Não
só de glórias vive uma rodada do Campeonato Brasileiro. Enquanto o
Cruzeiro passeia na liderança da Série A e o Ceará repete a dose na B,
tem muita gente fazendo lambança pelos estádios do país. O sábado e o
domingo viram vitórias dos dois líderes, mas ninguém ficou livre de um
vasto repertório de trapalhadas Brasil afora. Teve frango, teve furada,
teve até árbitro escorregando. Teve deboche com máscaras, teve
quebra-quebra de cadeiras, teve até time inteiro protestando contra
atraso nos pagamentos. Teve isso tudo. É hora de abrir alas para o
desfile semanal de episódios inusitados do futebol nacional.
Um desagradável "ovo" na mão esquerda. Foi esse o prêmio que Magno Alves recebeu ao marcar o segundo gol do Ceará na vitória por 3 a 2 sobre o Santa Cruz.
O artilheiro do líder da Série B se machucou logo após empurrar a bola
para as redes, aproveitando cruzamento preciso de Vicente. Com a mão
bastante inchada e muitas dores, o Magnata nem pôde comemorar o gol, que
interrompeu uma sequência de três partidas sem marcar. Mas pelo menos
respirou aliviado com a vitória suada fora de casa e com o resultado da radiografia. Nas redes sociais, tratou logo de tranquilizar os torcedores: nada de fratura, muito gelo e bola para frente.
O
chute de Wellington Silva saiu lá do meio da rua, de pé esquerdo, meio
despretensioso, na linha "vamos ver no que dá". E deu. Marcelo Lomba
posicionou o corpo, levantou os braços... e engoliu o frango da rodada.
Antes mesmo de a bola morrer mansa na rede do Bahia, a expressão do
goleiro já denunciava o desespero, como é possível ver no replay por
trás do gol. E olha que a falha acabou custando caro: foi o gol
solitário que definiu a vitória magra do Internacional na Fonte Nova.
Se existe um time sem motivos para lamentar nesta segunda-feira, é o Cruzeiro. O líder isoladíssimo da Série A passou por cima do Figueirense e goleou por 5 a 0.
Mas foi preciso superar um primeiro tempo pegado, com o gramado do
Mineirão parecendo uma piscina. A chuva que castigou Belo Horizonte na
sexta e no sábado criou cenas de polo aquático durante o jogo. Na
segunda etapa, saiu a chuva, entraram os gols, e a Raposa tratou de
aniquilar o adversário. Como de hábito.
Parece que Neto Baiano gostou desse negócio de fazer gol do meio de campo. Duas rodadas após assinar uma pintura contra o Botafogo, bateu aquela saudade no jogador do Sport. No domingo, contra o Atlético-MG,
ele tentou três vezes acertar o gol de Victor lá do meio da rua. A
diferença é que, desta vez, a bola mal chegou perto da meta rival.
Primeiro, ele ganhou uma disputa com Tardelli e soltou o chute sem
força. Aberto na lateral, tentou de novo, mas o goleiro saiu para
defender. Por fim, arriscou quando Victor subiu ao ataque, mas falhou.
Fica para a próxima.
Não está fácil para ninguém. Mas para o Botafogo está ainda mais difícil. Além da derrota para o Flamengo
no clássico de domingo, o Alvinegro amarga problemas financeiros que os
jogadores fazem questão de não esconder. Antes da partida, o time entrou no gramado do Maracanã carregando uma faixa
onde se lia “Estamos aqui porque somos profissionais e por vocês,
torcedores”. O protesto ainda detalhava o que estava atrasado: cinco
meses de direitos de imagens, três meses na carteira de trabalho e o
FGTS.
Na
primeira visita à nova casa do arquirrival, a torcida do Palmeiras
levou um presente extra: a provocação. Cerca de 1.500 palmeirenses foram
à Arena Corinthians de trem para assistir ao clássico deste domingo e vestiram máscaras hospitalares na entrada do estádio.
Tudo para dizer que o local seria “nocivo à saúde”. A Polícia Militar
não coibiu a brincadeira, mas tampouco permitiu que os torcedores
entrassem assim no estádio. Resultado: um mar de máscaras no chão do
lado de fora. E o pior: derrota dentro de campo para o Timão.
