quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Dunga valoriza drible na Seleção e diz: "Sou melhor hoje do que ontem"


Irritado por ter que abrir treino ao público na véspera do jogo, técnico diz que mudou equipe porque se aprimorou e afirma que usar "escola brasileira" foi maior virtude




Por
Salvador


Dunga Brasil x Peru (Foto: Reuters)Dunga comanda seleção brasileira durante vitória por 3 a 0 sobre o Peru (Foto: Reuters)


"Escola brasileira". Foi esse o termo utilizado por Dunga ao citar o ponto mais positivo da vitória por 3 a 0 sobre o Peru, que encerrou o ano da seleção brasileira e deixou a equipe em terceiro lugar nas eliminatórias da Copa do Mundo de 2018. Com Willian e Douglas Costa em noite inspirada, o técnico valorizou, como de costume, o drible. Ressaltou até o "olé" entoado pela torcida em alguns momentos, e se deu o luxo de proferir uma frase pouco modesta.

Questionado sobre as mudanças frequentes – foram quatro formações diferentes nas quatro partidas disputadas pela Seleção no torneio –, Dunga assegurou que isso é um sinal de sua evolução profissional. E comparou a análise que se faz em relação aos europeus.

– Uma das certezas que tenho é de que sou melhor do que era ontem. Todo mundo fala em mudança tática, de sistema, mas quando o treinador muda a equipe no Brasil, cai o mundo porque não repete a equipe. Na Europa, quando mudam o sistema de jogo, é porque o cara estudou, é fantástico. Eu tentei me aprimorar, buscar opções e estudar os adversários para encaixarmos nossa melhor formação e termos supremacia na nossa maior virtude, que é a qualidade técnica – afirmou o comandante da Seleção.

Sem relatar detalhes, ele também se mostrou muito contrariado por ter aberto o último treino da Seleção ao público, na véspera da partida. Torcedores que compraram ingressos para um show beneficente da cantora Ivete Sangalo ganhariam o direito de assistir à atividade de sábado, que acabou sendo feita em Buenos Aires, em razão do adiamento da partida contra a Argentina, na semana passada.

Houve estranheza entre os jornalistas quando Dunga liberou precocemente o acesso da imprensa e da torcida às arquibancadas. Ele não ficou nada satisfeito.

– Nós somos organizados, mas muita gente não quer que sejamos. Além de ser pouco tempo para treinar, têm que nos dar certa privacidade. As pessoas têm que entender que no futebol há vários interesses, mas nós temos um só e esse planejamento deve ser obedecido em respeito à seleção brasileira.


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Veja os principais trechos da entrevista coletiva de Dunga:

PONTO POSITIVO
– Insistir com a escola brasileira, do drible, da criatividade. Podemos melhorar se circularmos a bola mais rapidamente de um lado para o outro, colocarmos o adversário em dificuldade no um contra um, com uma transição mais rápida. Mas, aos poucos, a equipe vai se encaixando. Mudamos alguns jogadores, mas a equipe teve progresso atuando compacta.

CLASSIFICAÇÃO
– Queremos nos classificar, estar entre os quatro. Todos falávamos da dificuldade que seriam essas eliminatórias, mas a equipe vem crescendo. Saímos de sétimo para quinto, terceiro... A tendência é melhorar e buscar nossa classificação, que é mais importante.

ANÁLISE
– Enfrentamos uma equipe sólida, com jogadores rápidos e bons na bola aérea. Miranda e Gil foram bem, jogar contra o Guerrero não é fácil, ele protege muito bem a bola, tem bom cabeceio. Hoje eles não tiveram chance de cabecear na nossa área. Houve várias evoluções.

PRÓXIMO JOGO EM MARÇO
– Não há muito o que fazer com os jogadores nos seus clubes. Não teremos tempo para treinar, teremos que conversar com os jogadores e torcer para que, em março, eles retornem em boas condições clínicas e físicas, em bons momentos nos seus clubes.

ELIAS
– Se eu convoco porque ele se destaca no clube, é óbvio que quero que ele faça na Seleção. Nem em todos os jogos do Corinthians ele vai toda hora à frente. Depende do espaço, se o lado oposto é mais vulnerável. No terceiro gol, Elias estava lá na frente com os dois laterais e os outros três do meio. São circunstâncias. Só se eu fosse louco... Convoco pelo que ele faz no Corinthians e aqui peço para ele jogar diferente? Não passa do meio, não chuta a gol...

RENATO AUGUSTO NO LUGAR DE LUCAS LIMA
– Eu não queria dar referências aos dois zagueiros do Peru. As duas alas teriam mais facilidades para atacar, continuaríamos sendo agudos e com mais velocidade individual, mais entradas do Elias e do Renato, mais posse de bola, maior controle do meio-campo. Principalmente, aproveitar as individualidades pelas laterais. No segundo tempo invertemos (Willian e Douglas Costa) porque o lateral-esquerdo não tem perna direita, o Douglas teria mais facilidade de cortar.

NEYMAR
– São dois ou três para marcarem o Neymar, sobra espaço para os outros. A bola sobrou para o Renato no segundo gol porque o Neymar abriu espaço, trabalhou, naquela posição ele teria maior liberdade de movimentação. Necessita de mais tempo de treinamento para infiltrações e trocas de posições entre o Neymar e os jogadores que vêm de trás, mas ele fez um gol que o juiz anulou e teve boa participação coletiva. Ele joga assim algumas vezes no Barcelona, mas muito mais pelo lado esquerdo. Aos pouquinhos vai se adaptando.

TRIO DO CORINTHIANS
– São jogadores de qualidade, assim como há no Barcelona, Atlético de Madrid, Bayern... É importante o clube porque jogam competições fortes, são líderes do Campeonato Brasileiro. Mas foram citados Miranda, Elias, Renato Augusto, Douglas Costa, Willian... Isso quer dizer que há equilíbrio de rendimento. É isso que buscamos.

APOIO DA TORCIDA
– Estamos no caminho certo. Fazer seis gols em dois jogos em casa não é fácil. Saímos atrás e conseguimos empatar com a Argentina. Vimos hoje a qualidade do time contra quem jogamos. A torcida começou a cantar "olé" duas vezes, isso é bom sinal, aconteceu pela qualidade dos jogadores. A torcida gosta de ver drible e humildade na hora de marcar.


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2015/11/dunga-valoriza-drible-na-selecao-e-diz-sou-melhor-hoje-do-que-ontem.html

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