Em participação no programa Camarote, do canal Premiere, presidente do Atlético-MG isenta Dilma e CBF, mas diz que pretende sair do Brasil em junho
Na opinião de Kalil, o grande número de competições que o Atlético-MG vai disputar este ano - cinco no total - só comprova a grande temporada que fez em 2013. Ele acredita que o clube vai repetir o êxito em 2014, pois manteve a maioria do elenco. Já sobre a Copa do Mundo, o dirigente não é tão confiante, mas isentou a presidente Dilma e a CBF pelos problemas na organização do Mundial. Ele também afirmou que ficará dividido numa eventual final entre Brasil e Argentina, já que o país vizinho ficará concentrado na Cidade do Galo.
- Eu nunca tive a ilusão da Copa do Mundo melhorar o futebol brasileiro. Disse um tempo atrás que estávamos valorizando demais a Copa do Mundo, que dura apenas um mês. Era para todo mundo estar empolgado com a Copa, mas o que temos é um terror. A presidente Dilma não tem culpa. A cúpula da CBF também não tem. Os verdadeiros responsáveis por transformar a Copa numa tragédia estão escondidos embaixo da mesa
Quando o assunto foi dívida de clubes, Kalil disse que os dirigentes
querem apenas prazo para pagá-las. Ele afirmou que o Atlético-MG joga no
Mineirão quando quiser, mas não é interessante, pois não quer sustentar
empreiteiro. O presidente também comentou sobre o perfil ideal do seu
sucessor.
- O próximo presidente tem que ser mais novo do que eu (54 anos), além de
arrojado e experimentado. É preciso ter força física e ser inteligente
para continuar um trabalho que foi muito difícil construir.
Expectativa
para a temporada
- As perspectivas são muito boas. O problema é que este ano o
calendário está ainda mais cruel por conta da Copa do Mundo. Além do
Mineiro, da Libertadores e do Brasileiro teremos também a Recopa
Sul-Americana e a Copa do Brasil. Ao mesmo tempo é uma coisa boa, pois
se vamos participar de tantas competições é porque tivemos um ano
vitorioso em 2013. Mantivemos o grupo, o que é um ponto positivo, já que
na prática ninguém desaprende ou fica tão velho de um ano para o outro.
Queremos conquistar
o bi do Brasileiro e da Libertadores. Temos obrigação de disputar os
dois e contamos com um elenco gabaritado para isso.Legado da Copa do Mundo
Disse um tempo atrás que estávamos
valorizando demais a Copa do Mundo, que dura apenas um mês.
Alexandre Kalil, presidente do Atlético-MG
A 'tragédia' da Copa
- A
presidente Dilma não tem culpa. A cúpula da CBF também não tem. Os
verdadeiros responsáveis por transformar a Copa numa tragédia estão
escondidos embaixo da mesa. Os únicos que ganharam com a Copa foram o
Atlético-PR, o Corinthians e o Internacional por conta dos
estádios. Os outros 17 clubes da Série A vão chupar dedo. Quando o mês
de julho chegar ao fim acabou a brincadeira. Aí eu quero ver quem vai
encher a barriga dos banqueiros e empreiteiros. Adoro Cuiabá, morei em
Lucas do Rio Verde, mas lá (Mato Grosso) não pode ter estádio construído
ao preço de R$ 1 bilhão
para receber ópera depois da Copa.
O que vai fazer durante a Copa
- Vou tentar
sair do Brasil, mas está difícil arrumar passagem mesmo que seja para Assunção. Quero sair por medo do
que possa acontecer. Fui convidado para assistir à estreia, mas para o campo (estádio) eu não
vou.
Presidente Alexandre Kalil participou do
programa Camarote, no canal Premiere
(Foto: Gabriel Branco)
- O Atlético-MG
quer jogar no Mineirão. Claro que quero jogar num belo estádio como o
Mineirão, mas não vou sustentar empreiteiro. Com uma taxa de ocupação de
60% do estádio, o clube deixa de faturar R$ 100 milhões por ano. O
Atlético-MG
joga lá quando quiser, mas não é interessante.
