Conflitos no lado oriental do país fazem quatro clubes mudarem de casa antes do torneio. Um deles é o campeão Shakhtar, "desfalcado" até aqui de quatro brasileiros
Ruas vazias próximas ao estádio do
Shakhtar Donetsk: cidade foi
abandonada do calendário
futebolístico (Foto: Reuters)
saiba mais
- Cinco brasileiros não se reapresentam ao Shakhtar e estão "desaparecidos"
- Técnico do Shakhtar culpa Kia pelo "desaparecimento" dos brasileiros
- Mircea Lucescu diz que time vai morar em Kiev e jogar fora de Donetsk
- Diretor-geral do Shakhtar tranquiliza brasileiros: "Segurança é prioridade"
- Fred é o primeiro jogador do grupo de "desaparecidos" a voltar ao Shakhtar
Um episódio central para propagar o terror e afastar Donetsk do mapa futebolístico da atual temporada aconteceu no último dia 17. O voo MH17 da Malaysia Airlines, com 298 pessoas a bordo, caiu na cidade quando viajava de Amsterdã para Kuala Lumpur. A suspeita é de que ele tenha sido abatido por mísseis disparados por separatistas pró-Rússia que estão à frente do movimento no leste da Ucrânia. O fato, é claro, intensificou ainda mais a crise entre as duas nações e encorpou um legado nada animador dos conflitos.
Inicialmente, 16 clubes participariam da competição, mas dois deles foram anexados à Rússia com a Crimeia - o Sevastopol, nono colocado no último Ucraniano, e o Tavriya Simferopol, 15º e lanterna, já que o Arsenal Kiev foi excluído por ir à falência. O Olimpik Donetsk subiu de divisão ao ser o campeão da Segundona, mas não ganhou a companhia do vice PFC Oleksandriya por ter concluído uma fusão com o FC UkrAhroKom Holovkivka. Ou seja: sobraram 14.
Arena Lviv recebeu Alemanha x Portugal
pela Euro-2012: novo estádio do
Shakhtar comporta 34.915 pessoas
(Foto: Getty)
“Os desaparecidos”
No Shakhtar também não houve excesso. Seis atletas não se reapresentaram após um amistoso realizado contra o Lyon, na França, no último sábado, que encerrou a pré-temporada dos mineiros. Cinco deles são brasileiros: Alex Teixeira, Dentinho, Douglas Costa, Fred e Ismaily, além do argentino Facundo Ferreyra. Fred mudou de ideia e deu as caras durante a semana, enquanto Ismaily é aguardado nos próximos dias.
- Quero esclarecer que não estou abandonando o clube. Estou com medo. Tudo o que a gente lê, vê ou ouve é de que a situação no país é bastante complicada. Não sabemos em quais condições podemos treinar e muito menos onde jogar. Para jogar precisamos viajar. Como vai ser nossa segurança? Não tenho nenhum problema no Shakhtar. Gosto do clube, das pessoas, da cidade, mas estou com medo de outras situações de conflito e eventualmente numa viagem, quando nos separarmos de nossos familiares, que aconteça algo pior. Lamento que tudo isso esteja acontecendo. Porém, neste momento, todos nós corremos risco de vida se estivermos na região. Conversamos com os dirigentes e nos propusemos a permanecer na Suíça para treinarmos enquanto essa situação seja resolvida. Queremos permanecer no clube só que precisamos ter uma condição de trabalho sem correr riscos – disse Douglas Costa, defendendo-se das acusações de que estaria forçando uma saída.
Ilsinho, Marlos, Taison e Fernando andam pelas ruas de Lviv: cidade está a quase mil quilômetros de Donetsk
- Ele conseguiu convencê-los a não voltar, explicando que em breve estariam livres e que em breve poderiam assinar com outro clube. É um escândalo puro. Tudo aconteceu após o jogo contra o Lyon, às duas horas da manhã no nosso hotel. Eu não podia fazer nada.
Mapa
do Campeonato Ucraniano:
Donetsk e Luhansk, de verde, não vão
receber
jogos durante a temporada
2014/2015. Times em itálico jogam
fora de
casa, incluindo o campeão
Shakhtar (Foto: Reprodução / Wikipedia)
Lviv, a nova casa do Shakhtar
O Shakhtar não esperou sentado. Agiu em tom de ameaça e espera contar com seus atletas em breve. Eles não precisarão pisar em Donetsk, ao menos nos próximos tempos - o clube passará a treinar e jogar em Lviv, a quase mil quilômetros de distância da Donbass Arena, basicamente do outro lado do mapa. O mesmo acontecerá com o Metalurh Donetsk, espécie de “primo-pobre” do Shakhtar, onde jogar o brasileiro Júnior Moraes, ex-Santos. Os dois clubes passarão a dividir a Arena Lviv, construída para a Eurocopa de 2012, enquanto o Olimpik atuará em Kiev, na Obolon Arena. O mesmo acontecerá durante as competições europeias.
Luiz Adriano, Ilsinho, Marlos, Taison, Fernando e Antonio Carlos: os brasileiros que já estão no Shakhtar (Site Oficial)
Palco da abertura do Ucraniano entre Metalurh e Dnipro a partir das 13h (de Brasília), Lviv já recebeu a definição da Supercopa Ucraniana. O Shakhtar se sagrou campeão na última terça ao derrotar o Dínamo de Kiev, por 2 a 0. No dia anterior, torcedores dos dois times se uniram para protestar nas ruas contra o presidente russo Vladimir Putin. Pediram “morte aos inimigos”, “derrote os moscovitas” e “glória para a nação”. O clima é de animosidade.
Torcedores de Shakhtar e Dínamo de
Kiev se uniram para protestar contra a
Rússia antes da final da Supercopa (AFP)
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/2014/07/abalado-por-guerra-ucraniano-1415-comeca-nesta-sexta-longe-de-donetsk.html
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