quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Campeonato de 2015 pode acabar nos tribunais ainda no seu início

Brechas no regulamento causam divergências quanto à modificação da unidade motriz, e McLaren e Honda podem levar questão adiante, caso não haja acordo

Livio Oricchio - Especialista GloboEsporte.com (Foto: GloboEsporte.com)


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Fernando Alonso e Jenson Button vão acompanhar de perto a negociação entre Eric Boullier, da McLaren, Yasuhisa Arai, da Honda, e o delegado da FIA, Charlie Whiting, na próxima semana. O que está em jogo não é pouco: a liberdade de a Honda poder desenvolver a sua unidade motriz este ano, como já receberam Mercedes, Ferrari e Renault. O que Alonso e Button farão nas 20 etapas do campeonato depende muito da decisão da FIA.

Whiting diz seguir o regulamento. A Honda deve enviar sua unidade motriz até dia 28 de fevereiro para ser homologada e, basicamente, não modificá-la até o fim da temporada. A razão é o fato de Mercedes, Ferrari e Renault terem passado, em 2014, pela mesma limitação. Isso garantiria igualdade de condições para todos.

O delegado da FIA afirmou, ainda, que enquanto Mercedes, Ferrari e Renault não puderam rever suas unidades motrizes em 2014, a Honda pôde mexer à vontade na sua unidade por não disputar o campeonato.

Há várias questões a serem consideradas nesse imbróglio todo que a F-1 se meteu por conta de regras não claras. E de enormes consequências não apenas para a disputa esportiva como até para o futuro da competição. A decisão de Whiting pode representar um estímulo ou uma punição a novas montadoras de automóveis interessadas em estrear no Mundial.

Charlie Whiting - GP da Rússia - 10/10/2014 (Foto: Getty Images)
Charlie Whiting disse que Honda pôde desenvolver 
motor em 2014, quando não competia 
(Foto: Getty Images)


Originalmente, Mercedes, Ferrari e Renault poderiam modificar, do fim de 2014 para o início deste ano, 32 áreas, ou tokens, das suas unidades motrizes, correspondente a 48% do total de 66 tokens, estabelecidos pela FIA. Na sequência, deveriam também homologar as unidades revistas até a mesma data estabelecida para a Honda, 28 de fevereiro, e não mexer nelas até o fim do ano.

Ocorre que o texto da regra não especificou a data, 28 de fevereiro, e a direção da Ferrari e da Renault viu na falha a chance de estender o prazo para modificar suas unidades motrizes. Era o tempo a mais que precisavam para tentar reduzir a diferença de resposta de potência, resistência e consumo de suas unidades em relação a da Mercedes, a mais eficiente em todos os parâmetros.

Hoje não existe data limite para as três homologarem suas novas unidades, o que na prática significa que os engenheiros vão poder modificá-las à medida que o campeonato avança. É uma vantagem importante.

Foi esse “equívoco” na redação do regulamento que gerou toda a confusão. A FIA foi obrigada a aceitar a argumentação de Ferrari e Renault de poder evoluir suas unidades depois de 28 de fevereiro e, claro, estendê-la a Mercedes.

Ferrari GP Itália - treino (Foto: Getty Images)
Com a Renault, Ferrari conseguiu achar brecha 
no regulamento para desenvolvimento dos 
motores (Foto: Getty Images)


Quando a Honda decidiu regressar a F-1, em maio de 2013, essa variável não existia. Os japoneses imaginaram que iriam competir este ano contra adversários que não poderiam mexer nas suas unidades depois de rever 48% delas, como manda o regulamento, e todos as homologariam na mesma data, 28 de fevereiro.

Mas o que está acontecendo não é isso. É possível até que se soubesse que Mercedes, Ferrari e Renault poderiam trabalhar suas unidades durante o segundo ano, como agora, a Honda repensasse sua estratégia no esporte. A F-1 poderia não ser interessante, por haver uma diferença desmedida entre o nível de experiência dos que já estão lá e os estreantes.

É exatamente essa a mensagem que a FIA está passando a todas as montadoras que cogitam investir na F-1, associarem-se a algum time, desenvolver a promissora tecnologia híbrida das unidades motrizes: terão de concorrer contra adversários que estarão bem mais adiantados no seu desenvolvimento. Com a decisão de liberar o trabalho para as três escuderias e não estendê-la a Honda a FIA está institucionalizando o desestímulo a novos interessados pela F-1.

Uma coisa é os estreantes desenvolverem suas unidades motrizes no banco de provas estático, como fez a Honda em 2014, atividade bastante limitada, e outra bem diferente é aproveitar a oportunidade de disputar as 19 etapas do calendário, mais oito dias de treinos privados, além dos 12 da pré-temporada, como fizeram Mercedes, Ferrari e Renault. Tem mais: as três forneceram suas unidades a mais de uma equipe, ou seja, acumularam conhecimento em dobro ou triplo.



eric boullier 25/11/2014 abu dhabi (Foto: Getty Images)
Reunião entre Eric Boullier, 
Yasuhisa Arai e Charlie Whiting 
pode definir futuro da F-1 em 
2015 (Foto: Getty Images)


Outro aspecto importante é que o mesmo ano que a Honda teve para realizar a modificação que desejasse na sua unidade, em 2014, por não competir ainda, como alega Whiting, as três que disputaram o Mundial do ano passado também tiveram em 2013, um antes de a tecnologia dos motores turbo e os dois sistemas de recuperação de energia ser adotada pela F-1.

A FIA se meteu nesse caos pelo amadorismo dos que redigem o regulamento – tem sido um problema recorrente - e agora tem de encontrar soluções que não privilegiem demais Mercedes, Ferrari e Renault, em detrimento da Honda.

A coisa está tão feia que a direção da McLaren e da Honda, de posse do regulamento, ainda que falho, já fala em protestar à medida que cada concorrente apresente modificações na sua unidade motriz durante o campeonato. Quem revê a unidade deve anunciar aos comissários, pois existe a limitação dos 32 tokens este ano e a FIA verifica o trabalho realizado.

Por que a Honda tem de respeitar a data de homologação de 28 de fevereiro e Mercedes, Ferrari e Renault não? O que se espera, agora, é que na reunião entre Boullier, Arai e Whiting haja um acordo que não puna tanto a McLaren e a Honda. A F-1 pode acabar no


FONTE:
http://glo.bo/14tL17F

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