quinta-feira, 30 de julho de 2015

Roth diz que grupo está "fechado", e diretoria banca técnico no Vasco

Treinador ironiza chance de sair, desdenha de agente de Martín e, abatido, diz que não perdeu comando: "Seria o primeiro a sair se não sentisse o retorno dos jogadores"



Por
São Paulo e Rio de Janeiro



O estilo agitado de Celso Roth à beira do gramado contrastou com seu abatimento após a derrota do Vasco por 3 a 0 para o Corinthians (veja melhores momentos no vídeo acima), nesta quarta-feira, na arena do clube paulista. Ora irônico ao responder sobre as chances de deixar o comando do time após apenas 10 jogos (cinco vitórias e cinco derrotas) - chance repelida pela diretoria em contatos com o GloboEsporte.com - ora com desdém para rebater as críticas do agente de Martín Silva, o treinador manteve as esperanças de uma reação da equipe, afundada na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro desde a quarta rodada da competição.

Após decisões que provocaram questionamentos em São Januário - a mais polêmica foi o corte do goleiro uruguaio, que havia sido substituído no intervalo da derrota para o Palmeiras - e uma saída com atritos do atacante Gilberto, Roth garante que se não tivesse o controle do grupo se anteciparia e deixaria o comando do time de São Januário.

Celso Roth, Corinthians x Vasco (Foto: Marcos Ribolli)
Roth não corre risco de demissão. 
Por ora (Foto: Marcos Ribolli)


– Estamos fechados. Tenho tido um retorno muito grande dos jogadores. Continuaremos assim, mesmo com esses resultados negativos. Eu seria o primeiro a sair do grupo do Vasco se não sentisse o retorno dos jogadores. Já fiz isso várias vezes, não seria a primeira. Hoje em dia qualquer coisa vira notícia – reclamou, antes de comentar diretamente os ataques do empresário Régis Marques, no seu Twitter, nessa terça-feira.

Apesar do abatimento, Roth mostrou ânimo maior quando começou a falar das chances de recuperação do clube da Colina. Com apenas 12 pontos em 16 jogos, o Vasco segue na 18ª colocação no Brasileiro.

– Esse grupo tem ainda muito a fazer, tem jogadores de qualidade. Quando estamos no mau momento é complicado, tudo funciona ao contrário. Ainda vejo grande condição desse grupo se recuperar – afirmou o técnico, rechaçando a hipótese de demissão. - Interessante perguntarem se eu posso cair. A partir do momento em que você é contratado e joga dez vezes em 38 dias, fica difícil avaliar um trabalho. Todo time passa por esses momentos. A sequência é que determina o nível de qualidade técnica, física e tática para disputar o Campeonato Brasileiro. Se acontecer para o lado contrário, é a vida do treinador.


Confira abaixo a íntegra da coletiva de imprensa do treinador do Vasco:

Análise do resultado
- Uma coisa que vocês não acompanham: estamos no Vasco há 38 dias e jogamos dez vezes, não conseguimos parar para treinar. Erramos muito no jogo de domingo, viemos para cá. No jogo contra o Palmeiras colocamos um time mais técnico, mais solto, e infelizmente erramos muito. Hoje viemos com um time mais precavido, mais na força física, aguentamos bem o primeiro tempo. No segundo tempo acontecem aquelas coisas, não conseguimos manter o ritmo, tomamos o gol, e aí é fatal. É o nosso momento. Parece muito simples dizer isso, mas só vamos passar por isso trabalhando.

Parada até jogo com Joinville
- Agora vamos ter aí nove dias para trabalhar. Nesse ritmo que estamos, precisamos dar uma descansada e recomeçar. Não é só o problema físico, é o psicológico. Estamos com Brasileiro e Copa do Brasil ao mesmo tempo, fizemos dois bons jogos, mas infelizmente hoje o Corinthians mereceu vencer pelo segundo tempo. Não conseguimos manter nosso ritmo, levamos um gol muito cedo, e depois disso a felicidade do zagueiro Gil, bem posicionado. As coisas foram assim, agora temos de seguir. Acredito ainda nesse grupo, só está num momento difícil e complicado.

