Aos 32 anos, líbero do Rio de Janeiro e ala-pivô do Brasília já começam a pensar na aposentadoria, e vão dividir tempo entre a quadra e a faculdade
Há mais ou menos 15 anos, a sala de aula ganhou definitivamente
contornos de ginásio. A vida colegial tinha chegado ao fim, mas na
quadra o aprendizado continuava. Só que na prática, incluindo finais de
semana e feriados, com professores usando bermudas e bem longe do
silêncio tradicional. A rotina puxada exigiu que a faculdade de Educação
Física fosse trancada bem no comecinho. Fabi optou pela dedicação total
ao vôlei. Ganhou fama de líbero confiável, dinheiro, dois ouros
olímpicos. De uns tempos pra cá, a vontade de voltar ao banco de escola
tomou força. Dia desses, na saída de um treino, ficou sabendo que um
curso de nível I para treinadores seria dado por Célio Cordeiro Filho na
Escola de Educação Física do Exército. Foi ao encontro dele e pediu
para ser integrada à turma. Não queria perder a oportunidade de aprender
com o mestre de Bernardinho e José Roberto Guimarães.
Mesmo sem ainda ter definido se ficar à beira da quadra será o lugar
escolhido para ficar no futuro. Aos 32 anos, Fabi tem dificuldade de
lidar com um fantasma que a assombra: a aposentadoria. Pensou na
possibilidade de se despedir nos Jogos de Londres. Voltou atrás. Embora
reconheça uma pontinha de nostalgia em seu comportamento, quer
aproveitar ao máximo cada treino e competição. Os planos são de jogar
por mais sete, oito anos, mas ela sabe que tudo pode mudar. Por isso
mesmo, quer abrir uma nova porta. Além do curso terminado no mês
passado, dará inicío à faculdade de Administração à distância.
- Estou voltando a fazer coisas diferentes. Não sei se vou ser treinadora, mas preciso me instruir. Pretendo jogar mais algum tempo. Talvez uns sete, oito anos. Mas tenho que investir também no pós carreira. Fiz o curso com o Célio, que foi professor do Bernardo, do Zé, do Talmo e do Giovane. É uma lenda viva. Tem 80 anos e brinca que enterrou um monte (risos). Vi que ele estava aqui e que seria a chance de fazer o curso. E ele me deu essa oportunidade. Eram 54 homens e só eu de mulher. O Comitê Olímpico Brasileiro também tem dado oportunidades e alguns cursos que me interessam muito (gestão esportiva). E é uma porta que se abre. As pessoas também dizem que eu falo bem. Lembro que durante os Jogos de Londres o Galvão Bueno me elogiou publicamente. Fiquei lisonjeada. O que eu acho é que não vou ter como fugir de ficar ligada ao vôlei. Não sei se vou conseguir sair da quadra - disse a jogadora do Rio de Janeiro.
Nem ela nem Guilherme Giovannoni. Também na casa dos 30 e poucos anos, o
ala-pivô já começa a dar os primeiros passos em direção à uma nova
carreira. Há duas semanas, com caneta, lápis e borracha em mãos, foi
prestar vestibular para Administração, em Brasília. Viu seu nome na
lista de aprovados para o primeiro semestre de 2013. O problema agora é
administrar uma agenda apertada que inclui estudo, treinos, viagens,
jogos, escolinha de basquete e presidência da Associação de Jogadores.
- Estou um pouco como a Fabi. Não pretendo parar agora, mas tenho que me preparar para isso. A criação da minha escolinha me motivou a ter vontade de conhecer mais. E também comecei a organizar a Associação e quero ver se até janeiro temos a diretoria formada. A CBB quer reconhecê-la legalmente e a Liga também. Devagar estamos andando. Já estou meio envolvido como presidente. Eu vou ter que aprender a tocar a carreira de jogador, a Associação, o estudo e a escolinha. Hoje tenho lá pessoas que me ajudam a administrar e também os professores. De vez em quando apareço, mas não é uma rotina. Agora o que quero é ir à faculdade. Aqui não tenho tanto problema de trânsito e quero fazer o curso presencial, ir ao maior número de aulas possível apesar dos muitos jogos. Não piso numa sala de aula há 15 anos, estou meio enferrujado - brinca.
