Luiz Dórea diz que problemas particulares prejudicaram pupilo na segunda luta contra Cain e critica Daniel Cormier por comentários: 'Ética ele não tem'
Junior Cigano liquidou Cain Velásquez
com pouco mais de um minuto na primeira luta entre eles, mostrando
grande poder de nocaute. Na segunda, o americano dominou o brasileiro
por cinco rounds e o castigou com duros golpes, mas não conseguiu
nocautear. Para Luiz Dórea, que apareceu no cenário nacional quando era o
técnico do pugilista Acelino "Popó" Freitas e há anos é o treinador
principal de Cigano, é nessa área que está a grande diferença entre os
adversários. O especialista em boxe acredita que seu pupilo é muito
superior ao rival na resistência a pancadas:
- Acho que aí está o ponto fraco do Velásquez: assimilação. Ele busca a luta muito forte, mas não suporta golpe, não tem esse poder. Contra o (Cheick) Kongo (no UFC 99, em 2009) ele caía, levantava e ia nas pernas. Kongo, em vez de sair e continuar golpeando, buscava o clinch, aí dava tempo para o Velásquez se recuperar. Cigano, quando der um golpe duro, tem que acabar com a luta. Tem que farejar o nocaute. Tudo que a gente faz é em busca do nocaute. O Cigano sabe nocautear, não se afoba. O Cain é um grande atleta, mas o ponto fraco dele, com todo respeito, é a assimilação de golpes realmente. Ele não provou que suporta isso - disse em entrevista ao Combate.com no hotel onde os lutadores estão hospedados.
Cigano e Velásquez vão se enfrentar pela terceira vez no UFC 166, em
Houston (EUA), na noite deste sábado. A derrota do ex-campeão no fim do
ano passado, na opinião de Dórea, deveu-se em grande parte a problemas
particulares, totalmente fora do octógono. E o revés serviu para mostrar
ao mundo a força do queixo e o coração do pupilo, segundo o treinador:
- Na primeira luta, Cigano nocauteou em um minuto. Na segunda o Cigano não entrou na luta. Ele sofreu golpes durante cinco rounds, sofreu várias quedas e se levantou em todas. Cigano é um atleta completo. Além de ser um grande nocauteador, é um grande assimilador também. Para isso não tem treinamento, nasce com o atleta. Quem aguenta aguenta, quem não aguenta... Não tem exercício para o queixo. Isso mostrou que, mesmo estando em sua melhor forma e no controle das ações, o Cain não conseguiu acabar a luta. Com todo respeito ao Cain, mas se a luta fosse ao contrário e o Cigano tivesse batido nele a metade daquilo, certamente a luta teria acabado. O aprendizado da derrota é muito grande. O que aconteceu com ele foi muito fora do ringue, a cabeça dele. Mas dois raios não caem no mesmo lugar. Ele aprendeu muito com isso e está muito mais maduro.
Questionado sobre quais problemas seriam esses, Dórea preferiu manter discrição. Mas sabe-se que, na época, Cigano estava em fase de separação da então esposa, Vilsana.
- São problemas particulares que nós, lutadores, às vezes não
conseguimos deixar embaixo do ringue e levamos para cima. No dia, está
lá só o corpo, mas a mente está em outro lugar. Graças a Deus ele
conseguiu ajeitar a vida dele, superou mais uma etapa. O foco agora é o
título. Naquele momento ele tinha outras coisas na cabeça que tiravam a
direção da luta. Agora não. Está tranquilo, focado, e a equipe está
muito confiante.
