Treinador ironiza chance de sair, desdenha de agente de Martín e, abatido, diz que não perdeu comando: "Seria o primeiro a sair se não sentisse o retorno dos jogadores"
O estilo agitado de Celso Roth à beira do gramado contrastou
com seu abatimento após a derrota do Vasco por 3 a 0 para o Corinthians (veja melhores momentos no vídeo acima),
nesta
quarta-feira, na arena do clube paulista. Ora irônico ao responder sobre
as chances de deixar o comando do time após apenas 10 jogos (cinco
vitórias e cinco derrotas) - chance repelida pela diretoria em contatos
com o GloboEsporte.com - ora com desdém para rebater as críticas do agente de Martín Silva, o treinador manteve as esperanças de uma reação da equipe, afundada na zona de rebaixamento do
Campeonato Brasileiro desde a quarta rodada da competição.
Após
decisões que provocaram questionamentos em São Januário - a mais
polêmica foi o corte do goleiro uruguaio, que havia sido substituído no
intervalo da derrota para o Palmeiras - e uma saída com atritos do
atacante Gilberto, Roth garante que se não tivesse o controle do grupo
se anteciparia e deixaria o comando do time de São Januário.
Roth não corre risco de demissão.
Por ora (Foto: Marcos Ribolli)
– Estamos fechados. Tenho tido um retorno muito grande dos
jogadores. Continuaremos assim, mesmo com esses resultados negativos. Eu seria
o primeiro a sair do grupo do Vasco se não sentisse o retorno dos jogadores. Já
fiz isso várias vezes, não seria a primeira. Hoje em dia qualquer coisa vira
notícia – reclamou, antes de comentar diretamente os ataques do empresário Régis Marques, no seu Twitter, nessa terça-feira.
Apesar
do abatimento, Roth mostrou ânimo maior quando começou a falar das
chances de recuperação do clube da Colina. Com apenas 12 pontos em 16
jogos, o Vasco segue na 18ª colocação
no Brasileiro.
– Esse grupo tem ainda muito a fazer, tem jogadores de
qualidade. Quando estamos no mau momento é complicado, tudo funciona ao
contrário. Ainda vejo grande condição desse grupo se recuperar – afirmou o
técnico, rechaçando a hipótese de demissão. - Interessante perguntarem se eu posso cair. A partir do
momento em que você é contratado e joga dez vezes em 38 dias, fica difícil
avaliar um trabalho. Todo time passa por esses momentos. A sequência é que
determina o nível de qualidade técnica, física e tática para disputar o
Campeonato Brasileiro. Se acontecer para o lado contrário, é a vida do
treinador.
Confira abaixo a íntegra da coletiva de imprensa do treinador do Vasco:
Análise do resultado
- Uma coisa que vocês não acompanham: estamos no Vasco há 38
dias e jogamos dez vezes, não conseguimos parar para treinar. Erramos muito no
jogo de domingo, viemos para cá. No jogo contra o Palmeiras colocamos um time
mais técnico, mais solto, e infelizmente erramos muito. Hoje viemos com um time
mais precavido, mais na força física, aguentamos bem o primeiro tempo. No
segundo tempo acontecem aquelas coisas, não conseguimos manter o ritmo, tomamos
o gol, e aí é fatal. É o nosso momento. Parece muito simples dizer isso, mas só
vamos passar por isso trabalhando.
Parada até jogo com Joinville
- Agora vamos ter aí nove dias para trabalhar. Nesse ritmo
que estamos, precisamos dar uma descansada e recomeçar. Não é só o problema
físico, é o psicológico. Estamos com Brasileiro e Copa do Brasil ao mesmo
tempo, fizemos dois bons jogos, mas infelizmente hoje o Corinthians mereceu
vencer pelo segundo tempo. Não conseguimos manter nosso ritmo, levamos um gol
muito cedo, e depois disso a felicidade do zagueiro Gil, bem posicionado. As
coisas foram assim, agora temos de seguir. Acredito ainda nesse grupo, só está
num momento difícil e complicado.
Críticas de agente
- Não conversei com a direção sobre isso, mas as redes
sociais são sociais. A manifestação de uma pessoa está fora da minha avaliação.
