Blindado pela comissão técnica, atacante do Manchester City evita falar com a imprensa, mas é simpático com fãs e arrisca: "Será uma excepcional Copa do Mundo"
Quando Bósnia-Herzegovina e Argentina entrarem em campo no Maracanã,
neste domingo, às 19h, para a estreia na Copa do Mundo, as esperanças
bósnias por uma surpreendente vitória da seleção estreante no Mundial sobre os
principais rivais estarão todas depositadas em um
jogador: Edin Dzeko. "Diêco" para os brasileiros. Atacante destro do Manchester City e um dos
grandes astros do futebol mundial, com seus 28 anos, 1,93 metro e
84 quilos, ele é um dos poucos nomes de destaque em uma equipe de
desconhecidos.
Durante uma semana, o GloboEsporte.com acompanhou os passos de Dzeko em Guarujá, no litoral de São Paulo. Bastante reservado, o jogador tem hábitos metódicos. O astro do Manchester City, por exemplo, é quase sempre o último a descer e a subir do ônibus da delegação da Bósnia. Dzeko também raramente é flagrado conversando descontraidamente com outros jogadores. Seu companheiro mais próximo não é outro craque: o meia Ibricic, do Kayseri Erciyesspor, da Turquia.
Apesar de ser a maior esperança da Bósnia na Copa, Dzeko não é unanimidade entre os torcedores do país. No ano passado, quando a Bósnia perdia para o Egito por 2 a 0, o atacante pediu para ser substituído. Diante da negativa do técnico Safet Susic, ele se arrastou em campo, se envolveu em uma grande confusão com o treinador e foi vaiado por grande parte dos fãs na arquibancada.
A primeira impressão que Dzeko deixou aos moradores e fãs em Guarujá, porém, foi bastante positiva. Logo que chegou ao Casa Grande Hotel, onde a seleção estava hospedada até a última sexta-feira, o jogador foi para a sacada, tirou um celular do bolso e gravou toda a reação das pessoas que gritavam seu nome. No dia seguinte, ele chegou a sair do hotel para dar autógrafos e tirar foto com os fãs. Com a imprensa, no entanto, sempre foi arredio.
- Não posso dar entrevistas. Tiro fotos com meus fãs, mas não quero falar com a imprensa – disse Dzeko na primeira tentativa de abordagem feita pela nossa equipe.
Com o passar dos dias e a consequente convivência, Dzeko, fã declarado de selfies e viciado em internet e redes sociais, começou a se soltar um pouco mais. Na segunda abordagem, o craque da seleção da Bósnia demonstrou muito mais simpatia e parou para conversar brevemente com a nossa equipe.
- Vocês estão de parabéns. Esse lugar é lindo. Está tudo muito bom. Com certeza teremos uma excepcional Copa no Mundo no Brasil - afirmou.
A importância de Dzeko para o sucesso da seleção da Bósnia-Herzegovina na Copa do Mundo é levada tão a sério, que seus companheiros estão proibidos pela Federação da Bósnia de traçar um perfil sobre o companheiro de seleção.
Quando alguns jornalistas perguntavam sobre o atacante, durante entrevistas coletivas, eram rapidamente cortados pela assessora da seleção. Entrevista exclusiva com Dzeko? Nem pensar!
- Os jogadores não estão autorizados a falar sobre Dzeko. Espero que compreendam. Próxima pergunta – cortava a gerente de comunicação Slavica Pecikoza.
Totalmente blindado pela comissão técnica, Edin Dzeko dificilmente abre um sorriso. Porém, quando o assunto é família, o craque, considerado um dos maiores astros do futebol europeu, acaba se desarmando.
- Eu amo os meus pais. Eles são a razão de eu estar aqui e são absolutamente tudo para mim. Poder ouvir os meus pais antes da partida contra a Argentina me ajudará demais. Meus pais me mandaram uma mensagem me desejando sorte durante o mundial e falaram que me amam demais. Eles são tudo para mim - diz o craque.
A carreira do craque do Manchester City começou no Zeljeznicar, da
própria Bósnia, ainda como meia. Depois de algumas passagens por times
tchecos, Dzeko foi contratado pelo Wolfsburg, da Alemanha, e começou a
mostrar o seu futebol para o mundo. Na temporada
2008/2009 foi campeão alemão e disputou a artilharia do
campeonato com o brasileiro Grafite, mas acabou perdendo a disputa por
dois gols (28 a 26).
