Comentarista diz que falta critério, mas
divide culpa por falhas com jogadores e técnicos. Confira erros
grosseiros no primeiro turno
Por GLOBOESPORTE.COM
Rio de Janeiro
Marin (centro) promoveu Aristeu Tavares (esquerda)ao topo da Comissão Nacional de ArbitrageFoto: Marcelo Baltar / Globoesporte.com)
O primeiro turno do Campeonato Brasileiro de 2012 chegou ao fim com
equívocos claros da arbitragem em grande parte das 19 rodadas. Na 18ª,
um gol com três impedimentos no mesmo lance foi a gota d’água para a troca de comando
na Comissão Nacional de Arbitragem de Futebol (Conaf). Saiu Sérgio
Corrêa, entrou Aristeu Tavares com a missão de reduzir erros e renovar o
quadro. O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José
Maria Marin, chegou a falar em “erros dolosos” ao explicar a medida. Mas
as falhas grosseiras e as polêmicas seguiram na rodada que encerrou o turno.
- Foi uma atitude rápida e completa. Tenho certeza de que estamos
aprimorando a arbitragem. Errar é humano. Não imagino um juiz perfeito,
mas precisamos distinguir erros naturais dos dolosos. Isso não pode
existir. Assumo a responsabilidade - afirmou Marin após a mudança
promovida na Conaf.
O ex-árbitro e comentarista da Rede Globo Arnaldo Cezar Coelho
discorda. Acha que a mudança foi feita na hora errada e da forma errada.
- A direção da CBF mudou a comissão de arbitragem como se muda a casa,
pega os móveis do quarto e bota na sala. As pessoas são as mesmas, só
foram remanejadas. Foi inoportuna a substituição nesse período. Poderiam
esperar um momento, não logo após o Corinthians ser prejudicado com
aquele gol. Hoje, por exemplo, o Atlético-MG vai mostrar que houve falta
(no lance do gol do Cruzeiro) e vão querer mudar o quê? De novo muda a
comissão?
Apesar das críticas ao que qualifica como falta de critério dos
árbitros, Arnaldo vê um problema maior do que meramente deficiência
técnica. Para o comentarista, dirigentes, técnicos e jogadores também
são culpados pelos recorrentes erros de arbitragem. Ele crê que os
juízes estão inseguros para tomar decisões.
- Em relação aos árbitros o mais grave é a falta de critério. Mas o
mais grave é a falta de colaboração. Ninguém quer colaborar para que
haja um bom espetáculo, uma boa arbitragem. Todos são culpados, os
jogadores, os técnicos e os árbitros. Sinto que os árbitros estão
inseguros. O cara escuta o reserva, escuta o assistente, escuta o
auxiliar atrás do gol, é muita insegurança. Se é para mudar, tem de ser
um choque. É difícil apitar bem onde ninguém colabora - analisou.
Arnaldo destacou um fato em particular, o arremesso de objetos ao
gramado no clássico entre Cruzeiro e Atlético-MG, no último domingo. Um
copo d'água chegou a atingir o árbitro da partida, Nielson Nogueira
Dias, e um pedaço de bolo causou a expulsão de Bernard e Leandro
Guerreiro.
- Você viu? Entraram com uma faixa pedindo que nada fosse jogado no
campo. Viu o que jogaram? Então é difícil apitar bem onde ninguém
colabora. No jogo lá de Belo Horizonte, só falaram da arbitragem.
Ninguém falou da atitude do Bernard de querer ficar discutindo por causa
de um bolo, mostrando copo para o juiz, aí foi brigar com o cara porque
tinha um bolo no campo e os dois queriam pegar o bolo, ninguém quer
colaborar. Ficar brigando pelo bolo? E dirigente de clube não fala nada,
não vai acontecer nada.
Os auxiliares atrás dos gols, usados pela primeira vez no Campeonato
Brasileiro deste ano, também não foram poupados por Arnaldo.
- Acho que estão atrapalhando mais do que ajudando, porque os lances mais difíceis eles não estão esclarecendo.
Alguns dos erros cometidos ao longo da primeira metade foram graves,
como a anulação de um golaço de Barcos, do Palmeiras, contra o Botafogo,
quando tinha defensores alvinegros bem à frente, ou a simulação de
Ibson, que se atirou e convenceu o homem do apito a dar o pênalti que
garantiu a vitória do Flamengo sobre o Bahia.
