Primeira jogadora com grave problema auditivo a competir profissionalmente no Brasil, central de 29 anos ganha nova chance no grupo de José Roberto Guimarães
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Do silêncio ao barulho vindo das pancadas lançadas em quadra. Natália Martins sabe bem como é viver os dois extremos. Aos 4 anos, a menina nascida em Lorena, no interior de São Paulo, foi diagnosticada com um grave problema auditivo. O auxílio de um aparelho de ouvido, no entanto, trouxe som e novos rumos a sua vida. Com ele, teve as mesmas oportunidades que qualquer menina de sua idade. E soube aproveitar cada uma delas. Hoje, a central de 29 anos e 1,86m de altura vive sua melhor fase. Depois de se destacar na Superliga feminina 2013/2014, a primeira jogadora surda a competir profissionalmente no Brasil voltou a ganhar chance na seleção.
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Fiquei
bastante surpresa com a convocação e muito feliz. Tive duas notícias felizes
ao mesmo tempo: a cura de um tumor do meu pai e a convocação. Eu sou uma pessoa
que não gosta de criar esperança para não ficar frustrada.
Sou despretensiosa. Fiquei quietinha em casa e veio essa notícia. É o
reconhecimento do nosso trabalho. Agora, quero agarrar essa oportunidade,
plantar a semente e correr atrás - disse Natália.
Natália Martins ao lado de Gabi, em
treino da seleção brasileira em
Saquarema (Foto:
Alexandre Arruda / CBV)
O treinador do Brasil lembrou-se do bom desempenho da jogadora pelo Praia Clube nesta temporada e decidiu convocá-la após o pedido de dispensa de Bia.
Tive 70% de perda de audição nos dois ouvidos. Com seis anos comecei a usar
aparelho auditivo e não parei mais
Natália Martins está no
grupo convocado para treinamentos visando ao Torneio de Montreux, de 27
de maio a 1º de junho, na
Suíça. Enquanto espera a confirmação do seu nome na lista oficial da
competição, a jogadora aproveita a experiência ao lado do treinador
tricampeão
olímpico. Do
outro lado, Zé Roberto já fez elogios, frisou que o problema auditivo
não atrapalha em nada dentro de quadra e até revelou uma “malandragem”
da central
para escapar das broncas.
Natália
- Ela ouve naturalmente. Não atrapalha o treinamento. Mas ela é danada. Ela diminui o volume do aparelho quando vai tomar bronca. É a única coisa. O resto é normal. Tratamos como uma jogadora normal, e não como uma jogadora que tem um problema auditivo – reforçou Zé Roberto.
A meio de rede do Praia Clube se defendeu das "provocações" do chefe. Explicou que, com o aparelho, o volume às vezes fica muito alto. De qualquer forma, tranquilizou seus técnicos garantindo não usar mais essa tática.
- Não faço isso mais. Antes eu tinha um aparelho que me incomodava quando tinha muita gente falando. Então, desligava. Eu avisava para as meninas do meu time que estava desligando, e elas me ajudavam. Mas, com esse novo aparelho, não tem como fazer. Se eu desligar, a pilha pode cair, é complicado.
Agora eu escuto as broncas. Eu brincava com isso com o Paulinho (Paulo Cocco, assistente técnico da seleção). Eles (técnicos) gostam de ficar me zoando, falam: “Vou dar esporro. Não desliga” – contou a sorridente jogadora.
Central do Praia Clube se destacou na
última temporada da Superliga feminina
(Foto: Divulgação/Praia Clube)
- Tive 70% de perda de audição nos dois ouvidos. Com seis anos, comecei a usar aparelho auditivo e não parei mais. Mas eu só uso aparelho de um lado.
No vôlei, não dá para usar nos dois. Posso levar uma bolada. Já tentei me adaptar com os dois, mas não consegui. Comecei a achar que era muito barulho também. Depois que você está acostumada a ouvir de um lado só, é muito difícil mudar. É como começar do zero, você tem que aprender tudo de novo – explicou.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2014/05/natalia-martins-supera-surdez-volta-selecao-e-revela-truque-antibroncas.html
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