Críticas de agente
- Não conversei com a direção sobre isso, mas as redes sociais são sociais. A manifestação de uma pessoa está fora da minha avaliação. Temos de ter cuidado com essas coisas de interesse próprio, nem sei quem é a pessoa. Minha função de treinador é para tomar atitudes, agrade ou não qualquer representante. Quando o jogador está bem, continua, quando não vem tão bem, tem de melhorar. Estamos procurando atitudes para tomar o equilíbrio. Antes do Palmeiras ganhamos do Fluminense, do América duas vezes, e achamos que tínhamos conseguido o ponto de equilíbrio.

Cabeça do grupo
- O grupo está sentindo, é um grupo imaturo, que mesmo tendo sido campeão carioca sentiu o início do Brasileiro. Teve sequência de resultados ruins. Nos pontos corridos, já se entra decidindo na primeira rodada. Todos já entram querendo fazer pontos e ganhar, no Vasco o início foi ruim. Cheguei conhecendo alguns jogadores durante a competição. Estamos nessa sequência. Nesse momento negativo é que percebemos a reação de cada jogador. Discordo que esse grupo seja o pior ou coisa assim. Tem condição sim. Nosso trabalho é buscar esse equilíbrio. Não temos outra saída.

Como acreditar que o time vai reagir?
- Nós temos muito campeonato pela frente. O tempo está passando, mas tem muitos jogos ainda. Vou acreditar na qualidade desses jogadores. Hoje eles saíram muito chocados pela situação e pelo próprio resultado.

Perdeu o vestiário?
- Isso é uma coisa que você está perguntando em cima de rede social. Isso é complicado. Tenho tido um retorno muito grande dos jogadores. Continuaremos assim, mesmo com esses resultados negativos. Seria o primeiro a sair do grupo do Vasco se eu não sentisse o retorno dos jogadores. Já fiz isso várias vezes, não seria a primeira. Hoje em dia se posta qualquer coisa e vira notícia. E vocês (jornalistas) adoram.

Reunião com a diretoria antes do jogo
- Eu me reúno com a direção todos os dias. Não teve nada especial, é rotina de trabalho como sempre. Temos uma sequência de conversar quase que diariamente. Só não conversamos na semana passada porque estávamos viajando. Qualquer outra coisa tem de perguntar para a diretoria.

Relação com Eurico
- Tenho um relacionamento muito bom com o presidente do Vasco. Ele é muito claro e direto. Não tenho dúvida de que continuará assim.

Já dirigiu uma equipe que sofre tantos gols?
- Toma gols porque está desequilibrado. Não está conseguindo ter o andamento que nós gostaríamos. É uma situação difícil. Temos de começar pelo zero. A cada partida é não levar gol. Conseguimos em determinados momentos, agora estamos em dificuldades. Esses 10 jogos em 38 dias nós não escolhemos. Agora que vamos ter uma parada e vamos tentar melhorar.

Jogadores experientes podem ajudar?
- Aqui tem jogadores multicampeões, mas por exemplo, o Andrezinho chegou faz um mês, o Herrera também, o Dagoberto ficou 40 dias no departamento médico, o Riascos chegou faz nem três meses. Estamos montando o quebra-cabeça. Parece justificativa, mas não é. Assim que estamos trabalhando. Alguns jogadores têm tido problemas físicos, consequentemente técnicos. Isso tudo agregou ao momento de jogos seguidos. É o que está acontecendo no Vasco. Vamos ver se conseguimos juntar toda essa situação. 

Grupo está fechado com você? 
- A pergunta é bem óbvia. O Martín faz parte do grupo também, nós todos estamos fechados com ele. Jogador não pode errar? Se ele errar e sair, o treinador fez errado? O Martín voltou, fez uma semana de preparação, não foi ele o culpado pelo resultado contra o Palmeiras, mas achei que naquele momento era bom nós mudarmos para ver o que acontecia no segundo tempo. E o segundo tempo foi 1 a 1. Sobre o risco de cair, a partir do momento em que você é contratado e joga dez vezes em 38 dias, é bem interessante essa pergunta. Estamos fechados. Todo time passa por esses momentos. A sequência que determina o nível de qualidade técnica, física e tática para disputar o Campeonato Brasileiro. Se acontecer para o lado contrário, é a vida do treinador.

Evolução na parada de 10 dias
- A diretoria alterou o local da partida contra o Joinville, teremos oito dias para trabalhar. Dentro desses oito dias, temos de recuperar primeiro para depois trabalhar. É um problema nosso, somos profissionais. E aí é tentar fazer não só o trabalho físico, mas também o tático e técnico. São problemas que vemos durante os jogos e se repetem.


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