Presente em todos os jogos do Sul-Americano, mãe admite não ter curtido decisão da musa em posar para revista masculina e trocar de piso. Pai agradeceu Zé Roberto
Mari Paraíba teve a companhia dos pais Isnaldo e Célia, em Cartagena (Foto: Fabio Leme)
- Qualquer campeonato, independente se é Sul-Americano ou Mundial, é valioso para qualquer jogadora. Estar fazendo parte deste grupo, no primeiro ano na seleção, me faz muito feliz - disse a camisa 9.
E o momento não alegra somente a menina de Campina Grande, que carrega no nome artístico sua origem. Seu atual condição também emociona àqueles que acompanharam o começo de sua trajetória.
Na cidade de Cartagena para ver a filha conquistar o título mais importante de sua carreira, os pais da bela paraibana são aqueles babões de carteirinha. Onde a eterna garotinha está, Isnaldo e Célia vão atrás. Longe de Mari desde a mudança dela para São Paulo há 15 anos, o casal de aposentados aproveita o tempo mais livre na agenda para matar a saudade da caçula.
- Minha filha saiu de casa aos 14 anos, desde esse período, onde ela joga, a gente acompanha. Foi assim no Osasco e nos outros clubes. Tinha espaço na agenda, a gente ia. Não só com ela, mas como Daniel, nosso outro filho que jogava. A Mariana na seleção é um momento único. Teve o Pan e agora o Sul-Americano. Como eu e velhinha (esposa) estamos aposentados, fazemos isso. É uma alegria, momento único e temos que aproveitar - declarou o empolgado e emocionado Isnaldo.
Célia e Isnaldo acompanharam todo o Sul-
Americano de vôlei em Cartagena,
acompanhando a filha Mari
(Foto: Fabio Leme)
- Mariana sempre foi uma atleta muito dedicada, titular nas equipes em que jogou e esperava a seleção antes de ela desistir de jogar voleibol para pensar em outras coisas. E, agora, foi uma surpresa para nós pegar a seleção, foi uma ótima surpresa - disse a mãe.
"Em outras coisas" é uma referência não só a mudança para as areias, mas também ao convite aceito pela ponteira para posar nua para uma revista masculina. Após as fotos e sem time na Superliga, Mari Paraíba foi ser companheira de Fernanda Berti e depois de Natasha Valente no vôlei de praia até o final de 2013.
- Eu tinha na cabeça que ela já era famosa, tinha alcançado o que queria e não precisaria daquilo. Mas, graças a Deus, ela reverteu o quadro, está aparecendo pela atleta que ela é, e não por beleza. Ela ter posado não interferiu em nada no trabalho dela. Se ela não tivesse trabalhado bastante, nunca teria chegado à seleção brasileira. A praia, sim, ajudou, a parte técnica e física dela melhorou. Aqui (quadra) jogam seis, na praia, duas. Aquilo foi muito bom para a cabeça dela. Era só ela e a outra. Graças a Deus, ela viu que a praia dela era a quadra (risos) - brincou Célia.
Célia foi professora de Mari no início de carreira
em Campina Grande. Isnaldo era engenheiro
(Foto: Fabio Leme)
- Desde a sua concepção, a gente tem que criar o filho para o mundo. Eu dizia para ela: "É isso que você quer? Se é isso, o mundo é assim". A gente sempre orientou. No caso da Playboy, eu disse: "Se você achar que deve ir....". Eu sempre concordei, minha esposa que ficou meio assim (cara de reprovação). Você vai receber isso e aquilo de nomes, mas é a sua vida. Graças a Deus, ela é muito cabeça. Às vezes, a ficha nem cai que ela está na seleção - declarou Isnaldo.
O discurso da medalhista de ouro sul-americana vai de encontro de tudo o que papai e mamãe disseram - a ponteira os chama assim até hoje. Se as fotos valeram uma boa grana, a passagem pelo vôlei de praia rendeu qualidade.
- A praia foi um importante passo na minha carreira, foi onde eu pude melhorar meus fundamentos. Não me arrependo nem um pouco de ter ido, mas acho que minha praia sempre foi a quadra (repete a mãe). Me encontro mais, me vejo jogando mais quadra, até porque é um esporte coletivo, gosto mais. Não foi uma decisão tão difícil, já tinha na minha cabeça querer voltar. Estou aqui, trabalhando duro, para me manter - declarou Mari.
Mari Paraíba foi a maior pontuadora da
partida contra a Argentina, com 14
acertos (Foto: Fabio Leme)
- Mariana foi muito determinada. Essas mudanças não são fáceis, todas são dolorosas, mas ela sempre foi focada no que queira fazer. O mundo roda, e olha ela aí hoje na seleção. Cheguei até a fazer um agradecimento ao Zé Roberto, e ele me disse: "Não, ela está aqui por capacidade".
Na final, o pai foi o personagem na arquibancada, perto do banco brasileiro. A cada saque das peruanas, gritava para errar. Nos pontos do Brasil, levantava e vibrava. Na reserva boa parter do duelo decisivo, Mari acompanhava tudo e sorria com Monique.
- (Risos) Não sei te dizer quem está mais feliz. Meus pais são muito fanáticos, me acompanham desde criancinha, independente se é no colégio ou na seleção, são muito corujas. Tenho muito sorte pelos pais que eu tenho - elogiou a atleta, com seu sotaque da Paraíba.
A inédita medalha de ouro já faz Mari sonhar com voos maiores. Sabedora que uma vaga nas Olimpíadas é algo pouco provável neste momento, ela não abre mão de sonhar.
- A gente tem que ir mentalizando isso, ainda mais as Olimpíadas, sonho de qualquer atleta. Sei que é muito difícil (estar nos Jogos), mas nada é impossível. Cheguei na seleção com 28 anos e não esperava, mas fui trabalhando. Hoje, estou aqui por algum motivo. Tudo acontece no seu tempo certo. Se for para eu estar lá, foi estar muito agradecida - afirmou a ponteira, que disputa posição com Jaqueline, Fernanda Garay, Natália e Gabi.
Terceira
jogadora da esquerda para direita na
fila central, Mari exibe orgulhosa
sua primeira
medalha de ouro com Brasil (Foto: Fabio Leme)
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