Depois de quase um ano, Cassiano, de 13 anos, faz parte de barca que "enxugou" categorias de base. Pai lamenta foco na força física e garante sondagens da Europa
Cassiano, o prodígio dispensado pelo
Flamengo (Foto: Cahê Mota)
Em julho de 2013, o Rubro-Negro contratou Cassiano por um ano e levou para o Rio de Janeiro toda família, que vivia em Salvador, após o histórico de recusas ao Barcelona e ao Fluminense bombar nas redes sociais. No caso do Tricolor, o desfecho negativo das conversas foi consensual: os responsáveis pelo jovem não aprovaram as condições apresentadas em Xerém, enquanto o Flu tinha dúvidas a respeito o desenvolvimento físico do atleta. Diretor das categorias de base do Flamengo, Carlos Noval tratou com naturalidade a opção do clube de abrir mão do badalado garoto passado o longo período de observação.
- Era um acordo de um ano para o garoto fazer uma avaliação, e ele não evoluiu conforme era esperado. Tivemos recentemente uma dispensa normal, para a diminuição do quantitativo de atletas. Fizemos uma triagem e mantivemos quem estava melhor. Foi por questão técnica mesmo. Isso acontece de o menino chegar com essa badalação e não se adaptar. Pode ser que se adapte a um outro clube. Não houve nada de anormal, é um menino bacana, muito carinhoso.
A posição oficial do Flamengo, entretanto, é uma novidade para Francisco Bouzon, pai de Cassiano. Em entrevista ao GloboEsporte.com, ele revelou não ter sido informado de forma objetiva que o filho não faz mais parte dos planos do Rubro-Negro e descreveu o tratamento recebido desde o fim do acordo de um ano, no início de agosto.
- O Flamengo está passando por uma reformulação administrativa, houve trocas aqui e ali, e sobrou para Cassiano. Nunca me disseram nada. Cassiano estava encostado no DM. Quando foi liberado, foi treinar normal e voltou com um documento para uma reunião (...) Até agora não me disseram nada e o garoto está há duas semanas sem treinar. O clube me falou o seguinte: "Cassiano está afastado até ter uma solução". E ninguém falou mais nada. Ninguém chegou na minha cara e falou que ele está liberado.
Raras chances durante o período no Flamengo
No período em que defendeu a categoria mirim do Flamengo, Cassiano entrou em campo poucas vezes. Nas contas do próprio garoto, não foram mais do que seis partidas, com dois gols marcados. Para Francisco, o perfil franzino de seu filho foi determinante para as poucas oportunidades e a abreviação de seu futuro no Ninho do Urubu. O pai do pequeno prodígio desaprovou a preocupação excessiva dos responsáveis pelo trabalho de base com a força física.
- Todo mundo sabe que Cassiano precisa amadurecer e pegar corpo. Vejo na base hoje uma forçada de barra. Se o garoto for menor e franzino, não há paciência. A agonia dos clubes é para ganhar jogo e não formar garotos talentosos (...) Vi há pouco tempo que o Flamengo contratou um garoto de 1,95m. Fico preocupado. Não que não possa ou tenha algo contra, mas fico preocupado com o basquete e o vôlei, né? A concorrência vai ser imensa. Fico triste de ver a base com esse preconceito do garoto ter que ter força. Acho que a questão física pesou.
Cassiano, com seus pais: fim da linha para o
jovem prodígio nas categorias de base do
Flamengo (Foto: Cahê Mota)
- Quero viver para ver um clube do Brasil apresentar um projeto de formação para qualquer garoto talentoso. O clube não vai ganhar dinheiro com o Cassiano com 12, 13 anos. Vai jogar o Carioca e vencer por 12, 13 a 0. Sim, mas e aí? O que quero ver é o Flamengo com cinco, seis jogadores criados na base em seu time.
Sem arrependimentos pelo "não" ao poderoso Barcelona
Quase dois anos depois de dizer não ao Barcelona porque o clube europeu acenou com o suporte apenas para um acompanhante e não toda família, o futuro de Cassiano é uma incógnita e a pergunta se torna natural: há arrependimento pela recusa ao convite de La Masia? Francisco Bouzon responde que não e garante que, através do empresário Eder Zuanazzi, segue com portas abertas no Velho Continente.
- Não me arrependo. Até hoje, o mercado europeu tem interesse em Cassiano e isso mostra que é um garoto diferente. Ele tem um potencial, é diferenciado. Se não fosse, o Udinese, Atalanta, Parma, times da Inglaterra não iam demonstrar interesse. Aí, fico feliz. Eu queria que Cassiano tivesse formação no Brasil. Tenho o sonho de ver um clube que acredite no potencial dele sem pressa.
Cassiano: sorriso fácil e discurso de jogador (Foto: Cahê Mota)
- Não faltou nada, não. No tempo em que fiquei aí me trataram bem demais. Aprendi coisas que eu não sabia, os professores me trataram bem. Em todo lugar que nós vamos, aprendemos alguma coisa. Digo que aprendi, sim. Me influenciou. Agora, vou para o clube que der melhores condições para mim e para minha família. Ficar em um clube que não cuide bem, mesmo que a formação seja boa, eu não fico, não.
Cassiano Bouzon não é o primeiro jovem a se destacar em vídeos na internet que não tem vida longa no Flamengo. Em 2007, o também baiano Maycon Santana dava espetáculo com a bola nos pés em imagens no YouTube, foi contratado para as categorias de base, mas se perdeu na fixação por Cristiano Ronaldo e também acabou dispensado. O último clube que se tem notícia foi o modesto Walter Ferreti, do quase desconhecido futebol da Nicarágua.
FONTE:
http://glo.bo/1uQ0z0I
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