Outro ponto que prejudicou Cigano, segundo o próprio lutador, foi o treino em excesso. Luiz Dórea contou que a equipe contratou um fisiologista para não deixar que isso se repita e disse que o peso-pesado agora está muito mais profissional:
- Em relação à equipe, contratamos um fisiologista para poder controlar a carga de treinamento dele. Nós vínhamos bem, e isso (overtraining) foi constatado pelos exames após a luta. De início a gente não sabia. Por isso hoje nós estamos muito mais amparados. Contratamos um fisiologista, que acompanha ele tanto de manhã quanto de tarde nos treinamentos, para ver o secar dele. E a gente distribuía a carga de treinos para evitar esse overtraining. Foi tudo um aprendizado. O esporte é uma evolução constante. Quando um atleta ou um treinador pensa que sabe tudo, isso é o início do fim dele. O Cigano investe muito nele. Com certeza nessa luta ele vai estar em melhor condição. Ele está muito mais profissional, com alimentação na hora certa, comendo tudo o que tem que comer, seguindo à risca o horário de repouso de tal hora a tal hora. Sempre foi um grande atleta, mas hoje está muito mais fortalecido profissionalmente.
Dórea recordou um golpe aplicado por Velásquez que balançou Cigano no início da segunda luta e o fez praticamente abandonar toda a estratégia de jogo que estava traçada. Para o técnico, o pupilo lutou o restante do combate no "automático":
- Quando começou a luta, o Cigano estava muito bem na defesa de quedas. O que faltava era contragolpear depois de se defender. Ele foi treinado para isso e naquele momento não fez. Então, achei que depois que falássamos com ele no córner, ele faria isso. Mas não voltou contragolpeando. Aí veio o golpe duro que ele levou na cabeça. Nesse golpe, o Cain ficou mais de um minuto nas costas dele socando. Quando ele foi para o córner, toda a parte técnica e tática acabou. Ali ele estava lutando para se recuperar do golpe. Lutou no automático durante três ou quatro rounds ali. "Não posso cair, não posso cair". Tanto que quando acabou a luta, ele me disse: "Professor, eu só vi o senhor falando para levantar a guarda". Eu já passei isso com outros atletas também, tenho 34 anos nisso aqui. Ele estava no automático. Isso mostra o coração dele. O Cain poderia ter acabado a luta, tinha o controle, mas não soube finalizar como Cigano. Cigano é um nocauteador, um finalizador. Naquele momento ai faltou "punch" mesmo, porque ele conectou muitos golpes. E o Cigano é muito resistente.
A declaração de Daniel Cormier,
parceiro de treinos de Velásquez e que vai enfrentar Roy Nelson no
coevento principal do mesmo card, de que o amigo virá totalmente
diferente e vai surpreender na terceira luta foi tratada como amadorismo
por parte de Luiz Dórea:
- Da parte de Cormier isso é um jogo de palavras. Não muda nada. Isso é coisa de amador. Nós somos profissionais, e as coisas se decidem lá dentro. Nós temos que estar preparados para tudo. Existem táticas. O Cigano tem a nossa tática, e eles têm a deles. Alguém vai conseguir colocar a tática em jogo primeiro. Esse já sai na frente. Agora, essas mudanças aí... Só se o cara der salto mortal lá dentro (risos). Todo o resto faz parte do esporte. E estamos preparados para tudo. Cain é completo: soca, chuta, põe muito bem para baixo. Mas temos nossa linha. Queremos manter a luta dentro do nosso controle, e nosso controle é na trocação. Ali é onde estamos em casa.
O treinador também não gostou de ouvir que Cormier afirmou que a preparação de Cigano está errada e foi duro com o americano, dizendo que faltou ética a ele:
- Sem resposta. Primeiro que ele ainda é atleta, e não treinador. Se ele fosse treinador, teria mais ética e não se comportaria dessa forma. Acho ele um ótimo atleta, mas para ser treinador tem que mudar muito, porque pelo menos a ética ele já não tem. Quem é ele? Nós vamos seguir o que ele fala? Que ele continue sendo lutador, pois é um grande campeão e vai longe. Mas tem que rever os conceitos para quando quiser virar treinador.
O canal Combate transmite a pesagem do UFC 166 às 18h (de Brasília) desta sexta-feira e todas as lutas do evento a partir de 19h15m de sábado. O Combate.com também exibe a pesagem e acompanha todo o card em Tempo Real no sábado, além de transmitir o duelo entre Dustin Pague e Kyoji Horiguchi, pela categoria peso-galo (até 61kg), ao vivo.
