segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Alvo em Osasco, Natália diz: 'Entrou por um ouvido e saiu pelo outro'


Ponteira que trocou o time paulista pelo Rio de Janeiro comenta hostilidade da torcida no jogo de sexta-feira: 'Sabia o que me esperava, joguei aqui'

Por Thiago Braga e João Gabriel Rodrigues Osasco, SP

A dor de ver um ídolo deixar o seu time para jogar no seu maior rival é algo que demora a cicatrizar. E para extravasar esse sentimento, muitas vezes o torcedor “traído” age passionalmente. A ponteira Natália, do Rio de Janeiro, sentiu toda a ira dos torcedores do Osasco, clube onde foi formada e ficou por cinco anos na noite da última sexta-feira, quando as duas equipes duelaram pela última rodada da fase de classificação da Superliga. Osasco venceu por 3 sets a 2, em três horas de vôlei da melhor qualidade, fazendo jus à presença de nove medalhistas olímpicas em quadra.

Logo quando entrou no Ginásio José Liberatti para jogar contra a equipe da casa pela primeira vez desde que se transferiu para o Rio, Natália percebeu que não teria vida fácil. Ela foi recebida com gritos de “mercenária” e “pipoqueira”, além de vários cartazes que a chamavam de “Judas” e que pediam para as jogadoras de Osasco sacarem na camisa 12 adversária. Em um deles havia, uma réplica de uma cédula de R$ 50 com a foto de Natália (Veja no vídeo abaixo a recepção da torcida para Natália).

-  Estou trabalhando e tentando me concentrar mais. Eu sabia o que me esperava, joguei aqui. A torcida faz o que acha que é certo, mas entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Estou vindo de uma sequência de jogos não muito boa e estou trabalhando para melhorar – resumiu.

Extremamente vaiada, Natália sentiu a pressão já no início, que resultou no primeiro erro da partida, no que foi prontamente “saudada” pela torcida adversária com os gritos de “burra”. Mas a coisa só piorava. A cada vez que ela se encaminhava para a linha de saque, os 4.500 presentes se tornavam uma única voz e a vaiavam sem piedade.



Torcida do Osasco (Foto: João Gabriel Rodrigues/Globoesporte.com)Torcida do Osasco pede para o time explorar a ponteira do Rio de Janeiro (Foto: João Gabriel Rodrigues/Globoesporte.com)

No primeiro tempo técnico do jogo, Natália recebeu uma atenção especial da líbero Fabi, da levantadora e capitã Fofão e do técnico Bernardinho. Todos pediam para que ela mantivesse a calma. Fabi, talvez, tenha sido a mais importante. O pedido da torcida para que os saques de Osasco fossem direcionados a ela foi atendido pelas jogadoras da equipe paulista. Na primeira parcial, foram nove saques em cima de Natália. Poderiam ser mais, não fosse a cobertura que Fabi fazia da companheira.

No segundo set a história se repetiu. Nove saques tiveram como direção a posição que Natália ocupava em quadra. Além disso, a camisa 12 da equipe carioca pecava no ataque e no saque, mandando na rede a bola por duas vezes.
 

Com dois sets a zero para Osasco no placar, o que se viu na virada para o terceiro set foi uma Natália cabisbaixa, abatida. Se no jogo do primeiro turno, Natália foi um dos destaques, com 15 pontos, neste ela deixou a desejar, anotando apenas três pontos. A irregularidade fez com que Bernardinho a substituísse por Regiane. Rio de Janeiro reagiu, venceu os dois sets seguintes e garantiu assim o primeiro lugar na fase de classificação.

Depois de um rápido bate-papo com seu ex-técnico Luizomar de Moura, Natália se emocionou. Com lágrimas nos olhos, deixou transparecer que ficou incomodada com a reação dos torcedores.

- Foi a coisa mais ridícula eu ver a minha cara na nota de R$ 50. Eu fiquei gargalhando. Já me chamaram de gorda em outros lugares. Mas tenho que me acostumar.


Cédula com o rosto de Natália (Foto: Divulgação/Osasco)Cartaz com a cédula que tinha o rosto de Natália (Foto: Divulgação/Osasco)

Luizomar preferiu relativizar a participação da torcida na atuação apagada de Natália. E deu um conselho.

- É uma mágoa muito grande (que a torcida tem). Ninguém queria que ela saísse. Ela ganhou um título importante para nós no Ibirapuera (em 2010, contra o Rio de Janeiro, após cinco vices seguidos). Mas isso é importante, faz parte do crescimento dela – garantiu Luizomar.

Sobre o pedido da torcida para forçar o jogo em cima da camisa 12, Luizomar desconversou.

- Isso faz parte da estratégia de jogo. E a minha estratégia eu não posso revelar – despistou.

Agora o Osasco encara o Minas na próxima terça-feira, às 18h30m, no José Liberatti, no primeiro confronto das quartas de final. O SporTV transmite a partida ao vivo, e o GLOBOESPORTE.COM acompanha em Tempo Real.


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2013/02/alvo-em-osasco-natalia-diz-entrou-por-um-ouvido-e-saiu-pelo-outro.html

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