sexta-feira, 1 de abril de 2016

Final da Superliga mexe com pais de gêmeas: "Gostaria que desse empate"



Presença inédita de Michelle e Monique na final da Superliga mobiliza casal, que vai ao DF. Trauma do passado faz mãe não prometer presença no Ginásio Nilson Nelson





Por
Rio de Janeiro




O coração de Carmen Marinho está batendo mais forte do que nunca. O de Robson Pavão tem uma frequência menos frenética, porém acima do normal. Em comum, o nível de orgulho dos dois, cada um do seu jeito. Eles são os pais das gêmeas Michelle e Monique, finalistas da Superliga de vôlei com Praia Clube e Rio de Janeiro, respectivamente. O casal vai ver as filhas de 29 anos pela primeira vez como titulares na final da competição mais importante do país - e uma delas subir no lugar mais alto do pódio (as duas já levantaram o troféu com o Rio, mas na reserva). Em compensação, para uma sorrir, a outra terá que sair frustrada do Ginásio Nilson Nelson, em Brasília, no domingo (assista ao vídeo acima). A TV Globo transmite o jogão, às 9h (Brasília), dentro do Esporte Espetacular - o SporTV também transmite. O GloboEsporte.com acompanha todas as emoções em Tempo Real.

- Como mãe, gostaria que desse empate, mas conheço minhas filhas e sei que darão o melhor delas. São duas meninas muito profissionais, corretas, que se cobram muito. Ao mesmo tempo, elas têm maturidade o suficiente para entender que é um esporte. São tão unidas que são capazes de ficarem felizes pela conquista da outra - afirmou Carmen.


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Mosaico Gêmeas Michelle e Monique (Foto: Arquivo Pessoal)Mosaico Gêmeas Michelle e Monique (Foto: Arquivo Pessoal)


Esse foi um dos poucos momentos em que a matriarca ficou tranquila, durante a entrevista no apartamento onde mora com seu marido e sua filha mais velha, Dani. Falar de uma partida com a presença das suas filhas deixa Carmen com a voz embargada, o rosto corado e a pressão mais alta. Não, simplesmente, pela emoção do momento. Como ela mesma diz "culpa de um trauma do passado".

- Uma vez fui ver a Monique jogar em Macaé. Estava na arquibancada, conversando, quando vi meu marido levantar, sair correndo e pular o alambrado, não vi o que tinha acontecido. Era a Monique estirada em quadra. O Robson é uma pessoa muito tranquila. Quando vi que ele estava ajudando a socorrê-la, pois ele é fisioterapeuta, pensei no pior. Ela teve uma lesão séria no joelho, teve que operar e ficou muito tempo sem jogar - lembrou Carmen.

Em conversa com a filha, a mãe superprotetora ponderou que Monique parasse ali. A resposta foi um sonoro "não". Sem escolhas e com o medo que a dose se repetisse algum dia, a matriarca resolveu se preservar. A decisão foi por parar de ir aos ginásios e de assistir aos jogos pela televisão. Ela só vê as reprises. Porém, toda a regra tem sua exceção. No segundo jogo da semifinal contra o Osasco, Carmen foi ao Tijuca por um pedido da mãe Marlene, que gostaria de ver a neta Monique em ação. Para o dia mais importante das carreiras das filhas, novo sacrifício.

- Meu marido comprou nossas passagens, e eu vou para Brasília, mas não sei se conseguirei ir ao ginásio. Uma vez fui até Macaé e não saí do hotel. Fico com medo de me sentir mal no jogo e acabar atrapalhando. Vamos ver - declarou Carmen, que também não gosta da ideia de viajar de avião por conta da claustrofobia (medo de lugares fechados e abafados).

Robson consegue curtir mais o dia a dia profissional da filhas. Sempre foi um incentivador do esporte. Ao lado de Carmen, colocou as meninas em flauta, teatro, ballet, jazz, tênis de mesa, natação... até que o vôlei virou o preferido e definitivo.


Pais de Michelle e Monique Robson, Carmen, Marlene e a cadela pretinha (Foto: Arquivo Pessoal)
Pais de Michelle e Monique, Robson e Carmen 
vão para Brasília. A avó Marlene esteve 
presente na semifinal contra o Osasco. 
A cadela pretinha assiste apenas pela 
televisão (Foto: Arquivo Pessoal)



- Eu praticava esporte, mas não fui profissional. Na minha época, muitas pessoas fumavam, e o esporte era referência de algo saudável, queria isso para elas. Carmen e eu sempre incentivamos as meninas a praticarem, gastar energia, mas nunca pensamos nisso como profissão. A minha ficha só caiu quando a Monique recebeu uma proposta para jogar no Macaé. Como ela tinha 17 anos, tivemos que assinar uma autorização. Mas sempre disse a elas que o dia que elas não quiserem mais, têm casa e comida esperando por elas - disse.

Michelle e Monique Pavão (Foto: Arquivo Pessoal)Michelle e Monique Pavão não se desgrudam desde criança
(Foto: Arquivo Pessoal)


Se nas quadras as emoções afloram, os "técnicos" Carmen e Robson não precisaram dar broncas em casa. Tranquilas e companheiras, Michelle e Monique só eram chamadas a atenção quando resolviam brincar de manchete. Para não correr o risco de ter algo quebrado, os pais davam instrução para que as meninas ficassem sentadas, e a bola, baixa.

- Elas eram tranquilas, estudavam de manhã, algumas vezes tinham aula de inglês no começo da tarde e depois os treinos, gastavam toda a energia lá. Quando voltavam para casa, era mais para fazer dever de casa e depois dormir - declarou Robson.

A conexão das gêmeas impressiona até mesmo aqueles mais próximos.

- Olha, a gente não sabe explicar o que acontece. Uma vez, no colégio, a professora me chamou para entender como podiam a Michelle e a Monique tirar a mesma nota, fazendo prova em salas diferentes. Elas erravam as mesmas coisas, com as mesmas palavras. A cumplicidade delas é algo que a ciência não consegue explicar, parecem estar no mesmo corpo. Me lembro que, quando eram bebês e uma tinha cólica, a outra se mexia junto. O que uma sente a outra sente também - declarou Carmen, que sonha ter as duas em seus braços ao fim da manhã de domingo.

Michelle e Monique Pavão (Foto: Arquivo Pessoal)
As duas começaram na natação, mas depois 
migraram para o vôlei do Fluminense 
(Foto: Arquivo Pessoal)


Michelle e Monique Pavão (Foto: Arquivo Pessoal)
Idênticas, as gêmeas era diferenciadas pelo 
sorriso. Michelle era mais extrovertida; 
Monique mais sisuda (Foto: Arquivo Pessoal)


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