domingo, 2 de junho de 2013

Confederações: Itália ofensiva e blindada contra crises vem ao Brasil

Esporte Espetacular conversa com grandes nomes da seleção
italiana como Mario Balotelli, Stefan El-Shaarawy e Gianluigi Buffon

Por GLOBOESPORTE.COM Milão e Turim, Itália



Uma Itália blindada aos escândalos e muito ofensiva em campo é que o torcedor brasileiro pode esperar na Copa das Confederações. Com um ataque jovem formado por Balotelli e El-Shaarawy, os tetracampeões do mundo chegam ao Brasil na busca pelo título inédito para a Azurra.  O Esporte Espetacular foi à Europa conversar com os maiores destaques do time italiano para saber o que esperar da equipe.

Será mesmo uma Itália ofensiva que vem ao  Brasil pra Copa das Confederações? Diferentemente do futebol retrancado de outrora, que confiava no ‘catenaccio’, o famoso ferrolho italiano, o time atual é bastante ofensivo. Quem conta isso é Arrigo Sacchi, que já dirigiu a seleção italiana e hoje é comentarista de futebol

- A Itália é um equipe que pensa em jogar futebol, tem uma boa técnica, e que não pensa só em se defender, mas também em atacar. Uma equipe que não traduz o que se faz no nosso campeonato, onde não se joga ofensivamente. Por tradição, não temos este tipo de cultura. Logo nós, que somos italianos e que ensinamos a estética ao mundo inteiro com os estilistas de moda, pintores, poetas, cantores, no futebol deixamos de lado a beleza de lado. Queremos vencer independentemente da forma – explica Sacchi.

Balotelli e El Shaarawy italia (Foto: Reprodução) El-Shaarawy e Balotelli (Foto: Reprodução)

O poder ofensivo da Itália está nos pés afro-italianos de El-Shaarawy e Balotelli. O filho de ganeses Balotelli é tão bom de bola quanto polêmico. Nascido em solo italiano e criado por uma família local, Balo tem muito orgulho de vestir a camisa azul e diz que sempre existe uma diferença entre clube e seleção.

- Para a seleção italiana a gente tem que dar o nosso máximo. Obviamente você se empenha tanto quanto no seu clube, joga com coração como no seu clube. Mas a seleção tem alguma coisa de especial. Não sei explicar direito, mas tem algo a mais – conta Super Mario.

Já o filho de egípcios, Stefan El-Shaarawy, apesar do sobrenome também nasceu na península. Ele é mais direto e está feliz por fazer parte do grupo da seleção e por sua performance ofensiva no 4-3-3 italiano montado por Cesare Prandelli.


- Primeiro de tudo estou muito contente de estar aqui. Não sei o quanto eu sou importante para Cesare Prandelli, mas eu estou contente de jogar e de ver que ele está confiando em mim. Então, o meu papel é só tentar melhorar. Os últimos gols que eu fiz foi jogando no 4-3-3. Então, do meu ponto de vista, requer um esforço maior, mas tudo bem. Tem funcionado bem, então o cansaço não se sente muito – explica o Faraó, apelido que a torcida deu a El-Shaarawy.

Mesmo nascendo em território italiano, os dois atacantes do Milan dão prosseguimento a uma tradição de mesclar italianos e descendentes. Em três das quatro Copas que levantou, a Azurra contava com alguém de outro país em seu plantel.

Em 1934, o brasileiro Anfilogino Guarisi, o Filó, e quatro argentinos, Orsi, Jose Maria, Guaita e Monti, estavam no time. No bicampeonato em 1938, o brasileiro Aldo Olivieri, o uruguaio Andreolo e o austríaco Colaussi faziam parte do time. Se em 1982 o time não tinha um ‘oriundi’, em 2006 coube ao argentino Camoranesi esse papel.

O brasileiro José João Altafini, o Mazolla, campeão mundial com a Seleção Brasileira em 1958, defendeu a Itália na Copa de 1962 e sofreu na pele o preconceito dos brasileiros por ter tomado essa decisão.

- Olha, eu me lembro do que passei quando joguei pela seleção italiana e me disseram que eu era venal, que eu era mercenário, que eu não era italiano. Tinha jornalista que toda semana falava que eu era ex-brasileiro. O que ele diria hoje que tem jogadores brasileiros com passaporte italiano, que são italianos devido à mulher italiana, isso e aquilo? Hoje, não tem mais nada disso. Você vê a seleção francesa, a seleção da Inglaterra, espanhola, que jogou brasileiro. Hoje não tem mais nada disso. Graças a Deus para eles, mas eu sofri muito com isso – conta Mazolla.

Se os gringos ou seus filhos vestem a camisa azul sem problemas, as fofocas e crises com a imprensa são sempre motivo de polêmica na seleção italiana. Quase uma tradição, quando chegam as competições importantes, um escândalo abala o grupo, que costuma se fechar e ganhar força. Foi assim em 1982 e em 2006. Os goleiros daqueles dois times, Dino Zoff e Gianlugi Buffon, contam que isso não é problema

- Tem um pouco de verdade disso. Quando a gente se sente derrotado, que não há mais nada a fazer, é capaz de se superar. Acontece sim. Quando somos muito criticados, desacreditados, somos capazes de usar o coração tirar o melhor que temos com uma determinação extra e aí ficamos perigosos – explica Zoff, capitão que levantou a Copa do Mundo em 1982.

Gianluigi Buffon Itália (Foto: Getty Images)Gianluigi Buffon, goleiro da Itália, durante entrevista (Foto: Getty Images)

Buffon lembra que na Itália é assim mesmo.

- Sempre foi assim, todas as vezes que chegamos às vésperas de uma competição. Acontece qualquer episódio que desperta muita atenção e a gente sempre respondeu bem. É um pouco verdade, porque em momentos de dificuldade, a gente ressurge de maneira muito compacta, com grande espírito de grupo. E diante da dificuldade, a gente consegue sempre dar o melhor – encerra o goleiro do Juventus.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/programas/esporte-espetacular/noticia/2013/06/confederacoes-italia-ofensiva-e-blindada-contra-crises-vem-ao-brasil.html

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