UFC 166
19 de outubro de 2013, em Houston (EUA)
CARD PRINCIPAL
Cain Velásquez x Junior Cigano
Daniel Cormier x Roy Nelson
Gilbert Melendez x Diego Sanchez
Gabriel Napão x Shawn Jordan
John Dodson x Darrell Montague
CARD PRELIMINAR
Tim Boetsch x CB Dollaway
Nate Marquardt x Hector Lombard
Sarah Kaufman x Jessica Eye
George Sotiropoulos x KJ Noons
T.J. Waldburger x Adlan Amagov
Tony Ferguson x Mike Rio
Jeremy Larsen x Andre Fili
Dustin Pague x Kyoji Horiguchi
FONTE:
http://sportv.globo.com/site/combate/noticia/2013/10/tecnico-de-cigano-nao-ve-velasquez-resistente-golpes-ponto-fraco-dele.html
- Acho que aí está o ponto fraco do Velásquez: assimilação. Ele busca a luta muito forte, mas não suporta golpe, não tem esse poder. Contra o (Cheick) Kongo (no UFC 99, em 2009) ele caía, levantava e ia nas pernas. Kongo, em vez de sair e continuar golpeando, buscava o clinch, aí dava tempo para o Velásquez se recuperar. Cigano, quando der um golpe duro, tem que acabar com a luta. Tem que farejar o nocaute. Tudo que a gente faz é em busca do nocaute. O Cigano sabe nocautear, não se afoba. O Cain é um grande atleta, mas o ponto fraco dele, com todo respeito, é a assimilação de golpes realmente. Ele não provou que suporta isso - disse em entrevista ao Combate.com no hotel onde os lutadores estão hospedados.
Ex-treinador de Popó, Luiz Dórea é o mestre de Junior Cigano
(Foto: Evelyn Rodrigues)
- Na primeira luta, Cigano nocauteou em um minuto. Na segunda o Cigano não entrou na luta. Ele sofreu golpes durante cinco rounds, sofreu várias quedas e se levantou em todas. Cigano é um atleta completo. Além de ser um grande nocauteador, é um grande assimilador também. Para isso não tem treinamento, nasce com o atleta. Quem aguenta aguenta, quem não aguenta... Não tem exercício para o queixo. Isso mostrou que, mesmo estando em sua melhor forma e no controle das ações, o Cain não conseguiu acabar a luta. Com todo respeito ao Cain, mas se a luta fosse ao contrário e o Cigano tivesse batido nele a metade daquilo, certamente a luta teria acabado. O aprendizado da derrota é muito grande. O que aconteceu com ele foi muito fora do ringue, a cabeça dele. Mas dois raios não caem no mesmo lugar. Ele aprendeu muito com isso e está muito mais maduro.
Questionado sobre quais problemas seriam esses, Dórea preferiu manter discrição. Mas sabe-se que, na época, Cigano estava em fase de separação da então esposa, Vilsana.
Velásquez venceu Cigano no UFC 155 por decisão unânime
dos jurados (Foto: Getty Images)
Outro ponto que prejudicou Cigano, segundo o próprio lutador, foi o treino em excesso. Luiz Dórea contou que a equipe contratou um fisiologista para não deixar que isso se repita e disse que o peso-pesado agora está muito mais profissional:
- Em relação à equipe, contratamos um fisiologista para poder controlar a carga de treinamento dele. Nós vínhamos bem, e isso (overtraining) foi constatado pelos exames após a luta. De início a gente não sabia. Por isso hoje nós estamos muito mais amparados. Contratamos um fisiologista, que acompanha ele tanto de manhã quanto de tarde nos treinamentos, para ver o secar dele. E a gente distribuía a carga de treinos para evitar esse overtraining. Foi tudo um aprendizado. O esporte é uma evolução constante. Quando um atleta ou um treinador pensa que sabe tudo, isso é o início do fim dele. O Cigano investe muito nele. Com certeza nessa luta ele vai estar em melhor condição. Ele está muito mais profissional, com alimentação na hora certa, comendo tudo o que tem que comer, seguindo à risca o horário de repouso de tal hora a tal hora. Sempre foi um grande atleta, mas hoje está muito mais fortalecido profissionalmente.