Seleção argentina na Cidade do Galo
- Acertamos preço e contrato com quem queria se hospedar no Atlético-MG. O clube acertou um contrato, vai cumprir este contrato, mas não vai investir nada. Só vai receber. A maior torcida de Minas vai estar torcendo e protegendo a Argentina. Tenho certeza que o torcedor do Atlético-MG vai torcer para a Argentina. Tenho que torcer para a Argentina não chegar à final contra o Brasil, pois vou ficar dividido.
Seleção argentina na Cidade do Galo
- Acertamos preço e contrato com quem queria se hospedar no Atlético-MG. O clube acertou um contrato, vai cumprir este contrato, mas não vai investir nada. Só vai receber. A maior torcida de Minas vai estar torcendo e protegendo a Argentina. Tenho certeza que o torcedor do Atlético-MG vai torcer para a Argentina. Tenho que torcer para a Argentina não chegar à final contra o Brasil, pois vou ficar dividido.
- Não vejo problema em ser chamado de cartola. Agora se me chamar de bandido dou tapa na cara.
-
Não
pretendemos ter os benefícios da linha branca das montadoras e grandes
indústrias. Queremos apenas prazo para pagar as dívidas. E assumir o
compromisso que daqui para frente quem não pagar
vai a para a Segunda Divisão. Caso contrário daqui a 20 anos, os futuros
dirigentes vão discutir como vão pagar as contas de 2014 a 2035. Eu não
vivo do futebol. É lindo falar a palavra pagar. Se eu pagar os impostos
devidos e os outros não, eu (Atlético-MG) vou parar na Segunda Divisão.
O resultado é que ninguém da Série A pagou nada. Uma maneira de
resolver este problema das dívidas é pegar 5% do faturamento
bruto do futebol. Quem fatura muito vai pagar muito e quem
fatura pouco vai pagar pouco. Nós
queremos prazo para pagar as dívidas. Se esta cartolagem que está no
comando for abraçada, salva o
futebol brasileiro.
Maneira de comandar o Atlético-MG
Sou
atleticano e não quero passar. Alteticano tem que sentir saudade.
Alexandre Kalil, presidente do Atlético-MG
Estátua para Ronaldinho
- Tem que fazer estátua de todos os jogadores por causa da conquista da Libertadores. Para o time ser campeão não adianta eu querer. O presidente quer sempre ganhar, mas os jogadores também têm que querer. Na última partida, o América-MG foi para o intervalo vencendo por 2 a 0. De duas uma: ou aconteceu um milagre ou o Autuori (técnico) é um gênio.
Relação com R10
- Eu tenho
uma relação muito boa com o Ronaldinho, pois foi muito franca desde o
primeiro dia.
Temos confiança um no outro. Ele confia no presidente e eu confio no
jogador.
Ele se preparou para o Mundial de Clubes como se fosse um jogador da
categoria de base em início de carreira. Eu só falo o que posso
cumprir. Minha relação é igual com
todos os jogadores. Contrato não é feito para rasgar. Na época da sua
contratação, 74% da torcida não queria a sua contratação, de acordo com
uma pesquisa do Esporte Espetacular. No dia seguinte, ele foi
contratado. É só descer na Cidade do Galo e colocar a camisa
para cair na graça da torcida.
- Não sou de dar palestra para jogador. Após a derrota no Mundial disse para o elenco que estava muito machucado e doído, mas muito orgulhoso por eles terem me levado para o Marrocos. Eu nunca imaginei que o Atlético-MG fosse me levar para o Marrocos como presidente. É só olhar o que era o clube em 2008 e onde ele foi parar em 2013. Tínhamos R$ 19 mil em caixa e R$ 2 milhões em cheques pré-datados naquela época. Tomara que este ano eu possa estar novamente no Marrocos com o Atlético-MG como presidente.
Alexandre Kalil falou sobre diversos assuntos
como Copa, dívida dos clubes e
(Foto: Gabriel Branco)
O que faltou para o Atlético-MG conquistar o Mundial
- Faltou
futebol para ser campeão do mundo. Fomos muito ansiosos. O mundo parou com razão dentro do
Atlético-MG por causa do Mundial, pois era uma experiência única.
