sábado, 14 de maio de 2011

‘Dividido’ entre Gre-Nal e Valencia, Jonas curte nova fase da carreira


Ídolo recente do Grêmio, atacante não acha que fará falta ao ex-time por muito tempo. Ele estará em campo durante a decisão do Gaúcho

Por Victor Canedo

Rio de Janeiro
jonas valencia gol  (Foto: agência EFE)Jonas comemora um de seus gols com a camisa
Valencia no Espanhol (Foto: agência EFE)
Jonas já marcou em Gre-Nal, já venceu um dos maiores clássicos do país e até conquistou título em cima do maior rival em três temporadas defendendo o Tricolor gaúcho. Deixou como presente sua imagem na memória dos torcedores comemorando gols, 23 deles na última edição do Campeonato Brasileiro, na qual foi o artilheiro. Neste domingo, no entanto, o ilustre gremista terá de se dividir entre o segundo jogo da decisão no Olímpico e sua vida nova na Espanha. E no Valencia ele já engrenou.
Em 12 partidas – sete como titular –, o atacante foi de “pior atacante do mundo” à peça importante ao marcar três gols e dar outras três assistências, ajudando sua equipe a se garantir na próxima Liga dos Campeões. A confirmação direta na fase de grupos da principal competição do continente pode vir justamente neste domingo.
O clássico local contra o Levante, no estádio Mestalla, está marcado para o mesmo horário da finalíssima do Gaúchão 2011 – 16h (de Brasília). Jonas, que acompanhou pela internet a vitória do Grêmio no Beira-Rio, na última semana, por 3 a 2, estará em campo e só saberá do resultado com certo atraso. Que seja ao menos com um sorriso no rosto.
- Tenho que defender o meu ex-time. E pela amizade que tenho com o clube, o carinho da torcida que é recíproco... Vou torcer muito no domingo para ver o Grêmio sair campeão - disse Jonas, em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, por telefone, parafraseando um dos cantos da torcida.
Esperançoso, Jonas não acha que o Grêmio sentirá sua falta por muito tempo. Na entrevista, ele também falou sobre seu futuro na Seleção Brasileira, prestes a disputar a Copa América, e traçou metas para a próxima temporada, como chegar abaixo apenas de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo na artilharia do Espanhol. Confira abaixo:
GLOBOESPORTE.COM: Você já fez 12 jogos (sete como titular) e tem três gols e três assistências. Podemos dizer que o Jonas está engrenando na Espanha?
JONAS: Aos poucos. Estou feliz pelo pouco tempo que estou aqui, estou me adaptando ainda, e espero atuar bem nos jogos restantes do campeonato para terminar esse poucos meses que estou aqui com uma impressão boa, para aí sim na próxima temporada começar voando. Pelos três meses que estou aqui fico muito contente pelo começo. Não é fácil mudar de estilo de jogo, de um futebol brasileiro para o espanhol tão rápido.
Pena que a temporada já vai acabar...
Cheguei no mercado de inverno, e quando comecei a pegar um pouco o estilo deles aqui praticamente acabou. Mas é um mês de férias, passa rápido, e a gente já volta com tudo de novo. Até porque o time vai para a Liga dos Campeões. Cheguei em cima das oitavas, nos primeiros jogos eu só era convocado para me ambientar. No jogo de volta (3 a 1 Schalke, na Alemanha), entrei no finzinho, faltando dez minutos. Agora eu quero pegar a Champions desde o início.
Você vê o Messi, Ronaldo, 36 gols só no Campeonato Espanhol... Não dá para competir com eles que estão sobrando"
Jonas
Começando do zero é possível para competir com Messi e Cristiano Ronaldo? Ou ao menos sonhar em ser o primeiro abaixo deles?
Sei que é muito difícil. Você vê o Messi, Ronaldo, 36 gols só no Campeonato Espanhol... Não dá para competir com eles que estão sobrando. Mas gostaria, sim, de estar com uma média boa de gols no ano. Aqui comentam que se você fizer de 20 a 25 gols na temporada é uma média boa, dão valor a isso aqui. Em 2010, fiz 42. Se eu fizer a metade disso aqui seria maravilhoso, já que o nível é muito melhor. Estaria satisfeitíssimo. Temos que pensar alto também, nos objetivos individuais.
Agora não mais de “pior atacante do mundo”, não é? A tendência agora é virem muitos elogios.
Dei uma reviravolta desde 2009 com esse pessoal. Depois, com o que fiz ano passado na artilharia, com o Grêmio, já me elogiaram muito. Nem tocaram muito nesse assunto, para falar a verdade. O que fiz no ano passado cobriu tudo.
Você recebeu sua primeira chance na Seleção Brasileira justamente na última convocação. Está esperançoso para ir à Copa América?
Prefiro esperar. Tive a felicidade de ter sido convocado pela primeira vez contra a Escócia, sei que é difícil, mas se pintar meu nome, vixe maria, vou vibrar muito. E se não for seguirei trabalhando aqui no Valencia para ser lembrado em outra oportunidade. Estar na Seleção é o auge do jogador, ainda mais numa pentacampeã mundial. Para chegar ali não é fácil. E depois que chega, toma o gostinho. O ambiente é bom. Na verdade, é maravilhoso.
Já sentiu alguma diferença do futebol brasileiro?
Só em relação a estilo de jogo mesmo. Aqui é mais rápido, e você vê também que antes dos jogos eles molham a grama, a bola fica muito rápida. No Brasil os campos são secos, a não ser quando chove, é claro (risos). Sou obrigado a pensar mais rápido quando jogo, pois mal pego na bola e já tem um ou dois na cola.
Jonas grêmio x lageadense (Foto: Ag. Estado)Jonas nos tempos em que defendeu o Grêmio
antes de se transferir para o Valencia (Ag. Estado)
O Grêmio não teve Borges no último Gre-Nal, mas o Júnior Viçosa apareceu como um bom substituto do Jonas...
É verdade. Acompanhei pela internet e fiquei feliz para caramba. Sabia que os dois estavam pressionados pela desclassificação na Libertadores, já participei daquilo e sei como é. Até acompanhei a entrevista do Renato (Portaluppi ou mesmo Gaúcho). Quem não for campeão vai ver a pressão aumentar ainda mais. E acho que vai sobrar para o Inter (risos). O grupo é bom, a garotada tem muito talento. O Inter também tem uma grande equipe, mas tenho que defender o meu ex-time. E pela amizade que tenho com o clube, o carinho da torcida que é recíproco... Vou torcer muito no domingo para ver o Grêmio sair campeão. E para o Renato também seria importantíssimo o primeiro título como técnico pelo Tricolor.
A eliminação precoce na Libertadores deixou clara a necessidade por um atacante. Até quando vão lamentar a sua saída?
Isso passa. Eu fiz um ano maravilhoso, mas com certeza outros já vão logo engrenar. Assim é o futebol. Uns saem, outros entram e continua. No elenco do Grêmio hoje tem jogadores de qualidade para dar conta do recado e estar fazendo gols. O Viçosa veio de uma equipe de menor expressão e está muito bem, o Borges é goleador, o André Lima está machucado, mas foi muito bem comigo no ano passado... Tem também o Clementino, Lins. Sobre o Leandro, vi um jogo dele na Libertadores, sei que é diferenciado mesmo, com pouca idade e muita personalidade. O Grêmio está bem servido e creio que se sair mesmo o titulo gaúcho vai ganhar mais moral para o Brasileirão.
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