A CRÔNICA
por
Jorge Natan
A tarde de domingo no Beira-Rio esteve bem longe de ser comum. O
primeiro jogo da Copa do Mundo em Porto Alegre reservou mais do que
gols, festa de torcidas e elementos costumeiros em outras partidas do
Mundial. A França venceu Honduras por 3 a 0, com um show de Karim Benzema,
que fez dois gols e foi o autor da finalização de um outro, atribuído a
Valladares, contra.
Mas o duelo ficará marcado mesmo é pela influência da tecnologia da linha do gol em um lance decisivo pela primeira vez, assim como a ausência dos hinos nacionais das duas seleções antes do começo da partida. Houve falha no sistema de som.
O resultado deixa o time de Didier Deschamps na liderança do Grupo E da Copa do Mundo, com três pontos (três gols de saldo). A Suíça vem em segundo, após a vitória por 2 a 1 sobre o Equador, neste domingo. Na próxima rodada, os franceses pegam os suíços na sexta-feira, na Arena Fonte Nova, em Salvador. Os hondurenhos pegam os equatorianos no mesmo dia, na Arena da Baixada, em Curitiba.
Da ausência dos hinos ao grito de gol
Uma falha no sistema de som do Estádio Beira-Rio fez com que os dois hinos nacionais não fossem executados, como manda o protocolo estabelecido pela Fifa. A torcida compensou com gritos intensos nas arquibancadas e a famosa "ola" pouco antes de a bola rolar. Em campo, Honduras teve a primeira chegada ao ataque, arrancando suspiros dos fãs - que não hesitaram em vaiar assim que os franceses tomaram a posse de bola. Em cinco minutos, até mesmo gritos de "olé" surgiram para apoiar os hondurenhos.
Passada a empolgação inicial dos latino-americanos, os franceses se soltaram. Três cobranças de falta de Valbuena pela direita causaram alvoroço na zaga adversária: uma delas foi completada com um chute de Matuidi, que explodiu no travessão após defesa de Valladares, aos 14. Na lateral do campo, os técnicos mostravam seus estilos: Didier Deschamps assistia a tudo do banco de reservas, de onde se levantava raras vezes. À sua direita, Luis Suarez passava o tempo todo junto à beira da área técnica, como se desejasse chegar mais perto de seus comandados.
O travessão mostrou que queria o papel de protagonista quando Evra apareceu pela esquerda e cruzou para Griezmann cabecear na moldura, aos 22. Quando Pogba atingiu Wilson Palacios - após pisão do adversário - os jogadores hondurenhos deixaram o banco de reservas e clamaram pela expulsão do francês. Os torcedores nas arquibancadas, se pudessem, teriam feito o mesmo, mas apenas vaiaram a pequena confusão que se formou e rendeu cartões amarelos para os dois.
Quando o jogo esfriou, a torcida tratou de aquecê-lo com mais uma
sequência de "olas". Os times responderam e campo e lançaram-se ao
ataque, com a França tendo novamente as melhores chances. Valbuena
chegou a estar livre na área, 40, mas preferiu o cruzamento ao chute e
foi travado. Logo depois, veio o lance que mudou a história do jogo.
Wilson Palacios chegou com o ombro nas costas de Pogba na área, cometeu
pênalti e recebeu o segundo cartão amarelo. Benzema cobrou firme no
canto direito de Valladares e abriu o placar. A torcida francesa
completou com o que faltou no começo do jogo: o hino nacional, a famosa
Marselhesa, cantado à capela.
Tecnologia entra em campo pela primeira vez
Os primeiros minutos da etapa final certamente entrarão para a história do futebol. Aos 2, Benzema completou cruzamento chutando na trave, e a bola seguiu paralelamente ao gol. O arqueiro Noel Valladares se esticou e alegou ter evitado que ela ultrapasse a linha final completamente. O árbitro brasileiro Sandro Meira Ricci deu o gol para os franceses - e aí que a história foi feita. O replay do lance apareceu nos telões do Beira-Rio e causou reações inéditas tanto em campo quanto nas arquibancadas.
A torcida vibrou quando a expressão "no goal" apareceu - o lance foi avaliado em dois momentos, o primeiro quando a bola bateu na trave. Os jogadores hondurenhos se desesperaram diante do juiz. A imagem seguiu até mostrar que, após a bola bater no goleiro, ela cruzou a linha do gol. A expressão "goal", então, esfriou os latino-americanos e fez Benzema comemorar sem peso na consciência - apesar de o gol ter sido atribuído a Noel Valladares, contra.
Depois das emoções diferentes vividas por atletas e torcedores, o duelo ficou morno. A França passou a atacar sem afobação, deixando claro que pouparia fôlego para a maratona no restante do Mundial. Os hondurenhos, com um jogador a menos e dois gols atrás no placar, tinham mais vontade do que técnica. Matuidi animou a torcida com um chute que balançou a rede pelo lado de fora, aos 19 minutos e iniciou uma sequência ofensiva dos Bleus.
Enquanto os torcedores alternavam momentos de silêncio e euforia, Benzema mostrou por que carrega a camisa 10 francesa. O atacante do Real Madrid voltou a ser decisivo depois de pegar sobra de bola na área, após chute forte de Matuidi, e encher o pé para marcar o terceiro gol francês, aos 26.
