terça-feira, 7 de julho de 2015

Na linha de técnico ''sargentão'' e com rotina pesada, polo inicia sonho do Pan

Comandado pelo exigente e linha dura Rakto Rudic, renovado time do Brasil estreia nesta terça-feira com jogo-chave diante do Canadá. Mulheres também competem



Por
Direto de Toronto, Canadá

 
Da beira de piscina, o olhar intimida e impõe respeito. Afinal, o croata Rakto Rudic carrega consigo mais do que a marca impressionante de quatro ouros olímpicos como treinador. Chama para si a responsabilidade de comandar, motivar e exigir ao máximo da equipe brasileira em uma retomada até certo ponto surpreendente a um ano dos Jogos Olímpicos em casa. Após o bronze na Liga Mundial há duas semanas, a equipe chega ao Pan de Toronto com ânimo renovado e projetando sim o degrau mais alto do pódio. Mas para almejar a medalha de ouro, teve de encarar mudanças - tanto de filosofia quanto estruturais (como a chegada de jogadores que estavam longe do país) - e uma rotina para puxada e monitorada de perto pelo comandante. 


Felipe Perrone - Polo Aquático (Foto: Marcos Ribolli)
Felipe Perrone é um nome forte no cenário 
mundial do Polo Aquático 
(Foto: Marcos Ribolli)


Exigente, Rudic pega pesado nos treinos físicos e táticos, que podem chegar até a oito horas por dia. Adota a filosofia de ''cuidar'' dos atletas 24 horas por dia. Está a par do horário que cada um acorda e vai dormir. Quer todos juntos para as refeições. Segundo os próprios atletas, é uma espécie de ''sargento'.

- Nesse período de concentração, ele é muito exigente não só pela carga de treinos, mas também tem esse protocolo. Óbvio que é um cara com quatro ouros olímpicos, o que ele falar nós vamos fazer - conta o carioca Felipe Perrone, destaque do time brasileiro e com duas participações olímpicas pela Espanha.

Brasil e Canadá se enfrentam pela fase de grupos do Pan de Toronto nesta terça-feira, às 19h (de Brasília). A seleção feminina, sob o comando do canadense Pat Oaten, também estreia diante das donas da casa, no mesmo dia, às 13h. O GloboEsporte.com acompanha as primeiras disputas do evento a partir das 11h.

Apesar da mudança na estrutura dessa seleção, o resultado da Liga Mundial - torneio que reuniu os oito melhores times do mundo - foi surpreendente até mesmo para o técnico croata. Virada a página, Rudic mostrou que o discurso é de quem quer segurar a boa fase bem perto. Apesar de cobrar todo o esforço físico pesado, também fez questão de apontar a importância de se trabalhar o psicológico dos atletas.


Ratko Rudic - técnico seleção de polo aquático (Foto: Marcos Ribolli)Rudic chegou ao Brasil após quatro ouros olímpicos (Foto: Marcos Ribolli)


- Hoje temos um jogo forte para enfrentar grandes equipes. Estamos progredindo muito e tivemos esse grande resultado, que também me surpreendeu. Mas é como eu disse aos rapazes: Esse resultado tem que ficar na história do Polo Aquático brasileiro. Mas cada competição é muito difícil. Temos que trabalhar forte para manter essa posição. Acho que a preparação psicológica e mental do time é importante. É um projeto longo e estamos mostrando que estamos no caminho certo - diz.


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A estreia do Brasil no Pan, diante do Canadá, é considerada chave para o técnico. Uma vitória, pode ajudar o país a evitar um embate contra os Estados Unidos logo na semifinal. Isso, claro, se o time se sair bem diante dos outros rivais do grupo: Venezuela e México.

- Chegamos aqui e vamos tentar o ouro. Vai ser difícil porque Estados Unidos e Canadá brigam pela qualificação olímpica e estou supermotivado. Mas nós também estamos supermotivados - analisa.


A evolução da equipe masculina do Brasil se deve a uma soma de fatores, que inclui o peso da experiência do chefão Rudic. Em 2013, a Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos (CBDA) deu início a um projeto em parceria com o Comitê Olímpico Brasileiro para que o polo aquático pudesse brigar pela presença nos Jogos do Rio 2016. A vinda de Rakto foi o pontapé inicial. Posteriormente, repatriou Felipe Perrone, atleta que deixou o país com 17 anos e havia representado a Espanha nos últimos dois últimos ciclos olímpicos.

Ives Gonzalez jogador de polo aquático do Pinheiros (Foto: Ricardo Bufolin / Pinheiros)Ives é mais um nome forte do Brasil
(Foto: Ricardo Bufolin / Pinheiros)


Após dois anos de processo, o croata Josep Vrlic, considerado um dos maiores jogadores do esporte no mundo, foi naturalizado. Para os próximos meses, a expectativa é que o goleiro sérvio Slobodan Soro seja também ''regularizado''. De olho no mesmo projeto de alto rendimento, três outros atletas que têm cidadania do país vestiram as cores verde e amarela. Adria Delgado (nasceu no Brasil, mas cresceu na Espanha), Paulo Salemi (filho de mãe brasileira) e Ives Alonso (cubano, casado com brasileira e que vive no país há cinco anos). O técnico ressalta que o único atleta que, de fato, foi naturalizado é Vrlic.

- Eles são jogadores brasileiros, do Brasil. Apenas um foi naturalizado - diz.

Referência da seleção, Felipe Perrone concorda com o treinador diante desse aspecto. Ele entende que Adria, Salemi e Ives tinham cidadania brasileira e o direito de representar o país. Mas compreende que, no caso do atleta croata, existe algum tipo de descontentamento. Mas exalta a importância do novo companheiro.

- Acho que no caso do Josip, realmente foi uma naturalização. É um caso diferente. Nesse caso, entendo quem de repente deixa de estar na seleção e fique chateado. Normal. Mas também vejo a importância que teve para esse projeto ter alguém que tenha tanta experiência - completa o jogador.



FONTE:
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