Plano de negócios prevê cobrança de R$ 20 por hora de estacionamento em dias de eventos e R$ 127 mil de custo operacional por jogo
Contrato de concessão do Maracanã é válido pelos próximos 35 anos
(Foto: André Durão)
maracanã
No organograma de estrutura de receitas, o plano de negócios só prevê
receita para a concessionária nos setores premium do estádio. A ideia
inicial da empresa, que esbarrou, por exemplo, nos interesses do
Flamengo, era deixar a comercialização dos setores populares, atrás dos
gols, para os clubes, operando a parte mais nobre do Maracanã. A fórmula
agradou ao Fluminense, que priorizou o fato de não ter qualquer custo
ou risco de prejuízo para jogar no estádio. O clube assinou por 35 anos.
A negociação com o Flamengo, porém, se arrastou por alguns meses até
ser firmada uma parceria de dois anos, que o próprio presidente do
clube, Eduardo Bandeira de Mello, disse não ser definitiva – tanto que
prevê possibilidade de rescisão unilateral sem ônus para qualquer uma
das partes, em qualquer período do contrato.
Tabela no contrato determina custos da operação no Maracanã: R$ 127.187 por jogo (Foto: Reprodução)
Por e-mail, a assessoria da concessionária respondeu, ao ser questionada se as projeções de preço de ingressos poderiam ser alteradas, que há variadas faixas de preço e que o intuito é garantir o acesso de todos.
- O projeto prevê variadas opções de preços, dos assentos de cadeiras dos setores norte e sul aos setores dos camarotes, onde são oferecidos serviços extras aos torcedores que estão dispostos a pagar mais por um diferencial. O intuito é garantir o acesso de todos ao estádio. Também são atendidos todos os direitos dos torcedores como as meias-entradas, promoções do sócio torcedor e gratuidades.
Contrato determina número de eventos por ano no Complexo do Maracanã
(Foto: Reprodução)
O ponto que se tornou complicado no plano inicial da concessionária está no item 3.1.7.6 do anexo do contrato de concessão. A empresa teria 85% de 2.450 vagas disponíveis com a construção de edifício-garagem em função da demolição do estádio de atletismo e do parque aquático no complexo. Mas o governo do Estado desistiu de demolir os equipamentos e ainda não decidiu se manterá ou não a concessão. Uma nova proposta para continuar o contrato foi entregue pela concessionária na última sexta-feira. A primeira foi rejeitada.
Diz o texto: “Nos dias de evento no Estádio (77 ao ano), considerou-se a utilização de 75% da totalidade das vagas por 8hrs, enquanto nos dias de evento na Arena (91 no ano), considerou-se a utilização de 75% de 1,5 mil vagas, a um preço de R$ 20/hora. Nos dias em que não há evento, considerou-se a utilização de 50% das vagas por 16 horas, a um preço de R$ 4/hora (sic)”.
O plano prevê ainda a cobrança de R$ 500 por ano para cada assento perpétuo, para sua manutenção. No item que trata da bilhetagem, está descrito que a remuneração da concessionária com este tipo de receita será através de “taxas de serviço, taxas de conveniência e das taxas de entrega referentes a vendas dos ingressos. A receita do ingresso propriamente dito será receita do promotor do evento”. É prevista cobrança de taxa de conveniência de 15% em todos os eventos no complexo, sendo que jogos de futebol no Maracanã tem previsão também de receita com uma taxa de administração de 10%. O valor da entrega de bilhetes em todos os casos foi estimado em R$ 10. A taxa de conveniência é cobrada pela empresa que atua como canal de venda de um evento, segundo o texto do plano de negócios.
Os preços por assentos em dias de jogos do Maracanã, segundo o contrato
(Foto: Reprodução)
O plano econômico-financeiro, também incluído no plano de negócios, afirma que a receita bruta no primeiro ano de operação é estimada em R$ 80 milhões, atingindo um pico de R$ 337 milhões no ano nove do contrato de concessão, “ano em que se estima que todos os produtos tenham atingido sua maturidade de vendas”. A margem líquida no primeiro ano de operação é negativa, -64% (está previsto prejuízo de R$ 43,8 milhões nos primeiros 12 meses de concessão) e atinge um pico de 21,7% em 2027.
O contrato de parceria público privada número 27/2013 foi assinado no dia 4 de junho pelo governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, o secretário de Esporte e Lazer, André Lazaroni, o presidente do Complexo Maracanã Entretenimento S.A, João Borba, e seu vice, Bruno Barbosa Wegmann da Silva. O GLOBOESPORTE.COM obteve a íntegra do documento, com mais de 700 páginas, através de pedido feito pela reportagem através da lei de acesso à informação. A cópia do contrato foi liberada em cerca de 20 dias.
ENTENDA A CONCESSÃO DO MARACANÃ |
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O Complexo Maracanã S.A. é a empresa que venceu a licitação para
concessão por 35 anos da estrutura, que inclui, além do estádio, o
Maracanãzinho, o estádio de atletismo Célio de Barros e o parque
aquático Julio de Lamare. A seguintes empresas participam da sociedade
da concessionária: Odebrecht Participações e Investimentos S.A. (empresa
líder, com 90%), IMX Venues e Arena S.A (de propriedade de Eike
Batista, com 5%) e AEG Administração de Estádios do Brasil LTDA (também
com 5%). O resultado da licitação foi anunciado no dia 9 de maio deste ano. O grupo apresentou toda a documentação necessária para o processo de licitação e foi aprovado por unanimidade pela Comissão Especial de Licitação, superando o "Consórcio Complexo Esportivo e Cultural do Rio de Janeiro" - composto por Construtora OAS S.A., Stadion Amsterdam N.V. e Lagardère Unlimited. O concorrente teria cinco dias para recorrer do resultado da licitação, mas abriu mão da medida. Porém, em junho, o cenário político em todo o Brasil ferveu. Manifestações tomaram proporções surpreendentes, atingiram também a realização da Copa das Confederações com protestos próximos a arenas e, no Rio de Janeiro, fez despencar a popularidade do governador Sérgio Cabral. Diante do clamor popular pela manutenção do Célio de Barros e do Julio de Lamare, o governador voltou atrás, após já assinada e homologada a concessão, e anunciou que manterá as estruturas. Desde então, governo e concessionária negociam a manutenção do contrato por 35 anos. A primeira proposta da empresa em função das alterações – a área geraria receita com a construção de edifício-garagem – foi rejeitada pelo governo no fim de setembro. A empresa emitiu nota oficial afirmando que considera o contrato válido e informou que entregou nova proposta nesta sexta-feira. FONTE: http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2013/10/maracana-estimativa-de-lucro-de-concessionaria-atinge-r-95-mi-ao-ano.html |
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