FONTE:
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/em-evento-do-mst-lula-defende-frente-para-restabelecer-a-democracia/
Em evento do MST, ex-presidente disse que golpe “não vai parar por aí”
A quadra da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema, interior paulista, ficou tomada por movimentos populares no ato em solidariedade ao Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) neste sábado (5). A mobilização foi uma resposta à repressão truculenta da polícia, que na sexta-feira (4) demonstrou a criminalização da luta do movimento ao invadir a ENFF e realizar uma série de buscas por lideranças do MST sem ordem judicial.
A atividade contou também com a participação de políticos e parlamentares como o ex-presidente Lula, o Senador Lindbergh Farias e o Deputado Federal Ivan Valente (PSOL-SP), que realizaram falas em defesa do MST e contra a violação de direitos presente no contexto atual brasileiro. Entre as demais personalidades, movimentos populares, organizações e sindicatos presentes no ato estavam lideranças e representantes do Levante Popular da Juventude, da União Nacional dos Estudantes (UNE), do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) e do Coletivo Democracia Corinthiana.
O evento contou também com representação internacional de organizações de 36 países, entre eles África do Sul, Egito, Gana, Índia, Síria, Tunísia, Venezuela, Cuba e Palestina – sendo que os representantes dos dois últimos países foram ovacionados pelo público. O ato teve início com intervenções artísticas musicais do MST e de representantes do Sindicato Nacional dos Metalúrgicos da África do Sul (NUMSA) e foi seguido por falas das lideranças.
Rosana Fernandes, integrante da Direção Nacional do MST e integrante da coordenação da ENFF, deu início a apresentação dos presentes . “Para muito mais do que prestar solidariedade, esse é o momento de dizer que a classe trabalhadora está viva. Nesse lugar simbólico reafirmamos nosso compromisso e afirmamos que estamos resistentes, esperançosos e solidários com a causa maior: a liberação da classe trabalhadora em todas as dimensões”.
Em sua fala, que encerrou a manifestação, o ex-presidente Lula destacou sua lembrança do velório de Florestan Fernandes e da presença da violência policial. “Eu lembro que no velório dele eu recebi a notícia do massacre da Vila Columbiária, 11 manifestantes do MST assassinados em Rondônia. Fomos lá ver o estrago que a polícia tinha feito. Eu sinceramente já acho que passou da hora da gente viajar pelo Brasil fazendo atos solidários às vítimas dessas desgraças”, afirmou.
Lula destacou também a importância da união dos movimentos populares no contexto político atual. “Eu vim aqui hoje para ser solidário e tentar discutir com vocês o que está acontecendo no Brasil, que é muito grave e eu não sei se já construímos uma teoria para entender. (…) Existe uma coisa estranha acontecendo no momento em que o Brasil cismou em ser protagonista internacional. Bem quando esse país aprendeu a empinar um pouco o pescoço de forma modesta e dizer eu existo’, de dizer que temos uma dívida mais importante com os africanos, que não pode ser mensurada, e que não podemos olhar para a Europa sem olhar para a África”, disse.
“Nós já ganhamos e já perdemos, precisamos construir um movimento que seja capaz de unir todos e fazer uma proposta para o futuro do país nos próximos 20 ou 30 anos. Está na hora de construir algo mais sólido, não um partido, mas um movimento para restabelecer a democracia nesse país”, completou o ex-presidente.
A formação de uma frente de esquerda, segundo Lula, “unificaria o país” e superaria a “torre de Babel que existe hoje, em que cada um fica gritando no seu canto”.
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