Outros, porém, de maior dificuldade para os responsáveis por conduzir a
partida geraram polêmica e acabaram ganhando eco pelas circunstâncias
da tabela, como o gol mal anulado de Fred, do Fluminense, contra o
Atlético-MG, pela 13ª rodada. A partida terminou 0 a 0, e a vitória
teria dado a liderança aos tricolores. O atacante estava na mesma linha
do defensor mineiro, num lance mais complexo de ser assinalado com
precisão (relembre aqui).
A relação de vídeos abaixo relembra os erros mais grosseiros da
arbitragem em cada rodada do primeiro turno. Aqueles que não dão margem
para debate.RODADA 1Vasco 2 x 1 Grêmio
Miralles marcou, mas o árbitro Célio Amorim anulou o lance. O goleiro
vascaíno Fernando Prass se chocou com seu companheiro Rodolfo e a bola
sobrou para o argentino tocar para a rede. Só o juiz viu falta na
jogada. Aos tricolores, restaram as
reclamações.
RODADA 2
Grêmio 1 x 0 Palmeiras
No último lance da partida em que o Grêmio bateu o Palmeiras, no
Olímpico, Gilberto Silva derrubou Henrique dentro da área. Mas o árbitro
Marcelo de Lima Henrique não assinalou o pênalti.
Flamengo 3 x 3 Internacional
No empate com o Internacional, Ibson reclamou muito com o árbitro André
Luiz de Freitas Castro querendo a marcação de um pênalti aos 37 minutos
do primeiro tempo. Após passe de Kleberson, o meia rubro-negro chutou
para o gol. A bola tinha endereço certo, mas bateu no braço de Nei, que
pulou para tentar bloquear o chute, e foi para fora. O juiz sinalizou
escanteio.
RODADA 3
Santos 1 x 1 Fluminense
No empate entre Santos e Fluminense, Jaílson Freitas teve atuação
desastrosa. No primeiro tempo, Adriano derrubou Carlinhos fora da área e
o árbitro marcou o pênalti. Na etapa final, Lanzini lançou Jean, que
chutou rasteiro. Após rebote de Aranha, Samuel Rosa cabeceou para o gol.
Porém, foi marcado o impedimento
inexistente.
RODADA 4
Cruzeiro 1 x 0 Sport
Na vitória do Cruzeiro sobre o Sport por 1 a 0, o goleiro Magrão usou
as mãos fora da área e não punido pelo árbitro Raphael Claus. Mateus fez
um bom lançamento para Fabinho. Sem marcação, o atacante partiu em
direção ao gol do Leão e tentou passar pelo camisa 1, que colocou a mão
na bola e saiu jogando.
Palmeiras 0 x 1 Atlético-MG
A vitória por 1 a 0 do Atlético-MG sobre o Palmeiras, que deixou o
Galo na vice-liderança do Campeonato Brasileiro, poderia ter sido maior.
Curiosamente, as duas jogadas envolveram o estreante da noite:
Ronaldinho Gaúcho. Aos 15 minutos do segundo tempo, o camisa 49 lançou o
atacante Jô, que disputou a bola com o zagueiro Henrique e marcou. No
entanto, o árbitro da partida, Márcio Chagas da Silva, enxergou falta
inexistente do centroavante atleticano no defensor.
Catorze minutos mais tarde, Ronaldinho Gaúcho bateu falta, o goleiro
Bruno não segurou e o zagueiro Rafael Marques mandou para o fundo da
rede do Verdão. Novamente, o gol não valeu. Desta vez, por impedimento
também equivocado.RODADA 5
Bahia 2 x 1 Sport
O Bahia venceu o Sport por 2 a 1 em Pituaçu, mas o resultado poderia
ter sido diferente se a arbitragem marcasse um impedimento claro no
primeiro gol do time baiano. Após lançamento de Jones, o atacante Elias
recebeu em posição irregular, invadiu a área e abriu o placar na sua
estreia pelo Tricolor.
RODADA 6
Atlético-MG 5 x 1 Náutico
Na estreia de Ronaldinho Gaúcho em Minas, o Galo conquistou uma bela
vitória contra o Timbu, por 5 a 1. No segundo gol do Atlético-MG, no
entanto, um erro do árbitro Raphael Claus acabou beneficiando o Galo. Jô
fez boa jogada pela esquerda, driblou o marcador, caiu fora da área e
não sofreu falta alguma. Equivocadamente, foi marcado o pênalti,
convertido por R49.
