Atualmente na disputa da Série C pelo Duque de Caxias, meio-campo fala do começo da carreira no Tricolor e da transferência conturbada do Guarani para a Ponte Preta
Ex-Tricolor com o filho mais novo, Zion (Foto: Jorge Sauma/GloboEsporte.com)
Mas jogar
no São Paulo, segundo o paraense, não era tarefa das mais fáceis. O elenco era
recheado de jogadores renomados e, mesmo com a aposentadoria de Raí às portas,
o clube ainda tinha Marcelinho Paraíba, Carlos Miguel, Hugo, Fábio Simplício,
Júlio Baptista e o chileno Maldonado. As oportunidades, claro, não seriam
muitas, e Harison tinha objetivos maiores na carreira. O principal deles era
alcançar a tão sonhada independência financeira sem perder a chance de fazer
parte da história de grandes clubes.
Harison,
de pé, no canto direito da imagem,
foi campeão do Torneio Rio-São
Paulo, em
2001. Na imagem: Kaká, Belleti, Fábio
Simplício, Gustavo Nery,
Carlos Miguel,
Luis Fabiano, Maldonado e França
(Foto: Arquivo Pessoal)
– Muita
gente tinha subido naquela época. A gente tinha ganhado tudo na base e eu era
capitão, tinha mais idade, por isso falam isso, mas nunca achei que o Kaká era
meu reserva. Nossa função era diferente. Ele era mais um ponta de lança, e eu,
mais armador. Além disso, era opção do treinador. O São Paulo tinha uns dez
meias e eu sabia que não ia jogar como queria. Foi quando eu recebi uma
proposta milionária e preferi sair para fazer o meu ‘pé de meia’ no Japão e
ajudar minha família. Fui e sou muito feliz no futebol – relembra.
Paraense em ação pelo União de Leiria (Foto: Arquivo Pessoal)
Do tema
“Kaká” restou o respeito, as resenhas dos encontros casuais e a admiração pelo
futebol do craque. Aos 34 anos, Harison agora vive uma nova fase, mas segue
jogando profissionalmente por amor ao esporte. Ele e o ex-palmeirense Washington são os principais jogadores do
Duque de Caxias na disputa da Série C. O meia relembra com orgulho da carreira e
dos amigos que fez ao longo de 15 anos.
Harison
ainda foi protagonista de uma relação de amor e ódio com as torcidas da Ponte e
Guarani. Em 2004, pelo Bugre, ele foi ídolo, mas se transferiu para a Macaca no
ano seguinte. De herói, virou carrasco em pouco tempo, mas reconquistaria seu
espaço anos depois, ao voltar a vestir a camisa do time do Brinco de Ouro.
– Fiz um
caminho delicado. Participei de uma temporada muito boa pelo Guarani, mas
acabei indo para a Ponte. A torcida ficou chateada, mas entendeu que eu era
profissional. Não recordo de outros jogadores que fizeram esse caminho. Cheguei
à Ponte ainda sob a desconfiança, mas marquei nas três partidas iniciais e caí
nas graças do torcedor. Até que, depois de algum tempo, acho que em 2009, voltei
ao Guarani e a torcida me acolheu bem, pelo menos é o sentimento que tenho até
hoje – acredita.
Harison inspira irmão mais novo
O ex-meia do São Paulo também despertou no caçula o desejo de uma carreira no esporte. Hadson se tornou jogador de futebol, mas fez um caminho diferente. Em vez de começar no Tricolor – como o irmão –, optou pelo Corinthians, só que o sucesso acabou menor e a carreira seguiu no mesmo rumo.
Hadson
Nery atualmente agencia
carreira de jogadores e guarda
imagens dos
tempos em que atuava
profissionalmente (Foto: Jorge
Sauma/GloboEsporte.com)
– Não dá
para comparar. Eu sou meia e ele era lateral esquerdo. Tinha mais
técnica e era
mais forte, mas ele é esquentado, por isso preferiu parar mais cedo, aos
32
anos. No futebol a gente precisa de paciência, saber engolir algumas
coisas e
esperar. Hadson era habilidoso e um bom jogador, teve chance e eu pude
ajudar.
Jogamos juntos em Portugal (no União de Leiria), que era um sonho do meu
pai. Ele também passou pelo Japão, no Frontale, Paysandu e Remo –
revela Harison.
Os
primeiros passos dos irmãos Nery só foram dados graças ao Seu Benedito,
principal incentivador da carreira dos filhos. Bem relacionado, primeiro levou
Harison ao São Paulo. Pouco depois, pressionado pelo caçula, que também queria
jogar em um clube fora do Pará, conseguiu que Hadson participasse de uma
peneira no Timão.
– Logo no primeiro
momento, o Harison foi embora por ser o mais velho dos filhos e sempre sonhou
em jogar no São Paulo. Já o meu desejo era jogar no Corinthians. Eu sofria pressão
em Belém porque o meu irmão já estava fora, e ‘se foi um, tem que ir o outro’. O
meu pai fez todo o processo novamente, indo para São Paulo. Conseguiu me inscrever
em uma peneira do Corinthians, mas não tinha para minha idade. Como sempre joguei
em categorias acima, encarei e fui, sem medo. Depois de uma semana de
avaliações por lá, fiquei nas divisões de base aos 14 anos – contou Hadson.
Hadson foi companheiro de Emerson Sheik no Frontale, do Japão (Foto: Arquivo Pessoal)
– Eu não fiquei muito tempo no Paraná, pouco mais de
um ano. Tive sérios problemas de lesão logo no começo. Na 6ª rodada do
Brasileiro, me falaram que o Cuca não contava mais comigo. Não ia me mandar
embora, só me afastou. Foi aí que eu entrei no pé de briga com o Paraná durante
quatro meses. Nesse tempo tive propostas do Náutico e de um clube de São Paulo,
mas não me liberaram. Fui falar com o Cuca, que nem trabalhou comigo direito,
nem no Remo. Ele disse: "Comigo você não joga." Aí a briga foi feia. Ele tinha
alguma coisa pessoal contra mim. Eu fui pra cima do Paraná para rescindir contrato,
e o clube me devia muito dinheiro – detalhou.
Em
outubro de 2007, o Tribunal Superior do Trabalho
condenou o clube paranaense a pagar um valor superior a R$ 3 milhões ao
ex-jogador. A dívida foi negociada e o jogador afirmou que recebe as
parcelas até
hoje. Desde que decidiu "pendurar as chuteiras", Hadson administra uma
empresa que agencia carreira de atletas e preside o Bragantino, clube
que vai disputar a segunda divisão do Campeonato Paraense.
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