Dórea recordou um golpe aplicado por Velásquez que balançou Cigano no início da segunda luta e o fez praticamente abandonar toda a estratégia de jogo que estava traçada. Para o técnico, o pupilo lutou o restante do combate no "automático":
- Quando começou a luta, o Cigano estava muito bem na defesa de quedas. O que faltava era contragolpear depois de se defender. Ele foi treinado para isso e naquele momento não fez. Então, achei que depois que falássamos com ele no córner, ele faria isso. Mas não voltou contragolpeando. Aí veio o golpe duro que ele levou na cabeça. Nesse golpe, o Cain ficou mais de um minuto nas costas dele socando. Quando ele foi para o córner, toda a parte técnica e tática acabou. Ali ele estava lutando para se recuperar do golpe. Lutou no automático durante três ou quatro rounds ali. "Não posso cair, não posso cair". Tanto que quando acabou a luta, ele me disse: "Professor, eu só vi o senhor falando para levantar a guarda". Eu já passei isso com outros atletas também, tenho 34 anos nisso aqui. Ele estava no automático. Isso mostra o coração dele. O Cain poderia ter acabado a luta, tinha o controle, mas não soube finalizar como Cigano. Cigano é um nocauteador, um finalizador. Naquele momento ai faltou "punch" mesmo, porque ele conectou muitos golpes. E o Cigano é muito resistente.
Dórea concedeu entrevista no hotel onde o UFC está
hospedado em Houston (Foto: Evelyn Rodrigues)
- Da parte de Cormier isso é um jogo de palavras. Não muda nada. Isso é coisa de amador. Nós somos profissionais, e as coisas se decidem lá dentro. Nós temos que estar preparados para tudo. Existem táticas. O Cigano tem a nossa tática, e eles têm a deles. Alguém vai conseguir colocar a tática em jogo primeiro. Esse já sai na frente. Agora, essas mudanças aí... Só se o cara der salto mortal lá dentro (risos). Todo o resto faz parte do esporte. E estamos preparados para tudo. Cain é completo: soca, chuta, põe muito bem para baixo. Mas temos nossa linha. Queremos manter a luta dentro do nosso controle, e nosso controle é na trocação. Ali é onde estamos em casa.
O treinador também não gostou de ouvir que Cormier afirmou que a preparação de Cigano está errada e foi duro com o americano, dizendo que faltou ética a ele:
- Sem resposta. Primeiro que ele ainda é atleta, e não treinador. Se ele fosse treinador, teria mais ética e não se comportaria dessa forma. Acho ele um ótimo atleta, mas para ser treinador tem que mudar muito, porque pelo menos a ética ele já não tem. Quem é ele? Nós vamos seguir o que ele fala? Que ele continue sendo lutador, pois é um grande campeão e vai longe. Mas tem que rever os conceitos para quando quiser virar treinador.
O canal Combate transmite a pesagem do UFC 166 às 18h (de Brasília) desta sexta-feira e todas as lutas do evento a partir de 19h15m de sábado. O Combate.com também exibe a pesagem e acompanha todo o card em Tempo Real no sábado, além de transmitir o duelo entre Dustin Pague e Kyoji Horiguchi, pela categoria peso-galo (até 61kg), ao vivo.
UFC 166
19 de outubro de 2013, em Houston (EUA)
CARD PRINCIPAL
Cain Velásquez x Junior Cigano
Daniel Cormier x Roy Nelson
Gilbert Melendez x Diego Sanchez
Gabriel Napão x Shawn Jordan
John Dodson x Darrell Montague
CARD PRELIMINAR
Tim Boetsch x CB Dollaway
Nate Marquardt x Hector Lombard
Sarah Kaufman x Jessica Eye
George Sotiropoulos x KJ Noons
T.J. Waldburger x Adlan Amagov
Tony Ferguson x Mike Rio
Jeremy Larsen x Andre Fili
Dustin Pague x Kyoji Horiguchi
FONTE:
http://sportv.globo.com/site/combate/noticia/2013/10/tecnico-de-cigano-nao-ve-velasquez-resistente-golpes-ponto-fraco-dele.html
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