O ótimo desempenho e o destaque na Alemanha fizeram o craque bósnio ser contratado pelo Manchester City por 27,5 milhões de libras (a venda mais cara da história dos alemães até então). Desde então, ele tem mostrado um bom futebol e conseguiu se firmar titular em uma das mais badaladas equipes do planeta. Pelos Citizens, conquistou duas edições do Campeonato Inglês, uma Copa da Inglaterra, uma Supercopa da Inglaterra e uma Copa da Liga Inglesa.
Agora ele tenta, pela primeira vez, levar seu país ao topo do futebol mundial.
Cientes das dificuldades que enfrentarão, os bósnios precisam da ajuda do atacante do City para, pelo menos, honrarem o povo que tanto sofreu em uma guerra sangrenta. Edin Dzeko, aliás, é um dos poucos jogadores da seleção da Bósnia-Herzegovina que sentiu na pele os efeitos da Guerra da Bósnia, na década de 1990. Ao contrário dos outros jogadores, que são de famílias que fugiram da pátria durante a guerra, Dzeko e seus pais sobreviveram ao cerco de vários anos na capital Sarajevo sem sair do país, durante um período em que centenas de milhares de pessoas foram mortas.
O fanatismo por Edin Dzeko é grande. Durante a estadia da Bósnia em
Guarujá, foi possível observar que ele sozinho levava a massa ao
estádio e à porta da concentração onde a seleção estava. Os gritos que
ecoavam quando o elenco deixava os locais eram sempre
por "Dzeko, Dzeko".
Dzeko, aliás, é o único, ao lado de Miralem Pjanic, que acaba sendo identificado pelas pessoas que acompanham os treinos da Bósnia. Alguns fãs, na dúvida, costumam gritar "Dzeko" para cada jogador que passa, na tentativa de ganhar um aceno ou um autógrafo. O jovem Heitor Bezerra, de 13 anos, foi um dos poucos que recebeu um "oi" do craque, mas acabou ignorando-o.
Os quase dois metros de altura e a velocidade, que não é das maiores do
futebol, dão a Edin Dzeko características bem definidas. Não queira
vê-lo nas laterais fazendo jogadas de efeito ou voltando para marcar o
ponta do adversário. Não pense que vai encontrá-lo
ganhando do capitão da seleção brasileira, Thiago Silva, na velocidade.
Muito pelo contrário. Ele não está em campo para isso.
Todos os adjetivos que devem ser dados a Dzeko podem ser simplificados em uma curta explicação: é um atacante alto que sabe fazer muitos gols. E de todos os jeitos. O camisa 11 da Bósnia é daqueles jogadores que pega a bola e procura sempre o gol do adversário. Os hermanos que fiquem de olho: aquele atacante pode decidir a partida a qualquer momento.
*Colaborou Bruno Giufrida.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/selecoes/bosnia/noticia/2014/06/olho-nele-dzeko-e-esperanca-de-bosnios-para-surpreender-argentina.html
Durante uma semana, o GloboEsporte.com acompanhou os passos de Dzeko em Guarujá, no litoral de São Paulo. Bastante reservado, o jogador tem hábitos metódicos. O astro do Manchester City, por exemplo, é quase sempre o último a descer e a subir do ônibus da delegação da Bósnia. Dzeko também raramente é flagrado conversando descontraidamente com outros jogadores. Seu companheiro mais próximo não é outro craque: o meia Ibricic, do Kayseri Erciyesspor, da Turquia.
Apesar de ser a maior esperança da Bósnia na Copa, Dzeko não é unanimidade entre os torcedores do país. No ano passado, quando a Bósnia perdia para o Egito por 2 a 0, o atacante pediu para ser substituído. Diante da negativa do técnico Safet Susic, ele se arrastou em campo, se envolveu em uma grande confusão com o treinador e foi vaiado por grande parte dos fãs na arquibancada.
Atacante do Manchester City é a
principal arma da bósnia para estreia
contra Argentina (Foto:
Editoria de Arte)
A primeira impressão que Dzeko deixou aos moradores e fãs em Guarujá, porém, foi bastante positiva. Logo que chegou ao Casa Grande Hotel, onde a seleção estava hospedada até a última sexta-feira, o jogador foi para a sacada, tirou um celular do bolso e gravou toda a reação das pessoas que gritavam seu nome. No dia seguinte, ele chegou a sair do hotel para dar autógrafos e tirar foto com os fãs. Com a imprensa, no entanto, sempre foi arredio.
