'Block Machine', jogador de 38 anos teve 16 bloqueios nas oitavas do Grand Slam da China. Baiano radicado em João Pessoa não descarta Rio 2016
Por Carol Fontes
Direto de São Luís, MA
No exterior, ele é conhecido como "Block Machine" (na tradução,
"Máquina de Bloqueio). No Brasil, é chamado de "A Muralha". Não é à toa
que Ricardo continua no topo do vôlei de praia, aos 38 anos. Hexacampeão
do Circuito Mundial (00/03/04/05/06/07) e um dos poucos da modalidade a
ter três medalhas olímpicas, sendo uma de cada cor, o atleta de 2,00m e
102kg tem no bloqueio a sua principal arma, mas é apontado como um dos
mais completos jogadores da atualidade. Ao lado de Márcio, o baiano de
Salvador brilhou na sexta etapa do Circuito Brasileiro, sendo decisivo
na conquista do primeiro título da dupla na temporada,
em São Luís (MA). O resultado o levou à liderança do ranking nacional,
com 1.960 pontos, à frente de Alison/Emanuel (1.880), que rompeu a
parceria, e Hevaldo/Bruno (1.560).
Após superar 700 vitórias na etapa do RJ,
Ricardo festejou com "bolo de aniversário"
(Foto: Paulo Frank/CBV)
- Fomos beneficiados por conta de mudanças nas duplas, Alison/Emanuel e
Pedro Solberg/Bruno Schmidt trocaram os parceiros e acabamos assumindo a
liderança. Conseguimos abrir uma boa distância das outras duplas, mas
não fico me importando com números. A minha maior satisfação é ver que
estamos evoluindo. Focamos campeonato por campeonato, jogo a jogo, sem
deixar de manter o foco. Foi a primeira vez que ganhei um título em São
Luís e este foi o nosso primeiro da temporada. Batemos na trave em
Recife, melhoramos e vamos com tudo para Natal - contou o atleta,
fazendo uma referência à próxima etapa do Circuito, na capital do Rio
Grande do Norte, de 7 a 9 de fevereiro.
Ricardo destacou que a mudança de estratégia na decisão foi fundamental
para superar Bruno Saunders e o seu parceiro, o gigante Fernandão, de
2,10m, maior surpresa da etapa. Este foi o quarto pódio de
Ricardo/Márcio em seis torneios - antes, a parceria havia levado uma
prata e dois bronzes.
Márcio e Ricardo assumiram a liderança do
CircuitoBrasileiro: 1.920 pontos (Foto:
Paulo Frank / CBV)
- O Fernandão e o Rodrigo venceram grandes equipes no caminho até a
final (desbancaram Alison/Bruno Schmidt nas quartas e Hevaldo/Bruno na
semifinal). Eles surpreenderam a todos e sabíamos que o jogo seria
difícil. Encontramos a estratégia correta após o segundo set, optamos
por marcar um único atleta, no caso, o Fernandão. Foi preciso ter
paciência para conquistar essa vitória, de virada. Apesar de ter ficado
fora do Circuito Mundial, Márcio tem crescido bastante e estamos cada
vez mais entrosados. É uma recompensa levar o título após um intenso
período de trabalho. Abdicamos das férias e das festas de fim de ano
para trabalhar duro. Estou muito feliz com o resultado - revelou o
"Block Machine", pioneiro do estudo de adversários através de vídeo,
estatística e números, ao lado de Emanuel (juntos, formaram a dupla
brasileira masculina mais vitoriosa da história).
Ao contrário da maioria dos jogadores, que começam em outros esportes,
jogando em quadras e depois migram para o vôlei de praia, a trajetória
de Ricardo já começou dentro do tanque de areia, em 1994. Mas o primeiro
título internacional só chegaria 1998, conquistado por ele e Zé Marco,
no Rio de Janeiro. Dono de três medalhas olímpicas, ouro em Atenas 2004,
prata em Sidney 2000 e bronze em Pequim 2008, o baiano, radicado em
João Pessoa (PB), não descarta uma participação nos Jogos do Rio, em
2016, mas prefere não traçar planos a longo prazo.
Ao lado de Emanuel, Ricardo conquistou o
primeiro ouro olímpico na praia, Atenas 2004
(Foto: Getty Images)
- As Olimpíadas de 2016 estão tão longe e tão perto... Primeiro, vou
focar no Circuito Brasileiro e Mundial (no qual fez dupla com Álvaro
Filho em 2013), vamos ver o que acontece até lá. Quem sabe? Tudo depende
do momento que eu estiver e se vou conseguir me classificar, mas não
descarto disputar os Jogos - analisou o craque, que ainda tem em sua
coleção um ouro e três pratas em Campeonatos Mundiais.
Jogo histórico: 16 bloqueios sobre Dalhausser/Rosental
Ao longo de sua vitoriosa carreira, que incluiu jogos emocionantes no
qual fez valer a sua força no "paredão", Ricardo destaca um em especial,
no Grand Slam de Xangai, disputado entre os dias 3 de abril e 5 de maio
de 2013. Os adversários eram nada mais, nada menos, do que os
americanos Phil Dalhausser e Sean Rosenthal. Na ocasião, o baiano e
Álvaro Filho arrancaram a derrota por 2 sets a 1 (21/19, 19/21, 15/13)
nas oitavas de final.
- Um dos que vai ficar para sempre na memória foi um jogo válido pelas
oitavas de final da etapa de Xangai. Consegui 16 bloqueios em cima do
Dalhausser e do Rosenthal, que ficaram me chamando de "Block Machine" no
fim. O Dalhausser também bloqueou muito, mas eu nunca tinha acertado
tantos bloqueios em um único jogo. O Rosenthal não sabia mais o que
fazer - lembrou Ricardo, que acabou ficando com o bronze no Grand Slam
ao desbancar os poloneses Kadziola e Szalankiewicz por 2 sets a 0 (21/12
e 21/10).
saiba mais
Nenhum comentário:
Postar um comentário