RODADA 8
Botafogo 3 x 0 Bahia
No segundo tempo da partida entre Botafogo e Bahia, no Engenhão, aos 21
minutos, o atacante Cidinho marcou um gol, que seria o seu terceiro e o
quarto do Botafogo. No entanto, foi marcada falta sobre o goleiro
Marcelo Lomba e o gol foi anulado. Porém, Lomba se chocou com um
defensor do Bahia, não com o atacante
alvinegro.
RODADA 9
Bahia 1 x 2 Flamengo
O Flamengo conseguiu sair com uma vitória por 2 a 1 sobre o Bahia em
Pituaçu com a ajuda de um equívoco do árbitro Franciso Carlos do
Nascimento. No segundo tempo, Ibson entrou na área adversária, passou
por Fabinho e atirou-se ao chão. O pênalti foi marcado, e Renato
converteu.
RODADA 11
Figueirense 0 x 2 São Paulo
Aos 34 minutos do segundo tempo, quando já vencia a partida por 1 a 0, o
São Paulo reclamou de pênalti não marcado pelo árbitro Anderson Daronco
sobre o atacante Willian José.
RODADA 13
Cruzeiro 2 x 1 Palmeiras
O juiz Fabrício Neves Corrêa errou ao marcar pênalti a favor do
Cruzeiro na partida que acabou 2 a 1 para o time da casa. Quando o jogo
ainda estava empatado em 0 a 0, o árbitro apontou para a marca de cal
depois que João Vitor, do Palmeiras, derrubou Montillo. A falta, porém,
aconteceu fora da área, e o time mineiro aproveitou o vacilo da
arbitragem para abrir o
placar.
RODADA 15
Botafogo 1 x 2 Palmeiras
O Palmeiras venceu o Botafogo no Engenhão e poderia ter saído do
estádio com um gol a mais no placar. Aos 31 minutos do segundo tempo,
Barcos fez um golaço, mas o assistente Antônio Guimarães Lugo errou de
forma grosseira e marcou impedimento do atacante, que tinha defensores
adversários bem à frent
e.
RODADA 17
Cruzeiro 1 x 1 Fluminense
Paulo Henrique de Godoy teve atuação desastrosa ao não marcar dois
pênaltis, um para cada equipe. No primeiro tempo, Wallace empurrou
Éverton dentro da área. O jogo seguiu. Depois, na etapa final, Ceará
desequilibrou Thiago Neves e, na sequência, derrubou Rafael Sobis também
dentro da área. No entanto, o juiz mandou o jogo
continuar.
RODADA 18
Santos 3 x 2 Corinthians
Um lance capital na derrota diante do Santos na última rodada do
primeiro turno não será esquecido pelos corintianos tão cedo. No segundo
gol do Peixe, três impedimentos seguidos foram ignorados pela
arbitragem. O lateral-esquerdo Léo cruzou, Bruno Rodrigo, avançado,
desviou e Durval, em posição irregular, finalizou. Quando a bola estava
entrando, o atacante André, também adiantado, tocou com a cabeça para
garantir que entraria.
RODADA 19
Vasco 1 x 2 Fluminense
O clássico entre o segundo e o então terceiro colocados do Brasileirão
foi repleto de polêmicas da arbitragem comandada por Marcelo de Lima
Henrique. Duas delas, bem graves. Na primeira Tenorio, impedido, muito à
frente dos defensores tricolores, recebeu a bola e iniciou tabela. Ele
deu um lençol em Diego Cavalieri e acertou o travessão na conclusão de
cabeça.
Na segunda, após cruzamento do vascaíno Dedé, Carlinhos esticou o braço
para interceptar a trajetória da bola. O árbitro, no entanto, ignorou a
penalidade máxima para o Vasco. Instantes depois, o Fluminense
desempataria o jogo, com um gol de falta de Thiago Neves.
Cruzeiro 2 x 2 Atlético-MG
Em jogo recheado de polêmicas, não faltaram expulsões, discussões e
objetos atirados ao gramado. E no último lance, não deixou de faltar
também um erro grosseiro da arbitragem. Aos 56 minutos do segundo tempo,
Montillo entrou de carrinho no atleticano Guilherme e cometeu uma falta
clara, que só o árbitro Nielson Nogueira Dias não viu. Na sequência, o
mesmo Montillo cruzou para Matheus empatar o clássico mineiro.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/brasileirao-serie-a/noticia/2012/08/arnaldo-cezar-coelho-critica-troca-de-moveis-na-conaf-e-auxiliares-extras.html
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