- Não posso dar entrevistas. Tiro fotos com meus fãs, mas não quero falar com a imprensa – disse Dzeko na primeira tentativa de abordagem feita pela nossa equipe.
Com o passar dos dias e a consequente convivência, Dzeko, fã declarado de selfies e viciado em internet e redes sociais, começou a se soltar um pouco mais. Na segunda abordagem, o craque da seleção da Bósnia demonstrou muito mais simpatia e parou para conversar brevemente com a nossa equipe.
- Vocês estão de parabéns. Esse lugar é lindo. Está tudo muito bom. Com certeza teremos uma excepcional Copa no Mundo no Brasil - afirmou.
A importância de Dzeko para o sucesso da seleção da Bósnia-Herzegovina na Copa do Mundo é levada tão a sério, que seus companheiros estão proibidos pela Federação da Bósnia de traçar um perfil sobre o companheiro de seleção.
Quando alguns jornalistas perguntavam sobre o atacante, durante entrevistas coletivas, eram rapidamente cortados pela assessora da seleção. Entrevista exclusiva com Dzeko? Nem pensar!
- Os jogadores não estão autorizados a falar sobre Dzeko. Espero que compreendam. Próxima pergunta – cortava a gerente de comunicação Slavica Pecikoza.
Totalmente blindado pela comissão técnica, Edin Dzeko dificilmente abre um sorriso. Porém, quando o assunto é família, o craque, considerado um dos maiores astros do futebol europeu, acaba se desarmando.
- Eu amo os meus pais. Eles são a razão de eu estar aqui e são absolutamente tudo para mim. Poder ouvir os meus pais antes da partida contra a Argentina me ajudará demais. Meus pais me mandaram uma mensagem me desejando sorte durante o mundial e falaram que me amam demais. Eles são tudo para mim - diz o craque.
trajetória
Dzeko distribui sorrisos e autógrafos para fãs em Guarujá (Foto: Bruno Giufrida)
O ótimo desempenho e o destaque na Alemanha fizeram o craque bósnio ser contratado pelo Manchester City por 27,5 milhões de libras (a venda mais cara da história dos alemães até então). Desde então, ele tem mostrado um bom futebol e conseguiu se firmar titular em uma das mais badaladas equipes do planeta. Pelos Citizens, conquistou duas edições do Campeonato Inglês, uma Copa da Inglaterra, uma Supercopa da Inglaterra e uma Copa da Liga Inglesa.
Agora ele tenta, pela primeira vez, levar seu país ao topo do futebol mundial.
Cientes das dificuldades que enfrentarão, os bósnios precisam da ajuda do atacante do City para, pelo menos, honrarem o povo que tanto sofreu em uma guerra sangrenta. Edin Dzeko, aliás, é um dos poucos jogadores da seleção da Bósnia-Herzegovina que sentiu na pele os efeitos da Guerra da Bósnia, na década de 1990. Ao contrário dos outros jogadores, que são de famílias que fugiram da pátria durante a guerra, Dzeko e seus pais sobreviveram ao cerco de vários anos na capital Sarajevo sem sair do país, durante um período em que centenas de milhares de pessoas foram mortas.
Dzeko comemora gol do Manchester
City contra o Aston Villa na reta final
do Inglês 2013/2014 (Foto:
Agência Reuters)
idolatria
Dzeko, aliás, é o único, ao lado de Miralem Pjanic, que acaba sendo identificado pelas pessoas que acompanham os treinos da Bósnia. Alguns fãs, na dúvida, costumam gritar "Dzeko" para cada jogador que passa, na tentativa de ganhar um aceno ou um autógrafo. O jovem Heitor Bezerra, de 13 anos, foi um dos poucos que recebeu um "oi" do craque, mas acabou ignorando-o.
Dzeko evita dar entrevistas e é blindado
por comissão, mas sempre posta fotos
nas redes sociais (Foto:
Reprodução / Twitter)
especialidades
Todos os adjetivos que devem ser dados a Dzeko podem ser simplificados em uma curta explicação: é um atacante alto que sabe fazer muitos gols. E de todos os jeitos. O camisa 11 da Bósnia é daqueles jogadores que pega a bola e procura sempre o gol do adversário. Os hermanos que fiquem de olho: aquele atacante pode decidir a partida a qualquer momento.
*Colaborou Bruno Giufrida.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/selecoes/bosnia/noticia/2014/06/olho-nele-dzeko-e-esperanca-de-bosnios-para-surpreender-argentina.html
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