Maria Silvia Bastos Marques, presidente da Empresa Olímpica Municipal, avisa que orçamento do Rio 2016 só será divulgado quando estiver fechado
Maria Silvia preside a Empresa Olímpica Municipal (Foto: Thierry Gozzer)
Hoje, aos 56 anos, e a três anos da cerimônia de abertura das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, Maria Silvia preside a Empresa Olímpica Municipal (EOM), responsável por coordenar a execução de todos os projetos e atividades do município relacionadas aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. Convicta, garante que as Olimpíadas do Rio de Janeiro, daqui a 1.095 dias, deixarão um legado positivo, com controle de gastos e obras no prazo.
- Após os Jogos, o maior legado esportivo que ficará é exatamente o centro de treinamento para atletas de alto rendimento. O mais moderno da América do Sul. Vamos terminar isso até o primeiro semestre de 2016.
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O adiamento da entrega do orçamento olímpico de 2016 (agora com prazo
para o fim do ano), os projetos de infraestrutura da cidade e a nova
responsabilidade com o Parque Olímpico de Deodoro - com cronograma
atrasado e que caiu no colo da Empresa Olímpica - não tiram seu sono.
Agora, ela quer fazer jus ao apelido dado pelo prefeito Eduardo Paes em
2011, quando assumiu o cargo: "Prefeita Olímpica". Confira a entrevista
abaixo:GLOBOESPORTE.COM: Faltando três anos para as Olimpíadas do Rio de Janeiro, seu semblante é de preocupação, de apreensão pelo prazo, ou de ansiedade para que a data chegue logo?
MARIA SILVIA: Esse evento é o máximo. Já fui a duas Olimpíadas. É um evento espetacular. A Jornada Mundial da Juventude foi assim também. É muito bacana, é espetacular. Estou ansiosa para que chegue. Temos tempo para receber as pessoas, terminarmos as instalações. O trabalho é com foco para fazer bem feito. Claro que fica aquela ansiedade, mas boa, de trabalho bem feito. Mas prefiro que demore um pouco para chegar, porque é tão gostoso, e passa tão rápido, termina...
Você parece ter muita segurança do que fala e promete...
Eu só falo o que eu acredito e o que eu garanto. Quando não for isso, eu vou falar diretamente.
Perspectiva do Parque Olímpico de 2016 (Foto: Divulgação/Rio 2016)
Com certeza é uma grande preocupação. Não sou política, não sou do governo, estou para esse projeto. Tenho espírito público. É um projeto que pode transformar a nossa cidade. Eu quero melhorar a cidade que meus filhos e família moram. É como trabalhar para mim mesma. Chega a ser um pouco egoísta, mas é isso mesmo. Eu quis participar desse projeto e ajudar na transformação da cidade, por acreditar nisso.
Você ouve essa pergunta sempre. E não tem como não fazê-la. Todos querem saber o orçamento das Olimpíadas de 2016. Ele não saiu ainda. Como explicar isso?
Existe um enfoque errado nessa situação. Vejo muito as pessoas cobrarem transparência e desinformadas das coisas. Foram feitas várias audiências públicas. E ninguém vai. Temos um site, que é um espetáculo. As pessoas não entram para saber. Existe uma cobrança discriminada que não se converte. Vejo muita gente desinformada quando a informação está disponível. A prefeitura divulga número de obras o tempo inteiro. Posso te dar um número mágico hoje, e amanhã ele não vai valer mais. Se olhar a experiência de Londres, começou com um número e terminou com outro. Esse valor triplicou em Londres e as Olimpíadas foram um sucesso. E também acho que foi. Temos que entender as situações. Londres só usou recursos públicos para os jogos. E nós usamos recursos privados também, na sua grande maioria. Esse número, naturalmente, virá. Gosto sempre de me referir à dificuldade de divulgar esse número com a reforma de uma casa. Você orça de um jeito e termina com outro. Não é uma negativa, mas apenas queremos mostrar esse número consolidado, com tudo licitado e orçado. Ele tem sido divulgado a cada investimento. E os números fazem sentido.
Está praticamente resolvida. É um assunto passado. Eles vão sair assim que o Parque Carioca estiver pronto. O prefeito foi bem claro com isso. Ninguém sairá de lugar nenhum sem nenhum outro lugar para morar. E pronto. Esse projeto é conduzido pela secretaria de educação, e nós da Empresa Olímpica Municipal acompanhamos tudo.
