quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Louca pelo Boca, joia conduz estreia olímpica da Argentina no handebol


Caçula dos Karsten, família de origem alemã, Elke, de 20 anos, ajudou a classificar seleção feminina pela primeira vez aos Jogos e quer país jogando sem medo no Rio




Por
Rio de Janeiro



Elke Karsten é uma das revelações do handebol da Argentina (Foto: Getty Images)Elke Karsten é uma das revelações do handebol da Argentina (Foto: Getty Images)


Vestindo a camisa do Boca Juniors, ela deixa a sua casa em Quilmes e ruma para a Bombonera. Ao lado da mãe Elizabeth e das irmãs Heidi, Karen e Maia, a caçula Elke Karsten esquece a timidez e se exalta na torcida por Tevez e cia. Canta, pula e festeja. Xinga se preciso. É no estádio que a menina, tratada como uma joia do handebol argentino, mais se aproxima da faceta que apresenta em quadra.
Se fora dela é introspectiva, dentro se transforma, brigando a cada bola e arremessando com potência da linha dos nove metros. Aos 20 anos, a descendente de alemães nascida em Corrientes, a 900km de Buenos Aires, ganhou rapidamente o status de essencial na seleção. Criada em uma família de esportistas - o pai jogou basquete, a mãe foi ciclista e as irmãs jogam handebol -, a central vai debutar nas Olimpíadas no Rio 2016, mesma edição que marcará a primeira participação das hermanas nos Jogos, muito por seu talento e garra.

- Minha mãe é fanática pelo Boca e sempre que podemos vamos a Boquita ver os jogos do time. Também sou torcedora do Boca e gosto muito de acompanhar de perto das partidas. Me empolgo mesmo - garante Elke, que no Mundial da Dinamarca, em dezembro passado, anotou 22 gols e chamou a atenção pela qualidade na distribuição ofensiva e arremessos de fora.


+ Saiba como está a corrida olímpica pelas vagas no handebol+ Conheça a Arena do Futuro, casa do handebol nos Jogos Rio 2016


Elke na Bombonera ao lado das irmãs em um jogo do Boca Juniors (Foto: Arquivo Pessoal)
Elke (à esquerda) na Bombonera ao lado das 
irmãs em um jogo do Boca Juniors 
(Foto: Arquivo Pessoal)


O handebol não foi a primeira paixão da menina. Elke passou pela natação e chegou a jogar hóquei na grama, esporte muito popular na Argentina, principalmente depois do sucesso das "Leonas". Muito cedo, ela se mudou com a família para Buenos Aires e não demorou para escolher de vez o handebol para sua vida. A irmã mais velha, Heidi, hoje com 26 anos, treinava pelo Clube Alemão de Quilmes, e a treinadora do time de handebol era vizinha delas. Convite feito e aceito. Elke foi treinar e gostou. Evoluiu a passos largos e tornou-se rapidamente a Karsten da seleção argentina, deixando para trás as irmãs Karen (24) e Maia (22).

- Em casa sempre se falou muito de esporte, e nossos pais sempre nos acompanharam em tudo. As palavras que sempre falavam eram esforço, dedicação e sacrifício. Cresci praticando esportes com minhas irmãs no pátio da casa e também passei por vários outros. Em 2012, treinei pela primeira vez com a seleção argentina, no primeiro ano de juvenil. No ano seguinte, passei a compor o time adulto e depois já estava viajando para o Pan e depois para o Mundial da Sérvia, em 2013 - se recorda Elke, que defende o Clube Alemão até hoje (veja lances de Brasil x Argentina pelo último Mundial de Handebol, na Dinamarca clicando no LINK da FONTE no fim da matéria abaixo).


A surpresa de jogar o Mundial aos 18 anos, contudo, ainda não seria a maior da vida de Elke. Em 2015, ela foi mais longe. Disputou o Pan de Toronto, no Canadá, em julho, quando ajudou o handebol argentino a conquistar seu maior feito até agora. Vice-campeã após derrota para o Brasil, a seleção do país garantiu o direito de jogar as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016. Será a primeira vez que dois países das Américas vão competir juntos no torneio olímpico. Para ela, uma chance sem precedentes para a modalidade nas Américas.

Elke Karsten ainda menina, jogando pelo Clube Alemão de Quilmes (Foto: Reprodução/Facebook)Elke Karsten ainda menina, jogando pelo Clube Alemão de Quilmes (Foto: Reprodução/Facebook)


- Ter Brasil e Argentina juntos nas Olimpíadas é uma oportunidade de manter os países americanos em evolução em todos os aspectos. A rivalidade com o Brasil é muito boa e jogar contra o Brasil é sempre muito bom, já que aprendemos muito. É sempre o momento de aprender coisas novas e melhorar o nosso jogo. Estamos treinando para chegar na melhor forma possível e jogar de igual para igual com as potências mundiais que estarão no Rio de Janeiro - explica Elke, que é fã da brasileira Ana Paula, central da seleção.

A proximidade dos Jogos empolga a camisa 22 da Argentina. Elke nunca esteve no Rio de Janeiro, mas apesar de mencionar a beleza da cidade, espera mesmo é a hora de entrar em quadra e seguir evoluindo para quem sabe um dia jogar na Europa, um de seus desejos.

- Nunca fui ao Rio, tenho certeza que a cidade estará linda e pronta para os Jogos. O que posso dizer é que seria muito lindo e especial poder participar dos Jogos Olímpicos, já que para um atleta é o ponto mais alto da carreira poder jogá-lo. Gostaria muito também de jogar na Europa. É um sonho que espero que se torne realidade em breve.

Além da Argentina e do Brasil, a disputa feminina do handebol no Rio 2016 conta também com a Noruega (campeã do mundo), Espanha (vice-campeã europeia), Coreia do Sul (campeã asiática) e Angola (campeã africana). As outras seis vagas serão definidas de 17 a 20 de abril, em três pré-olímpicos mundiais. Cada torneio terá quatro seleções, com duas vagas em jogo em cada disputa.

Elke Karsten com a camisa 10, ao lado das irmãs Heidi, Maia e Karen (Foto: Reprodução/Facebook)
Elke Karsten com a camisa 10, ao lado das irmãs 
Heidi, Maia e Karen (Foto: Reprodução/Facebook)


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