOESPORTE.COM)
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/internacional/noticia/2013/03/movido-por-sonho-e-dor-dale-vive-eterna-ambicao-sou-meu-psicologo.html
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