Animada, a França ainda buscou o quarto gol apostando nos cruzamentos pelo alto. Ele não veio, o que não fez a menor diferença para os franceses nas arquibancadas. "Qui ne saute pas n'est pas français!" (Quem não pula não é francês!), gritavam eles. Depois de uma tarde tão intensa, quem seria capaz de não pular?
Mas o duelo ficará marcado mesmo é pela influência da tecnologia da linha do gol em um lance decisivo pela primeira vez, assim como a ausência dos hinos nacionais das duas seleções antes do começo da partida. Houve falha no sistema de som.
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O resultado deixa o time de Didier Deschamps na liderança do Grupo E da Copa do Mundo, com três pontos (três gols de saldo). A Suíça vem em segundo, após a vitória por 2 a 1 sobre o Equador, neste domingo. Na próxima rodada, os franceses pegam os suíços na sexta-feira, na Arena Fonte Nova, em Salvador. Os hondurenhos pegam os equatorianos no mesmo dia, na Arena da Baixada, em Curitiba.
Benzema vibra ao lado de companheiros:
camisa 10 é destaque na vitória francesa
(Foto: Getty Images)
Uma falha no sistema de som do Estádio Beira-Rio fez com que os dois hinos nacionais não fossem executados, como manda o protocolo estabelecido pela Fifa. A torcida compensou com gritos intensos nas arquibancadas e a famosa "ola" pouco antes de a bola rolar. Em campo, Honduras teve a primeira chegada ao ataque, arrancando suspiros dos fãs - que não hesitaram em vaiar assim que os franceses tomaram a posse de bola. Em cinco minutos, até mesmo gritos de "olé" surgiram para apoiar os hondurenhos.
Passada a empolgação inicial dos latino-americanos, os franceses se soltaram. Três cobranças de falta de Valbuena pela direita causaram alvoroço na zaga adversária: uma delas foi completada com um chute de Matuidi, que explodiu no travessão após defesa de Valladares, aos 14. Na lateral do campo, os técnicos mostravam seus estilos: Didier Deschamps assistia a tudo do banco de reservas, de onde se levantava raras vezes. À sua direita, Luis Suarez passava o tempo todo junto à beira da área técnica, como se desejasse chegar mais perto de seus comandados.
O travessão mostrou que queria o papel de protagonista quando Evra apareceu pela esquerda e cruzou para Griezmann cabecear na moldura, aos 22. Quando Pogba atingiu Wilson Palacios - após pisão do adversário - os jogadores hondurenhos deixaram o banco de reservas e clamaram pela expulsão do francês. Os torcedores nas arquibancadas, se pudessem, teriam feito o mesmo, mas apenas vaiaram a pequena confusão que se formou e rendeu cartões amarelos para os dois.
Hondurenhos apontam para o telão:
análise do lance de gol em duas
fases gerou dúvida (Foto: AFP)
Tecnologia entra em campo pela primeira vez
Os primeiros minutos da etapa final certamente entrarão para a história do futebol. Aos 2, Benzema completou cruzamento chutando na trave, e a bola seguiu paralelamente ao gol. O arqueiro Noel Valladares se esticou e alegou ter evitado que ela ultrapasse a linha final completamente. O árbitro brasileiro Sandro Meira Ricci deu o gol para os franceses - e aí que a história foi feita. O replay do lance apareceu nos telões do Beira-Rio e causou reações inéditas tanto em campo quanto nas arquibancadas.
A torcida vibrou quando a expressão "no goal" apareceu - o lance foi avaliado em dois momentos, o primeiro quando a bola bateu na trave. Os jogadores hondurenhos se desesperaram diante do juiz. A imagem seguiu até mostrar que, após a bola bater no goleiro, ela cruzou a linha do gol. A expressão "goal", então, esfriou os latino-americanos e fez Benzema comemorar sem peso na consciência - apesar de o gol ter sido atribuído a Noel Valladares, contra.
Depois das emoções diferentes vividas por atletas e torcedores, o duelo ficou morno. A França passou a atacar sem afobação, deixando claro que pouparia fôlego para a maratona no restante do Mundial. Os hondurenhos, com um jogador a menos e dois gols atrás no placar, tinham mais vontade do que técnica. Matuidi animou a torcida com um chute que balançou a rede pelo lado de fora, aos 19 minutos e iniciou uma sequência ofensiva dos Bleus.
Enquanto os torcedores alternavam momentos de silêncio e euforia, Benzema mostrou por que carrega a camisa 10 francesa. O atacante do Real Madrid voltou a ser decisivo depois de pegar sobra de bola na área, após chute forte de Matuidi, e encher o pé para marcar o terceiro gol francês, aos 26.
Animada, a França ainda buscou o quarto gol apostando nos cruzamentos pelo alto. Ele não veio, o que não fez a menor diferença para os franceses nas arquibancadas. "Qui ne saute pas n'est pas français!" (Quem não pula não é francês!), gritavam eles. Depois de uma tarde tão intensa, quem seria capaz de não pular?
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