Às vésperas de pegar o Palmeiras, Corinthians completa ciclo de dificuldades que começou após eliminação para o mesmo rival. Guerrero, Sheik, lesões, atrasos...
Saída de Guerrero: último dos problemas no clube (Foto: Daniel Augusto Jr / Agência Corinthians)
Às vésperas de um novo clássico contra o Palmeiras, neste
domingo, na arena em Itaquera, o Corinthians completa um período com incertezas
demais para um time que parecia pronto para ganhar todos os campeonatos.
Há
exatos 40 dias, o Timão era eliminado do Campeonato Paulista pelo mesmo
Palmeiras. Desde então, o panorama mudou muito no CT Joaquim Grava.
A queda na Taça Libertadores dias depois, para o Guaraní, do
Paraguai, ajudou a agravar o cenário. O Corinthians pagou parte de suas
dívidas, mas continua cheio de pendências com jogadores.
O clube perdeu
Guerrero e Emerson Sheik, dois de seus principais jogadores. E também teve de
lidar com problemas internos na diretoria – Sergio Janikian foi afastado.
O GloboEsporte.com listou dez fatos que abalaram o
Corinthians nestes 40 dias. O clássico deste domingo é a chance de corrigir o
rumo da temporada e fazer o torcedor voltar a sorrir com o time que encantou o
Brasil nos primeiros meses de 2015.
O abalo começou nos pênaltis, contra o Palmeiras, em uma
semifinal de Campeonato Paulista. Àquela altura, o Timão já vivia dúvidas
internas por seu desempenho recente dentro de campo. Depois de sair atrás, a
equipe de Tite virou o duelo, sofreu o empate por 2 a 2 e decidiu tudo nos
pênaltis. Elias e Petros perderam, Cássio não pegou uma cobrança sequer, e a
derrota para o rival foi bastante sentida.
Três dias depois, o Corinthians tentava esquecer a
eliminação para se recuperar diante do Guaraní, do Paraguai, pela Taça
Libertadores. Em Assunção, o diretor de futebol Sergio Janikian disse ser um “presente
de Deus” enfrentar o modesto clube paraguaio e fugir de rivais brasileiros e
argentinos no torneio. O resultado? 2 a 0 Guaraní, e dificuldades enormes para
o jogo de volta, na arena.
Jadson é expulso na Libertadores: emocional contribuiu para derrota (Foto: Marcos Ribolli)
O
Corinthians entrou pilhado no jogo de volta e deixou a
parte emocional superar a técnica e tática. Sem conseguir executar os
movimentos pedidos por Tite, a equipe se enervou rapidamente e passou a
jogar
de forma mais ríspida. Fábio Santos e Jadson foram expulsos, e o Guaraní
não teve
dificuldades para confirmar sua classificação. Antes, Guerrero, o mesmo
Fábio Santos, Emerson e Cássio tinham sido expulsos na temporada. O
técnico sentiu que os problemas aumentavam.
O mesmo Guaraní foi o responsável por interromper uma série
de 32 partidas sem derrotas do Timão em sua nova arena. Com um gol de
Fernandez, nos acréscimos do segundo tempo, os paraguaios venceram por 1 a 0 e
deixaram o clima ainda mais melancólico no adversário.
Torcedores na porta do CT: notas falsas fizeram parte do cenário de protestos (Foto: Diego Ribeiro)
A
queda na Libertadores deu início à onda de protestos
isolados de torcedores. A maior das manifestações teve um grupo de dez
corintianos na porta do estacionamento do CT Joaquim Grava. Corintianos
ligados
a uma organizada do clube levaram faixas com os dizeres "mercenários,
ociosos,
energúmenos", entre outros xingamentos. Guerrero passou a ser um dos
principais
alvos da revolta dos torcedores. O goleiro Cássio, que falhou no
primeiro jogo contra o Guaraní, passou o treino todo sendo alvo de
críticas.
Ralf tem quatro meses de direitos a receber (Foto: Daniel Augusto Jr / Agência Corinthians)
O presidente Roberto de Andrade passou os primeiros meses de
seu mandato buscando alternativas para gerar receitas e pagar as dívidas de
premiações e direitos de imagem de vários jogadores, que chegavam a somar quase
R$ 20 milhões. Com um empréstimo bancário, o Corinthians conseguiu honrar parte
de seus compromissos. No entanto, o volante Ralf, por exemplo, ainda tem quatro
meses de atraso. Os jogadores, menos pacientes, começaram a adotar
postura mais dura em entrevistas.
Após títulos, Emerson deixa o Timão em julho (Foto: Daniel Augusto Jr / Agência Corinthians)
O
histórico recente de Emerson no Corinthians indicava que
ele não teria mesmo seu contrato renovado com o clube – o vínculo vence
no dia
31 de julho. Após reuniões entre a diretoria e Tite, ficou definido que
não valeria
a pena oferecer um novo contrato ao atacante de 36 anos. Atrasos a
treinos e
uma postura displicente em alguns jogos fizeram o clube optar pelo fim
do
ciclo. Apesar de continuar treinando com o elenco, ele não estará em
campo no
Dérbi deste domingo. Emerson deixa o Corinthians como ídolo e autor dos
dois gols que deram o primeiro título da Libertadores ao clube. Ainda há
a possibilidade de um jogo de despedida no Brasileirão.
Sergio Janikian colecionou gafes em três meses (Foto: Daniel Augusto Jr / Agência Corinthians)
Sergio Janikian não resistiu às declarações polêmicas e à
desconfiança do elenco nos cerca de três meses em que esteve no cargo. Na
sexta-feira passada, Roberto de Andrade anunciou a saída do diretor de futebol –
um substituto ainda não está definido. Sem nenhuma experiência como dirigente
esportivo, o economista ganhou o cargo e mergulhou em um mundo desconhecido. Apesar
de sempre estar solícito às necessidades do grupo e não entrar em atrito com
nenhum atleta, ele teve dificuldade para obter respeito. Caiu rapidamente.
Renato Augusto foi desfalque em alguns jogos (Foto: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians)
Depois
de um início de ano intenso e com jogos atrás de
jogos, o Corinthians pregou. Vários jogadores sentiram o baque e atuaram
abaixo
da média justamente nas partidas decisivas do ano – entre os mata-matas
de
Paulistão e Libertadores. Renato Augusto voltou a sentir dores
musculares, que
tinham sumido em 2014. Elias, desgastado, rendeu muito pouco. Fagner
também
ficou abaixo da média. Guerrero contraiu dengue justamente perto das
decisões.
Departamentos médico e físico do Timão tiveram trabalho nos últimos 40
dias. Tite, porém, disse acreditar que a preparação foi a melhor
possível e evitou a tese de que o Corinthians "virou o fio" muito cedo.
O último ato dos 40 dias foi o anúncio da rescisão de
contrato de Paolo Guerrero. Ele já não ficaria no clube após o fim do contrato,
dia 15 de julho, mas o pronunciamento do gerente de futebol Edu Gaspar
surpreendeu o próprio jogador. Na visão da diretoria corintiana, o atacante não
tinha mais a cabeça no Corinthians e já estava pensando no acerto com outro
clube. O incrível gol perdido contra o Fluminense, no fim de semana, só
reforçou a tese. Guerrero deixa o Corinthians sem nenhuma homenagem. Pouco para
o herói do título mundial.
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