domingo, 14 de setembro de 2014

Imune às provocações de "Tintim", Vissotto diz que amigo é excêntrico

Oposto relembra briga com Spiridonov e de que como passou a vê-lo como um cara do bem; lembra que seleção não pode se irritar com estilo de jogo do russo no Mundial


Por Direto de Katowice, Polônia


Vissoto e Spiridonov  (Foto: Reprodução/ Twitter)Spiridonov registra encontro com o amigo Vissotto (Foto: Reprodução/ Twitter)


A primeira impressão não foi nada boa. Aquele sujeito do outro lado da rede não se contentava apenas em jogar seu bom vôlei. Fazia mímicas demais, caras e bocas demais, lançava mão de dancinhas, falava, gritava, encarava e conseguia tirar alguém tão calmo como Leandro Vissotto do sério. Naquele jogo da Liga Mundial de 2011, Alexey Spiridonov também ouviu um bocado, mas cumpria direitinho o que virou parte de sua marca registrada: mexer com os nervos dos adversários, usar e abusar do jogo psicológico.

Já admitiu que a intensidade das provocações atinge nível mais elevado quando enfrenta Brasil e Itália. Ali é luta. E neste domingo, na Spodek Arena, não deverá ser diferente. No duelo dos únicos invictos do Mundial da Polônia, os tricampeões mundiais medirão forças com os campeões olímpicos. A partida que definirá quem avançará para a terceira etapa como primeiro da chave F, será às 11h40 (de Brasília), com transmissão do SporTV e cobertura em Tempo Real do GloboEsporte.com. Os assinantes também podem acompanhar todos os lances pelo SporTV Play.

Brasil x Rússia vôlei (Foto: FIVB)
Spiridonov mostra além da boa 
técnica, um estilo provocador 
em quadra (Foto: FIVB)


- Num Brasil e Rússia não tem como não valer nada. Sempre vale! Eles entram com tudo e a gente também. Vai ser um bom teste. A primeira vez que briguei com alguém no vôlei foi com ele (risos). Era louco e ficou de graça. Depois, em 2012, fui jogar com ele na Rússia (no Ural Ufa). Era um ótimo companheiro. Mas quando está jogando na seleção russa é inimigo (brinca). Eu já conheço ele e não me irrito tanto. Acho que ninguém mais tem que cair na dele. Quem faz isso, ele consegue irritar profundamente. Já cansei de falar que faz aquilo de propósito, é o estilo de jogo dele. O que também o fez ficar mais conhecido no país dele por esse lado polêmico. Nós ficamos amigos - disse o oposto.


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Viraram Leo e Spiri. De tempos em tempos, uma foto ao lado de Vissotto é postada pelo russo em sua conta numa rede social. Talvez seja o único representante da seleção por quem nutra simpatia. Com fama de bad boy, o irreverente jogador de 26 anos foi chamado de insano e doente mental pelo comandante brasileiro depois de ver suas provocações surtirem efeito na estreia da fase final da Liga Mundial de 2013. A resposta foi dada de frente para as câmeras, quando pronunciou "Oi, Bernardinho" e em seguida fez um gesto obsceno. Spiridonov também já reagiu até mesmo a um comentário de Gustavo Endres na internet com um xingamento. Ousou ao publicar um registro fotográfico na qual aparece pelado, coberto apenas pelo troféu de campeão europeu da temporada passada, que tinha acabado de ajudar a conquistar.

- Dentro de quadra ele diverte o público, faz show. Fora dela, tem uma personalidade muito particular. Eu diria que é excêntrico. Tudo dele é diferente. Na parte de trás do celular tem o nome dele que fica brilhando. Gasta dinheiro com roupas caras, está sempre na moda, gosta de carros. Mas é um cara de um coração enorme e do bem. Quando a gente se encontra, ele sempre quer saber como está a família. Ele também é casado, tem uma filha. E como não fala inglês, alguém sempre ajudar a traduzir as conversas.
 
twitter Spiridonov comemoração vôlei (Foto: Reprodução / Twitter)Spiridonov com o troféu de campeão europeu (Foto: 
Reprodução / Twitter)


"Tintim" é mesmo vaidoso. Se vê um espelho, confere se o cabelo está em ordem. Gosta de uma lente voltada em sua direção e dos olhos do público também. Se diverte jogando, ganha a arquibancada, contagia o time e coloca pimenta nos confrontos. Há quem o ame e quem o odeie. O difícil é ser indiferente a ele. Em 2011, o ponteiro era uma das apostas para as Olimpíadas de Londres, que seria disputada no ano seguinte. Os problemas com a bebida fizeram o então técnico Vladimir Alekno afastá-lo do grupo. Dizia que a vodka o dominava. A gota d'água foi quando chegou ao aeroporto apresentando sinais de embriaguez. Com a chegada de Andrey Voronkov, ganhou nova chance e garantiu que não iria desperdiçá-la. Tem conseguido.

Depois de ver o Brasil imune às suas tradicionais provocações no último encontro, na fase final da Liga Mundial, em julho, Spiridonov deverá entrar em quadra com ainda mais vontade. Lucão sabe disso, e ressalta a importância de o Brasil manter o sangue frio e a lucidez como fez da última vez.

- É o "Tintim", o treinador que enche o saco, o outro que olha de cara feia. Eu não ligo para isso. O foco não pode ser nisso, na briga. Temos que tentar esquecer as provocações e a arbitragem para não perdermos a concentração no jogo, como conseguimos fazer na Liga - disse o central.


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2014/09/imune-provocacoes-de-tintim-vissotto-diz-que-amigo-e-excentrico.html

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