Quantos presidentes de clubes comandaram grandes times, mas não conseguiram disputar o
Mundial? A sorte que sobrou na Libertadores, como naquele pênalti defendido pelo Victor no último minuto, faltou no Mundial.
Volta por cima do Jô
Volta por cima do Jô
- Vitória do próprio Jô, que já está no terceiro
contrato com o clube. Quando ele chegou avisei que se aprontasse iria
para a rua. Disse pra ele: 'você tem 1,90m de altura, é canhoto, tem boa
saúde, vai querer jogar tudo isso no lixo?'. Desde então, ele vem num
processo
de recuperação. Está com a vida toda montadinha. Vai ser pai agora e é
nome certo na Copa do Mundo.
- O Engenhão e o Maracanã são frios. Para esquentar o Maracanã tem que entupir o estádio. Já no Independência 20 mil torcedores esquentam. É o modelo arquitetônico do estádio aliado a uma torcida apaixonada e fanática como a do Atlético-MG.
Kalil nas redes sociais
- O atleticano é chato. O bom era quando a gente não ganhava nada. A
gente não ganhava nada e ainda discutia de frente com o cruzeirense.
O futebol europeu quebrou, faliu
Alexandre Kalil, presidente do Atlético-MG
- Não sofro
muito com venda de jogador. Eu trato o clube como se fosse meu. Não tem
no futebol jogador que você não venda por 25 milhões de euros. No
entanto, eu acredito que esta lógica de jogador sair para o exterior
possa ser invertida. Hoje temos apenas três grandes mercados de jogador
no mundo: Ucrânia, Rússia e China. Há um esvaziamento de ofertas da
Europa. O futebol europeu quebrou, faliu. Eu tive uma oferta do
Tottenham pelo Bernard no valor de 18 milhões de euros, mas eu queria
segurá-lo por conta da Libertadores e recusei. Eu disse que não vendia,
mas vendia. Logo em seguida veio a oferta
de 25 milhões de euros do Shakhtar Donetsk. Muito se falou no Porto na
época, mas não teve proposta realmente concreta. Hoje só tem transação
meia-boca, que a gente mesmo já faz no mercado interno. Acho que vamos
assistir a esta retomada de um jogador ficar dez anos num clube. Tive
propostas pelo Jô e pelo Marcos Rocha, mas quanto custa colocar outro Jô
no lugar do Jô?
- Na minha gestão não vendi parte de jogador para ninguém. Eu vendi jogador por inteiro. O empresário faz parte do negócio de compra e venda.
Situação do Gilberto Silva
- O Gilberto Silva
fez uma cirurgia muito séria. Tenho, inclusive, uma reunião com ele esta
semana. Ele tem uma idade avançada e teve um problema cirúrgico. O
Atlético-MG é um clube organizado. Esta semana mesmo não contratamos um
jogador, cujo futebol eu gosto, após o médico Rodrigo Lasmar vetar a
contratação.
É preciso ter força física e ser inteligente para continuar um trabalho que foi muito difícil construir.
Alexandre Kalil, presidente do Atlético-MG
Liga no futebol brasileiro
- Numa liga, o executivo é fundamental. Ganhamos uma eleição no Clube dos 13 com apoio do Cruzeiro, do Corinthians e dos quatro grandes do Rio - Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo -, mas viraram a mesa. Podíamos trocar, reformular as pessoas, mas a base estava construída.
Temos que caminhar para uma liga, mas temos contrato até 2018. A liga é boa comercialmente.
Do que vai sentir falta e o que não vai deixar saudade ao deixar a presidência
- Não vou sentir falta da imprensa (risos), pois é chata. Eu gosto do Atlético-MG. Se proibir este assunto em casa, ninguém vai ter o que falar. Eu gosto de falar do Atlético-MG porque eu sei falar do Atlético-MG. Hoje eu decido os rumos do clube e vou voltar a ser um torcedor de arquibancada. Vou sentir falta disso.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/mg/noticia/2014/02/kalil-ironiza-mineirao-e-critica-legado-da-copa-o-que-temos-e-um-terror.html
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