Dentro
da Arena Corinthians, a atuação de alguns torcedores do Palmeiras foi
bem além da brincadeira e descambou para a falta de educação. O setor do estádio destinado aos visitantes teve várias cadeiras quebradas. E ainda teve espertinho se gabando nas redes sociais
pelo estrago feito. Agora o clube é que terá de colocar a mão no bolso.
Antes do clássico, o Corinthians já tinha deixado claro o acordo:
qualquer dano seria ressarcido pela diretoria alviverde. Os vândalos
palmeirenses pareciam não se importar muito e ainda diziam em voz alta:
“Coloca na conta do Paulo Nobre”, referindo-se ao presidente do clube.
Não
foi só fora de campo que a 12ª rodada viu erros. Alguns, é bem verdade,
inofensivos. Foi o caso de Dellatorre. De volta ao Atlético-PR após ser
emprestado ao Queens Park Rangers, da Inglaterra, o atacante reestreou
no domingo, na derrota para o Fluminense por 3 a 0.
E pelo visto o período de ausência fez o clube paranaense esquecer a
grafia do seu nome. O jogador entrou aos 16 minutos do segundo tempo com o nome Delatorre na camisa, com um L a menos.
Dellatorre viu um L sumir da sua camisa
no retorno ao Atlético-PR neste domingo
(Foto: Sérgio Tavares Filho)
O jogo na Arena da Baixada
não teve lambança apenas de revisão das camisas. Até o time vencedor
teve seu momento de constrangimento. Se o Fluminense ficou plenamente
satisfeito com a vitória tranquila, não dá para dizer o mesmo de um
lance curioso do lateral-esquerdo Carlinhos. Logo no início do segundo
tempo, ele foi à linha de fundo e, na hora do cruzamento, trocou as
pernas. Todo enrolado, furou e jogou a bola pela linha de fundo. Para
sorte dele, não havia torcida para vaiar, já que a partida foi disputada
com portão fechados.
Jogador
perdendo a passada, o torcedor vê toda hora. Com o árbitro, é mais
raro, mas também acontece. E aconteceu no clássico carioca. Na parte
final de Flamengo x Botafogo,
Cáceres fez falta por trás em Emerson Sheik. Lance para o segundo
cartão amarelo e a consequente expulsão do jogador rubro-negro. O juiz
Wilton Pereira Sampaio não pensou duas vezes, mas no ímpeto para tirar o
cartão do bolso foi traído pela grama molhada do Maracanã. Escorregou,
manteve a classe, levantou-se e mandou o paraguaio para o chuveiro mais
cedo.
Marcada
por lances esquisitos, a rodada teve também um momento de bela
homenagem. Pela segunda vez desde a morte de Ariano Suassuna, na última
quarta-feira, o Sport lembrou o escritor. No domingo, contra o
Atlético-MG, a família de Ariano entrou em campo ao lado de um boneco gigante
usado no carnaval. O tributo continuou no uniforme dos jogadores, que
levaram nas costas nomes de personagens do escritor. E Durval,
representando o cangaceiro Severino de Aracaju, de “O Auto da
Compadecida”, fez o segundo gol na vitória por 2 a 1 sobre o Galo.
Para
ganhar homenagem, nem é preciso ser um ícone da cultura brasileira como
Ariano Suassuna. Renato Cajá, contratado para vestir a camisa 10 da
Ponte Preta, tirou onda no fim de semana. No intervalo da partida contra
o Vasco, o meia entrou no gramado Moisés Lucarelli em um carro
do programa sócio-torcedor da Macaca. Ao descer do veículo, foi
ovacionado pela torcida, andou até o círculo central e depois distribuiu
camisas personalizadas no alambrado. Só não deu para calçar as
chuteiras, suar a camisa e evitar o empate em 0 a 0.
Renato Cajá entrou de carro no campo
da Ponte Preta durante o jogo deste
sábado contra o Vasco
(Foto: Agência Estado)
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2014/07/teve-isso-frango-furada-escorregao-e-um-cardapio-variado-de-lambancas.html
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