Mas dentro das quatro linhas, a vida vai bem, obrigado. Giovannoni guarda com carinho as lembranças de sua primeira participação nos Jogos Olímpicos. Da foto com Usain Bolt à campanha que marcou o retorno do Brasil ao evento após 16 anos. No NBB, quer ajudar a levar o Brasília ao quarto título em cinco edições.
- Acho que jogo por mais quatro, cinco anos. Devo ir até 36, 37... Mas não bato pé quanto a isso. Enquanto tiver disposição para acordar cedo e correr atrás da bola vou continuar. Vai dar tristeza quando tiver que parar, afinal são 20 anos de carreira profissional, sem contar categoria de base. O que tenho que fazer é saber me preparar para a próxima fase.
Fabi no último dia do curso com o professor Célio Cordeiro (à direita) (Foto: Divulgação)
- Estou voltando a fazer coisas diferentes. Não sei se vou ser treinadora, mas preciso me instruir. Pretendo jogar mais algum tempo. Talvez uns sete, oito anos. Mas tenho que investir também no pós carreira. Fiz o curso com o Célio, que foi professor do Bernardo, do Zé, do Talmo e do Giovane. É uma lenda viva. Tem 80 anos e brinca que enterrou um monte (risos). Vi que ele estava aqui e que seria a chance de fazer o curso. E ele me deu essa oportunidade. Eram 54 homens e só eu de mulher. O Comitê Olímpico Brasileiro também tem dado oportunidades e alguns cursos que me interessam muito (gestão esportiva). E é uma porta que se abre. As pessoas também dizem que eu falo bem. Lembro que durante os Jogos de Londres o Galvão Bueno me elogiou publicamente. Fiquei lisonjeada. O que eu acho é que não vou ter como fugir de ficar ligada ao vôlei. Não sei se vou conseguir sair da quadra - disse a jogadora do Rio de Janeiro.
Guilherme Giovannoni durante a prova do vestibular para Administração (Foto: Divulgação)
- Estou um pouco como a Fabi. Não pretendo parar agora, mas tenho que me preparar para isso. A criação da minha escolinha me motivou a ter vontade de conhecer mais. E também comecei a organizar a Associação e quero ver se até janeiro temos a diretoria formada. A CBB quer reconhecê-la legalmente e a Liga também. Devagar estamos andando. Já estou meio envolvido como presidente. Eu vou ter que aprender a tocar a carreira de jogador, a Associação, o estudo e a escolinha. Hoje tenho lá pessoas que me ajudam a administrar e também os professores. De vez em quando apareço, mas não é uma rotina. Agora o que quero é ir à faculdade. Aqui não tenho tanto problema de trânsito e quero fazer o curso presencial, ir ao maior número de aulas possível apesar dos muitos jogos. Não piso numa sala de aula há 15 anos, estou meio enferrujado - brinca.
Mas dentro das quatro linhas, a vida vai bem, obrigado. Giovannoni guarda com carinho as lembranças de sua primeira participação nos Jogos Olímpicos. Da foto com Usain Bolt à campanha que marcou o retorno do Brasil ao evento após 16 anos. No NBB, quer ajudar a levar o Brasília ao quarto título em cinco edições.
- Acho que jogo por mais quatro, cinco anos. Devo ir até 36, 37... Mas não bato pé quanto a isso. Enquanto tiver disposição para acordar cedo e correr atrás da bola vou continuar. Vai dar tristeza quando tiver que parar, afinal são 20 anos de carreira profissional, sem contar categoria de base. O que tenho que fazer é saber me preparar para a próxima fase.
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