Marisa Dick está treinando no Parque dos Atletas para a estreia no Rio (Foto: Marcos Guerra)
A sigla MD marca a largada de Marisa Dick para o salto no
treino do Parque dos Atletas, é a prova escrita de que realmente a ginasta de
19 anos está na Olimpíada do Rio de Janeiro. Foi improvável o caminho para a
inédita classificação de uma representante de Trinidad e Tobago na modalidade,
com direito a escândalo de topless, corte de última hora da compatriota Thema
Williams no evento-teste e uma polêmica que dividiu o país caribenho. Um
roteiro digno de novela que, ao menos para Marisa, tem um feliz capítulo final
nos Jogos.
- Você tem de esquecer (as polêmicas). Muitas coisas estavam
nas redes sociais. Eu estava no Canadá, tentava ao máximo ficar fora disso,
apenas não olhar o lado negativo e focar no positivo. Significa muito para mim
(ser a primeira do país nos Jogos). Ginástica é minha vida. Tomara que haja
mais depois de mim, que a ginástica ganhe seu espaço em Trinidad e Tobago - contou
Marisa, em entrevista ao GloboEsporte.com.
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Montagem
de Thema Williams e foto de Marisa
Dick foram pivôs do escândalo do
topless em
Trinidad e Tobago (Foto: Reprodução
Instagram/Snapchat)
O PRIMEIRO CAPÍTULO
O enredo improvável da classificação de Marisa começou no
Mundial de Glasgow, na Escócia, no ano passado. A federação local (TTGF) havia
determinado que a melhor do país na competição levaria a vaga no evento-teste,
competição pré-olímpica. Por quase um ponto de diferença, Thema levou a melhor.
Parecia o fim do sonho olímpico de Marisa, mas um escândalo a colocou como
titular.
O ESCÂNDALO E A REVIRAVOLTA
Thema Williams e Marisa Dick competiram juntas no Mundial de 2015 (Foto: Reprodução Facebook)
Em fevereiro, a TTGF e vários veículos de imprensa de
Trinidad e Tobago receberam uma montagem de Thema sem blusa, cobrindo os seios
apenas com as mãos. A reação da federação foi colocar Marisa como a ginasta que
tentaria a vaga olímpica, só que apenas dois dias depois também se tornou
pública uma foto da ginasta de topless. Thema retomou o posto de titular e
chegou a viajar ao Rio de Janeiro em abril e até disputou o treino de pódio do
dia 15. No mesmo dia, à noite, a federação nacional alegou ter
recebido um e-mail do técnico dela, John Geddert, comunicando sobre um
desempenho abaixo do esperado devido a uma lesão no tornozelo. Marisa
foi acionada às pressas para competir e conseguiu a inédita vaga.
- Foi uma reviravolta de emoções. Depois
do Mundial da Escócia, estava com o coração partido, pensando que o meu sonho
olímpico tinha acabado. Quando eu recebi a ligação um dia antes de competir,
fiquei fazendo as malas e chorando por duas horas. Estava muito animada. As
pessoas falavam: “Você está tão nervosa”. Mas tive tempo, o de sair de casa, de
entrar no avião e me aquecer para competir. Foi tudo muito rápido. Foi
incrível. Muita emoção - recordou Marisa.
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A POLÊMICA
A vaga estava nas mãos da ginasta, mas ainda não era certa
sua participação na Rio 2016. O país se dividiu com o caso, e uma forte
campanha nacional apoiou Thema - seu treinador alegou ter sido mal interpretado
sobre as condições da ginasta. A opinião pública encarou as ações como
decisões políticas devido à ligação dela com Ricardo Lue Shue,
vice-presidente da TTGF - o fato de Marisa morar no Canadá também pesou.
Muitas personalidades do país posaram de topless a favor de Thema, mas a
Federação Internacional de Ginástica (FIG) não permitiu uma troca de ginastas,
já que a vaga de Marisa era nominal. Ela tenta se manter afastada da polêmica e
diz representar também a compatriota.
- Estou aqui por nós duas, porque era o sonho das duas. É o
que todas as ginastas buscam. Eu represento Thema do mesmo que represento
Trindad e Tobado aqui na Olimpíada. Somos amigas. Competimos juntas nos últimos
quatro anos. Construímos uma relação. Mesmo depois do evento-teste, saímos no
dia seguinte e nos divertimos muito. Somos duas amigas fora da ginástica, com
conversar normais - disse Marisa.
Campanha nacional apoiou Thema Williams em
Trinidad e Tobago (Foto: Reprodução Facebook)
FINAL FELIZ, PARA MARISA
Sigla de Marisa Dick na pista de salto do Parque dos Atletas (Foto: Marcos Guerra)
Enquanto Thema ainda briga na justiça de Trinidad e Tobago
contra a TTGF - ela pede cerca de R$ 6 milhões por ano -, Marisa está no Rio de
Janeiro, pronta para a estreia do seu país na ginástica artística dos Jogos, no
dia 7 de agosto. Não tem esperanças de medalha ou mesmo de chegar a uma final,
mas espera colocar seu nome no código de pontuação da modalidade apresentando
um novo elemento na trave. Para ela, o sonho olímpico enfim virou realidade.
- É o que eu esperava. Fui aos Jogos Pan-Americanos e foi um
pequeno aperitivo de como um é uma competição multiesportiva. A ginástica é a
mesma, mas é muito emocionante. Tudo é tão grande. Você está cercada pelos
melhores atletas de todos os esportes. É incrível.
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