Direção notifica Palmeiras, São Paulo e Botafogo-SP, clubes que receberam atletas após rescisão. Ideia é buscar entendimento antes de debate judicial
O imbróglio
que impede a estreia de Luis Ricardo, jogador cedido pelo São Paulo, é apenas a
ponta de um iceberg a ser desviado pelo Botafogo para evitar um naufrágio
financeiro. Ao ser notificado pelo Alvinegro, que busca compensação pelo meia
Daniel, o clube paulista decidiu rever o empréstimo do lateral-direito. A
resposta foi o primeiro obstáculo à estratégia carioca de, antes de ingressar
na Justiça, buscar um acordo, situação igual a de Gabriel (Palmeiras) e de Andrey
(Botafogo-SP). O trio de promessas conseguiu a rescisão contratual graças ao
atraso no pagamento de salários e direitos trabalhistas. O que não impede o
Bota de entender indenização.
Daniel
(2017), Gabriel (31 de dezembro) e Andrey (30 de abril) tinham contratos em
vigor. Após conseguirem na Justiça a rescisão, acertaram com outros clubes. O
Botafogo entende que a desvinculação do direito federativo (o vínculo
contratual com o clube) não finda a paternidade do direito econômico (valor do
atleta). A notificação, feita no último dia 30 de janeiro, revelada apenas
agora, dada a demora na liberação de Luis Ricardo, foi o primeiro passo em
busca de um acordo. Outra, estipulando valores para cada um dos atletas, deve
ser feita dentro de um mês. Se não houver entendimento, os casos serão
debatidos nos tribunais.
Daniel (E) e Gabriel: jogadores deixaram
Botafogo, e agora clube tenta compensação
(Foto: Vitor Silva / SSPress)
- Quando
acontece a uma ruptura por falta de pagamento, o que reconhecemos, o atleta
fica livre para negociar com outro clube. Isso, porém, não significa que o
antigo proprietário perdeu os direitos econômicos. A lei não diz isso. O
entendimento é de que temos direito a receber o valor ou alguma compensação. O
Botafogo investiu neles e, por força do Botafogo, eles ganharam projeção,
ganharam valor de mercado. Buscaremos um acordo. Caso contrário, vamos à
Justiça comum - explica Domingos Fleury, vice-jurídico do Alvinegro.
Apenas o Botafogo-SP respondeu ao documento.
Contra-argumentou. Alegou que o fim do direito federativo também extingue o
econômico. O Palmeiras não respondeu. E, de acordo com Domingos, o São Paulo
disse que dificultaria a liberação por empréstimo de Luis Ricardo:
saiba mais
- O São Paulo, para reagir, retaliou o Botafogo em outra negociação que não tem relação. Estava resolvido, apalavrado, e o São Paulo, demonstrando um receio resolveu não honrar a palavra, não concretizou a transferência do Luis Ricardo.
O Botafogo
alega não ter calculado o valor total a ser pedido pelos jogadores. Promete fazê-lo
em fevereiro. Mas os casos não devem ter solução rápida.
- Precisamos
nos reunir internamente e embasar as ações. Isso leva tempo. Temos uma estratégia
e vamos respeita-la. A primeira notificação, genérica, foi para mostrar que não
renunciamos aos jogadores. Por isso, a fizemos antes do começo do Paulistão. Agora
vamos quantificar - completa Domingos.
A temporada 2015 é de extrema dificuldade
financeira. Apesar de ter conseguido voltar ao Ato Trabalhista, acordo com a
Justiça para o pagamento de indenizações a ex-funcionários, o clube convive com
outros bloqueios de receitas. Sem falar que muitas delas foram antecipadas pela
gestão anterior. Por isso, receber compensação pelos três jogadores é visto
como uma maneira de salvar as combalidas finanças.
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