E a situação do CEU, o Clube Esportivo de Voo. Também está resolvida?
Ela está praticamente equacionada, tanto é que as obras ali já retornaram. Vamos chegar a uma solução boa para todas as partes, sem problema algum (saiba mais sobre o caso).
As obras do Parque Olímpico estão dentro do prazo? Existe uma porcentagem das obras?
As obras de infraestrutura estão praticamente concluídas. Estamos na fase das fundações. A terraplanagem foi toda feita. Estamos adiantados. É um número possível de se conseguir (porcentagem), algo aproximado, mas ainda não temos, é preciso ver com engenheiros. Ainda não sou uma (risos), mas esse número teremos melhor ao fim da última licitação. E aí teremos os prazos de cada obra e do todo.
E quando a obra vai ganhar forma?
Começamos a tomar forma no primeiro semestre do ano que vem. Na Vila dos Atletas, já é possível ver. Estamos ansiosos por isso.
Perspectiva das intervenções olímpicas para o Parque dos Jogos de 2016 (Foto: Divulgação/Rio 2016)
Tudo está sendo planejado. Um evento como esse não é o dia a dia da cidade. São férias escolares. Algumas ruas são fechadas, outras ganham faixas olímpicas. Em Londres, mesmo com o transporte de 150 anos, que é o metrô, nossa presidente (Dilma Rousseff) ficou em um engarrafamento por duas horas em uma faixa olímpica. No Rio, a fluidez será melhor que em Londres. Isso já foi feito no Pan, e deu certo. Claro que tudo nos preocupa, mas está sendo planejado.
Como está o projeto de utilização dos cruzeiros para hospedagem durante os Jogos?
Conseguimos um momento muito bom. Hoje, já ultrapassamos o pedido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), que são 44.500 leitos. Teremos 44.700 em 2016. Temos as ofertas, demandas e estamos vendo o que faz mais sentido. Se a pessoa vai para Deodoro, faz mais sentido ficar em Deodoro, ou próximo. O ideal é minimizar o número desses navios, que serão alugados. Serão usados, claro. Até Londres, com mais de 100 mil quartos de hotel, usou. É uma questão logística importante.
Centro de Hipismo de Deodoro perdeu evento internacional (Foto: Alexandre Durão / Globoesporte.com)
Vou conhecer Deodoro ainda. Ainda não me inteirei, até porque a área está sendo passada para a prefeitura. Ele terá que ficar pronto. E vai ficar. Não me tira o sono, tenho insônia desde sempre. Enquanto esses Jogos não vierem, a gente não relaxa. Mas tenho certeza que vamos entregar com tempo para termos os eventos testes.
Qual será o maior legado do Parque Olímpico?
Após os Jogos, o maior legado esportivo que ficará é exatamente o centro de treinamento para atletas de alto rendimento. O mais moderno da América do Sul. Vamos terminar isso até o primeiro semestre de 2016. Teremos uma sucessão de entregas, para eventos testes. Mas até o final, temos obras de paisagismo. O Parque Olímpico estará lindo e concluído antes do início dos jogos.
Maria Silvia recebeu o GLOBOESPORTE.COM no escritório da EOM, no Centro do Rio (Foto: Thierry Gozzer)
É uma estrutura grande. Sendo temporária e cara, queremos minimizar ou ter um legado que se sustente, que seja importante. Das quatro arenas (tênis, handebol e velódromo), é a que ainda estamos discutindo, no limite, para ter certeza do que estamos fazendo. Em 15 dias, temos uma dimensão do que será feito.
Os profissionais do Parque Olímpico, dos hotéis, enfim, as pessoas envolvidas com as Olimpíadas, saberão receber os turistas e atletas? Nossos setores de serviço e transportes vão funcionar?
É um grande desafio. Temos que qualificar. No mundo inteiro é um problema. O que fará a diferença no Rio é o serviço de transporte público, que será diferente. Não estamos fazendo apenas um BRT. A prefeitura está fazendo uma nova forma de transporte público na cidade. Todo o sistema está interligado. BRT, VLT, BRS, metrô. Vamos ter que nos acostumar a usar esse sistema novo. Três mil ônibus vão sair de circulação com o VLT e BRT. E os demais vão funcionar de outra forma. Os da Baixada, por exemplo, não virão ao Centro. Vão até o BRT e de lá virão ao centro. É uma grande mudança.
http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2013/08/prefeita-olimpica-diz-que-jogos-vao-deixar-melhor-ct-da-america-do-sul.html
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