Temos de ter cuidado com essas coisas de interesse próprio, nem sei quem é a
pessoa. Minha função de treinador é para tomar atitudes, agrade ou não qualquer
representante. Quando o jogador está bem, continua, quando não vem tão bem, tem
de melhorar. Estamos procurando atitudes para tomar o equilíbrio. Antes do
Palmeiras ganhamos do Fluminense, do América duas vezes, e achamos que tínhamos
conseguido o ponto de equilíbrio.
Cabeça do grupo
- O grupo está sentindo, é um grupo imaturo, que mesmo tendo
sido campeão carioca sentiu o início do Brasileiro. Teve sequência de
resultados ruins. Nos pontos corridos, já se entra decidindo na primeira
rodada. Todos já entram querendo fazer pontos e ganhar, no Vasco o início foi
ruim. Cheguei conhecendo alguns jogadores durante a competição. Estamos nessa
sequência. Nesse momento negativo é que percebemos a reação de cada jogador.
Discordo que esse grupo seja o pior ou coisa assim. Tem condição sim. Nosso
trabalho é buscar esse equilíbrio. Não temos outra saída.
Como acreditar que o time vai reagir?
- Nós temos muito campeonato pela frente. O tempo está
passando, mas tem muitos jogos ainda. Vou acreditar na qualidade desses
jogadores. Hoje eles saíram muito chocados pela situação e pelo próprio
resultado.
Perdeu o vestiário?
- Isso é uma coisa que você está perguntando em cima de rede
social. Isso é complicado. Tenho tido um retorno muito
grande dos jogadores. Continuaremos assim, mesmo com esses resultados
negativos. Seria o primeiro a sair do grupo do Vasco se eu não sentisse o
retorno dos jogadores. Já fiz isso várias vezes, não seria a primeira. Hoje em
dia se posta qualquer coisa e vira notícia. E vocês (jornalistas) adoram.
Reunião com a diretoria antes do jogo
- Eu me reúno com a direção todos os dias. Não teve nada
especial, é rotina de trabalho como sempre. Temos uma sequência de conversar
quase que diariamente. Só não conversamos na semana passada porque estávamos
viajando. Qualquer outra coisa tem de perguntar para a diretoria.
Relação com Eurico
- Tenho um relacionamento muito bom com o presidente do
Vasco. Ele é muito claro e direto. Não tenho dúvida de que continuará assim.
Já dirigiu uma equipe que sofre tantos gols?
- Toma gols porque está desequilibrado. Não está conseguindo
ter o andamento que nós gostaríamos. É uma situação difícil. Temos de começar
pelo zero. A cada partida é não levar gol. Conseguimos em determinados
momentos, agora estamos em dificuldades. Esses 10 jogos em 38 dias nós não escolhemos.
Agora que vamos ter uma parada e vamos tentar melhorar.
Jogadores experientes podem ajudar?
- Aqui tem jogadores multicampeões, mas por exemplo, o
Andrezinho chegou faz um mês, o Herrera também, o Dagoberto ficou 40 dias no
departamento médico, o Riascos chegou faz nem três meses. Estamos montando o
quebra-cabeça. Parece justificativa, mas não é. Assim que estamos trabalhando.
Alguns jogadores têm tido problemas físicos, consequentemente técnicos. Isso tudo
agregou ao momento de jogos seguidos. É o que está acontecendo no Vasco. Vamos
ver se conseguimos juntar toda essa situação.
Grupo está fechado com você?
- A pergunta é bem óbvia. O Martín faz parte do grupo
também, nós todos estamos fechados com ele. Jogador não pode errar? Se ele
errar e sair, o treinador fez errado? O Martín voltou, fez uma semana de
preparação, não foi ele o culpado pelo resultado contra o Palmeiras, mas achei
que naquele momento era bom nós mudarmos para ver o que acontecia no segundo
tempo. E o segundo tempo foi 1 a 1. Sobre o risco de cair, a partir do momento
em que você é contratado e joga dez vezes em 38 dias, é bem interessante essa
pergunta. Estamos fechados. Todo time passa por esses momentos. A sequência que
determina o nível de qualidade técnica, física e tática para disputar o
Campeonato Brasileiro. Se acontecer para o lado contrário, é a vida do
treinador.
Evolução na parada de 10 dias
- A diretoria alterou o local da partida contra o Joinville,
teremos oito dias para trabalhar. Dentro desses oito dias, temos de recuperar
primeiro para depois trabalhar. É um problema nosso, somos profissionais. E aí
é tentar fazer não só o trabalho físico, mas também o tático e técnico. São problemas
que vemos durante os jogos e se repetem.
FONE:
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