OLIMPÍADAS RIO 2016
TIRO CO ARCO
Única do país na modalidade, Shehzana Anwar é treinada pela mãe e começou no esporte por influência religiosa. Agora, sonha com equipe nos jogos de 2020
Em meio
a tantos corredores, Shehzana Anwar preferiu usar as mãos. No Quênia, se o
caminho mais provável no esporte está nas pistas, a jovem escolheu aos 13 anos
outro rumo. Incentivada pelo islamismo, que diz que o tiro com arco, o hipismo
e a natação são os “únicos esportes que os anjos fariam”, como ela diz, decidiu
tentar a sorte. Em casa, teve seu maior apoio: a mãe, Tabassum Anwar, que
também virou sua técnica em busca do sonho olímpico. Campeã africana, é a única
atleta do tiro com arco da delegação do Quênia qualificada para os Jogos do
Rio. Dos 83 quenianos inscritos no evento, 51 praticam alguma modalidade do atletismo.
No
Quênia, Shehzana trabalha com recursos humanos. Procura, em toda a África,
funcionários para empresas e indústrias locais. Diante da força do atletismo de
seu país, sonha com o crescimento do tiro com arco para, quem sabe, não seja a
única queniana no esporte nos Jogos de 2020.
O tiro
com arco era a maior paixão de Tabassum na infância. Os tempos, porém, eram
diferentes, e ela não seguiu carreira. Em meio aos outros três irmãos, Shehzana,
de 26 anos, foi a única a se interessar pelo esporte. A mãe, então, viu a
oportunidade de que a filha seguisse o caminho que ela havia sonhado antes. O
ponto alto da jornada é agora, no Rio de Janeiro.
Zhehzana Anwar, com a mãe, Tabassum: atleta
do tiro com arco (João Gabriel Rodrigues)
- Eu
tenho três irmãos. Por isso acho que minha mãe está cansada de mim porque ela
está presa a mim desde que comecei no tiro com arco. Como ela é a minha técnica,
vai comigo a todas as competições. Mas isso também fez com que nos uníssemos. E
ela me dá o incentivo certo nos treinos. É minha família. Eu sempre amei
esportes. Fiz vários. Religiosamente, no Islã, acreditamos na história do
profeta que, de todos os esportes que os homens fazem, apenas tiro com arco,
hipismo e natação são esportes que os anjos fariam. Quando comecei no tiro com
arco, meus pais eram muito religiosos e me incentivaram a fazer. Eles acharam
que seria uma bênção. É por isso que agora estou presa ao esporte (risos).
A mãe,
ao ver a filha representar o Quênia nos Jogos, sorri feliz. Ao lembrar de seus
sonhos da infância, festeja o caminho que a filha seguiu.
- Quando
eu era mais nova, o tiro com arco costumava ser a minha paixão. Então, acabou
se tornando a paixão dela também. Eu nunca competi, como ela está competindo
agora. Nós treinamos juntas. Ela me incentiva, eu a incentivo. É por isso que
estamos aqui. Era algo que eu sempre quis fazer, mas nunca consegui. Fui criada
em um ambiente diferente. Ela tem outros três irmãos. Quando eu a criei, ela era
a mais esportista deles. Então, eu a incentivei. Eu acho que ela se sente muito confiante. No
Quênia, ela vence inclusive os homens. Ela vence todo mundo. Acho que isso a
deixa ainda mais confiante.
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- O
tiro com arco ainda é muito pequeno no Quênia. Quênia é para os corredores,
obviamente. Mas ainda estamos tentando fazer o esporte crescer. Com sorte,
vamos conseguir. Quem sabe, na próxima Olimpíada, possamos ter um time por
aqui.
Por
enquanto, ela está feliz. No sambódromo, onde serão realizadas as competições
do tiro com arco, consegue ver um dos pontos turísticos do Rio, o Cristo
Redentor. Se conseguir algum tempo livre após a disputa, espera fazer uma
visita ao lado da mãe.
- É tudo
muito bonito. Tudo está funcionando muito bem. Eu não poderia estar mais feliz.
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